História Recomeço: um novo amor? - Encontro no mundo dos vivos

Passaram-se alguns dias desde que o oficial da sexta divisão, Haruki kun, voltara do mundo dos vivos com informações sobre Saiyuri. Movido por um sentimento que achava ser somente uma curiosidade, Byakuya resolve ir vê-la, apesar dessa decisão não ser algo comum para ele que sempre fora muito comedido em suas ações. Para isso, numa manhã ensolarada, utilizou-se do senkaimon de uso exclusivo dos Kuchikis, para que ninguém soubesse dessa sua atitude.

Usando seu gigai, foi ao endereço que seu subordinado tinha lhe passado durante as investigações sobre a tal mulher que conhecera no casamento do shinigami substituto de Karakura. Com sua típica expressão, ou seja, aquela que não deixava transparecer suas emoções entrou no pequeno estabelecimento, a cafeteria Coffee and Cakes.

Escolheu então uma mesa perto da janela, quando uma jovem aproximou-se para lhe dar as boas vindas.

“Seja bem vindo!” a moça ao olhar o cliente quase engasgou ao reconhecê-lo. “Vo... Você?” foi o que a pobre atendente conseguiu falar naquele momento.

“Obrigado. Mas você me conhece?” pergunta o moreno alto com o seu ar de superioridade, fingindo não conhecê-la.

“Ah... desculpe. É claro que o senhor não se lembraria de mim. Vimo-nos rapidamente apenas uma vez e não sou também, como eu posso dizer... um tipo inesquecível...” fala meio constrangida.

“De onde nos conhecemos?” indaga novamente o capitão na sua aparente frieza.

“Bom... do casamento de Kurosaki Ichigo e Inoue Orihime... Que aconteceu há algumas semanas...” ela responde um pouco corada.

Byakuya cerra um pouco os olhos para observá-la melhor. A mulher vestia um típico uniforme de garçonete: saia preta curta, avental vermelho e uma camisa branca com um laço no pescoço. O cabelo preso num coque com uma rede para não cair sobre as refeições que servia.

Saiyuri começou a se sentir um tanto desconfortável com aquele lindo homem a observando tão fixamente sem nenhum constrangimento. Para quebrar o silêncio, perguntou novamente. “O senhor se lembra?”

“Vagamente... Acho que fomos apresentados, só que não tivemos tempo para conversarmos. Você é amiga da esposa de Kurosaki, é isso não?

“Sim, isso mesmo!” a atendente respondeu com um leve sorriso e feliz por ele ter se lembrado dela nem que fosse superficialmente. “Mas o que traz o senhor aqui? Ah me desculpe pela intromissão! Não devia ter perguntado isso!” se desculpa com as bochechas vermelhas, envergonhada.

“Sem problema. Tive uma reunião por perto e quando passava aqui na frente, resolvi comer alguma coisa.”

“Entendo. O senhor deve ser uma pessoa muito importante e ocupada...”

“Um pouco, tenho minhas obrigações a fazer.”

“Imagino... Mas o que o senhor gostaria de pedir?”

“Alguma sugestão?” a moça ficou um pouco sem jeito, porém após pensar por alguns segundos, sugeriu um café expresso e um bolo de chocolate que era a especialidade da casa que ele acabou aceitando apenas com um gesto de cabeça.

Enquanto aguardava, ficou observando o local. Era simples, mas aconchegante, nada que lembrasse o luxo de sua mansão na Soul Society. Enquanto pensava isso, Saiyuri voltou com uma bandeja na mão.

“Aqui está. Espero que aprecie, senhor...”

“Kuchiki Byakuya.”

Era claro que ela se lembrava do nome dele. Desde o dia do casamento, ansiava por vê-lo novamente, contudo achava que isso jamais aconteceria, no entanto, achou que, por uma obra do destino, aquele homem que andava povoando seus sonhos ultimamente estava ali bem na sua frente.

“Obrigado.” O capitão agradece polidamente.

“Ah fique à vontade. Qualquer coisa pode me chamar.” sai fazendo uma pequena reverência indo para trás do balcão com o coração batendo acelerado. Enquanto tentava se acalmar, viu uma figura curvilínea adentrar no estabelecimento.

“Saiyuri chan! Como você está? Estava passando aqui perto e resolvi vir te ver!” falou uma voz meiga.

“Orihime chan! Estou bem e você?” pergunta meio vermelha.

“Que foi? Algum problema?”

“Nada não... é que...” os olhos da morena então se fixam numa mesa perto da janela. A ruiva segue o olhar da amiga e para sua surpresa, vê o capitão da sexta divisão ali sentado.

“O que? Kuchiki Byakuya? Aqui no mundo dos vi... Ah quero dizer... No mundo dos simples mortais? Ahhh esquece o que eu falei!” pede quando viu o olhar confuso da amiga.

“Ele disse que tinha uma reunião aqui por perto e...” não terminou de falar, pois Orihime já tinha ido falar com o seu cliente.

“Boa tarde, Kuchiki san. Você por aqui?”

“Boa tarde, Senhora Kurosaki. Como tem passado? E seu marido, Kurosaki Ichigo?” questiona o moreno de cabelos cumpridos sem mover um músculo de sua face.

“Estou bem e Ichigo kun também.” Estava curiosa, pois ele acabou não lhe respondendo, já que logo se levantou para sair.

“Bom, preciso ir. Onde pago?” indagou rapidamente antes que a esposa do shinigami substituto lhe fizesse mais perguntas.

“Ali, naquele balcão, com aquela garota loira...”

“Ok. Então vou indo. Prazer em revê-la Tachibana Saiyuri e recomendações a seu marido, senhora Kurosaki” fala fazendo uma pequena reverência com a cabeça e saindo no local logo em seguida.

“Ele se lembra...”

“Que foi amiga?”

“Ele se lembra do meu nome... Mesmo que a gente tenha se visto uma vez só...” diz a garçonete com as bochechas vermelhas.

“Saiyuri chan... Não me diga que você está interessada nele?”

“Acho que sim... Ele é tão lindo e tão misterioso... Será que teria uma chance, amiga? Você que o conhece há mais tempo, o que acha?” indaga ansiosa.

“Bem... Eu... Não sei...” como a ruiva era romântica, ela já começou fantasiar um romance entre a sua amiga e o capitão da sexta divisão, apesar da distância e da vida que os separavam. Lembrou-se do caso de seu sogro e sua falecida sogra e achou que talvez pudesse dar certo.

“Sou uma boba não é?” A pergunta da moça fez Orihime voltar para a realidade. Olhou para o rosto triste da amiga e não teve coragem de desencorajá-la, mesmo sabendo que devia.

“Não é isso... É que... Olha, não prometo nada, mas vou tentar te ajudar...” fala a bela com um sorriso no rosto.

“Sério?”

“Sim, farei o que estiver ao meu alcance.”

“Ahhh obrigada. Sei que ele parece ser o tipo inalcançável, mas quem sabe não é?” indaga esperançosa. A ruiva engoliu em seco e após terminar seu café se despede da amiga e vai para casa deixando a jovem mais animada.

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“Cheguei!”

“Seja bem vindo, Ichigo kun! Como foi o seu dia?” pergunta a bela esposa dando um beijo no marido.

“Cansativo como sempre, mas correu tudo bem. E você? Alguma novidade?”

“Bom, o mesmo... Ahh eu tenho uma sim... Você não vai acreditar quem eu encontrei lá na cafeteria que a Saiyuri chan trabalha...” fala com uma carinha marota.

“Quem?”

“O capitão Kuchiki Byakuya...”

“O que?” o ruivo estava totalmente surpreso.

“Sim, pois é...”

“O que ele estava fazendo aqui no mundo dos vivos?”

“Então, eu também não entendi. Saiyuri chan disse que ele falou para ela que estava de passagem por causa de alguns negócios ali perto e resolveu parar lá para comer alguma coisa...”

“Que história mais mal contada essa, Hime. Que negócios Byakuya teria para ter que vir pessoalmente?”

“Como eu vou saber, meu amor... Se você não tem ideia, muito menos eu, não é?”

“Sim, desculpe... É que eu realmente fiquei muito espantando com essa notícia.”

“Tem mais...”

“Mais?”

“Saiyuri chan está interessada nele...” nesse momento, ao ouvir isso, Ichigo engasga com o copo d’água que estava bebendo.

“O que? Isso é impossível. Você, por acaso, não a encorajou...”

“Bem... eu...”

“Orihime!”

“Desculpa meu amor... É que eu fiquei com dó dela e acabei lhe falando que talvez... Quem sabe... Ela tivesse uma chance...” o ruivo olha então incrédulo para a esposa.

“Hime... Você não devia ter feito isso...”

“Mas por que não? Seu pai não era o capitão da décima divisão e sua mãe uma quincy?” pergunta fazendo um beicinho.

“Sim, mas foi diferente... As circunstâncias foram diferentes... Fora que estamos falando de Byakuya...” nisso para de falar quando vê os olhos da esposa marejados. “Ok, ei, não precisa ficar assim. Quem sabe não é? Afinal ele mudou bastante desde que o conheci. Vamos deixar nas mãos do destino e prometa-me que não vai mais interferir, ok?”

“Sim, prometo!” diz a ruiva cruzando os dedinhos atrás de si.

Enquanto isso, na Soul Society...

Byakuya havia chegado do mundo dos vivos e já tinha se livrado do seu gigai. Pela janela do seu quarto, olhava o belo jardim da sua mansão quando as imagens daquele dia lhe vieram a sua cabeça. Lembrou-se da mulher vestida com seu uniforme de garçonete, lhe sorrindo, mas ao mesmo tempo parecendo um pouco intimidada por sua forte presença. Ele não podia culpá-la por isso, pois sabia que mesmo procurando controlar sua forte pressão espiritual, ainda assim ela mexia com as pessoas mais sensíveis. Pensou também que talvez fosse melhor assim, pois só dessa maneira conseguia manter-se a uma distância segura de outras pessoas, sejam shinigamis ou não e ter o respeito delas.

Entretanto, com o passar dos anos, isso passou a lhe incomodar um pouco. Saber que todos os respeitavam ou porque tinham medo dele ou por ser o líder do clã Kuchiki o fazia se sentir um tanto solitário, principalmente depois da morte de Hisana. Algumas vezes, os anciões do conselho lhe sugeriam que arrumasse uma nova esposa, contudo que fosse digna e nobre, não uma plebéia como a anterior. Para evitar conflitos, sempre evitou o assunto e rapidamente saía do conselho e se dirigia aos seus aposentos.

Olhando mais uma vez para as flores do seu jardim, a imagem do rosto de Saiyuri invadiu novamente a sua mente. Sacudindo a cabeça e procurando por algo que o distraísse, foi ao seu escritório. Porém o que o poderoso capitão da sexta divisão não queria admitir para si mesmo era que aquela bela moça havia mexido com suas emoções mais profundas. Aquelas que ele vinha tentando manter presas dentro de si, desde que ficara viúvo.

Continua