História Red Smoke: Rupture (Segunda Temporada) - Parte 5: G.B - Baby Don't Cry - 01

G.B  P.O.V’s On

   Estava escuro e eu caminhava lentamente, sob meus pés, água fria. A escuridão era tão profunda que eu era incapaz de ver alguns centímetros além de meu rosto. Vários metros à frente, uma pessoa estava deitada no chão. Era longe demais para que eu fosse capaz de ver quem era, mas eu sentia um aperto no peito cada vez maior, uma agonia crescente. Corri, sentia minhas pernas mais pesadas a cada passo, graças ao cansaço maior que a água causava. Corri mais e mais até que eu fui capaz de ver quem estava deitado no chão. Era Tao. De bruços, a cabeça virada para o lado, uma poça de sangue surgindo abaixo dele e se espalhando por todo o chão, se misturando com a água criando uma imensa gama de desenhos macabros. Um arrepio percorreu minha espinha e me vi gritando, caindo.

    E então eu acordei.

    Eu estava sentada em uma cama de casal, tremendo, sentindo suor frio cobrindo minha testa. Ao meu lado, Tao se sentava lentamente.

   - Hey – ele disse, passando um dedo em meu rosto e limpando uma lágrima que eu sequer havia percebido que estava ali – o que houve?

    Senti os braços dele envolverem meu corpo e minhas mãos naturalmente deslizaram para a nuca dele, fazendo com que eu o abraçasse.

    - Pesadelo. – respondi, sem sentir a necessidade de acrescentar mais nada.

    Ele depositou um beijo no topo de minha cabeça, senti o cheiro doce da pele dele , senti a respiração dele sobre minha pele. E, por deus, senti medo de perdê-lo. O abracei mais forte e senti as lágrimas descendo pelas minhas bochechas.

    - G.B – ele me chamou –, está me assustando. Certeza de que está tudo bem?

   Eu assenti.

   - Sim, certeza absoluta. – falei, me afastando um pouco dele e limpando as lágrimas que escorriam pelo meu rosto – Eu... eu só preciso de um segundo pr-pra ficar bem.

    - Quer conversar sobre o sonho?

     Eu apenas neguei com a cabeça. Tao às vezes é supersticiosos, eu não queria fazer ele ter pensamentos ruins.

    - Eu vou lavar o rosto. – avisei e então me levantei da cama.

   Fui até o banheiro e parei em frente ao espelho, meu cabelo estava uma zona de fios cor-de-rosa. Estava com a cara amassada e os olhos vermelhos pelo choro. Que horror. Essa é a desvantagem de dormir no apartamento do Tao, ele pode me ver nesse estado... se bem que já estamos namorando há quase um ano, isso não é nada tão grave. Do banheiro, olhei de volta para o quarto, Tao estava sentado na cama de pernas cruzadas, mexendo no telefone. Assim como eu, ele estava com os cabelos extremamente bagunçados.

    Sem que eu tivesse controle do meu corpo, um sorriso se espalhou pelo meu rosto. Quase um ano de namoro. E sei que se ele estiver ao meu lado, tudo é possível. Ele tem o poder de me fazer enxergar a luz mesmo nas horas mais sombrias. Eu olho para Zitao e vejo nele meu presente e meu futuro.

    Apaguei a luz e voltei para a cama, entrando suavemente em baixo dos lençóis. Tao largou o celular em qualquer lugar e se deitou, me puxou para perto, de forma que eu estava nos braços dele. Deu um pequeno beijo em meus lábios e me disse:

   - Só tente relaxar e... não chore mais. Lembre-se de que eu sempre vou estar aqui.

   Fechei os olhos. Eu não precisava dizer, ele já sabia. Mas ainda assim, sussurrei para ele:

    - Eu te amo.

   - Eu também te amo. – ele disse, dando um último beijo em meus lábios antes que eu deslizasse suavemente para o mundo dos sonhos.