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História Red Scarlet - Jeon Jungkook - Capítulo VI - "Life is made of choices, you made the worst"


Escrita por: Coffee_Latte

Notas do Autor


Vooolteeeei! Bem mais rápido do que eu imaginava! E com um capítulo relativamente grande.
Ele todo é inteirinho alívio cômico, pra falar a verdade KKKKKKK
Sinto que nosso Jeon não teve esporro suficiente e necessitava de mais um — o último, eu juro ♡

• Capítulo não betado.

••• Boa Leitura •••

Capítulo 6 - Capítulo VI - "Life is made of choices, you made the worst"


Geralmente um sábado de preguiça pedia por coisas essenciais como Netflix, cobertas quentes e travesseiros fofinhos, chocolates e batatas fritas. Sun estava mais do que pronta para desfrutar de um sábado da preguiça totalmente merecido, ao seu ver. A semana passara lenta, horas andavam como uma tartaruga e pareciam querer torturá-la principalmente nas aulas de senhorita Adrieene.

Claro que, junto das aulas infernais — e professora diabólica — também viera o consentimento de novos professores; Margot, por exemplo. Senhorita Margot era uma mulher baixinha na casa dos quarenta, físico magro, maças do rosto salientadas e expressão inegavelmente severa. Mantinha um coque perfeito e bem apertado no topo da cabeça e não economizava nas críticas na hora de mandar um aluno repetir algum movimento.

O bom desempenho era pouco significativo para ela, ou perfeito ou nada feito. Aulas de ballet deveriam ser levadas a sério, afinal. E apesar da linha austera, ainda assim se mostrava ótima pedagoga. Sua compostura beirava paciência e revelava grande tolerância aos iniciantes, ciente de que ali não havia alunos individualizados somente em sua disciplina. Muitos ali estudavam para se especializar em hip-hop ou coisa parecida, as aulas de ballet não mais que inclusas de maneira suplementar. Em suma, uma maravilhosa professora, sua preferida embora tenha ganhado mais bolhas de sangue nos pés após as aulas desta.

Posteriormente a uma semana lotada de ensinamentos fatigantes, Sun pôde se permitir aproveitar um bom final de semana. Claro, preferiria mil vezes estar trabalhando, todavia Jeongguk lhe disse que a chefe dele estava viajando e só voltaria no domingo à noite, e que poderiam conversar com ela somente naquele dia. Supôs estar sendo enrolada, Jeon apresentou muitas controvérsias em ajudá-la a conseguir o emprego, e não o culpava de fato, afinal ele estava sendo chantageado por isso — apesar de ter grande culpa. Até sentiu um pouco de compaixão pelo mesmo depois de ver seu rostinho bonito conturbado.

Mas não se arrependia de ter feito o que fez.

Espreguiçando-se no sofá suas costas derreteram de alívio com a boa sensação proporcionada, refletiu o dia pacato que teve o sábado inteiro até chegar ali, enrolada em um edredom de unicórnios, de pijama e descabelada, com o notebook no colo rodando um episódio novo do seu anime preferido. Acordara tarde — o seu tarde agora era por volta das dez da manhã —, tomou café em silêncio na mesa junto de Jeongguk, qual já se encontrava na mesa antes, ajeitado em roupas nada casuais, e viu-o sair avisando que voltaria bem tarde.

Não soube o porquê da explicação que ele julgou precisar dar, não se importava se ele ficaria a noite fora com seus casinhos desde que não os trouxesse para casa.

Preparou o almoço, seu delicioso macarrão instantâneo e super rápido que demorou três minutos para ficar pronto e, enquanto esperava, analisava novamente a folha de caderno anexada na geladeira. Uma ponta rasgada não impedia de ler a lista feita por eles dias atrás.

A determinação de regras foi necessária em prol de um convívio decente; primeiro, nada de trazer ficantes barra namorados para dentro de casa, apesar de terem camas separadas agora — trocaram a de casal pelas duas na internet —, ainda seria nojento ouvir os barulhinhos indecentes do lado. Segundo, a comida deveria ser rotulada pelo nome do dono, ou seja, no que Sun comprou havia um post it com seu nome e vice-versa. Terceiro, invadir zona privada era proibido, incluía os gaveteiros e o armário deles no banheiro — sorte a deles que ambos já eram instalados, sequer precisaram gastar dinheiro naquilo. Quarto, a vida privada do outro não tem relevância, portanto questionar onde iam e afins, à vista disso tendo suas respectivas chaves.

Algo simples que os manteriam na linha, esperavam. Largou os devaneios quando o apito agudo do micro-ondas ecoou nos ouvidos, desencostou do balcão e pegou um garfo e o macarrão. Aproveitaria para dar início e fim ao seu trabalho de Comportamento Motor que Oh Yeon-jin, professor de estatura baixa, calvície parcial e olhos injetados, arregalados como os de um inseto. O corpo estava longe de ser o ideal de um bailarino, visível a barriguinha protuberante sobressaindo nas collants horrivelmente coladas; o homem era formado como historiador de arte.

Visto que estavam nas primeiras semanas de ano letivo os trabalhos não eram excessivos, ainda. Mentalmente e quase de imediato suspirou, nem chegara a ter tantas atividades e já estava cansada, seria hipocrisia dizer que não era preguiçosa, na verdade se pudesse pularia toda a parte teórica. Mas, mesmo assim, continuava boa aluna. Suas notas não podiam cair apenas por preguiça.

Terminar o trabalho foi um alívio, pôde respirar um pouco ao concluir sue pesquisa; trabalho pronto e estava bem feito. Depois disso abrira um site de animes e pôs seu mais recente nos assistidos, entretida até altas horas da madrugada. Sentia-se bem por um dia tecnicamente produtivo, embora estivesse se esquecendo de algo.

Bom, nada que esqueceu parecia mais importante do que ver o protagonista olhando o vilão determinado, discursando sua história de vida triste e tendo flashbacks melancólicos do seu sofrimento; francamente Sun não entendia o porquê de um vilão doar todo o seu tempo de dominação mundial para ouvir uma criança altruísta que acreditava piamente no integridade humana. Isso era tão clichê, mas tão envolvente! Fora que Sun amava vilões bem construídos e de história bem desenvolvida, com um real motivo para lutar.

O crepúsculo já se instalara e pigmentara o céu em paletas róseas e alaranjadas, antes da noite cair intensa e a lua se destacar brilhante. A morena agradeceu muitíssimo pelas três janelas de nove folhas que permitiam-na ter total visão das ruas movimentadas, prédios espelhados e do céu vistoso. Hongdae era belíssima e, apesar de ter tido pouca sorte e cair num golpe velho, ainda sentia-se feliz.

Sete da noite preparou um café. Jeongguk realmente não havia voltado e até era preferível assim; podia vestir suas roupas confortáveis de mendigo sem ser julgada, Jeongguk sempre fez questão de oferecer uma careta a suas vestes. Hunf, nada da sua conta, aquele intrometido.

Agora, desacompanhada naquele loft aconchegante, dormiria até o sol raiar... Abriu os olhos quando batidas ininterruptas estrondavam o portão de ferro sem dó. Por Deus! Quem diabo poderia estar fazendo aquela barulheira em pleno horário? Suspirou, levantando do confortável sofá acinzentado e andando lentamente até a porta, enrolada na coberta felpuda da cabeça aos pés.

— Quem é?! — sua mãe lhe deu senso de perguntar isso antes de qualquer coisa. Vai que quem a esperava fosse um serial killer.

— Papai Noel é que não é, gatinha! — a voz retrucou do outro lado. Sun abriu e vislumbrou Taehyung sorrindo ladino, mas logo seu sorriso morreu e deu espaço para um espanto visível. — Gatinha, que roupa é essa?!

Sun espiou seu pijama antes de dar os ombros.

— É moletom... — respondeu, fitando-o confusa. — O que faz aqui?

— A festa — disse e então caiu a ficha. Era isso que tinha esquecido! — Não creio que esqueceu! — ela apenas sorriu sem graça.

Taehyung estava verdadeiramente vestido para uma festa; as jeans folgadas claras delineando a cintura, a regata preta por dentro da calça e a jaqueta jeans de coloração semelhante à calça, sapatos lustrosos e bem polidos. Só então notou a cor mudada dos fios antigamente ruivos sangue, azuis, azulado bem forte contratando a pele amorenada. Ainda um óculos de armação redonda caía da ponte do nariz. Verdadeiro príncipe dos anos oitenta.

Foco, Sunny.

— Esqueci — obviamente.

— Percebi. — Kim deu um sorriso escorado no batente. Sun concedeu passagem para o mesmo entrar e fechou o portão. Fez uma careta, realmente precisava comprar óleo pro portão.

— Que pena, parece que não vou poder ir... — Tae curvou a sobrancelha para o beicinho claramente falso de chateação. Revirou os olhos, ela era uma péssima mentirosa e uma atriz horrível.

— O cacete — retrucou. —, a culpa não é minha que você não olhou as quinhentas mensagens que te enviei.

Sun pegou o celular e pôde ver as mensagens, muitas mensagens. Estalou a língua. Droga! Ir a uma festa não estava nos planos de um sábado da preguiça, sequer combinava a ideia.

— Estava no silencioso...

— E quando não está no silencioso?

— Tá sempre no silencioso. — ela sorriu.

Fitou o amigo, voltando-se para o cabelo diferenciado.

— Quando pintou?

— Ontem — mexeu nas madeixas coloridas. — Mas não mude de assunto, senhorita Sunny. — apontou o dedo.

Ela respirou encarando-o no fundo dos olhos, pretendia expor toda sua pouca vontade em ir a tal festa para ele e voltar ao ciclo de séries que queria pôr em dia, todavia os braços cruzados e o olhar felino sólido recusaram ceder. Num suspiro lânguido formou um beicinho, desta vez verdadeiro.

— Nem tenho roupa pra usar... — e a lista infindável de desculpas continuava. Alguma hora teria que colar.

Tae ergueu a mochila Gucci — que Sun não fazia ideia de onde tirara, visto que ele entrou na casa só com a roupa do corpo — e sorriu satisfeito por anular uma das desculpas dela.

— Já cuidei de tudo. — amansou justificativa. Remexeu bem na bolsa para retirar dali um short de couro, uma camisa social grande e levinha e um cinto comprido. Deu o conjunto a ela e olhou na expectativa.

Antes que Sun protestasse ou meramente questionasse a origem daquela roupa, ele a interrompeu:

— Consegui com uma amiga no trabalho. Ela é estilista e me disponibilizou uma arara cheia de modelitos que ela não usaria mais, a combinação foi exclusivamente minha e ficarei ofendido se você não usar.

Ela formou um ‘o' com a boca e franziu o cenho, indignada. Tudo bem, se conformou, nem é como se fosse ganhar a discussão, Taehyung mantinha a compostura bem forte, sem brechas para pensar em perder a discussão. Amorenada trancou-se no banheiro, deixando suas roupas com pesar na tampa do vaso e colocando as novas; nada mal, pensou espiando no espelho do cômodo.

— Uau... — o Kim assoviou impressionado ao vê-la se retirar do banheiro. A camisa lhe caiu como um vestido curto, indo até a metade das coxas torneadas e presenteando qualquer ser vivo com aquela visão. — Tá linda, gatinha...

— Obrigada. — murmurou um tanto encabulada. Ele andou quatro passos para ficar ante aos pés dela, fazendo-a erguer o queixo. — O que foi?

Taehyung apenas enlaçou sua cintura com o cinto e prendeu-o ali, causando um vergão intenso no pescoço e nariz de Sun, que prendeu o ar naquela aproximação. Ele, contudo, mostrava serenidade no rosto.

— Assim desenha sua cintura — ajeitou a peça, puxando minimamente a camisa para ficar mais folgada em cima e abrindo alguns botões para deixar um dos ombros morenos à mostra. — Perfeita!

Corou com o elogio. Não estava acostumada a ter homens bonitos elogiando sua aparência de forma tão natural, e aquilo deixava-lhe constrangida e sem saber para onde olhar; mirar o rosto dele nem seria uma opção, gostaria de ficar encarando as pontas dos dedos do pé ao invés disso, porém teve o queixo erguido delicadamente.

— Aqui... — abriu um vidrinho de liptint vermelho e passou em seus lábios, delicado e sem pressa, gesticulando com os próprios lábios que deveria espalhar o conteúdo. Quando o fez, porém, não se separaram, sequer desfizeram o contato visual.

Impressão dela ou Taehyung estava mais perto? Indiscutivelmente perto demais; demais para sua sanidade, demais para sua pressão e demais para seu psicológico. De repente as roupas anteriores não faziam sentido, chegava às alturas a temperatura do ambiente, quente e abrasador, como a respiração calma do Kim soprando seu rosto. Sem intenção deixou cair os olhos na boca alheia, entreaberta e úmida, talvez pelo hábito dele de passar a língua ali toda hora, não importava. O que valia era ele ter feito o mesmo consigo.

As pontas dos narizes tocaram, entretanto a aproximação findou aí. Parece que, num lapso de consciência, Taehyung notou o que estavam prestes a fazer. Afastou-se parcialmente brusco, Sun nunca tinha o visto corar antes, até esse momento. Esteve levemente estática, abalada e assimilando o que raios havia acabado de acontecer.

— M-Me desculpa, Sun... — balbuciou todo perdido. Que droga, deveria ter merda na cabeça. — Juro que não queria te deixar desconfortável...

A menor piscou, saindo do transe.

— Não! — tossiu sentindo a garganta seca. — Qual é, sem problemas. Acontece, né? Tipo, é normal as pessoas se aproximarem desse jeito, natural... — arregalou os olhos, tensionando os ombros. — Ai, Deus, isso pareceu ironia, não pareceu? Juro que não foi! Eu só estou nervosa e quando eu fico nervosa quase sou um robô programado pra falar sem parar... Deve ser muito chato então quando quiser que eu pare vai ter que me interromper...

Ok. Ele não estava preparado para aquela enxurrada de frases incoerentes e o nervosismo quase palpável dela, piscou atrapalhado várias vezes, então gargalhou. Sun fechou a boca, deveras mais envergonhada que outrora. Vivia para passar vexames, fato.

— Desculpe...

Tae limpou uma lágrima no canto do olho, negando singelamente.

— Não me deve desculpas, eu que errei em te deixar nervosa. Mas admito ter achado fofo esse jeitão atrapalhado seu. — sorriu. — Enfim, vamos para a festa?

Foi uma pergunta retórica, ele já estava dando as costas e atravessando a porta de punho erguido. Sun soprou um riso, pegou o casaco e seguiu o azulado. Algo na barriga repuxava, lutava para saber se era o tanto de besteira ingerida hoje ou um pressentimento de algo que aconteceria naquela noite.

Seria uma madrugada tão, tão longa.

***

Sábados não eram tão convidativos para Jeon, este último estava acostumado com a correria da semana e dos finais deste também, o trabalho no Red Scarlet ara puxado. Então um sábado de folga era ainda mais estranho. Claro, também era uma pessoa preguiçosa e humana que necessitava de descanso às vezes — e as folgas eram obrigatórias, senão o estabelecimento quebraria leis —, e decerto gostaria de ficar tranquilo na sua casa vez ou outra, mas desde que teve de conviver com a presença de certa morena, sua casa se tornou um ambiente frustrante.

Por isso saiu cedo de casa, empenhado em ficar o dia todo fora. Seus trabalhos estavam feitos, então questões letivas eram o de menos para ele no momento. Despediu-se da morena que tinha acabado de levantar, com a cara toda amassada e um grande ponto de interrogação no rosto pela explicação dele de que voltaria tarde. Ela não disse nada e ele não esperou dizer, pegou suas chaves e mochila e saiu.

Desenrolando o fone do celular decidiu ir à academia; fazia muito tempo que não treinava e, provavelmente, Yoon ralharia com ele por faltar os treinos. Estava pagando aquela merda mesmo, que a usasse! Também seus músculos pediam por cuidado, emagrecia com mais velocidade do que queria e isso lhe faria mal.

A academia ficava dez quadras de distância, e seu ânimo para caminhar era dos poucos, portanto pôs o capacete e subiu na moto. Aquela belezinha era seu orgulho; uma Custom Honda Shadow 750, contava com um design retrô peculiar e um motor V2 de 745 centímetros cúbicos, ademais sendo extremamente confortável, perfeita para estrada. O ronco sutil alegrou seus ouvidos, aquilo trazia-lhe paz.

Gostaria de não ter que usar o capacete e sentir o vento fresco nos cabelos, mas não queria ganhar uma multa, coisas como estas eram caras demais para alhear-se, então optou apenas abrir o capacete até a metade e sentir a brisa no rosto.

Chegou na academia em cinco minutinhos, enchendo os olhos com a visão do ginásio pequeno, porém bem equipado e cheio de pessoas. Estacionou a moto e prendeu o capacete ao lado, colocando a chave na mochila e entrando no local. A recepção era pequena e contava somente com uma funcionária; Jennie Kim, estudante de moda na mesma faculdade dele e colega no clube de natação.

— Eh? — a mulher sorriu largo, batucando a caneta no balcão. — Jeon Jeongguk voltando à ativa, é isso mesmo?

— Oi, Jen — Jeon beijou a bochecha rosada, retribuindo o sorriso. — Já estava mais do que na hora!

— Se fodeu, Yoon está uma fera hoje porque o caminhão de suplementos não trouxe as mercadorias de venda. — apontou para o baixinho de cabelos pretos invocado dando ordens aos alunos. — Tá espancando geral.

Jeongguk engoliu em seco. Nada assustava mais do que um gnomo invocado; Hea Yoon tinha um e sessenta de altura, músculos salientes no corpo magro e cabelos negros rebeldes, olhos afiados no tom dourado e expressão quase sempre entediada. Um bom lutador, sem dúvidas, ele que ensinou tudo que o Jeon sabia.

— Ele vai te bater. — Jennie comentou distraída, reordenando as pilhas de papéis que voaram quando o maior abriu a porta.

— Vai não... — estalou a língua, embora não acreditasse cem por cento no que falava. A moça riu. — Quer dizer, ele não poderia fazer is-

— JEONGGUK! — todos encolheram sob o berro feroz, em particular Jeon, que empalideceu na hora. Yoon desviava dos aparelhos para alcançá-lo.

— Ai.Meu.Deus — escondeu-se atrás do balcão — lê-se atrás de Jennie — enquanto o baixinho avançava. — H-Hyung!

— Hyung é o caralho, seu pirralho! — rugiu tentando agarrar o casaco do outro, sem sucesso, já que Jeon segurou firme os ombros da Kim e usou como escudo seu corpo. — Eu vou enfiar esse cocozinho na sua cabeça goela abaixo, ô animal.

— Nem sei porquê você está bravo! — é claro que sabia, na verdade mantinha um leve palpite, mas se fazer de idiota alienado era a melhor opção.

— Beijou a minha namorada, seu arrombado! — avançou de novo contra o mais novo ao que Jennie debatia-se para sair da briga.

— Caralho! Me solta porra!

Jeongguk não soltou, seria burrice. Ela era a garantia da sua vida por enquanto.

— Hyung, eu estava bêbado! Sabe que não a beijaria se soubesse que era ela na hora! — choramingou encolhido atrás da Kim. — E eu pedi desculpas...

— Você me beijou! — Yoon sibilou cerrando os olhos. — Aquilo não foi pedido de desculpas! Beijou ela, viu o que fez e antes que tomasse uma surra me beijou também e saiu correndo. Desde aquele dia você nunca mais voltou, cacete.

Ainda podia lembrar de modo claro daquela noite específica, e honestamente não sentia orgulho do que fizera. Bebeu muito, além da conta e de quanto seu corpo estava acostumado a aguentar, decerto o álcool já inebriava seus sentidos e turvava a visão sem esforço, estavam comemorando o sucesso de uma parceria da academia com uma marca esportiva famosa e nada melhor que drinks bem preparados de um especialista nisso — no caso Jeongguk. Satisfeito, acompanhou na bebida e exagerou quando não devia, arranjando consequências quais se preocupar.

Yura e Yoon namoravam há cinco anos e o rapaz via-os com nada além de extremo carinho, um casal bonito que admira. Porém no dia, Jeon, cambaleante e podre, tascou um beijo na loira sem saber quem era. Foi um selinho curto sem envolvimento de língua nem nada, contudo um beijo. Yoon ficou puto e o empurrou, quando percebeu o que fez decidiu beijar o homem também, dizendo que o casal estava quite.

Sim, ato impensado e certamente vergonhoso, porém que lhe pareceu ser a resposta do problema.

Lisa levou-o pra casa antes de Yoon sair do momento estático e, no dia seguinte, contou detalhe por detalhe da história. Claro, ficou envergonhado e não viu saída melhor senão ficar em casa e nunca mais por os pés na academia por um tempo, a fim de esfriar o clima. Suspirou alto, saindo detrás da mulher e à passos resignados chegou em frente ao hyung, tomando todo o cuidado do mundo para não arriscar levar um soco.

— Yoon-hyung — disse, tímido, sob os olhos amarelos do homem baixinho. — Me desculpe...

— Hm — Hea murmurou, bagunçando os próprios cabelos. Jeon considerou o murmúrio uma resposta para continuar falando.

— Eu não sabia que era a Yura-noona e, quando eu te beijei, foi para equiparar e parecer algo natural entre amigos — explicou sorrindo torto, o mais velho, no entanto, cruzou os braços e manteve a expressão séria. Talvez, uma piada de descontração soasse bem. — E se serve de consolo, você beija muito melhor.

Desviou de um soco tributado a sua cabeça aos risos, piadas não funcionavam com o Hea, anotaria no mapa mental.

— Idiota. — grunhiu Yoon, voltando para o ringue e olhando-o de cima. — Venha de uma vez, quero ver se continua ruim como sempre. — foi o que disse, arrancando um riso animado do dongsaeng.

Jeongguk lutava bem, não como um profissional propriamente treinado, mas o bastante para saber se defender. Seus pais o puseram em aulas de artes marciais muito novo, considerando ao deveres respeitáveis de um lutador queriam discipliná-lo desde cedo. Praticar Taekwondo e chegar a faixa preta aos treze anos fora marcante para ele, um garotinho orgulhoso de si mesmo. Entretanto, diligência não o tornava mais significativo ao pai, que via suas vitórias como meras obrigações.

A partir daí, quando Jeon notara seus esforços para conquistar a admiração do pai visivelmente nulos, usou como escape as luvas de Muay Thai e os protetores bucais, descontando as frustrações nos suportes e sacos de pancada. Se tornou um hobby prático e útil.

Por ele, passaria suas horas naquele ringue distribuindo chutes em aparadores, fazendo um mano a mano com Yoon, que habilmente desviava dos socos. Naquele momento só conseguia pensar nos golpes claros piscando na mente, no arrepio que os sentidos enviavam ao cérebro avisando sobre um up prestes a acertá-lo e na banheira de água gelada que o esperava após o treino.

Jeongguk deitou as costas no tatame desgasto, esgotado. Yoon estendeu a mão, convidando a se levantar. O dongsaeng constatou, satisfeito, que tinha sido perdoado, ele não era de distribuir gentileza à toa.

— Aish... — Jeongguk massageou o ombro com as pontas calejados, ignorando a pressão violenta nas costelas, sequelas dos murros cedidos pelo baixinho furioso. — Pegou muito pesado, hyung.

Yoon continuou de costas, seguindo pelos corredores, dando de ombros. Jeon ouviu um risinho exausto deixando os lábios dele. Provavelmente Hea estava tão cansado quanto ele.

— Tive que pegar pesado — pararam em frente a porta com o escrito ‘vestiário, e Yoon abriu.

Jeongguk entrou e jogou a toalha suada acima do banco em frente aos armários. Eram armários amarelos, estilo padrão de qualquer academia e o restante do setor pigmentava na mesma paleta entre manteiga e mel, harmonizando bem com as paredes cinzas. Atrás das estantes, as banheiras vazias e os chuveiros abertos. Jeon logo ligou uma das banheiras, indo atrás de gelo.

Quase como um alívio instantâneo, seus músculos atenuaram a tensão dolorosa e um gemido de satisfação escorregou dos lábios de pêssego. Hea riu, sentado na ponta da banheira ocupada por Jeon, que estava com a cabeça pendida na toalha dobrada na parede. Jeongguk concentrou sua atenção na respiração, organizando os pensamentos, diziam que respirar melhor ajudava nisso.

— Toda essa tensão não parece ser causada unicamente pela luta — Yoon disse enquanto brincava com os pedacinhos de gelo flutuando na água. — O que aconteceu, pirralho?

Sempre astuto — e muito intrometido —, Jeon pensou, suspirando fundo.

— Aconteceram algumas coisas durante esses três meses fora... — murmurou sem ânimo. — Sabia que eu estou morando sozinho?

— Harry comentou isso comigo — respondeu Yoon. Seus dedos iriam ficar murchos e roxos daqui a pouco. — Quem diria que ele ia te deixar sair debaixo das asas dele!

Jeongguk espirrou água nele.

— Ya! Eu não sou uma criança, ok? — e embora dissesse isso, Hea não conseguiu identificar outra coisa senão manha. Exatamente como uma criança. — Enfim, é só estresse... As aulas começaram, o trabalho anda corrido, só isso.

Yoon não acreditou naquela simplificação, Jeon mentia bem mantendo a expressão neutra, porém ele o conhecia bem e sabia identificar uma omissão quando este o fazia. Aparentemente Jeongguk achava ser capaz de esconder algo dele, nada diferente de antes. E claro, gostaria de arrancar mais alguma coisa daquele cabeça oca, ser mais direto, mas percebia bem o biquinho chateado, portanto contornou o assunto.

— Sabe que eu não acredito nessa resposta vaga — Yoon desencostou da banheira e bateu foi até seu armário, apanhando uma camiseta nova. A sua estava suada e fedendo, e não podia tomar banho agora, infelizmente. — E então?

— Você não tem uma aula para dar? — o mais novo perguntou, só queria organizar seus pensamentos, apenas.

— Pelo amor de deus, eu sou o professor e dono dessa academia — um riso debochado enfeitou o rosto do menor. — Se eu quiser a aula começa ontem. — então arqueou a sobrancelha, num claro aviso incentivando-o começar a falar.

— Porra — bufou Jeon. — Por que vocês estão tão interessados nos meus problemas? — primeiro Harry, depois Jimin, que o atropelou nos corredores após o Min abrir a boca, e agora Yoon. — É só uma garota, ok?

— O grande Jeon Jeongguk tendo problemas com garotas? — aquilo soava falsamente surpreso, Hea nem escondia o quanto achava divertido.

— Quem dera fosse da maneira que está pensando.

Ok, Yoon ficou confuso.

— Espera, o quê?

— Fiz merda, entendeu? — soltou, impaciente. — Poupe a censura, três pessoas já fizeram isso muito bem. E eu não quero correr o risco de levar mais um soco seu.

— Mas você pode dizer o que aconteceu, exatamente?

— Em síntese, estou sendo chantageado na cara dura e sem muitas escolhas do que fazer. Por causa de uma besteira eu posso me ferrar bonito.

Longos minutos que se assemelharam a anos se arrastaram até as gargalhadas altas do seu Hyung reverberarem no vestiário. Jeongguk fechou a cara para ele, que tipo de hyung ria da desgraça do dongsaeng? Ah, tipos horríveis.

— Era pra você estar com pena de mim e me aconselhando bem, sabia? — inflou as bochechas. — Poxa, Yoon-hyung!

— Eh? — o baixinho ergueu as mãos, sorrindo largo. — Primeiramente que acho bem feito você ter sido chantageado; não sei o que fez, mas se a merda foi tão grande ao ponto de te deixar assim, a pessoa foi bem complacente em te pedir algo ao invés de te expor. Segundo que eu não sou o Harry ou o Jimin para dar tapinhas nas suas costas e dizer que com um pedido de desculpas tudo ficará bem; não vai. Ações valem bem mais. A vida é feita de escolhas, Jeon, e você escolheu a pior, fez bosta e demorou para agir, tomando de quatro de novo. — seguiu até aporta sob o olhar indignado do garoto. — Saiba que estou totalmente do lado da outra pessoa.

E com isso, saiu. Deixou para trás péssimos conselhos e um dongsaeng incrédulo e de dedos murchos. Saco, queria não ter confirmado presença naquela festa estúpida. A noite mal começara e já mostrava ser longa.


Notas Finais


Como viram, eu fiz o mesmo dia na visão dos dois pra estender esse capítulo um pouquinho mais.

Yoon é meu novo xodó, é isso e ninguém me fará mudar de ideia!

Enfim, é isso por hoje, docinhos! Espero que tenham gostado e ficarei mais do que feliz em ter seus feedbacks, caso se sentirem mais à vontade, críticas positivas são bem vindas.
Até o próximo ♡♡♡


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