História Receita para o desastre - Clexa - Cap. 1 - O ínicio

O sol estava quente quando entro na escola, encontro facilmente os meus amigos sentados no banco que é nosso desde que começamos a estudar ali. Lincoln com Octavia no seu colo, Bellamy e rir de algo que Monty disse enquanto Jasper e Raven observavam bastante atentos algo no telemóvel dele.

- Bom dia gente bonita, como estão?

- Isso é que é animação logo pela manhã loira. - Lincoln ri enquanto fala. - Como te sentes com o debate que vais ter com o robozinho? 

- Sabes que vai ser um debate fácil de ganhar, a Lexa não tem qualquer hipótese de dar a volta na situação. 

-Vai com cuidado princesa que o robô tem sempre algum truque na manga... - Bellamy puxa-me para os braços dele e dá-me um beijo rápido, a nossa relação é ainda uma confusão que por vezes aceito sem contestar. - Sabes bem que ela consegue sempre dar a volta, parece uma Jedi as vezes!

Os rapazes começam a rir da comparação que Bellamy fez, o meu lado nerd também entendeu a referencia mas fingi que não sabia do que ele falava. Vejo depois a rapariga de quem falamos, Lexa Woods, o seu cabelo castanho claro está levemente ondulado e colocado sobre o ombro esquerdo e os olhos verdes estão presos nos papéis que carrega. Tem ao lado Anya e Aden, aqueles três são tão inseparáveis como eu e os meus amigos, por outro lado os nossos grupos são rivais desde o primeiro momento. 

- Ela tem ali material suficiente para nos prender no debate o dia todo, será que vamos ter sorte e não vamos ter aulas hoje?! - Raven ri do que acaba de dizer e Octavia segreda-lhe algo que não sou capaz de ouvir, tenho os olhos presos em Lexa que conversa agora com o director da nossa escola, Titus. 

- Acham mesmo que aquelas folhas todas são para o debate? 

- Tem calma loira, o debate é sobre paixão ou preparação na cozinha, sabemos bem que tu tens paixão para dar e vender enquanto o robô ali não parece capaz de sentir isso nem numa célula do corpo dela. - Octavia termina a sua conversa com Raven para me dar alguma atenção, nem sempre fomos amigas mas com o tempo criamos uma ligação em que ela sempre conseguiu ver o meu nervosismo mesmo quando eu nem sabia que eu o estava a sentir. 

O anfiteatro está cheio, todos os estudantes estão já habituados as épicas discussões publicas que tenho com Lexa, não conseguimos concordar com nada, entramos na Escola de Culinária de Polis no mesmo ano e a verdade é que não podíamos ser mais diferentes. Fico a observá-la conversar com Aden, parece muito tranquila como sempre e isso consegue irritar-me de forma profunda. 

- Bom dia alunos vamos sentar para começar este nosso debate, teremos hoje de um lado Alexandra Woods a defender que a cozinha se constrói com preparação e do outro lado temos Clarke Griffin que defende que tem que existir paixão para que a cozinha cresça. Meninas estão prontas?

- Sim. - Respondemos a Titus ao mesmo tempo enquanto caminhamos cada uma para o seu microfone, estou tão perto que sinto o cheiro amadeirado que Lexa tem sempre. 

- Boa sorte a ambas... Vamos começar então com a senhora Woods. 

- Bom dia! - Os olhos verdes de Lexa estão presos na plateia, consigo ver os traços suaves do seu rosto, os seus olhos verdes são dos mais belos tons, sempre que acabo por a observar um pouco mais imagino uma floresta ao final do dia. - Desde o inicio dos tempos que a cozinha é uma instituição de controlo e de método, a criação de um prato é um crescimento pessoal que envolve pesquisa e conhecimento sobre o produtos que se utiliza e as técnicas que se aplicam...

Eu queria estar atenta, eu devia estar atenta, não faço a mínima ideia de como vou argumentar se não a ouço. Os lábios dela mexem devagar a medida que vai falando devagar e com segurança, o meu lado descontrolado perguntasse como será sentir os lábios dela. Porra! Tento rapidamente apagar aquele pensamento da minha mente e prender a minha pouca atenção no que ela está a dizer. 

- Todas as grandes evoluções que vimos na cozinha nas últimas décadas foram conseguidas com pesquisas e dedicação a uma evolução conseguida com trabalho árduo e constante procura para ser melhor!

- Foi uma apresentação como sempre brilhante Alexandra, vamos então dar a palavra à sua colega Clarke!

- Bom dia... - Sinto os verdes olhos de Lexa em mim, como se me tentasse ler antes mesmo de eu falar, um hábito dela. - Mark Pierre White disse que a cozinha é uma filosofia, uma paixão, e não uma receita a menos que se esteja a falar de pastelaria que nesse caso tudo é química! 

- Por favor... - Ouço Lexa soltar uma pequena gargalhada, uma pontada de raiva nasce em mim sem que consiga controlar. - Muito óbvia essa citação Griffin! Contudo vamos recordar que estás a citar uma chef que também disse que as mulheres não deviam estar numa cozinha porque não conseguem carregar panelas e são emocionais demais comparadas com homens! Pelo que sei ainda és uma mulher e devias lutar contra os sexismos que existem ainda nesta categoria profissional!

- Sexismo não muda que ele defende a paixão em vez da extrema preparação como tu, não vives um único prato que crias, não vibras com as vitórias nem sorris quando algo está realmente delicioso... Tu não vives Woods, algo me diz que nem sabes o que é paixão, para dares uma beijos deves treinar horas em frente ao espelho para que nada saia da forma errada. - A plateia solta uma gargalhada e vejo nos olhos de Lexa uma reprodução da minha raiva. - Alguma vez beijaste alguém? Alguma vez sentiste o teu coração disparar e perdeste totalmente a razão? Claro que não... Tu não sabes viver!

- Griffin eu teria cuidado com o que falas, a minha vida pessoal em nada está ligada com os meus jeitos profissionais!

- Estás a tentar dizer-me que já beijaste alguém Woods?! - Solto uma gargalhada para disfarçar o nervosismo que apareceu quando a vi voltar-se para mim e olhar-me com uma intensidade palpável. - Como são os teus treinos em frente ao espelho diz lá...

- Estás a pisar terreno instável Griffin tens a certeza que queres continuar por esse caminho? - Os olhos incrivelmente verdes dela estão presos em mim, estamos tão próximas que sinto o cheiro dela com mais força, vejo-a alternar o olhar entre os meus olhos e os meus lábios. Quando olho para os lábios dela vejo uma meio sorriso aparecer, uma raridade nela, o meu corpo é atravessado por um arrepio profundo. - Não me testes Griffin!

- Vais mostrar finalmente alguma paixão Woods?

Uma mão dela puxa-me pela cintura, a outra vai para a minha nuca, por momentos esqueço de como respirar como deve ser. O verde dos olhos dela escurece e essa é a ultima imagem que tenho antes de sentir os suaves lábios dela nos meus, puxa o meu lábio inferior para dentro da boca dela e sinto os dentes dela roçarem com suavidade, não consigo impedir que um gemido rouco saia da minha boca. A língua dela pede depois passagem que eu dou sem pensar duas vezes e o beijo ganha a velocidade proporcional com o desejo que sinto neste momento por esta irritante rapariga. Não ouço as reações, só sinto ela e o bater descoordenado do meu coração, quando o beijo termina por não conseguirmos ficar mais sem respirar. Ela encosta a testa à minha com carinho e não abre os olhos, está com a respiração descontrolada e é assim um reflexo perfeito do meu estado.

- Que tal para um beijo treinado Griffin?

- Não foi mau Woods! 

- Penso que este debate vai ser dado por encerrado, após o primeiro período de aulas quero as duas meninas no meu gabinete, vamos rever as regras de debates.

Sinto Lexa a afastar-se de mim, o meu corpo não quer isso e sem me controlar solto um gemido tímido que ela ouve, sorri com suavidade e por momentos acredito que ela também não se quer afastar de mim. Caminho para os meus amigos que me olham com curiosidade, pensando bem eu também me olharia assim se estivesse na posição deles. O que raio tinha eu na cabeça para ficar assim por causa da Woods? E porque raio me fez ela gemer daquela forma só com um beijo?

- Estás bem? - Sinto Octavia caminhar ao meu lado, como sempre ela pergunta as coisas certas nos momentos em que estou mais confusa. - Sabes que se quiseres falar eu estou aqui...

- Estou bem, aquilo foi só um beijo, não foi nada.