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História Recomeço - Eu não quero roubá-lo de você


Escrita por: Sapatomic

Capítulo 2 - Eu não quero roubá-lo de você


Regina Pov's

Minha garganta estava seca e o ar parecia ter sumido. Aquela mulher estava ali. O maior dos meus pesadelos. Quando Henry me pediu para conhecer seus pais biológicos, jamais acreditei que um dia eles os encontraria. Passei a mão pelos cabelos, numa forma falha de tentar me acalmar. Olhei mais uma vez para aquela mulher.

- Oi. - ela sorriu timidamente, como se me pedisse desculpas por estar ali.

- Você é a mãe biológica dele? - gaguejei.

- Sim. - colocou as mãos nos bolsos traseiros da calça. - O garoto é esperto, conseguiu me encontrar através de um site.

Soltei o ar, sem saber que o estava prendendo. Henry parecia nervosa, o olhar se intercalando entre eu e a outra. Retirei meu casaco e joguei numa poltrona junto com a bolsa. Aproximei-me do meu garoto, passando o braço pelos seus ombros. Eu precisava ter uma conversa séria com aquela mulher, e não seria bom que Henry estivesse presente. Teria que descobrir quais eram as intenções dela e se eu corria algum risco.

- Por que você não sobe para seu quarto? Preciso ter uma conversa com a senhorita Swan.

- Mas mãe, eu....

- Henry, me obedeça. - olhei no fundo de seus olhos ao dizer.

- Tudo bem. - respondeu cabisbaixo, andou até a onde a loira estava e a abraçou. - Até mais, Emma.

- Até mais, garoto.

Ignorando o incômodo e o aperto no peito ao vê-los tão próximos, ofereci uma bebida à ela, que logo aceitou. Fomos para meu escritório, onde eu resolvia todos os assuntos importantes. Enchi dois copos com whisky. Precisaria de uma bebida forte para atravessar aquela noite. Sentei em uma poltrona, enquanto ela se sentou no sofá à minha frente perto da parede. Suas bochechas coradas e o balançar de sua perna mostrava o quanto estava nervosa.

- Então, senhorita Swan, como que trabalha?

- Detetive particular. - passou a mão nos cabelos dourados. Gesto esse muito sensual, por sinal, mas afastei o pensamento. Não era hora para aquilo e muito menos com aquela mulher.

- Creio que está ciente de que assinou um documento de adoção sigilosa? Ou seja, abdicou de qualquer contato com Henry.

- Sim, de fato, eu assinei. Só que ele me encontrou, então eu....

- Vou direto ao ponto, senhorita Swan. - tomei um gole generoso de meu copo e o depositei na mesinha de centro que estava entre nós. - Henry é meu filho, eu o criei. Deu amor, carinho, proteção, educação, roupas, viagens e tudo mais. Espero que isto esteja bem claro para você.

- Eu não quero roubá-lo de você. - rebateu com um sorriso irônico. 

- Se é assim, sugiro que vá embora e nunca mais volte. Você o abandonou, acha que pode chegar aqui e simplesmente bancar a mãe do ano?

- Escute aqui, senhora Mills! - esbravejou se levantando. Pude ver raiva em seu olhar. - Você não me conhece e não sabe nada sobre minha vida, ou meu passado. Foi o Henry que me procurou. Então, se o garoto quiser que eu participe da vida dele, então eu farei isso. Podemos tentar na justiça, se quiser.

Senti meus olhos marejarem, mas eu não iria dar a satisfação de me ver chorar para aquela mulher. Já era doloroso o bastante saber que eu era tão insuficiente para meu filho, que ele precisou ir atrás de sua mãe biológica. Respirei fundo e me levantei também. Não adiantaria impedir os dois de manterem contato, provavelmente isso só iria me afastar mais do meu garoto. Mordi o lábio inferior controlando o choro. Eu poderia desabar quando estivesse sozinha em meu quarto, mas jamais faria isso na frente da outra. Não desistiria de Henry e com certeza, mais tarde, eu conseguiria pensar em algum plano para afastá-los.

- Olha, eu não quero atrapalhar sua relação com Henry. A questão é que depois de hoje... - disse com um brilho diferente no olhar e um sorriso lindo. Novamente, eu precisava controlar meus pensamentos. - Me desculpe ok? Só me deixe ter um tempo com ele. 

- Como quiser. - pigarrei me aproximando até a porta. - Só não admito que o que aconteceu hoje se repita. Henry ainda precisa da minha permissão para sair.

Ela apenas assentiu e se foi. Deixei meu corpo cair na poltrona, me servindo de mais um copo de whisky. Eu deveria colocar Henry de castigo por ter desviado seu caminho da escola e ter feito pelas minhas costas. No entanto, estava sem forças para isso. Meu coração ainda continuava apertado com aquela notícia. Emma tinha razão, ela poderia acionar a justiça. Mesmo sabendo que eu venceria, talvez correria o risco de ter que compartilhar a guarda. Além disso, Henry jamais me perdoaria por tentar afastá-lo daquela mulher contra a sua vontade. E sem meu filho, eu não era nada. Não suportaria perder mais alguém que eu amava.

Levantei-me e subi as escadas em direção ao meu quarto, com a garrafa de whisky na mão. Não costumava a beber desta forma, sem o mínimo de controle. Porém, a ocasião pedia. Eu poderia chegar depois do almoço no trabalho. Era o que faria. Precisava daquele tempo para pensar. Eu deveria afastar Emma de Henry? Ou deveria deixá-los algum tempo juntos e esperar que meu filho percebesse quem era sua mãe de verdade? Deveria me preocupar com ela querer sua guarda? Ela tentaria levá-lo embora, para longe de mim? Eram tantas dúvidas. Meus pensamentos borbulhavam e eu não encontrava uma solução. O banho quente não me relaxou e a bebida parecia não ter efeito; Peguei meu celular e o encarei. Eu deveria fazer aquilo? Na dúvida, apenas o fiz. Procurei o número de Graham. Era tarde, mas eu sabia que ele deveria estar em algum bar ou jogo de pôker. Digitei a mensagem e enviei.

"Preciso de sua ajuda. Coloque aqueles seus amigos para trabalhar. Pesquise tudo o que for possível sobre Emma Swan. Mas cuidado, ela também é detetive particular. Quero o relatório na minha mesa no menor prazo possível. Até mais."

****

Emma Pov's

Eu nunca imaginei que realmente um dia conseguiria encontrá-lo. Ou melhor, ele me encontrou. Quado vi aquele garoto parada na porta do meu apartamento, se dizendo ser meu filho eu quase gargalhei. Porém, ao olhar em seus olhos esverdeados, eu soube que ele falava a verdade. Seu nome era Henry. Embora eu tivesse colocado outro, caso o tivesse criado. A sensação de alívio e felicidade era quase maior que a de dor. Quase. Eu ainda me lembrava do meu passado. Da única vez em que o peguei em meus braços. Aquele corpo frágil e tão pequenino. Por que bebês são tão indefesos? 

Aquele garoto era único. Por ter fugido da escola, precisei levá-lo até em casa. O caminho todo ele não parou de conversar um minuto, e embora eu quisesse que ele parasse, achei um tanto quanto engraçado. Gostávamos de quadrinhos, videogame e seu time de baseball era o Red Sox. Enxerguei nele muitos trejeitos de Neal, mas eu não queria pensar naquilo agora. Ainda sentia falta do meu ex, embora fosse o único homem da minha vida. Um erro do passado o tinha afastado de mim e nunca mais nos vimos. Afastei os pensamentos e em minutos estávamos em frente à sua casa, que era rodeada por um muro alto e portões de ferro. Eu já estava acostumada com aquele tipo de lugar. Cresci em um parecido. No entanto, assim que percebi quem realmente era a minha família, decidi viver por mim mesma. Eu não queria estar ligada àquelas pessoas.

Descemos e ele foi direto me mostrar seu quarto. As paredes eram azuis, repletos de posters de super-heróis e alienígenas. Havia algumas espaçonaves penduradas no teto. Uma mesa para estudos com algumas figuras de ação, um computador e alguns quadrinhos. Sua cama era espaçosa. Fiquei aliviada ao perceber que o garoto tinha uma boa vida. Porém, me lembrei da minha. Apesar do conforto e da vida boa, meus pais nunca estavam presentes. Sempre apressados ou preocupados com seus negócios. Éramos apenas eu e meu irmão. Fomos para a sala, onde Henry nos preparou pipoca e vimos um filme até sua mãe chegar. E foi aí que eu percebi que estava completamente perdida.

Regina era um espetáculo de mulher. Do tipo que eu passaria a minha noite totalmente satisfeita. Mas ela não era mulher para uma noite só, não com aquele rebolado ou aquela forma imponente de falar. Engoli em seco quando fomos até o escritório. Eu estava enrascada e isso era fato. Regina talvez fosse inalcançável, mas de Henry eu não desistiria. Foram muitos anos o procurando. E quando eu tinha perdido as esperanças, como um sinal divino ele estava lá, mesmo que eu não acreditasse nessas coisas. Porém, como eu esperava, não seria nada fácil. Regina parecia assustada e confesso que não consegui me conter quando ela começou a me julgar sem ao menos conhecer minha história. Mas vê-la com os olhos marejados me despertou. Henry tinha me dito que ela era viúva. Foi aí que eu entendi de onde vinha aquilo tudo. Ela tinha medo de perder o filho, por já ter perdido alguém. Eu entendia muito bem como era aquilo.

Saí daquela casa desejando tomar um boa cerveja e esquecer aquela pequena discussão. Pelo menos eu tinha conseguido algo não era muito, mas dava para o gasto. Ela me deixaria ver o garoto. Passei em um bar perto do meu apartamento e comecei a beber. Eu não estava trabalhando em nenhum caso, pois decidi tirar uns dias de folga. O último me rendeu uma boa grana, então poderia ficar mais tranquila. Meru telefone tocou, era August. Combinei de esperá-lo no bar e rapidamente ele chegou.

- E aí, Swan. O que me conta? - indagou se sentando na minha mesa e pedindo uma cerveja.

- Eu o encontrei, Gus.

- Tá brincando... Tu achou o garoto? - ele parecia assustado e feliz ao mesmo tempo.

- Na verdade, ele me achou. - rimos juntos. - Fez uma pesquisa, descobriu meu nome e meu endereço.

- Então ele é mesmo seu filho. Seu sangue corre naquelas veias. Temos que admitir que ele é bastante esperto. Um brinde então. - suspendeu sua cerveja e eu fiz o mesmo. Brindamos e tomamos um gole juntos.

- Mas me conta, como estão as coisas com Ruby?

- Difíceis. - balançou a cabeça negativamente. - Nós brigamos toda hora, mas eu sou louco por ela. E o sexo é...

- Ok! Ok! - suspendi a mão pedindo para ele parar ao mesmo tempo que fiz uma careta. - Eu a conheço desde que nasci e você é meu melhor amigo desde o ensino médio. Não quero essa imagem na minha cabeça.

- Palhaça. - brincou jogando um amendoim em mim. - Mas então, como foi com os pais do garoto?

- Mãe. Ele tem só uma mãe. - suspirei.

- Pela cara de sonsa, ela deve ser gostosa e você já quer pegar. - provocou com uma piscadela.

- Claro que não! Ela é viúva, deve ser hétero acima de tudo e pelo jeito jamais se envolveria com uma pessoa como eu. Duvido que ela passe a menos de 100m de um estádio de baseball ou que entraria nos bares que frequentamos.

- Aham, sei. Você já conseguiu pegar mulheres mais difíceis. Ser elegante e hétero não é problema para a nossa Swan aqui. - bateu no meu ombro de forma carinhosa. - Além disso, seria o sonho perfeito do garoto. As duas mães juntinhas. Tá na hora de quietar Ems, constituir família e etc.

Discordei com a cabeça, mas afastei os pensamentos. Resolvi que era hora de mudar de assunto. Mas assim que deitei na cama quando cheguei em casa, fiquei refletindo sobre o que August me disse. Seria mesmo hora de firmar raízes com alguém? Eu não sabia responder, então resolvi dormir.

 



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