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História Reclamado - Os não-idiotas de Apolo


Escrita por: pandani e 7decopas

Notas do Autor


Olá, pessoinhas!

Eu estava meio desanimada com essa semana e nem sabia o que ou se ia conseguir escrever, então por acaso eu fui dar uma olhadinha no curiouscat e tinha um pedido de SoonHoon PJO!AU e eu pensei: pronto, é isso. Então, pessoa que pediu SoonHoon PJO!AU, espero que você goste.

E a quem mais vier ler, espero que goste também!

Capítulo 1 - Os não-idiotas de Apolo


Quando Jihoon e sua mãe se mudaram para a cidade de Nova Iorque no início do ano, ele achou que o maior problema que teria era o de se adaptar a uma vida completamente nova. E, bem, ele estava parcialmente certo.

Com vida completamente nova ele queria dizer um fuso horário que fazia de suas manhãs, noites, e o deixaram com um jet lag de uma semana inteira sofrendo para carregar caixas para o novo apartamento e organizar tudo enquanto só queria dormir o dia inteiro e passar as noites conversando com os amigos em Seul. Uma nova vizinhança e uma língua que ele já estava desabituado a usar, já que quando tinha seis anos, sua mãe decidira voltar a morar com a família na Coréia do Sul (e até hoje ele ainda se pergunta por que, sete anos depois, ela decidiu que era muito importante voltar a morar do outro lado do mundo, eles não estavam muito bem lá?). Uma nova escola no meio do ano letivo quando todo mundo já tinha seus grupos de amigos e ele ficaria isolado novamente até ter coragem de falar com alguém e se obrigar a fazer novos amigos. Naquela época, era isso que ele imaginava que seria seu maior problema.

Não estava nos planos de Jihoon perder a última semana de aula antes das férias de verão daquele ano. E, com certeza, não estava nos planos de Jihoon perder a última semana de aula antes das férias de verão porque seu novo melhor amigo era, na verdade, um dracaenae que tentou matá-lo. Mais de uma vez! (Em sua defesa, Jihoon não percebeu que ele não estava brincando quando o derrubou na educação física e tentou sufocá-lo com as mãos, eles tinham umas brincadeiras meio agressivas e ele achou que fosse uma delas. A professora os separou logo e eles riram disso depois, então...) Não sabia até hoje se sua maior surpresa havia sido isso, ou o fato do garoto que parecia odiá-lo ser, na verdade, um sátiro que estava ali para ajudá-lo porque ele era um meio-sangue de treze anos e com certeza atrairia monstros uma hora ou outra e ele já devia ter ido para o acampamento meio-sangue pelo menos um ano atrás.

Ele ainda se surpreendia com o tanto de coisas que a névoa escondia dele todo esse tempo.

Bem, pelo menos, não precisava mais se sentir mal por ser a única criança da turma a demorar uma vida para ler uma página com as letras se embaralhando e perdendo um pouco de sentido à frente dele. Que se dane! Ele era o único dali que sabia grego clássico e ninguém ia tirar aquilo dele.

Quando Jihoon chegou ao acampamento, achou que seu maior problema seria ter que lidar com toda a novidade de ser filho de um deus — e ele nem acreditava em Deus, imagina em um monte de deuses! —, possivelmente ter irmãos que ele desconhecia e, é claro, aprender a usar armas mortais e participar de eventos super seguros como o jogo de captura à bandeira de todas as sextas. Tentou entender tudo o que o conselheiro do chalé de Hermes explicava à ele em uma volta pelo território do acampamento. A Casa Grande, o pavilhão do jantar, o campo de tiro com arco, a parede de escalada (tinha lava ali. La-va!), os chalés... Eram doze chalés organizados em forma de U. Cada um para um dos deuses olimpianos, ele se lembrava bem, cada um decorado de acordo com as características de seu patrono. Ele ficaria no de Hermes, ao menos enquanto não fosse reclamado por seu pai, como todos os novos campistas naquela situação. Jihoon não se importou muito. Ele não pensava se encaixar em qualquer um dos outros chalés de qualquer forma.

Quando Jihoon pensou em quando seria reclamado, não imaginou que fosse acontecer tão cedo. Achou mesmo que fosse ir ficando por ali pelo chalé de Hermes, participando dos treinamentos e conhecendo aquele monte de gente que não tinha muito a ver umas com as outras naquele chalé lotado. Ele já nem se importava mais com aquela bagunça, era até meio confortável quase no fim do verão. Ele imaginou que seu colar estaria cheio de miçangas antes que algum deus se lembrasse de reclamá-lo. Mas na última captura à bandeira das férias, a flecha de Jihoon acertou o cabo da bandeira bem pertinho da mão da filha de Atena que quase a pegou naquela estratégia furtiva e quase terminou o jogo mais cedo. Ele podia tê-la acertado, mas não gostava muito da ideia de machucar os outros campistas. O pouco tempo de espanto pela flecha foi o suficiente para que alguns de seus irmãos voltassem e a rendessem. No fim, seu time ganhou e ele seria o herói do chalé até o verão seguinte. Se, no verão seguinte, ele não estivesse destinado ao chalé de seu pai, que fez brilhar o arco em sua mão como a luz do dia, surpreendendo a todos na clareira após o jogo.

O chalé de Apolo não ficou muito feliz com a notícia. Os semideuses não tinham uma conexão muito boa com seus pais deuses, mas, se tivessem, provavelmente todos os filhos de Apolo estariam naquele dia mesmo ligando para ele só para questionar como assim Jihoon Lee era um filho de Apolo? Os filhos de Apolo não deviam ser, sei lá, bonitos? (Jihoon negaria para sempre, mas ouvir aquilo doeu um pouquinho). Quando Jihoon voltou no verão seguinte, ele já imaginava que seria exatamente como foi. Ele passaria todo o tempo que precisava ficar dentro do chalé com seus headphones no ouvido. Dessa vez ele pôde pegar algumas coisas e, bem, não tinha sinal de internet nem nada, mas ele sempre podia aproveitar para trabalhar nas músicas que ele gostava de compor e remixar quando tinha tempo livre, não é? Ele era bom nisso, e não seria uns monstros à solta que deveriam afastá-lo do que gostava. Descobriu que tinha uma razão para ele sempre ter gostado de música. E de sol. E, surpreendentemente, ser bom em arco e flecha (bem, ele não tinha como testar isso no meio de Seul, não é?). Mas não importava porque, é claro, ele não era bonito o suficiente para ser filho de Apolo, qual o sentido disso?

Qual o sentido disso? Era mesmo o que Soonyoung queria saber. Por baixo da camiseta laranja, seu colar já pendia três contas e nada. Quando seu tio contou a ele que, sim, podia ser que a mãe dele fosse uma deusa agora que ele falou nisso. Ela era bonita como uma. Soonyoung não tinha nem mesmo uma foto para concordar ou não. Se tivesse, provavelmente já teria ido atrás de Quíron ou do Sr. D. e perguntado ei, você não conhece essa deusa? Ela por acaso não é sua irmã? Se bem que os deuses podiam assumir formas humanas diferentes? Nem disso ele tinha certeza. De qualquer forma, ele não tinha uma foto e sua mãe aparentemente estava ocupada demais para mandar um sinal, um sinalzinho que fosse, para dizer que Soonyoung tinha, sim, uma mãe e ela se importava com ele. Ele só queria ser reclamado! Todo mundo era reclamado uma hora ou outra, não era? Tudo bem que o chalé de Hermes ficava a cada dia mais lotado mas, bem, Hermes tinha mesmo um monte de filhos. Muitas viagens, um fraco para mulheres bonitas, o que se há de fazer, não é? Deuses são meio impossíveis. Mas Soonyoung não era um filho de Hermes. Não podia ser. Não aceitaria se fosse. Era sua mãe, uma deusa, tinha que ser! (Ele nunca conheceu seu pai, mas ele não queria pensar nisso. Não podia ser Hermes, não podia!) Mas já se iam três contas, três anos, e nada. E, bem, se sua mãe (tinha que ser sua mãe!) não ia reclamá-lo por vontade própria, ele descobriria sozinho a que chalé pertencia.

Ele passou uma semana grudado naquele grupo de garotas de Afrodite. Elas o achavam bonitinho e, por uns dias, acharam divertido tê-lo por perto bajulando-as. Mas o tédio bateu logo e quando ele sugeriu se, de repente, ele não podia ser um filho de Afrodite também? Elas riram.

— Não, meu anjo, não pode ser! — A garota de perfeitos cabelos longos e ondulados, que Soonyoung adorava ajudar a pentear só para poder passar as mãos pelos fios macios, disse com um sorriso que quase fez com que as palavras não soassem ofensivas.

— Por que você não tenta Hefesto, gracinha?

Soonyoung só se sentiu humilhado depois que os sorrisos se afastaram e ele mesmo caiu em si e parou de sorrir como um bobo.

Não durou muito com os campistas do chalé de Atenas. Bem, foi um pouco complicado acompanhar os desafios estratégicos em que eles costumavam se meter só por diversão. Quem diabos decidiu que resolver enigmas impossíveis era sinônimo de diversão?

A semana com os filhos de Deméter estava sendo das melhores e ele quase teve certeza que era ali que se encaixava. (Mesmo que ainda não achasse lá das melhores coisas ficar pondo a mão na terra e tudo mais, mas podia se acostumar.) O problema foi que, bem, todo mundo já estava meio cansado dele por ali e ele entendeu a deixa claramente quando aquelas plantas espinhentas começaram a cercar seu saco de dormir.

Ok, se ele quisesse mesmo descobrir de quem ele era filho, aparentemente, precisava se esforçar mais. Mas estava tão, tão cansado de se sentir excluído de tudo e parte de lugar nenhum! Era meio contra as regras ficar fora dos chalés durante a noite, mas quem o deduraria, não é? Não aquele garoto que, com certeza, não devia estar atirando flechas numa árvore sozinho àquela hora na floresta. Principalmente, depois que aquela flecha passou tão rente à sua cabeça que precisou passar a mão para garantir que seus cabelos ainda estavam no lugar.

— Ei, calma aí! — Soonyoung ergueu os dois braços para mostrar que estava limpo enquanto se aproximava. — Quem você achou que seria? Um monstro? Dentro do acampamento?

— Um dos idiotas de Apolo? — Jihoon abaixou o arco, tirou os headphones do ouvido e deu de ombros.

— Eles são meio idiotas mesmo. — O loiro concordou. — Mas, ei, você não é um filho de Apolo? Eu lembro de você!

Soonyoung estava mesmo curioso. Quantas vezes você acorda para uma caminhada desolada no meio da madrugada e encontra um garoto atirando flechas sozinho no meio da floresta usando headphones que — ele reparou depois — tocavam uma música muito alto e mesmo assim repara em você e quase acerta uma flecha na sua cabeça e depois chama todos os filhos do próprio pai de idiotas? Bem, era uma situação curiosa.

— É, eles acham que não, mas eu fui reclamado, não fui? — Ele soava um tanto sentido e Soonyoung se surpreendeu ao reparar aquilo porque, bem, ele não era muito de reparar nas pessoas assim.

— O que importa é o que ele diz. — Ele acredita mesmo nisso e talvez tenha soado empolgado demais, porque podia jurar que o outro soltou uma risadinha por sua causa. — Bem, pelo menos ele te disse alguma coisa. Aliás, como você fez isso? — De repente, Soonyoung apontava acusatoriamente para o outro.

— Ser reclamado?

— Em um verão!

— Eu... atirei muitas flechas. — Pareceu uma pergunta e ele riu quando recebeu uma resposta afirmativa.

— Você acha que se eu atirar flechas o suficiente, Apolo vai me reclamar também?

O que Jihoon pensou, na verdade, foi: “Cara... Acho que não é bem assim que as coisas funcionam”. Mas Soonyoung tinha uma carinha esperançosa e Jihoon pensou que ele já tinha passado por decepções demais naquele verão (todo mundo já sabia do garoto que andava perturbando todo mundo por aí para sair do chalé de Hermes) e, bem, talvez ele quisesse alguém para fugir do chalé de vez em quando, ouvir música, atirar umas flechas e se livrar dos idiotas de Apolo. Então, o que ele decidiu dizer foi:

— Bem, eu acho que não custa tentar, né?

A bem da verdade, Soonyoung era o pior arqueiro que Jihoon conheceu na vida. Mas, ah, enquanto ninguém se manifestava, eles podiam fingir que ele podia ser um dos não-idiotas de Apolo, não é?


Notas Finais


Obrigada por ler ♥

Btw, se quiserem mandar request, aceito tudo aqui ó: https://curiouscat.me/pandani


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