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História Redamantia - XI. "Quites"


Escrita por: moonyeyes

Notas do Autor


Mensalmente eu apareço pra postar o capítulo, isso é horrível eu sei... Por mais que eu tente ser mais frequente, continuo falhando miseravelmente.

Bem, trouxe o capítulo bastante focado em NaruHina e que fecha com interação Sasusaku. Espero que gostem, não revisei o capítulo pois fiquei ansiosa pra trazer pra vocês.

Boa leitura!

Capítulo 12 - XI. "Quites"


Remexeu-se na cama. Era espaçosa. O colchão bem macio. Lençóis refrescantes. E, pelos céus,  tinha um cheiro tão bom. O perfume masculino estava entranhado em cada costura do tecido. No travesseiro. Nas cobertas. No quarto inteiro. Só podia ser o perfume dele, Naruto Uzumaki, e então ela se lembrou de que dormira na casa dele. No quarto dele. Lentamente, abriu os olhos bem descansados. A luz do sol penetrava pelas frestas da cortina cinza. Davam um contraste com as paredes pintadas de laranja. Hinata piscou. Sentia-se bem ali. A vontade naquela cama. Sentindo aquele cheiro. 


Era bom. Muito bom. Poucos cheiros que havia sentido desde que chegou na Terra haviam despertado o seu gosto. Aliás, o perfume de Naruto era o primeiro. 


Devagar, sentou-se no colchão. Esfregou os olhos e deu uma boa observada no quarto, coisa que não fizera noite passada por estar escuro e ela, com sono. 


Era bem diferente do quarto de Tenten. A começar pelas cores: predominava o laranja, depois vários objetos e móveis em preto, por fim, alguns detalhes em azul escuro. O ambiente era espaçoso e decorado de forma desarmônica. As coisas que Hinata supôs serem do loiro estavam espalhadas como camisas, jaqueta, relógio, colar e chinelos. Mas estava tudo limpo e cheirando a fragrância cítrica e forte. 


Timidamente, Hinata levantou da cama. Ficou feliz em não se desequilibrar logo pela manhã (isso acontecia com frequência). Caminhou até a estante próxima da TV. As fotos nos porta-retratos colocados ali tinham retido sua atenção. Ela se aproximou para vê-las. 


Era Naruto, em épocas diferentes e com pessoas diferentes. Na primeira foto, ele parecia mais jovem, o cabelo mais comprido, o sorriso grande e brilhante junto de um homem mais velho de cabelos longos e brancos. Os dois seguravam pranchas de surf com o cenário de uma praia ao fundo. Na segunda foto, Hinata conhecia todos ali. Era uma foto atual de Naruto, Sasuke, Gaara e Tenten. Todos em volta de instrumentos musicais e rindo. Eles pareciam ter se divertido muito esse dia. Em um porta-retrato maior, Naruto era uma criança. Consideravelmente menor, os traços do rosto mais infantis e tinha até os dentes caninos faltando. Uma fofura, ela pensou. Estava junto de um casal muito parecido com ele. Uma mulher ruiva e um homem loiro. Naruto se parecia em traços com a ruiva, mas tinha a cor dos olhos e os cabelos iguais ao homem de rosto bondoso. 


Hinata ficou encantada com aquelas fotos transparecendo tanta felicidade e paz. Naruto exibia um sorriso lindo em todas elas, algo que até agora não havia visto pessoalmente nele. Contudo, a garota-anjo estranhou a ausência de sequer uma foto com alguma garota especial. Alguém por quem ele teria interesse romântico. Será que nenhuma das tantas mulheres as quais o loiro já compartilhou um momento íntimo foi importante o suficiente para ocupar a estante de fotos dele? Devia haver alguma… Talvez ele pudesse conhecê-la mais tarde. Certamente outro colega seu anjo-cupido já estava encarregado de cuidar do destino amoroso de Naruto Uzumaki. 


Hinata desviou a atenção da estante e então se deparou com o reflexo de si mesma na tela escura da televisão. Enrugou o cenho, incomodada. A maquiagem que Tenten tinha emprestado a ela noite passada havia se borrado um pouco em seu rosto. Deve ter acontecido enquanto eu dormia, pensou. Passou as mãos pelos cabelos na tentativa de ajeitá-los. Alisou a roupa um pouco torta e respirou fundo. 


Caminhou até a porta e abriu. Um cheiro de café passado circulava pela casa. Hinata olhou para o corredor que levava até a sala e cozinha. Sabia que para lá não era o banheiro. Mirou o outro lado dando de cara com três portas. A terceira mais afastada que as outras. Uma delas estava meio aberta. Hinata olhou pela fresta e viu que era um quarto. Provavelmente o do padrinho de Naruto. Foi em direção a segunda porta, tentou abri-la mas estava trancada. Restou-lhe a terceira. Com a bexiga já apertada, Hinata caminhou até a abertura e empurrou a maçaneta entrando no recinto. 


O que viu a seguir fez seu coração acelerar umas mil batidas. Nem sabia que isso era possível. 


Saindo do box de vidro, totalmente pelado e molhado, Naruto acabara de terminar seu banho. O loiro olhou surpreso para Hinata quando ela exclamou:


ㅡ Por Éros, perdão! ㅡ ela virou a cabeça para o outro lado, mas de nada adiantou, pois encarou o espelho que tinha ali cujo ainda lhe oferecia a imagem de Naruto nu. A Hyuuga estava em dúvida entre observar o pênis dele ou não. Jamais havia visto um humano sem roupas antes. Isso devia ser muito errado. Optou pela segunda opção. ㅡ E-eu n-não sabia, ah! ㅡ  cobriu os olhos com as mãos.


Naruto riu e pegou a toalha que estava em cima do vaso. Enrolou-a na cintura cobrindo suas partes.  


ㅡ Opa, sem problemas, nada aconteceu. ㅡ ainda tinha um sorriso no rosto pela situação. Não estava nenhum pouco nervoso ou incomodado. 


ㅡ E-eu ia usar o banheiro. ㅡ  justificou-se por detrás das mãos que tapavam seu rosto.  


ㅡ Pode usar, eu já tava de saída. ㅡ mais um tempinho e Hinata sentiu Naruto pegá-la gentilmente pelos ombros e afastá-la da porta. Ouviu o objeto abrir e depois fechar, indicando que estava sozinha no banheiro. Só agora tinha reparado que ficara como uma estátua no meio do caminho. 


Ainda ficou mais alguns segundos com as mãos no rosto. Lentamente, tirou-as. Como desconfiava, seu rosto estava por inteiro avermelhado. Hinata estava quente. Sentia calor. Sentia vergonha. Sentia vontade de rir e de se punir. A visão do corpo bronzeado molhado ainda preenchendo sua mente. Das entradas definidas que levavam até a genitália dele… 


Hinata não sabia muito sobre o sexo. Tanto o ato, quanto o órgão, mas tinha consciência que era algo muito íntimo e peculiar. Os anjos também eram ensinados apenas que aquilo mexia muito com os sentimentos dos humanos. Despertava sentimentos variados nas pessoas e, por isso, deviam tomar o devido cuidado enquanto estivessem no ofício de cupido para não interferir em nada. 


Por isso, tinha um alvoroço acontecendo dentro de si, agora, por ter visto Naruto assim. Não sabia como proceder. Isso iria mudar algo para ele? Para ela? Resolveu jogar um pouco de água gelada no rosto para amenizar o calorão que sentia nas bochechas. Limpou o rosto e respirou fundo. Com certeza não compartilharia essa experiência com ninguém quando voltasse para o céu. 


Terminou de usar o banheiro e saiu. Sentia falta de usar uma roupa mais confortável, ainda estava com o traje apertadinho da festa de ontem. Quando caminhou pelo corredor, pôde ouvir vozes vindas sa cozinha. Identificou uma delas como sendo a do Uzumaki. Ele conversava normalmente com alguém. 


Hinata respirou fundo mais uma vez. Não sabia com que cara iria olhar para Naruto agora. Abraçou-se, sentindo um pouco de frio, e caminhou até a cozinha. Lá estava o loiro, devidamente vestido usando bermudas largas pretas e uma regata laranja. Os cabelos molhados e espetados. Exalava cheiro de banho tomado por todo lugar. Estava na companhia de outro homem. Hinata o reconheceu. Era o "velho" de longos cabelos brancos que ela vira em uma das fotos de Naruto hoje pela manhã. Ele notou sua presença primeiro. 


ㅡ Yo! ㅡ disse, alto, fazendo Naruto se virar para ela também. ㅡ Bom dia flor do dia. Dormiu bem? 


Hinata sorriu, acanhada. 


ㅡ Oi, bom dia. Dormi sim. 


ㅡ Nossa, mas ela é linda mesmo hein Naruto? ㅡ elogiou, descaradamente, olhando pasmo para o afilhado. 


A garota se acanhou ainda mais. Incomodava-a esses elogios todos. Sabia que os humanos não conseguiam evitar, afinal a beleza dela era divina, angelical. Mas, Hinata queria que os elogios fossem sinceros. Que a achassem linda pelo o que ela era e não por ter vantagem ao ser uma criatura dos céus. 


ㅡ Ero-sennin! ㅡ Naruto deu um pesco-tapa de leve em Jiraiya, rindo.  ㅡ Não constrange ela. Hinata esse é o meu padrinho, Jiraiya pervertido. 


ㅡ Olha o respeito, moleque! ㅡ olhou de cara feia para Naruto e em seguida suavizou sua expressão para Hinata. ㅡ Apenas Jiraiya, senhorita Hinata. É um prazer receber você na nossa humilde casa. ㅡ fez uma mesura que arrancou um risinho da garota. 


O homem tinha senso de humor e era bem receptivo. Hinata aos poucos ia se sentindo mais a vontade. 


ㅡ Obrigada. ㅡ disse, gentil.


ㅡ Além de linda é educada, bem diferente das mulheres que você traz aqui. Essa sim vale a pena, não deixa ela escapar Naruto. ㅡ segurou-o firme pelo ombro ao passar o braço por  suas costas e Naruto se esquivou, sem paciência.


ㅡ Meu deus, velhote, agora você tá ME constrangendo. ㅡ o loiro enrugou o cenho incomodado. 


Hinata amou presenciar aquela relação. Com Jiraiya, Naruto não aparentava ser o pegador mulherengo da faculdade, despia essa armadura e revelava um garoto simples, família, e que quase beirava a inocência. 


ㅡ Vou no banheiro e depois tomamos café juntos, quero saber como vocês se conheceram. ㅡ disse enérgico dando dois tapinhas nas costas do afilhado. Levantou rápido as sobrancelhas para Hinata e em seguida saiu assobiando da cozinha deixando os outros dois sozinhos. 


A morena apertou mais o abraço em si quando Jirayia passou por ela trazendo um ventinho gelado. Escutou os passos dele sumirem pelo corredor levando consigo a falação da cozinha. Naruto e Hinata ficaram alguns segundos em silêncio até o loiro se pronunciar.


ㅡ Ele é loucão assim mesmo, nem liga. 


ㅡ Eu gostei dele. É simpático. ㅡ descreveu com sinceridade não conseguindo manter o contato visual com Naruto por muito tempo depois do episódio do banheiro.


ㅡ Tá com frio? ㅡ ela tentou pensar em algo para negar mas de fato estava. Não precisou afirmar, soube que o modo como segurava seus braços junto ao tronco tentando se esquentar foi logo notado pelo Uzumaki. 


Naruto então foi até até a área de serviço, um pouco mais ao fundo depois da cozinha, e pegou de lá, pendurado, um moletom laranja com listras laterais pretas. Hinata se perguntou se ele só teria roupas nessa cor, mas não a incomodou nem um pouco. Voltou com o casaco em mãos e estendeu para ela. 


ㅡ Obrigada. ㅡ disse sem olhá-lo e aceitou pegando o moletom. Era macio e confortável. Com certeza era melhor do que a blusinha apertada que usava. Vestiu o tecido e o cheiro do perfume de Naruto junto com o de roupa-recém-lavada preencheu suas narinas. 


O moletom cobriu-lhe até a metade das palmas e bunda. Totalmente confortável. 


ㅡ Sobre agora há pouco no banheiro, não liga. Foi sem querer e estamos quites. 


ㅡ Quites? ㅡ Hinata enfim o fitou, confusa. 


ㅡ É, eu vi você sem roupa aquele dia e agora você me viu. Estamos zerados. ㅡ levantou as mãos demonstrando despreocupação. 


O dia em que ela havia, literalmente, caído na Terra. Na verdade, Naruto fez muito mais do que vê-la nua, ele a salvou. A situação foi diferente, mas a comparação a fez se sentir melhor e menos envergonhada perante ele.  


ㅡ Acho que sim. ㅡ sorriu um pouco mais a vontade. ㅡ Obrigada, Naruto. 


O loiro riu abertamente. 


ㅡ Eu acho que ninguém nunca me agradeceu tanto como você agradece. 


ㅡ Você me dá motivos pra isso. ㅡ ela deu de ombros. ㅡ Vou continuar. 


Naruto se encostou no balcão da pia. 


ㅡ Então tô quase pedindo pra você me agradecer de outra forma. ㅡ deixou escapar sua vontade dela. 


Mas Hinata não percebeu e nem entendeu o verdadeiro sentido da frase. Do contrário, a garota o fitou com a maior inocência do mundo, mal sabendo que seu jeito puro encantava ainda mais Naruto. 


ㅡ De que forma? ㅡ perguntou nitidamente confusa. 


Naruto riu pelo nariz e não disse nada. Até porquê Jiraiya apareceu no próximo instante animado para comer. 


Ele era um caso à parte. Cheio de energia em um domingo de manhã. 

Os três sentaram a mesa para o café. Nem sinal de Tenten. Hinata iria perguntar se ela estava realmente bem, mas acabou distraída na companhia de Naruto e Jiraiya. Eles quase eram como pai e filho. Íntimos ao extremo, ficavam super a vontade na companhia um do outro. Jiraiya também não deixou com que Hinata se sentisse deslocada. Conversava com ela, ria e brincava. O cardápio deles era um pouco diferente do de Tenten. Hospedada na casa da Mitsashi, a garota-anjo comia o que a amiga comia. Uma dieta baseada em muitas frutas, cereais, sucos e biscoitos. Ali, ao lado de Naruto, ela experimentava a visão de coisas com bastante gordura e massa, gostos fortes como bacon, ovo frito, café preto e leite integral. Era tudo muito novo para Hinata. Preferiu apenas beber uma caneca de leite e comer um pedaço de pão puro. 


Jiraiya pareceu nem perceber, já Naruto sim. 


 ㅡ Bom dia flor do dia! ㅡ o velho cumprimentou uma Tenten de feição destruída que apareceu na cozinha. 


Com olheiras, cabelo em pé, ela também tinha os lábios brancos e rosto franzido sem nenhuma cor. Aparentava estar péssima. 


ㅡ Você tá horrível. ㅡ Naruto pontuou e recebeu o dedo médio de Tenten. Hinata soltou um risinho. Gostava da relação amiga da QS. 


O loiro serviu uma caneca de café preto sem açúcar e estendeu para Tenten quem apanhou com cara de alívio. 


ㅡ Valeu por tudo Naruto. ㅡ disse depois de bebericar a caneca.  ㅡ Desculpa o vexame, Hina… ㅡ voltou-se para a Hyuuga, culpada. 


ㅡ Não, que isso! Não tem nada que se desculpar. ㅡ balançou as mãos em sentido negativo. ㅡ Já falou com seus pais? 


ㅡ Já, eles não ficaram nem um pouco contentes. Mas eu já sou maior de idade então não me xingaram muito. Avisei que iria para casa depois do almoço porque ainda estou morrendo de dor de cabeça. ㅡ pressionou as têmporas dolorida. 


ㅡ Fica deitada mais um pouco. ㅡ sugeriu o Uzumaki 


Ela confirmou com a cabeça e tomou outros goles de café. 


ㅡ Filho, eu dou um jeito na cozinha e no almoço, mas preciso que compre mais coisa no mercado. ㅡ Jiraiya se adiantou e Hinata pensou que talvez os dois tivessem o suficiente para eles mesmos. Como ela e Tenten almoçariam ali também a quantidade não daria. ㅡ Hinata Hyuuga, você aceita ir ao mercado com meu legítimo afilhado também? 


ㅡ Você tá impossível hoje hein velho? ㅡ Naruto reclamou no que Hinata e até Tenten soltaram uma risadinha. 


ㅡ Eu aceito. ㅡ a Hyuuga confirmou, sorrindo para Naruto. 


Xxx


Apesar de um pouco frio, o dia estava lindo. Céu aberto com o sol iluminando cada rua naquele domingo. Hinata agradeceu internamente por Naruto ter emprestado seu moletom para ela, pois sua roupa de festa chamaria a atenção no meio daquelas pessoas descontraídas que passeavam com os cachorros ou caminhavam despojadas pelas calçadas. A última coisa que Hinata queria era atrair olhares novamente. 


Ela e Naruto tiveram que caminhar bastante até encontrar algum mercado aberto. Possibilitou, assim, para que os dois conversassem durante o caminho. Foi diferente dessa vez. Nenhuma situação constrangedora envolvia o assunto como foi nas últimas vezes as quais trocaram palavras. 


Hinata descobriu que era fácil manter uma conversa com ele. Naruto era extrovertido, carismático e engraçado. Além de bastante atraente. Os cabelos loiros ficavam ainda mais dourados refletidos no sol enquanto que seus orbes azuis ganhavam um tom mais claro oceânico. Hinata entendia agora porque tantas meninas queriam se envolver com ele. Perguntou-se quando a flecha do algum cupido iria atingi-lo junto de seu par. Será que já havia acontecido? 


ㅡ Ele sempre foi assim, sem freios ㅡ falavam de Jiraiya e seu jeito. ㅡ Desde que me entendo por gente, e agora ficando velho tá pior. ㅡ disse e hinata riu. 


ㅡ Seu padrinho é incrível. ㅡ foi sincera. ㅡ Você sempre morou com ele? 


Os dois andavam lado a lado na calçada, devagar. 


ㅡ Não, foi só quando passei na faculdade. A casa dele é mais perto do campus do que a dos meus pais. 


Hinata se lembrou da foto que vira mais cedo no quarto de Naruto. Ele junto de um casal simpático e teve quase certeza de que eram os pais dele. 


ㅡ Você os visita? 


ㅡ Sempre nas férias. Se eu não for a dona Kushina caça meu pescoço. ㅡ contou e Hinata riu mais uma vez. 


ㅡ É aquela mulher ruiva na foto do seu quarto? Aqueles são seus pais? ㅡ não aguentou a curiosidade e acabou perguntando. 


ㅡ Ficou olhando minhas fotos, Garota Amorosa? ㅡ Naruto perguntou com uma sobrancelha arqueada. 


Hinata engoliu em seco, envergonhada e arrependida. 


ㅡ Ah… Me desculpe se fui invasiva, eu só olhei uma vez, as achei bonita… ㅡ olhou para baixo e começou se justificar. 


Até que sentiu Naruto pegá-la pela mão e puxá-la para perto bem em tempo de um carro com velocidade alta passar zunindo por eles. 


Hinata se assustou e olhou para o loiro quem tinha um meio sorriso no rosto. 


ㅡ Você é muito fofa, sabia? E distraída também. Quer ser atropelada?  ㅡ foi uma pergunta retórica. 


Ele a soltou e ambos atravessaram a rua depois. 


ㅡ Você deve me achar uma boba ingênua… ㅡ Hinata revirou os olhos brava consigo mesma. Por que tinha a sensação de sempre parecer tão frágil perto de Naruto? Ele a salvava sempre. 


ㅡ Não. ㅡ disse convicto. ㅡ Ingênua um pouco, mas isso não é um defeito. Eu gosto disso em você. ㅡ ela o fitou surpreendida positivamente. Naruto era um cara bem diferente do que Sakura pensava. Talvez ela estivesse mesmo enganada sobre todos da QuickSand. ㅡ E, respondendo a sua pergunta, sim aquela mulher ruiva na foto é minha mãe junto com o homem loiro, meu pai. 


Logo em seguida, os dois entraram no mercado aberto. 


Hinata queria se oferecer para ajudar nas compras, os dois podiam dividir o que iriam pegar nos corredores e prateleiras. Só havia um único problema: ela não sabia o que era metade das coisas que Naruto falava. Molho de tomate? Duas cabeças de alho? Cebolas? Queijo ralado? Massa? Não havia nada disso no céu. Os anjos tinham sua comida própria que não tinha nada a ver com essas coisas. Hinata conseguia se alimentar na Terra também, mas era tudo novo demais para ela, ainda não havia aprendido algumas coisas. 


ㅡ Mas e você Garota Amorosa? O que faz além de se meter em situações constrangedoras? ㅡ Naruto perguntou pegando uma embalagem vermelha assim que entrou no próximo corredor. 


ㅡ Você vai continuar me chamando sempre por esse nome? ㅡ não conseguia se acostumar tampouco entendia o porquê do "apelido". 


ㅡ Perguntei primeiro. ㅡ rebateu e Hinata arqueou uma sobrancelha. Naruto riu e suspirou. ㅡ Vou. Combina com uma garota toda romântica como você. 


Era um elogio para ela. Ser romântica era, literalmente, seu estilo de vida. 


Hinata revirou os olhos embora estivesse gostando cada vez mais do jeito como Naruto a tratava.  


ㅡ Eu banco a cupido das pessoas. ㅡ revelou tendo a certeza de que o loiro jamais desconfiaria daquela verdade. 


Foi então que ele riu, divertido. Interpretou como um deboche a como a chamava. 


ㅡ Bom senso de humor! 


Os dois seguiram costurando os corredores do mercado, Hinata acompanhando Naruto enquanto ele pegava tudo o que precisava. 


Não demoraram muito, e, quando estavam indo em direção aos caixas encontraram com alguém. Hinata conheceu a garota de primeira. Era a mesma que havia a ajudado no banheiro depois de ter deixado cair a bandeja do almoço no refeitório. Era Shion. 


A loira os reconheceu na hora e, acenando, veio na direção deles. 


ㅡ Naruto! Que coincidência… ㅡ Shion sorriu abertamente e envolveu o Uzumaki em um abraço um tanto… íntimo.


Os sentidos de Hinata logo se atiçaram. Ela conhecia bem uma pessoa apaixonada quando via uma. Sabia identificar a mudança no tom da voz, o brilho no olhar, a alteração da respiração e o ritmo acelerado do coração. Conseguiu perceber tudo isso facilmente em Shion perante Naruto. Soube naquele momento que ela gostava dele. 


ㅡ Ah, oi Shion. ㅡ Naruto cumprimentou depois de cessar rapidamente o abraço. E Hinata, para sua decepção, não detectou nenhum desses sinais em Naruto. Nenhum. Ele agiu completamente indiferente a presença de Shion. Seu corpo não apresentou reação alguma que indicasse paixão ou coisa mais forte. 


Isso era horrível.


Será que já tinha mesmo um cupido para cuidar do caso deles? Seja quem fosse, precisava entrar em ação o quanto antes. 


ㅡ Você conhece a Hinata? Oi! ㅡ dessa vez se virou para a Hyuuga e a cumprimentou sorrindo. Hinata retribuiu. 


ㅡ A gente se conheceu numa praia há alguns dias. ㅡ a morena resumiu sem muitos detalhes. 


Ela notou que Shion não disfarçava seu interesse. Mirava Naruto com um sorriso e pouco desviava os olhos dele. Parecia querer falar algo com o Uzumaki a sós. 


ㅡ Eu vou ali ver aquele produto. ㅡ indicou uma embalagem qualquer depois de dar uma desculpa qualquer para deixá-los sozinhos. Contudo, quando fez menção de sair, Naruto se prontificou.


ㅡ Não, Hinata, a gente tem que ir. ㅡ estranhou ouvi-lo a chamar pelo nome e também a aparente recusa de sua saída. ㅡ Foi bom te ver, Shion, mas temos que ir. 


ㅡ Ahh… Tudo bem. ㅡ a garota não escondeu sua chateação. Hinata tinha a certeza que ela queria um tempinho com Naruto, como toda garota apaixonada. Logo ficou brava com o Uzumaki por tomar tal atitude. ㅡ A gente se vê na faculdade então… Tchau Hina. ㅡ acenou para ela também.


A Hyuuga se sentiu incomodada. Queria que Naruto tivesse falado com ela, ou ao menos a olhado da mesma maneira. 


Eles compraram tudo o que queriam e depois saíram do mercado. No caminho, não conseguiu aguentar a pergunta entalada em sua garganta e em seguida despejou:


ㅡ Por que agiu com Shion daquele jeito? 


ㅡ De que jeito? ㅡ disse confuso.


ㅡ A dispensando. Isso não se faz! ㅡ enrugou o cenho, irritada.


ㅡ Eu não dispensei ela, só disse que precisávamos ir. Por que está irritada? 


ㅡ Porque isso não se faz Naruto, Shion gosta de você! ㅡ acabou deixando escapar. 


ㅡ Ela te falou isso? ㅡ perguntou rindo anasalado, sem humor. 


ㅡ N-não! ㅡ ela pigarreou. ㅡ Só ficou evidente, vi a maneira como olha pra você… Devia dar uma chance pra esse relacionamento. ㅡ para Hinata não havia nada mais lindo do que testemunhar um olhar apaixonado e um casal se amando. 


ㅡ Eu fico lisonjeado, mas não temos um relacionamento. Não desse tipo. Eu não gosto da Shion… ㅡ Hinata observou a expressão do loiro e ele parecia falar sério. Olhava para o chão, compenetrado e um pouco incomodado. 


Queria usar seus poderes nele para saber se estava falando a verdade, mas tinha algum impasse que a impedia de fazer isso realmente, pelo menos naquele momento. 


ㅡ De quem você gosta? ㅡ foi impossível conter o inquérito.


ㅡ Já te falei Garota Amorosa, de ninguém. 



Hinata não voltou mais a tocar no assunto. Naruto parecia ter um tipo de barreira que o impedia de se expressar e lidar bem com esse tipo de assunto, e, para ela que era uma exímia cupido, soube identificar de imediato esse bloqueio. Perguntou-se se deveria de alguma forma ajudá-lo. Quer dizer, Hinata já tinha uma missão: juntar Sasuke e Sakura definitivamente e solucionar o explícito impasse que havia entre eles. Mas... Naruto Uzumaki estava começando a lhe intrigar. O jeito como ele lidava consigo perante relacionamentos era totalmente chamativo para a Hyuuga. 


Quando voltaram para a casa dele depois do mercado, Jiraiya ficou encarregado de preparar o almoço junto com Naruto, enquanto Hinata foi para o quarto de hóspedes para junto de Tenten, que já estava um pouco melhor de sua ressaca. Elas conversaram sobre a festa e a Mitsashi revelou como havia chegado naquele estado, o que serviu para distrair Hinata de seus pensamentos. Amanhã iria para a faculdade e daria continuidade a sua investigação sobre Sakura e Sasuke. Não podia fazer nada forçado, algo que prejudicasse o relacionamento deles no futuro com uma intervenção muito explícita. Mas tinha de agir mais rápido... 


Quando enfim o almoço ficou pronto, a Hyuuga aproveitou um pouco mais da companhia de Jiraiya, ele era de fato uma pessoa de convivência leve, engraçada e agradável, contudo não podia se estender mais. 


Naruto se ofereceu para uma carona e leva-las até a casa da Mitsashi. Elas aceitaram e não demoraram muito para chegar. 


ㅡ Valeu, Narutinho. Te devo uma. ㅡ Tenten iniciou quando o loiro parou em frente a fachada da casa dela. 


ㅡ Deve várias. ㅡ brincou e ela revirou os olhos. ㅡ De nada, a gente se vê nos ensaios Pucca. 


ㅡ Meu deus, esse apelido da quinta série de novo? ㅡ ela disse enquanto saía do carro sozinha e ia em direção a porta. 


Hinata havia ficado mais um pouquinho. Sentada no banco dianteiro, tinha de se despedir dele também. 


ㅡ Você costuma apelidar todo mundo? Por que Pucca? ㅡ perguntou curiosa e não sabendo bem como dizer "tchau". 


Naruto riu. 


ㅡ Quase todo mundo. Pucca é por causa dos coquinhos na cabeça. ㅡ e simulou o penteado de Tenten levando os punhos fechados em cada lado da cabeça. A Hyuuga assimilou e não conteve um riso também. Olhou para baixo, envergonhada de sua risada e do modo como ele a olhava agora. Antes que o silêncio reinasse entre os dois, Hinata fez menção de abrir a porta, mas Naruto a chamou: ㅡ Ei... Tá tudo bem entre a gente? Eu não... quis ser grosso mais cedo... ㅡ coçou a nuca um pouco sem jeito. 


Hinata o compreendeu, ele se referia a quando ela o instigou depois do encontro com Shion no mercado. Soube, nessas poucas horas de convivência que ele tinha uma barreira, e, por Eros, estava se controlando para não querer saber mais sobre Naruto e mexer na sua vida amorosa. Não podia... Tinha que se concentrar em sua missão. De qualquer forma, tinha ciência de que por trás daquela casca de homem desapegado, debochado e cético, habitava um garoto inseguro e carente... 


ㅡ Tudo bem, eu entendo... ㅡ a carinha preocupada dele impulsionou Hinata na próxima ação. E, por tudo o que ele tinha feito por ela até agora desde quando a tirou da água aquele dia, a garota-anjo sentiu vontade de tocá-lo. Fez isso depositando um beijo leve na bochecha de três marquinhas dele. 


Sabia que não podia abusar no contato com os humanos, mas abraços e beijos amigáveis assim como fizera com Ino e Naruto não eram tão extrapolantes assim. 


E, sem olhá-lo novamente, Hinata saiu do carro indo em direção a Tenten. Diferentemente de Naruto que não tirou os olhos da garota até a Hyuuga sumir de sua vista ao entrar na casa. 


Ambos sob a tutela de Tenten, que sorrindo, percebeu o quanto os dois estavam começando a ficar realmente próximos. 


Xxx


Parecia que uma mão gigante estava pressionando sua têmpora esquerda. Não, definitivamente era a direita. No minuto seguinte Sakura teve a certeza de que suas duas têmporas, sua cabeça como um todo, doía de maneira infernal e gritante. 


Remexeu-se incomodada ao acordar. Com muita dificuldade, abriu os olhos doloridos e seu cérebro pareceu querer explodir. Sentia a garganta seca e o corpo formigando. Reconheceu as paredes e móveis do próprio quarto e soube estar em casa. 


Refletindo um pouco mais, percebeu que não se lembrava como havia chegado ali. Forçou pela memória. Vagas lembranças da noite passada lhe viam a mente. Lembrava da festa, lembrava do gosto da bebida forte, do som alto e de um perfume masculino muito bom... Forte o suficiente para ela ter a certeza de que podia senti-lo ainda agora. 


Abaixou a cabeça e fungou seu peito e braços. O perfume masculino estava impregnado nela. A fragrância era deliciosa... Mas Sakura não conseguia se lembrar de mais detalhes e nem apreciar o perfume pois sua cabeça ainda doía como o inferno. 


Fez um esforço para se levantar. Um pouco zonza, calçou as pantufas e saiu do quarto. Soube que era tarde ao julgar o céu colorido com nuances alaranjadas. Devia beirar umas 16h. Seu pai tirava o sono da céstia e, pelos barulhos que vinham da cozinha, soube que sua mãe estaria por lá. 


Caminhou até o lugar em busca de um analgésico para a cabeça. Como o esperado, encontrou Mebuki guardando a louça do almoço de domingo. 


ㅡ Que susto filha! ㅡ a mais velha se sobressaltou quando viu Sakura parada na porta. ㅡ Como está? 


ㅡ Sinto que um caminhão passou por cima de mim. ㅡ foi sincera enquanto procurava um comprimido na gaveta de remédios. 


ㅡ A noite foi boa pelo visto. ㅡ Mebuki sorriu. ㅡ Fico feliz que tenha se divertido. 


Para ela era uma satisfação que sua filha, tão enfurnada nos estudos, enfim saísse para se divertir. 


ㅡ Mais ou menos. ㅡ contou a rosada depois de engolir o remédio com a ajuda de um copo d'água. 


ㅡ O menino Sasuke me garantiu sua diversão. Aliás fico feliz que vocês estejam se dando-


ㅡ O QUE?! ㅡ Sakura não conseguiu conter a voz ao ouvir sua mãe proferindo aquela frase. Sasuke?! Ela ouvira direito? Por que sua mãe estava mencionando aquele crápula? 


Mebuki enrugou o cenho e depositou o guardanapo em cima do ombro. 


ㅡ Sasuke foi quem lhe trouxe até em casa, não se lembra? Você estava meio sonolenta, mas ele me garantiu que estava bem e que se divertiu. Fiquei feliz de vocês estarem começando a se entender... 


Quanto mais sua mãe falava, mais Sakura sentia um pavor crescer em seu interior. Sentia o coração acelerar cada vez mais e uma descarga de adrenalina jorrar em sua corrente sanguínea conforme processava as informações ditas por Mebuki. 


Então era isso. Tinha ficado tão bêbada a ponto de Sasuke Uchiha a levar para casa? Como deixaram isso acontecer? Como chegaram a essa brilhante ideia? Onde estavam Hinata e Ino que permitiram isso acontecer? O que diabos havia acontecido naquela festa que a fez perder totalmente o controle de suas ações? 


Sakura se sentiu enjoada ao começar a imaginar possíveis situações, uma pior que a outra, em que todas envolviam Sasuke Uchiha. Como ele tivera a audácia de se meter com ela? De tomar a liberdade de trazê-la em casa? 


Eram tantas perguntas absurdas e sem respostas que atormentavam a mente da Haruno que sua dor de cabeça até já havia passado. 


Percebendo que estava em silêncio por tempo demasiado, resolveu não preocupar sua mãe e nem surtar na frente dela. 


ㅡ Claro... Eu me lembro sim, mãe. ㅡ sorriu tentando não parecer forçada. Uma vergonha íntima crescia em seu peito ao ter de admitir para Mebuki que ela, tão obstinada, tão centrada, havia perdido completamente o controle de seus atos em uma social sábado a noite. 


Por fora apresentava calmaria, mas por dentro seu sangue fervia ao estar as cegas sobre a própria situação. 


ㅡ Quer comer algo? Não quisemos te acordar para o almoço, mas guardamos sua parte, está dentro do forno. ㅡ avisou a mulher já despreocupando-se com a possível reação estranha recente da filha. 


Saber de tudo aquilo havia deixado Sakura enjoada. No momento, a maior vontade que se apossava dela era tirar aquela história a limpo com certo alguém. 


ㅡ Não, eu estou bem. ㅡ garantiu soando convincente. ㅡ Na verdade, preciso dar uma saída rápida mãe, sabe? Fiquei de me encontrar com alguns colegas da faculdade no centro hoje e perdi o horário até. ㅡ inventou de última hora enquanto sua mente trabalhava a mil em como iria fazer para ir até Sasuke. 


ㅡ Mesmo? Está tudo bem? ㅡ Mebuki quis saber frente ao dito de Sakura. 


ㅡ Sim, sim. É coisa rápida, daqui a pouco estou de volta. ㅡ sorrindo falsamente, Sakura acenou para a mãe e voltou ao quarto com as mãos suando. 


Tinha que tirar essa história a limpo. Cegou-se completamente e nem sequer pensou com mais calma sobre o que fazer. A ideia de ter o Uchiha levando-a em casa, assim sem mais nem menos, deixou-a furiosa. Iria tirar satisfações com ele. 


Impulsiva, trocou de roupa colocando a primeira coisa que viu no guarda-roupa, prendeu os cabelos rapidamente em um rabo de cavalo prático, pegou chaves e o celular e saiu de casa com sangue nos olhos. 


Ainda se lembrava onde o mauricinho morava dos tempos que costumava frequentar a casa dele quando o doutor Fugaku dava jantares comemorativos para os funcionários da sua empresa. 


Pegando um táxi, Sakura deu o comando para a casa que ocupava um quarteirão inteiro no bairro chique da cidade. 


Mal podia acreditar que estava indo até lá, mas o que mais queria era conversar com Sasuke frente a frente. 


Para seu alívio, não demorou muito para chegar. Distraiu-se no caminho enquanto tinha a mente invadida por possíveis acontecimentos da noite anterior. 


Pagou a corrida ao motorista e se deparou com a mansão Uchiha. Sentiu um frio na barriga ao estar ali prestes a se envolver com aquela família de novo. Esperava nunca mais ter que pisar naquela casa. 


Respirou fundo e foi em direção ao interfone no portão. Apertou o botão da chamada e aguardou até ser atendida. 


ㅡ Pois não? ㅡ uma voz feminina desconhecida se pronunciou.


ㅡ Eu gostaria de falar com Sasuke Uchiha. Estou esperando ele aqui fora. ㅡ cada palavra saía arranhando a garganta de Sakura. 


ㅡ Quem gostaria? 


Revirando os olhos, ela respondeu:


ㅡ Uma querida amiga da faculdade. 


O interfone desligou. Se Sakura revelasse seu nome, era bem provável que o insuportável a ignorasse. Sabia que a curiosidade dele o faria vir até ali fora. 


Cruzou os braços e aguardou a chegada dele. Incapaz de ficar quieta, começou a andar de um lado para o outro ainda sentindo as mãos suarem. 


Não demorou muito até a porta da frente ser aberta. Por ela, Sasuke saiu de cabelos bagunçados usando apenas uma calça preta de moletom. A não decência dele em por uma camisa a fez ficar ainda mais de mal humor. 


Viu o cenho dele se enrugar de longe e pouco se importou com a possível confusão dele em vê-la ali parada no portão de sua casa em um domingo a tarde. 


Sasuke se aproximou do portão e o abriu devagar. 


ㅡ O que você tá fazendo aqui? ㅡ perguntou com genuína curiosidade. 


ㅡ Qual é o seu problema, Sasuke? ㅡ resolveu ir direto ao assunto. ㅡ O que te fez pensar que podia pagar de bom samaritano, me levar pra casa e ainda falar aquelas coisas pra minha mãe? O que você tá querendo hein? 


Duas pessoas completamente opostas estavam se encarando agora. Sakura, irritada, frustrada e com raiva. Sasuke, calmo, sério, e com feição um pouco incrédula. 


Ele riu anasalado sem humor e voltou a ficar sério. 


ㅡ Você é muito ingrata e prepotente sabia? Está claro que nem sabe o que aconteceu com você e já chega toda irritada desse jeito. 


ㅡ Eu estou pouco me fodendo para o que você pensa de mim Sasuke, eu quero que responda as minhas perguntas, por gentileza. ㅡ ela trincou os dentes ao proferir as duas últimas palavras. 


ㅡ Está tão desesperada assim, a ponto de vir até aqui num domingo me perguntar e não esperar até nos vermos na faculdade amanhã ou não ter a inteligência de perguntar as suas amigas? ㅡ provocou enquanto se divertia vendo Sakura focar cada vez mais possessa. 


A rosada cerrou os punhos e se conteve ao máximo para não desferir um soco na cara do Uchiha. Sabia que no fundo ele estava "certo", ela não havia raciocinado direito e agira por completa impulsividade vindo até ali. 


ㅡ Vim até aqui porque foi você quem me levou até em casa e quero saber o que te fez pensar que podia fazer isso, falar com a minha mãe e sair como bonzinho sabendo que eu não te suporto? Tá querendo me testar? ㅡ Sakura não conseguia nem racionar para formular suas frases. Elas saíam automaticamente motivadas por sua fúria. 


ㅡ Eu fiz isso porque você tava bêbada em cima de uma mesa quase pelada dançando e por mais que eu também não te suporte quis poupar sua dignidade. Te levei pra casa porque foi ideia do Naruto e da Hinata que pelo visto se preocuparam com você também e com a sua situação humilhante. Falei aquilo pra sua mãe pra não deixar ela preocupada, em outras palavras eu te poupei de muita coisa. 


Sakura ouviu tudo aquilo com uma tremenda vontade de chorar. Queria não acreditar em nada daquilo, mas as informações faziam sentido e ela não estava em condições de duvidar já que não se lembrava de nada. Porém recusava-se a crer que Sasuke realmente se importasse com ela para fazer aquelas coisas. 


ㅡ Ah... claro. ㅡ conteve-se. ㅡ E por que você me "poupou" de tudo isso? ㅡ fez aspas com as mãos. ㅡ Quer que eu de repente comece a acreditar que você se importa comigo? Você não dá ponto sem nó, Uchiha, eu te conheço. 


ㅡ Falando desse jeito só prova que, de fato, não me conhece. ㅡ arqueou rápido uma sobrancelha, provocando-a. ㅡ Me deve um pedido de desculpas. 


ㅡ Vá se foder. ㅡ ela lhe deu as costas pronta para ir embora. 


ㅡ Me dá a chave do departamento de música e deixa a QS ensaiar lá e a gente fica quites e esquece isso. ㅡ ao ouvi-lo, Sakura deu um sorriso debochado. Então ela estava certa. Sasuke tinha um propósito desde o início e esse era o preço que ela deveria pagar por ele ter a poupado. 


ㅡ Você é muito previsível, Uchiha. ㅡ voltou-se para ele. ㅡ Eu não te pedi para fazer nada daquilo por mim, não te devo nada. 


ㅡ Não me deve por eu ter te poupado, me deve por ter tirado conclusões precipitadas sobre mim por causa disso. Querendo ou não você me deve. ㅡ ele deu de ombros. ㅡ Sei que prefere isso do que me pedir desculpas, não é? 


Ele havia tocado no seu orgulho. Sakura jamais pediria desculpas. A rosada fechou os olhos e, pela primeira vez naquele dia refletiu.


ㅡ Não pense que isso muda alguma coisa entre a gente. Eu dispenso a sua preocupação comigo ㅡ o fuzilou com os olhos. Deu um intervalo de cinco segundos antes de continuar: ㅡ Passe no DCE amanhã depois do almoço pra pegar a merda da chave. ㅡ e dizendo isso, ela lhe deu as costas novamente caminhando rápida com passos pesados. 


Sabia que tinha deixado um Sasuke sorridente para trás.


Notas Finais


Eu sei que estou enrolando vocês com essa tão cabeluda história por trás do ranço que Sasuke e Sakura tem um pelo outro, mas tudo será esclarecido. Detalhes sobre como ele levou ela pra casa vão vir no próximo capítulo com a narrativa focada no Sasuke.

Hinata e Naruto hein? Será que ela vai ajudar ele de alguma forma? Beijo entre eles não vai demorar muito não kskksks

Enfim, quero agradecer demais aos comentários, favoritos e listas de leituras... perdoem a autora por ser tão ausente e não desistam de mim 😔 beijos ♡


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