1. Spirit Fanfics >
  2. A aliança de Annabelle >
  3. O encrenqueiro

História A aliança de Annabelle - O encrenqueiro


Escrita por: Bielmzzi

Notas do Autor


Gente, tudo bom com vocês? Vamos às desculpas hahaha.
Começaram as aulas na faculdade, to me dedicando mais fora do PC, tive um bloqueio criativo, etc etc.
Para vocês lembrarem (dps de 1 mês sem postar nenhum capítulo), vou fazer um pequeno resumo:
- Evodrasil contou da história dela;
- Anna encontrou um garoto de cabelos brancos que a atacou.
Bom, depois de muito tempo, finalmente está aqui!
Boa leitura!

Capítulo 14 - O encrenqueiro


Fanfic / Fanfiction A aliança de Annabelle - O encrenqueiro

O sol havia se posto, a lua cheia e a fogueira iluminavam a clareira. As árvores balançavam com o vento gelado, o que fazia o suor de Anna secar rapidamente.

O garoto de cabelos brancos estava vestindo um manto escuro e uma bermuda larga, também escura. Em suas mãos, haviam duas lâminas que emitiam um brilho avermelhado. A velocidade com que ele se movimentava era incomum. Seus movimentos tinham suavidade, força, precisão e cautela. Parecia que sabia muito bem como lutar sorrateiramente. Ele conseguia ocultar sua presença por um breve momento antes de atacar e brincava com essa vantagem.

– Ei, não consegue me acompanhar? – o garoto apareceu em suas costas, a provocando.

Anna se vira rapidamente, mas o garoto já havia sumido outra vez, deixando uma ferida rasa nas costas dela. Aquela dor aguda percorreu todo seu corpo.

No entanto, ela estava conseguindo se defender de muitos dos ataques que ele infligia, os poderes de Evodrasil eram usados com cuidado para não se esgotar, mas estava sendo ineficaz pois o garoto, de alguma forma, ia encontrando seus pontos fracos. Ela precisava pensar em uma maneira de revidar.

Faíscas saíam toda vez que as lâminas se chocavam. O garoto parecia estar se divertindo. Haviam enormes aberturas em sua guarda quando estava distante, mas quando chegava perto, era difícil de acertá-lo.

Analisando a situação, Anna chegou à conclusão que deveria atacar logo depois do avanço dele, momento em que sua guarda era fraca.

O garoto avançou novamente em sua direção, mas Anna o defendeu. Logo em seguida, ela mudou sua postura defensiva para tentar uma ofensiva, com uma grande aceleração.

Ele desviou de seu ataque com grande destreza e ainda a acertou no braço esquerdo com sua lâmina.

Ela sabia que não poderia desistir na primeira tentativa. Seu braço e suas costas ardiam com as feridas. O sangue escorria.

Anna, se continuarmos com essa desvantagem, não seremos capazes de derrotá-lo – Evodrasil falava em sua mente – tente uma aceleração dupla, isso consumirá uma grande energia, mas conseguiremos alcançá-lo.

– Certo, este terá que ser um ataque decisivo, não acho que aguentarei mais do que isso. – Anna ofegava na medida que suas palavras saiam de sua boca, a dificuldade de respirar estava deixando-a zonza, o cansaço havia tomado conta de seu corpo.

– Por que está falando sozinha? – o garoto sorria – Estou bem na sua frente, fale comigo, poxa.

Ele avançou contra ela novamente aparecendo em suas costas, mas dessa vez quem ficou surpreso foi o garoto. Anna havia desaparecido do seu campo de visão no momento em que sua lâmina iria encontrar a carne dela.

Ele não conseguia sentir sua presença, não podia ouvi-la e nem vê-la.

Seu coração se agitou, a excitação em sua mente começava a crescer.

– É disso que estou falan… – no momento que ele começou a falar, ele sabia que havia cometido um erro e, em questão de segundos estaria morto, ele pensou.

Anna havia aparecido em suas costas, com o golpe já preparado.

Como ela pensou, sua guarda estava fraca. Ela desferiu um golpe circular com a espada na direção de suas costelas. A intenção não era matá-lo, apenas atordoá-lo, por isso no último segundo ela girou a espada e bateu com o peito da lâmina.

O garoto teve pouquíssimo tempo para pensar durante o golpe, ele apenas conseguiu levantar sua pequena lâmina para amortecer o ataque. Mesmo assim, foi arremessado há muitos metros de distância, chocando suas costas em uma árvore.

O impacto foi grande, fazendo com que sangue fosse jorrado de sua boca.

Ele estava caído e indefeso ao pé da árvore, ainda acordado, mas sem forças para levantar ou falar.

Anna, então, começou a caminhar em direção ao garoto.

De repente, Evodrasil sentiu  outra presença.

Anna, tem alguém se aproximando, – Evodrasil alertou na mente dela –  cuidado.

Anna procurava por todos os lados, preocupada, tentando achar a pessoa que se aproximava. Seu corpo estava cansado demais para lidar com outro inimigo, ela teria que fugir caso outra batalha se iniciasse. Ela não conseguia enxergar direito, a fogueira apenas iluminava uma parte da clareira. Ela estava em desvantagem.

– Apareça! – Anna gritou para lugar nenhum – Pare de se esconder!

Então uma voz feminina ecoou em suas costas.

– Eu não estou me escondendo. – A voz era suave, não parecia estar procurando briga ou ameaçando atacar.

Anna olhou para trás e viu uma garota de longos cabelos brancos, ajoelhada ao lado do garoto caído ao pé da árvore.

– Vejo que meu irmão lhe deu trabalho – a garota repousa sua mão na testa dele – peço desculpas por ele.

– Quem é você!? – Anna queria algumas explicações – Por que ele me atacou?

A garota pegou seu irmão no colo e se dirigiu para fora da clareira, ignorando ela.

– Espere! Quem são vocês!? – Anna deu um passo à frente, ela estava frustrada e gritava em direção a garota.

A garota lançou um olhar ameaçador em direção a Anna, o que a fez parar subitamente, receosa. Algo naquele olhar era muito estranho para ela.

– Eu não sou uma inimiga. – a garota falou firmemente e voltou a andar até sumir na escuridão da floresta.

Algum tempo se passou desde que as duas pessoas de cabelos brancos se retiraram do local. Anna estava sentada na grama com sua Espada no colo, tentando recuperar suas forças para voltar a igreja.

Ah! Ainda bem que fugiram. – Evodrasil parecia aliviada – Não teríamos força para enfrentá-la também. Precisamos treinar mais, Anna.

– Evy, você viu os olhos daquela garota?

Eu não consegui reparar muito bem. Por que, Anna?

– Não sei… Eu nunca tinha visto olhos como aquele antes. – Anna começava a se levantar.

Durante a breve conversa, ela rasgou uma parte de seu vestido para cobrir suas feridas.

Se eu tivesse mais energia… – Evodrasil estava com remorso.

– Está tudo bem Evy, são apenas alguns cortes. Já passamos por coisas bem piores. – Anna pensou na dor de ter perdido Catherine. Ela também pensou na dor que a Evodrasil havia sentido quando seus pais morreram.  

Anna, você sabe que vamos ouvir um sermão da Madre Superiora, né? – ela parecia rir, mas de nervoso.

– Verdade! Vamos voltar então. – Anna bate em seu vestido a fim de tirar um pouco da sujeira.

Elas seguiram de volta para a igreja por um caminho muito escuro. O único ponto de referência para elas, era um pequeno lampião que ficava no alto da torre de vigia da entrada da igreja.

Essa torre de vigia era guardada por integrantes da própria igreja, que faziam rondas noturnas e protegiam as entradas do complexo. No turno da noite, os garotos mais velhos que tomavam esses postos.

Quando ela se aproximou da entrada, um dos garotos disse que a Madre Superiora estava aguardando em seu quarto. Ele não estava com uma cara muito boa, parecia que o garoto já havia levado algumas broncas da Madre e sabia o que estava por vir.

Anna assentiu e engoliu seco enquanto se dirigia para os dormitórios.

No caminho ela encontrou Liz, já de pijamas, sentada num dos bancos da entrada para os dormitórios. Quando Liz percebeu que era Anna, ela se levantou rapidamente e correu em sua direção.

– Por onde você andou, Anna? – ela estava preocupada – Eu te procurei por toda parte depois das minhas obrigações! Era para você ter voltado há bastante tempo!

– Eu sei, Liz. Eu decidi ficar mais um pouco para treinar com a Evy e algumas coisas aconteceram…

Liz percebeu que o vestido de Anna estava sujo e muito rasgado, seu braço esquerdo e o abdômen estavam enfaixados com algumas tiras do próprio vestido. Estas, molhadas de sangue.

– Anna, você está ferida!? – ela começou a examinar os braços dela – Entre logo, eu vou fazer seus curativos.

– Acho que terei que esperar para me curar. A Madre quer falar comigo antes. – Anna deu um sorriso amarelo para Liz, ela agradeceu a gentileza e começou a seguir para o quarto.

– Depois me conta o que aconteceu – ela disse ao fundo.

O corredor era longo e bastante iluminado, agora que as tochas estavam acesas.

Seu quarto era um dos últimos do corredor cuja porta estava entreaberta.

Ela se aproximou, abriu a porta lentamente e o que ela viu dentro do quarto a surpreendeu.

– Irmã Laura! – os olhos negros de Anna brilharam com a imagem da pessoa que há tempos não via – Há quanto tempo! Por onde você andou!?

– Anna! Que saudades de você, pequena! – Laura a abraçou tão forte que Anna reclamou de dor.

– Ai!

– Me desculpe, não me contive ha ha ha. – Laura não tinha percebido as feridas ainda – Mas espera um pouco, o que são essas feridas? – Ela começou a desenrolar as faixas do braço dela revelando o corte. – O que aconteceu?

– Um garoto me atacou… – Anna disse olhando para o lado cabisbaixa segurando o braço que estava formigando.

– Um garoto? Mas Anna, um garoto normal não seria capaz de fazer isso com você. – Laura tirou do bolso de sua batina um frasco marrom.

– Ele não era normal, Irmã – Anna soltou um gemido de dor quando o líquido do frasco encostou no corte. – Ele possuía uma velocidade e agilidade surpreendentes e usava duas adagas vermelhas.

Laura sabia de quem Anna estava falando. Seu rosto se fechou.

– Hill… Aquele encrenqueiro. Espero que você tenha dado uma boa surra nele.

– Bom, eu o deixei incapacitado de lutar, mas quando ia perguntar os motivos de ter me atacado, uma garota de cabelos brancos chegou e o levou embora. – a frustração no rosto de Anna era visível – Você os conhece?

Laura, que estava fazendo seus curativos, respirou fundo.

– Sim… a garota se chama Lilian, ela é a irmã de Hill. Eles foram trazidos aqui antes de você, e eu tive contato com eles. – Laura pegou a mão de Anna e mostrou seu anel – Não tivemos tempo para conversar, mas eles são portadores de armas sagradas, você entende o que é isso?

Anna arregalou os olhos quando Laura disse aquelas palavras.

– Espera!? Existem outros aqui em Arcadium, como eu?

– Sim, Anna, há um propósito para isso. – Laura massageava a ferida nas costas de Anna – Vejo que a Evodrasil já explicou algumas coisas para você, certo?

– Sim, algumas coisas. Só queria saber o porquê dele ter me atacado – os cortes em seu braço e abdômen começaram a parar de formigar, apenas um leve incômodo surgia quando a Irmã Laura os massageava.

– Isso você terá que descobrir sozinha, não dá pra saber o que se passa na cabeça daquele garoto – as feridas de Anna foram se fechando, mas surgiram duas cicatrizes grandes no lugar – Desculpe-me, Anna, deixou algumas cicatrizes em sua pele…

– Tudo bem, só de não estar mais ardendo, já fico aliviada. – ela passou a mão sobre a nova cicatriz de seu braço.

Laura guardou o pequeno frasco com o resto do líquido no bolso e sentou-se na cama de Anna.

– Troque essas roupas sujas e deite-se um pouco. O remédio que passei nas feridas irá te derrubar por algum tempo. Ele ativa algumas funções de regeneração do próprio corpo, mas o preço é um sono pesado e sem sonhos.

Anna já agradecia mentalmente a Irmã por não precisar sonhar essa noite. Ela andou até o armário e pegou o robe que usava para dormir. Ela tirou o vestido rasgado e colocou em cima de uma cadeira que havia em seu quarto.

– Venha aqui, eu te faço um cafuné até você pegar no sono. – Laura sorria vendo os olhos de Anna brilhar.

Anna não podia recusar, durante um mês ela não teve nenhum tipo de afeto ou tratamento especial. Ela apenas deitava e dormia sozinha. Era uma coisa que não fazia falta, mas no fundo ela queria muito um pouco de carinho.

Então ela se deitou no colo da Irmã Laura. As coxas dela eram mais confortáveis que o próprio travesseiro que ela usava para dormir. Laura começou a passar os dedos entre os cabelos de Anna, alisando-os. Se Anna fosse um gatinho, ela estaria ronronando muito agora.

Como Laura disse, Anna sentiu uma breve fraqueza e tontura antes de cair no sono. Era como se parte da energia dela tivesse sido usada para acelerar o curativo do ferimento.

Então Anna dormiu.

Na manhã seguinte, o Sol de Arcadium começava a bater na janela de Anna iluminando todo o quarto. As primeiras horas do dia havia começado.  

O rosto de Anna se encontrava em uma superfície macia. Ela sentia seus cabelos ainda sendo alisados. Aquela sensação a lembrou da noite passada quando foi dormir. Ela se assustou pensando que a Irmã Laura havia ficado naquela posição durante a noite toda e se virou rapidamente para olhar pra cima, mas o que viu não foi a Irmã, mas sim o rosto angelical de Evodrasil, sorrindo para Anna.

– Bom dia, minha pequena. Dormiu bem? – Ela continuou afagando os cabelos de Anna, sorrindo.

– Ah! Oi Evy, bom dia. – Ela estranhou aquela situação e levantou rapidamente. – Onde está a Irmã Laura? – Anna, que já estava de pé, sentiu uma pequena tontura por se levantar tão rápido.

– Ela saiu no meio da noite depois que você pegou no sono. Achei que você gostaria de acordar com a mesma sensação que dormiu, então eu me materializei e apoiei sua cabeça em meu colo. – Evy olhava o rosto confuso de Anna, ela estava se divertindo – Gostou?

– Ah, sim, a sensação estava muito boa – Anna deu um sorriso amarelo para Evodrasil, ela parecia um pouco nervosa – Bom, Evy, eu vou tomar um banho. Não tive tempo de me lavar na noite passada. – Anna pegou uma toalha e andou depressa para fora do quarto.

– Quer que eu lave suas costas, Anna? – Ela podia escutar Evodrasil rindo dentro do quarto que fora deixada.

A mente de Anna estava confusa, Evodrasil nunca havia agido assim. Estava um pouco difícil de se acostumar com essa personalidade mais brincalhona que o normal dela.

No corredor, Anna andava a passos largos junto de sua toalha seguindo para o local de banho que ficava no andar debaixo.

O banheiro feminino ficava longe do masculino, por questões óbvias. Haviam banhos públicos na cidade de Arcadium, mas Anna apenas havia ouvido falar, nunca tinha ido.

O banheiro era grande e de piso frio, feito de pedras ásperas para impedir que as pessoas escorregassem. No centro do local haviam colunas quadradas feitas de mármore escuro com quatro canos que saíam deles. Um pouco abaixo desses canos, haviam válvulas que permitiam a saída de água dos mesmos. Anna havia escutado que essas instalações só foram possíveis através da ajuda de magia, o que a fascinava.

Anna percebeu que havia mais alguém tomando banho. Era muito cedo, o dormitório todo ainda estava dormindo, por isso Anna estranhou.

– Olha se não é a mesma garota de ontem. – a voz feminina era familiar.

O pouco que a garota disse já foi o suficiente para que Anna ficasse em alerta. Anna não conseguia vê-la, ela estava no fundo do banheiro e atrás de um dos pilares de mármore.

–  Eu consigo sentir sua respiração e seus batimentos cardíacos, fique calma. – a voz era suave, quase como uma ama ensinando algo novo para uma aluna – Eu não vou lhe fazer mal.

Anna caminhou devagar circundando o banheiro, seria imprudente caminhar na direção da voz. Então, ela começou a visualizar a garota.

A garota estava olhando para cima de olhos fechados deixando a água cair sobre seu rosto. Os cabelos brancos molhados desciam até a cintura e as curvas de seu corpo eram sinuosos e marcantes. Anna reparou na fartura do busto da garota, o que fez seu coração acelerar por ver algo que não deveria estar olhando.

– Venha mais perto, eu não mordo não. – a garota nua percebeu a vergonha de Anna e colocou os cabelos para frente a fim de esconder seus seios.

Anna estava sem jeito, era nítido que a garota de cabelos brancos não iria fazer nada contra ela, mas aquela situação era um pouco desconfortável. Mesmo assim, Anna desamarrou seu robe, o deixou apoiado em um dos ganchos que havia na parede do banheiro e foi se aproximando com a toalha cobrindo seu corpo.

Havia outro pilar de mármore logo ao lado do que a garota estava. Anna girou a válvula que estava em sua frente deixando sair um pouco de água morna. Ela colocou a toalha num pequeno banco afastado e entrou debaixo da água. Ela estava escondendo suas partes com as mãos, estava envergonhada e com um pouco de inveja da abundância que a garota possuía.  A sensação daquele líquido quente escorrendo sobre seu corpo a fez relaxar um pouco. Ela esperou esse banho por muito tempo.

– Agora que estamos aqui, eu me chamo Lilian, prazer – A garota estava de olhos fechados estendendo a mão para Anna.

Anna não estava esperando essa cordialidade, mas estendeu a mão também, apertando-a.

– Meu nome é Annabelle, o prazer é meu. – elas chacoalharam as mãos e voltaram a tomar o banho.

– A garota de Solgiel. Laura me falou bastante sobre você. – Lilian estava esfregando seu corpo com um líquido oleoso e perfumado – Você está em posse da Evodrasil, não?

Anna, que estava se lavando, para e olha para a garota.

– A Irmã disse coisas demais, não? – Surgiu uma pontada de desconfiança sobre Laura, Anna pensara que ela havia falado muitas coisas para essa garota e estava com medo de que tivesse falado coisas mais pessoais.

– Isso não foi o que ela disse, foi o que eu senti. – A garota de cabelos brancos estava olhando diretamente para Anna.

Como Anna pensou, os olhos dela eram diferentes. Eles possuíam uma cor azulada e não havia pupila.

– Você é… – Anna sentiu um aperto no estômago, uma sensação ruim passava por sua mente.

– Cega? Sim, eu sou. – A garota falou firmemente sem se abalar – Não se preocupe, é desde nascença.

– Mas como você…?

– Eu nasci com um dom. – Disse a garota apontando para o próprio olho – Eu consigo enxergar o fluxo de energia dentro de objetos e corpos. Eu não vejo exatamente, mas crio uma imagem em minha mente a partir disto.

Anna percebeu que ela havia sentido sua vergonha, intenção, índole e muitas outras coisas assim que chegou no banheiro. Era difícil de acreditar naquilo, mas ela estava falando a verdade dadas as circunstâncias.   

– E, Anna, há uma coisa me incomodando em você – A garota caminhou até ela e colocou a mão sobre seu peito – eu sinto uma enorme energia aprisionada em você que está vazando aos poucos e preenchendo o seu corpo. Você tem conhecimento disto?

Com essa aproximação, Anna ficou um pouco envergonhada de uma garota estar tocando em seu peito nu, mas a informação que ela mostrou parecia mais importante.

– Eu não consigo imaginar sobre que você esteja falando – Anna olhou para o semblante da garota. Ela era mais alta e mais velha que Anna, na faixa de uns 19 anos.

–Bom, acho que você deveria falar com a Madre Superiora sobre isto. Talvez possa ajudá-la.

Anna se lembrou de quando havia perdido a Evodrasil durante a batalha contra Baltazar. Ela havia conseguido materializar lanças de energia, mas não sabia como. Talvez tenha relação com o que Lilian esteja falando.

– Sim, eu irei conversar com ela. – Anna não quis revelar essa parte da história – Você também é uma portadora?

A garota sorriu para ela.

– Sim, sou a portadora da Lança Sagrada, Crescentia. – Ela diz mostrando o anel de contrato em sua mão.

O anel era diferente do que Anna usava, ele era de cor púrpura e os símbolos também eram outros.

– Crescentia… – Anna se afastou um pouco de Lilian e colocou a ponta do dedo em seu lábio inferior, pensando – Então, contando você e o Hill, somos em três. Onde será que estão os outros cinco?

– Na verdade são mais quatro. – Lilian sorriu – Meu irmão luta com suas adagas gêmeas, a Selene e o Epis. Mas vou deixá-lo apresentá-las a você. Além de um pedido de desculpas – essa última parte ela cochichou.

– Entendo. – Anna estava muito curiosa a ponto de chamar Evodrasil e bombardeá-la de perguntas.

– Bom – Lilian disse fechando a válvula de água – Nós nos veremos por aí, bom, você me verá, no caso… Eu te sentirei… Você entendeu ha ha ha – Ela riu consigo mesma.

Lilian pegou a toalha que estava ao seu lado, se enrolou nela e começou a caminhar para fora do banheiro.

Pouco tempo depois, Anna terminou seu banho. Ela se enrolou na toalha, pegou suas roupas e foi em direção ao seu quarto.

Chegando lá, ela esperava encontrar Liz pronta pra acordá-la, mas apenas Evodrasil se encontrava no quarto.

– Que cheiro gostoso! – Evodrasil flutuou em volta de Anna – Pena que não fui com você tomar banho. – ela ficou chateada – Eu lavaria suas costas tããão beeem! – Evy gostava de provocar Anna.

Evodrasil viu o rosto de Anna enrubescer. Ela deu um sorriso.

– Evy, a Liz passou por aqui? – Anna mudou rapidamente de assunto. Ela desenrolou a toalha e andou até seu pequeno armário procurando algo para vestir.

– Ela não passou. – Evodrasil ficou confusa – Que estranho, ela sempre vem te acordar. O que será que aconteceu?

Anna puxou um dos vestidos que ela havia ganhado da igreja. Era um vestido simples, marrom e sem mangas, do jeito que ela gostava. A barra era longa e bem cheia, não haviam detalhes marcantes, apenas uma grande fita nas costas para dar um laço a fim de ajustar o vestido em seu corpo. Ela prendeu sua enorme franja de lado com o grampo de Catherine, como sempre fazia. Aquele sentimento de perda estava começando a voltar.

 

– Eu vou procurar a Madre para perguntar algumas coisas. – Anna colocou a mão sobre o peito lembrando das coisas que Lilian havia falado – Evy, eu vou precisar de você junto comigo, tenho muitas perguntas para lhe fazer também.

– Claro, estarei sempre ao seu lado – Evodrasil se aproximou do rosto de Anna e lhe deu um beijo longo na bochecha.

Antes que Anna pudesse desviar ou parar o beijo, Evodrasil havia desmaterializado.

Você fica muito fofa com vergonha, sabia? – Evodrasil ria na mente de Anna.

– Evy, sua… – O rosto de Anna estava muito vermelho. Ela não gostava nem um pouco das brincadeiras de Evodrasil. Ela estava contando os dias para dar uma bronca nela.

Anna fechou a porta e seguiu para a Igreja, onde encontraria a Madre Superiora.

Saindo do complexo dos dormitórios, ela viu pouca movimentação. Ainda estava cedo demais, poucas pessoas haviam acordado.

Alguns jovens estavam regando os jardins, podando as árvores e os arbustos que estavam crescendo de forma desregulada. Outros estavam colhendo frutas e folhas para preparar o café da manhã no refeitório. Dava para sentir o cheiro da massa sendo assada no forno do refeitório, o que fez o estômago de Anna roncar.

Não quer comer algo antes? – Evodrasil almejava muito um dos pães que sairia do forno logo logo.

– Preciso sanar minhas dúvidas antes. – ela caminhava firmemente na direção da majestosa estrutura feita de pedras negras que era a igreja de Arcadium. – Depois comeremos.

Tudo bem… – ela ficou chateada novamente.

Subindo alguns degraus, Anna empurra a porta de ferro que dá para o interior da igreja.

A igreja de Arcadium era enorme comparando com a pequena igreja de Solgiel. Seu interior era todo adornado de pedras brilhantes e ouro. Altas colunas de mármore sustentavam o teto da igreja. Nas paredes haviam imagens de deuses e cavaleiros, reproduzindo uma breve história dos acontecimentos passados.

Era uma arquitetura fantástica.

No altar, a Madre Superiora estava conversando com uma garota de cabelos escuros, Liz.

Anna ficou surpresa ao ver Liz conversando com a Madre e se pergunta qual seria o motivo da conversa. Isso explicaria o porquê dela não a ter encontrado em seu quarto. Ela perguntaria mais tarde.

– Conversaremos disso em outro momento, Lizandra. Parece que temos companhia. – As duas olharam Anna parada no centro da igreja.

– Sim, Madre Superiora. – Liz faz uma reverência e caminha em direção à Anna.

– Me desculpa, Liz, eu volto uma outra hora. – era mentira, Anna queria muito fazer perguntas à Madre e tinha que ser agora.

– Está tudo bem Anna, já tínhamos acabado nossa conversa. – Liz sorri – A gente se encontra no refeitório?

– Claro, mas não me espere para comer. Talvez eu demore aqui. – Anna estava séria, ela precisava muito ter essa conversa.

Me leva junto, Liiiz! – Evodrasil resmungava na mente de Anna, como se a Liz pudesse escutar.

– Evy! Nós já vamos comer.  – Ela estala a língua. –  Acalme-se.

Liz saiu fechando a porta ao fundo.

– Aproxime-se, Annabelle.

Madre Superiora era uma senhora de idade, mas sua pele parecia conservada. Seu rosto era severo, mas também demonstrava afeto e tranquilidade. Ela usava uma batina impecavelmente limpa e majestosa, visto que ela era a autoridade do complexo da igreja.

Anna se aproximou também fazendo uma reverência.

– Que os Deuses nos guiem em nossas decisões. – Madre Superiora proferiu essas palavras como se fossem uma reza.

– Que a humanidade não seja corrompida pelos mesmos. – Essa era a resposta que uma portadora deveria proferir.

– Que assim seja. – Madre repousou a mão sobre a cabeça de Anna. – Levante-se, Anabelle. O que deseja?

Anna sobe no altar e fica de frente a Madre.

– Eu gostaria de saber sobre o meu passado. – O olhar de Anna era firme.

Ela estava decidida em conhecer a própria história e esperava que a Madre soubesse dela.

– Annabelle, você está preparada para as consequências da verdade? – Madre tinha noção e conhecimento sobre a história da família Lazulli, visto que Arcadium era a cidade mais influente do continente de Cardolan. Haviam registros de todas as famílias reais e importantes guardados nos cofres da igreja.

Era o direito dela de saber sobre seu passado, por isso Madre não recusou o pedido e aguardava a resposta de Anna.

– Com toda certeza.


Notas Finais


Gente, sinceramente foi difícil fazer esse capítulo. Espero que gostem.
Eu queria agradecer ao meu Editor, Renato Riul, que sempre esteve me ajudando até aqui. Ele é muito importante na parte de coerência e opinião da história. Sem ele, a história estaria sem pé nem cabeça haha. #ValeuRenato
Espero que o próximo capítulo não demore tanto, pois estou ansioso assim como vocês para saber mais da história desse mundo (a história é minha, mas eu crio quase tudo na hora, então, tudo é novidade pra mim também hahaha.)
Se gostaram, deixem um comentário. Isso ajuda demais na autoestima para continuar os capítulos.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...