1. Spirit Fanfics >
  2. Reboot - 2Won Adaptação >
  3. - Thirty

História Reboot - 2Won Adaptação - - Thirty


Escrita por: crwinterh

Notas do Autor


Oi xuxus, boa leitura e desculpem qualquer erro.

Capítulo 31 - - Thirty


Virei-me para a porta da frente quando outro humano entrou. Eles vinham chegando em um fluxo constante durante a última hora, e a cozinha estava começando a ficar cheia. Todos se reuniram em volta de Seo e eu conseguia ouvir partes da conversa enquanto debatiam se deveriam ou não me ajudar. Pareciam divididos a respeito do plano ser “idiota” ou “genial”.

 

Seo e Daisy se afastaram assim que levantei a ideia de libertar todos os Reboots em Gangnam. Discutiram calorosamente no quarto nos fundos, e a discussão terminou com Daisy saindo como um furacão, só para voltar com o primeiro dos rebeldes.

 

A maioria dos rebeldes era homem, mas variava de idade. Alguns pareciam ter 16 ou 17 anos, como Eric; outros já passavam da meia-idade. Pensei que Eric era filho do Seo, mas ele não o chamava de pai, e depois o ouvi contar a Honey que havia crescido em um orfanato.

Não tinha certeza do que aquelas pessoas tinham em comum, além de um óbvio ódio pela CRAH e um desejo estranho de ajudar Reboots.

 

Formavam um grupo esquisito.

 

Daisy me pegou olhando para eles e franziu as sobrancelhas. Encostou-se na parede da cozinha, cruzando as pernas, e não se intimidou quando a encarei. Ela foi a mais firme em oposição à proposta — “Não vou morrer por eles” foram exatamente suas palavras. Eu entendia o ponto de vista dela. Ainda assim, era um dos poucos humanos no aposento que não parecia ter medo de nós, e eu não sabia o que pensar disso.

 

Um homem baixo parou em frente a mim e a Jooheon, com as mãos nos quadris.

— Eles o resgataram enquanto você estava em missão ontem à noite? — perguntou para Jooheon com um meio sorriso.

— Sim — disse Lee, olhando cautelosamente para mim.

— Você estava na Seosomun-gong? Ou era alguém do seu grupo?

— Eu estava — respondeu ele, surpreso. — Fui mandado para lá, mas o alvo não foi localizado.

 

O homem deu uma risadinha.

 

— É, era eu. — Ele ergueu os braços em sinal de vitória. — Consegui escapar de novo!

— Você é o Hwall? — indagou Jooheon, com uma gargalhada.

— Com certeza.  — Ele sorriu antes de voltar à cozinha para se juntar aos outros rebeldes.

Chae o observou partir.

— Esses humanos são esquisitos. — Pousou o cotovelo no joelho e apoiou a cabeça na mão. — Mas nós não podemos fazer isso sem eles, você sabe.

— Nós? — perguntei, erguendo as sobrancelhas. Ainda estávamos sentados no chão atrás do sofá, com Hyungwon calado e imóvel ao meu lado.

— Por favor, não me diga que você acha que pode entrar na corporação sozinho — Protestou.

— Só não sabia que você queria ajudar.

— Meus amigos estão todos lá dentro. É claro que quero ajudar. — Honey franziu o cenho para os rebeldes na cozinha. — Queria que meu pai estivesse aqui hoje. Eu teria gostado de conversar com ele.

— Duvido que ele possa sair de Rosa.

— É. — Ele fez uma careta. — Não consigo acreditar que ele trabalha para a CRAH.

Quero dizer, sei que está com os rebeldes, mas ainda assim... É estranho.

— Ele não trabalhava lá na última vez em que o viu? — perguntei.

Ele fungou.

— Definitivamente não. Não o vejo desde que morri há seis anos; acho que as coisas mudam, pois ele odiava a corporação. Eu morri de KDH em casa e, depois que reinicializei, ele me manteve lá. Disse que não ia deixar a CRAH me pegar.

 

— Está brincando. Por quanto tempo? — Eram poucos e raros os pais que queriam ficarcom os filhos Reboot, embora eu não tenha me surpreendido por Joshua ser um deles.

— Só algumas semanas. Acabei adquirindo toda essa clareza e percebi que ele não podia me manter escondido para sempre. Eles o teriam pegado. Então, um dia, ele saiu para o trabalho e eu parti. Fui para o centro médico e disse que era órfão.

Isso explicava como Joshua podia trabalhar na corporação mesmo tendo um filho Reboot.

Eles não sabiam.

Um grunhido de Chae me fez virar. Ele estava encostado na parte de trás do sofá, olhando inexpressivamente para a parede. Passei os dedos pelo braço dele, e Chae levou vários segundos para piscar e olhar para mim.

Seus olhos não focalizavam direito.

 

— Você está bem? — indaguei. — Quer um pouco de comida?

Ele não respondeu. Seus olhos se voltaram para os humanos, e ele estalou os dentes, soltando um rosnado baixo. Puxei rapidamente a mão para trás e me afastei quando ele começou a lutar contra as cordas. Os humanos se viraram comovidos, e Seo saiu do meio do grupo, as mãos nos quadris.

— Por que não o levam para o quarto? — sugeriu. — Ele não deveria estar aqui conosco.

Jooheon agarrou os pés amarrados de Hyungwon, e eu passei os braços por seus ombros. Ele se contorceu, e Lee se apressou em direção ao corredor nos fundos da casa, abrindo a segunda porta à direita.

O quarto não tinha nada além de uma cama e uma cômoda. Havia uma pequena pilha de roupas no canto e alguns livros em cima do móvel, mas não vi muita coisa que Chae pudesse danificar caso se debatesse com muita força para se livrar das cordas.

Nós o colocamos na cama, e Hyungwon parou de se contorcer quando passei minha mão por sua testa e cabelos. Ele me deu um sorriso fraco antes de fechar os olhos; desejei me enfiar na cama com ele.

Honey saiu do quarto, e Seo apareceu no vão da porta, fazendo um gesto para que eu o seguisse. Cheguei ao corredor e fechei a porta atrás de nós.

— O negócio é o seguinte — disse ele, baixinho, olhando de soslaio para os humanos na cozinha. — Tem muita gente ali querendo ajudá-los.

Eu não teria adivinhado isso pelas conversas que ouvira, sem mencionar o modo como todo mundo estava olhando para mim.

— Mas esse tipo de coisa seria mais eficaz se tivéssemos algumas semanas para planejar — Continuou ele. — Poderíamos encontrar a melhor maneira de entrar e sair, talvez infiltrar alguns dos nossos em posições-chave na noite do evento. Mas... — Ele espiou o quarto. — Eles não o querem contar, mas não acho justo.

— Contar o quê? — perguntei, meu estômago se revirando.

— O antídoto tem uma janela de tempo. Se esperar demais e ele estiver muito enlouquecido, será inútil.

Engoli o bolo na minha garganta e, quando falei, minha voz soou estranha.

— Qual é a janela? Quanto tempo eu tenho?

— Com certeza não algumas semanas — admitiu ele. — Por isso eles não queriam que eu lhe contasse. Acho que vocês provavelmente estão dentro da margem aceitável, mas não por muito tempo. Há quanto tempo ele está assim?

— Ele começou a se sentir esquisito e trêmulo há três dias, eu acho. Mas só teve apagões e perdeu a cabeça ontem.

 

Seo estremeceu, passando uma das mãos pelos cabelos.

— É. Você não tem muito tempo.

— Quanto?

— Não sei. É um programa novo; a equipe médica ainda está tentando descobrir. Estão deixando alguns irem até o fim para ver o que acontece, e as notícias não são boas. Mas eu diria... talvez não mais do que um dia. Pode ter mais, porém é arriscado.

 

Apoiei uma das mãos na parede porque o mundo havia começado a balançar um pouco e fiquei com medo de cair.

— Então, precisaríamos ir esta noite.

— Sim.

Fechei meus olhos brevemente.

— Qual é o objetivo disso? A CRAH está tentando se livrar de nós?

— Ah, não. Eles precisam de vocês. Mas precisam de vocês como soldados agressivos e sem consciência. Não estão conseguindo isso, principalmente com os -60. A solução é essa. Ou vai ser, se algum dia funcionar bem.

 

Eles precisavam de mais Reboots iguais a mim, basicamente. Eu, com muito menos livre-arbítrio. Respirei fundo e assenti para Seo.

 

— Está bem. Eu vou esta noite, quer vocês me ajudem ou não. Pode dizer isso a eles.

O canto da boca dele se retorceu em um sorriso.

— É, eu achei que iria.

Ele se virou para sair, e eu agarrei sua camisa, fazendo-o parar. Cruzei os braços e tentei olhar para ele sem desconfiança, mas tenho quase certeza de que fracassei.

— Por que está libertando Reboots? — perguntei. — O que há de errado com você?

Ele riu, esfregando uma das mãos na boca.

— O que há de errado comigo?

— É. Vocês tiram Reboots de lá e simplesmente os deixam ir embora, certo?

— Estamos fazendo isso, sim. Era realmente a única solução.

— Solução para quê?

— Para nos livrarmos da CRAH. Para termos uma chance real de receber a mesma quantidade de comida e remédios e tudo o que a corporação dá para o pessoal do outro lado do muro porque acham que somos uma causa perdida. Não temos chance contra a corporação com todos vocês do lado deles.

— Mas ela os mantém seguros — argumentei, o mantra que eu ouvira centenas de vezes durante meus cinco anos lá dentro. — De nós, dos vírus, dos criminosos...

— Discutível — disse Seo, erguendo uma sobrancelha. — Podem ter começado assim, mas certamente não fazem mais isso. A maioria desses criminosos — ele revirou os olhos quando disse a palavra — que vocês perseguiram era um de nós. Ou eram apenas pessoas que queriam fazer algo louco como, sei lá, ficar com o filho de oito anos que morreu e ressuscitou.

 

Todo mundo comprou a história que a corporação contou sobre vocês serem essas criaturas desalmadas. A maioria dos humanos nunca nem conversou com um Reboot.

Ele tinha razão. A maioria dos humanos só nos via quando estávamos em missão, quando os perseguíamos. Raramente tínhamos permissão de trocar uma palavra com eles.

— Venha — falou Seo, sacudindo a cabeça em direção à cozinha. — Se vamos fazer isso hoje à noite, precisamos começar a planejar.

Abri uma fresta na porta do quarto, mas Hyungwon estava imóvel, com os olhos fechados.

Queria ficar com ele, mas Seo estava certo. Eu não podia simplesmente entrar na CRAH e esperar pelo melhor. Precisávamos de um plano.

 

Segui-o até a cozinha, gesticulando para que Jooheon se juntasse a nós. Os humanos estavam à mesa, sentados na bancada ou de pé, e todos se calaram quando entramos.

— Hoje à noite ou nunca — disse Tony. Ele colocou a mão no meu ombro e eu pulei, esbarrando em Jooheon. — Essa é a proposta do Hoseok.

— Ótimo — falou Daisy. — Sem acordo. É uma ideia idiota, de qualquer modo; vamos todos para casa.

Seo lançou um olhar para ela, que suspirou, recostando-se na parede e resmungando para si mesma. Todos começaram a falar ao mesmo tempo de novo, e Seo ergueu as mãos.

— Ei! — berrou. — Tenham calma por um segundo. Que coisas são absolutamente essenciais? O que precisa acontecer para fazermos isso?

— A energia elétrica deve ser cortada para que eles possam entrar sem serem vistos — sugeriu um homem baixo e careca.

— Mas você disse que havia geradores de emergência — disse Jooheon.

— Sim — replicou o humano. — Mas eles levam um minuto, e vocês têm muito mais chances de entrarem enquanto a energia está cortada.

— Certo — falou Seo. — Vocês talvez consigam entrar no prédio antes de a luz voltar.

— Precisamos destravar os quartos dos Reboots primeiro, certo? — perguntou Jooheon. — Vão estar todos trancados a essa hora da noite.

— Sim — disse Daisy. — A sala de controle é no quarto andar e vai haver guardas armados lá. Acho melhor irem juntos para destrancá-los. Aí Jooheon pode correr para o oitavo andar para soltar os Reboots enquanto Hoseok vai aos laboratórios médicos no sétimo.

— E aonde vamos depois que escaparmos? — indaguei. — Vamos só correr e esperar pelo melhor?

Daisy soltou um suspiro longo e exagerado para nos informar como se sentia a respeito da ideia.

— Alguma sugestão, Dai? — perguntou Seo com um meio sorriso.

— Eles não podem só sair correndo — exclamou ela, jogando os braços para cima com irritação. — Mesmo que alguns consigam fugir, os oficiais vão pegar as aeronaves e matar metade deles do céu.

— Bom argumento — disse Honey, mastigando o lábio. — Podemos desabilitar as aeronaves?

— Se tivermos alguns voluntários dispostos a fazer isso, sim — falou Seo. — Podemos entrar escondidos na garagem e mexer o suficiente nos motores para ganhar tempo. Teríamos que agir rápido, mas acho que conseguiríamos mexer na maioria.

 

As aeronaves. A CRAH tinha aeronaves grandes, naves de transporte que normalmente usavam para levar grupos numerosos de humanos de um lado para o outro. Eram centenas de quilômetros até a reserva Reboot, mas se puséssemos as mãos em algumas delas estaríamos lá em questão de horas.

 

— E se só pegássemos as aeronaves? — indaguei.

— Perdão? — perguntou Seo.

— São muito difíceis de dirigir? Se pegássemos algumas grandes, como as de transporte, e voássemos para fora de lá?

— Hmm... bem, vocês poderiam, eu acho — disse Seo. — Não são difíceis de pilotar. Posso desenhar um diagrama para vocês e dar uma aula rápida. Imagino que vão cair na aterrissagem, mas isso não é uma grande preocupação para Reboots.

 

— Elas têm um sistema de rastreamento por GPS? — indagou Jooheon.

— Sim. Mas não é difícil de removê-lo. Posso fazê-lo a tempo de vocês partirem. — Os olhos dele percorreram o aposento. — Mas vou precisar de ajuda.

Um silêncio se instalou. Daisy cruzou os braços com uma carranca. Os outros humanos pareciam concentrados em evitar o meu olhar, exceto Eric, que estava recostado na parede ao lado de um cara louro que parecia ter mais ou menos a nossa idade.

— Eu ajudo — disse Eric.

Seo franziu o cenho como se fosse fazer objeção, mas o garoto louro o interrompeu antes que ele tivesse uma oportunidade.

— Qual é! Você disse que não podíamos entrar no prédio. Nunca falou nada sobre a garagem.

Daisy fungou.

— Você realmente disse isso.

 

Seo revirou os olhos e lançou um olhar divertido para os caras.

— Está bem. Eric e Nyeon, vocês vão comigo. — Ele se virou para Daisy. — Você topa cortar a energia elétrica? Pode fazer isso de vários quarteirões de distância.

— Está bem. Eu faço. — Mas ela não estava feliz com aquilo.

— Muito bem. — Seo juntou as mãos. — Ótimo. Tenho um cara que vai nos trazer a planta do edifício, então veremos isso quando ele chegar aqui. Querem descansar, sei lá? Comida, talvez?

Meu estômago roncou à simples menção de comida.

— Comida seria ótimo, se tiverem alguma.

— Com certeza — falou ele, apontando para a mesa. — Sentem-se. Jooheon e eu nos sentamos à mesa da cozinha, e a maioria dos humanos saiu — sentaram-se na sala de estar ou desapareceram pela porta dos fundos para cumprir tarefas. Fiquei de olho na porta de Chae, mas ninguém chegou perto.

Seo colocou sanduíches diante de nós. O pão estava macio e fresco, a pasta de Kimchi e as verduras, deliciosas. Ele pareceu satisfeito quando dei uma mordida enorme e consegui agradecer enquanto mastigava.

— De nada. Aquele ali na bancada é para o Hyungwon, se quiserem levar para ele depois. — Colocou dois copos d’água na mesa e se dirigiu até os humanos na sala de estar. — Avisem seprecisarem de alguma coisa.

— Esquisito — resmungou Honey, olhando para mim, confuso.

— Não é? Avisar se precisarmos de alguma coisa? Bizarro. Não acha que eles estão tramando algo, acha?

Ele balançou a cabeça.

— Não. Meu pai não nos levaria para uma armadilha. — Ele se virou e olhou para os humanos, a testa franzida. — Acho que eles querem mesmo nos ajudar.

Virei-me e segui o olhar dele para onde Seo e Daisy estavam, as cabeças próximasenquanto conversavam.

— Acho que eles querem principalmente ajudar a si próprios — falei, baixinho. — Mas eu

aceito.

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...