História Recomeçando - Dramione - Capítulo 11 - Mapa do maroto

✣ Gina Weasley

Eu ainda estava sentada no sofá da sala. Estava ali, me sentindo petrificada, desde que uma coruja grande e escura havia entrado pela janela e parado no meu colo. A Toca estava cheia, já que todos estavam ali para passar o natal em família. Eu estava sentada abraçada ao Harry, já que havia tido um mau pressentimento algumas horas antes, e a sensação ruim ainda não havia passado.

Ao fundo, tinha ideia de que Harry tentava chamar minha atenção e parecia preocupado, e de que com um olhar rápido, ele havia chamado Rony e Luna para perto. Rony tentou chamar minha atenção também, mas Luna simplesmente soltou a mão que estava entrelaçada a do meu irmão, e pegou a carta que estava em minhas mãos, ficando tão pálida quanto eu, ao começar a lê-la.

A carta não era muito longa, era um recado do Draco avisando que ele havia recebido uma carta de Hogwarts, e que Hermione estava em grande perigo. Ele e a mãe haviam ido para a escola ver o que estava acontecendo, e pedia para que eu ficasse calma. Mas era impossível ficar calma em uma situação como essa.

- Respira Gina. Daremos um jeito nisso. – Luna se abaixou em minha frente, olhando firme em meus olhos, essa era uma das poucas vezes que seu olhar não estava vago.

- Hermione está em perigo. Segundo Draco, ele foi para a escola ver o que aconteceu. Acredito que devemos fazer o mesmo. – Luna calmamente declarou aos meninos, e como nós, os dois ficaram brancos como uma folha de papel.

- Podemos aparatar em Hogsmeade, ou irmos de vassoura, mas mesmo tendo que andar até o castelo, ainda acho aparatar mais rápido. – Harry acordou do transe antes de todos nós. Luna parecia decidida, e eu e Rony nos limitamos a assentir.

Não perdemos tempo, não avisamos ninguém da família já que todos iriam querer ir para Hogwarts se soubessem. Fomos para o jardim discretamente, o que não foi muito difícil já que éramos dois casais em busca de privacidade. Chegando lá, aparatamos e corremos até a escola.

O portão estava aberto, o que era estranho, mas definitivamente não paramos para analisar nossa sorte. Ao chegar às portas da escola, notamos que elas também estavam abertas, McGonagall provavelmente esperava por alguém.

Entramos no castelo vazio, e sem nos importar se seriamos pegos pelo Filch, começamos a correr pelos corredores e pela escada, indo direto para a ala hospitalar. Minerva estava saindo de lá e fechando as portas quando chegamos ofegantes.

- O que fazem aqui, a essa hora, senhores e senhoritas? – Minerva tentava ser severa, mas sua expressão era de alívio.

- Podemos ver a Hermione, por favor? – Pediu Harry ainda tentando controlar sua respiração.

- Infelizmente não, senhor Potter. Ela já está com visitas, e muito frágil para tanta algazarra. – McGonagall não estava com cara de quem iria ceder.

- O que aconteceu com ela, diretora? – Perguntei, disfarçando meu ressentimento de Draco poder vê-la e nós não.

- Ela foi atacada pela senhorita Brown, enquanto saia da sala precisa. A jovem não consegue controlar os instintos de lobo, já que foi mordida há tão pouco tempo, mas será devidamente punida. – Completou ela, quando viu nossos olhares de raiva pela professora a estar defendendo.

- A Lilá a atacou porque não gostava dela, diretora. – Disse Luna calmamente, mas pude ver em seus olhos que ela também estava magoada, sua mão estava bem presa a de Ron, que fazia um leve carinho nas costas da mão dela.

- Vou conversar com a senhorita Brown sobre isso. – Minerva parecia ver que falar a favor da Lilá não era uma boa ideia.

- Podemos vê-la? – Rony estava vermelho, e tentava ao máximo esconder sua raiva também.

- Com toda certeza não, senhor Weasley! A matariam antes que os aurores chegassem! – Minerva nos olhava irritada, como se tivéssemos subestimado sua inteligência.

- Não faríamos tal coisa, mas queremos saber o porquê dela a ter atacado. – Eu dizia a verdade, queria mesmo saber os motivos da loira.

- Decididamente não, além do mais nunca a conseguiriam encontrar. – Disse ela triunfante, mas em seus olhos vi um lampejo de entendimento, provavelmente ela havia falado demais.

- Agora peço que voltem para os seus familiares, ou vão para seus dormitórios. – Ela saiu rapidamente, indo em direção as escadas que a levariam para o andar de sua sala.

- Harry, você está com o mapa do maroto? – Eu tinha uma ideia de como achar a Brown bem facilmente. Harry sorriu, me entregando o pergaminho.

Olhando pelo mapa, notei que a vaca não estava em nenhuma parte do castelo, o que era fácil de se perceber já que poucos alunos haviam ficado na escola durante o recesso. Estava quase desistindo de procurá-la quando tive uma ideia de onde ela poderia estar.

- Ela não está no mapa, isso significa? - Perguntei aos outros, com um pequeno sorriso maligno.

- Sala Precisa. - Esperava que Harry, ou até mesmo Luna, fossem rápidos assim para chegar a essa conclusão, mas Rony havia colocado em alto e bom som, a conclusão a qual eu também havia chegado.

Olhei para ele com uma cara assustada de quem diz "você sabe pensar?", fazendo com que o Harry tentasse falhamente segurar o riso. Luna sorriu e deu um beijo na bochecha do namorado.

- Ele pode ser brilhante às vezes. - Disse ela rindo um pouco.

Rony não teve nem tempo de se defender de nossas acusações, já que começamos a nos dirigir rapidamente para as escadas, em direção à sala onde nosso objetivo se encontrava.

Depois de subir silenciosamente todas as escadas, nos escondemos em um corredor perto da parede que dava entrada a sala e consultamos o mapa mais uma vez, para ter certeza de que ninguém estava ali perto.

Filch estava andando pelas masmorras, e McGonagall estava em sua sala caminhando de um lado para o outro como Dumbledore fazia. Eu sabia que na enfermaria, estavam apenas Hermione e Draco, e que seus nomes estavam próximos no mapa, mas escondi isso dos rapazes, antes que eles notassem e quisessem interferir.

- Provavelmente não teremos muito tempo, já que McGonagall mais cedo ou mais tarde, irá querer ver se fomos embora ou para os nossos dormitórios. - Enquanto falava, tentava escolher o que eu queria fazer com a garota.

- Precisamos descobrir como entrar na sala, e o que faremos quando conseguirmos. - Eu não tinha uma ideia definida, então expus o que precisávamos fazer.

- Eu tenho uma ideia do que fazer, e acho que para entrarmos teremos de querer vê-la sem realmente machucá-la. - Luna sempre foi brilhante, só não demonstrava isso sempre.

- Eu quero machucá-la, duvido muito que a porta abriria para mim. - Eu queria sangue.

- Para o que eu tenho em mente ela não sairá machucada, mas também queria que ela não ficasse ilesa. - Admitiu Luna. Harry também sorriu e olhou para longe, mostrando que ele não seria uma boa opção.

- Eu posso tentar. Fiquei realmente bravo com o que aconteceu com a Mione, mas nunca fui bom em vinganças. - Todos rimos baixinho com a sincera cara de decepção que Rony ficou enquanto falava.

- Tudo bem. Rony tenta entrar, e Luna faz o que pensou lá dentro. - Harry parecia um pouco mais sério que o comum. Olhei para ele querendo contrariar e ser eu a lidar com Lilá, mas ele me olhou nos olhos e percebi que eu provavelmente a acabaria machucando seriamente.

- Ok. - Abaixei meus ombros em símbolo de derrota.

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✣ Luna Lovegood

- Acha mesmo que as coisas vão ficar assim, Lovegood?! – Lilá berrava com toda a sua raiva mal contida.

Rony havia conseguido abrir a sala apenas desejando poder ver a loira, já que no fundo ele não tinha ideia do que poderia fazer para se vingar e não se importava que outra pessoa o fizesse. Havíamos encontrado Lilá presa por cordas em uma cadeira, parecia estar dormindo, mas levantou a cabeça assim que a porta se abriu, com uma cara de coitada, provavelmente achando que seriam os aurores que haviam chegado para interrogá-la. Porém assim que nos viu sua expressão se transformou, sua boca se fechou em uma linha rígida e em seus olhos o medo estava aparente.

- Então quer dizer que você ataca nossa melhor amiga, tenta matá-la e espera que nós não achemos um jeito de encontrá-la? Achei que era no mínimo um pouco inteligente, Brown. – Gina tinha sangue nos olhos, e uma voz arrastada e cheia de repulsa.

- Vocês não estavam em Hogwarts. A sabe tudo estava sozinha e cruzou meu caminho. – Ela tentava manter uma expressão de indiferença, com a cabeça erguida em tom de desafio, mas ela estava amarrada na frente de pessoas que ela sabia que não estavam ali apenas para conversar.

- E agora você, sozinha, cruzou espontaneamente o nosso caminho, coincidência não? – Gina fingia uma voz doce que definitivamente não era dela, não quando seu rosto estava emoldurado com um sorriso tão frio. Definitivamente era melhor ser sua amiga.

- Você não me assusta, Weasley. Sou muito mais poderosa que você agora. – Lilá parecia tentar se convencer.

- Não me importo com o que quer que você seja agora, no momento está amarrada, e não serei eu a lidar com você. – Gina sorriu vitoriosa ao fim, ela havia se aproximado lentamente da cadeira solitária de Lilá na sala escura, mas agora estava se afastando para um dos cantos. Tanto ela, quanto Harry e Rony, o moreno com olhos quase tão rígidos quantos os da namorada e o ruivo com uma expressão triste e ressentida olhando fixamente para a menina amarrada, estavam abrindo espaço para que eu pudesse me aproximar.

- Então vão deixar a Di Lua cuidar de mim, que medo. – Eu sempre fui uma pessoa paciente, mas esse não estava sendo um bom dia, e meu humor só estava piorando com as atitudes da garota. Me aproximei com passos firmes, olhando diretamente nos olhos da Brown. Pela primeira vez na vida, tinha certeza que estava com cara de poucos amigos.

- Você machucou alguém que não tem culpa pelo que aconteceu. Não importa qual foi a desculpa distorcida que implantou em sua cabeça, Hermione não teve culpa de nada. Não deveria tê-la machucado. – Minha voz estava clara e fria, estava tomada pela raiva. No início, a loira tentou me contrariar, mas acabou abrindo e fechando a boca várias vezes sem me interromper.

A cada palavra que eu dizia, me sentia mais segura do que estava fazendo, e Lilá parecia arregalar mais os olhos, e ficar mais assustada.

- Não vou te ferir da forma que você a feriu. Apesar de ser o que a Gina quer. – Olhei para a ruiva e sorri, ela estava silenciosa e relaxou quando viu meu sorriso, provavelmente não me reconhecendo antes. – Hermione não iria querer seus amigos presos por matar alguém, ainda para por um motivo tão bobo quanto vingança. – Brown pareceu relaxar minimamente.

- Mas não te deixarei ir assim tão facilmente. – Sorri friamente, enquanto tirava minha varinha das vestes. Com um feitiço não verbal a fiz flutuar e devagar começar a ficar de ponta cabeça.

Ela ficava girando devagar sem nunca parar. Essa era exatamente a ideia do feitiço, que eu havia aprendido e aperfeiçoado com Hermione, a pessoa atingida ficaria girando para sempre. Sorri com a ideia de que os aurores demorariam a achar uma forma de pará-la, já que não era um encantamento comum. Quando ela estivesse prestes a vomitar, o feitiço a deixaria em pé, e voltaria a girar depois que passasse o enjoo ou que ela vomitasse.

Ficamos ali apenas observando durante um tempo, Gina ria abertamente, Harry tentava abafar o riso, mas também se divertia, e Rony veio para o meu lado, me abraçou e deu um beijo na minha bochecha.

- Acha mesmo que as coisas vão ficar assim, Lovegood?!

- Não, acredito que elas ficarão melhores. – Sorri friamente para uma Brown de ponta cabeça.

- Precisamos ir embora, antes que McGonagall perceba onde estamos e nos encontre. – Disse Harry olhando para a Lilá, memorizando aquela cena.

- Lilá, você não se lembrará de quem a atacou. Não te daria o gostinho de vir atrás de mim. E suas lembranças dirão que você foi atacada por um professor que você não pode ver quem era. Jamais suspeitará de nós. – Sorri friamente mais uma vez, estava me divertindo vendo a ex do meu namorado rodando daquele jeito.

- Vocês – Disse ela com raiva. Provavelmente teria nos ameaçado se eu não tivesse interrompido.

- Obliviate.

Lilá apagou. Sai da sala por último, seguindo Harry que puxava Gina, que queria ficar ali vendo para sempre a menina rodar, e Rony. Já fora, olhamos uma última vez para ela, e com cuidado fechei as portas.

- Me lembre de nunca te irritar. – Disse Rony me puxando para seus braços. Sorri docemente antes de lhe dar um selinho.

Saímos de Hogwarts em silêncio, vendo o mapa do maroto para não encontrar com ninguém. Quando chegamos aos portões, aparatamos no jardim da Toca, rindo de tudo que havia acontecido. Ninguém havia percebido nossa ausência, então voltamos para as comemorações do Natal um pouco mais felizes.

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