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História Redemption - Capítulo XXI - Fraternal Disagreement



Notas do Autor


Olá, olá! Tudu pom com vcs? ♥
Aqui estamos nós com mais um capítulo! Não estranhem, esse capítulo estava pronto há séculos, então só tava esperando dar uma semana pra postar aheuahuehaue'
Irmãos são irmãos, né? Mesmo aqueles que acabaram de se conhecer. Sempre tentando se matar, isso é a vida. ahsuahsua'
Mas esse capítulo era muito importante para a construção dessas duas personagens! Então, boa leitura! ;)
PS IMPORTANTE: minha memória de Dory esqueceu de colocar as imagens de Kari e Misha no cap passado. Então está nas notas finais!
~Marima
*~*~*
Eu me lembro de começamos esse capítulo como se fosse ontem... pois é, mas n foi, já faz três anos que o plot pra esse cap tá pronto e é com alegria e alívio imensos que finalmente compartilhamos isso com vocês! Muitas emoções vem por aí. Espero que gostem e boa leitura!
~Nina
*~*~*
Meus samurais, meus samurais
Como vão?
Chegamos finalmente a um dos pontos tensos q planejamos há um tempo, mas não se preocupem, coisas bem piores virão em breve AHUAHUAHUAHUAHUA
Boa noite e boa sorte!
E boa leitura 💗
~Ginko

Capítulo 22 - Capítulo XXI - Fraternal Disagreement


Fanfic / Fanfiction Redemption - Capítulo XXI - Fraternal Disagreement

Depois que Mayah apresentou a casa para todo mundo, eles jantaram e quando deixaram a sala de jantar já eram quase dez da noite — a conversa tivera fluído bastante. Desse modo, Rose levou os visitantes para saberem quais seriam seus aposentos.

Embora a casa tivesse seis quartos disponíveis, apenas quatro foram usados, por vontade deles mesmos, que não queriam dar mais trabalho do que já estavam dando — tiveram que insistir bastante pra Mayah aceitar tal coisa. Shinpachi, Katsura, Hasegawa, Hijikata e Sougo dividiriam um quarto — sim, o quarto era grande o suficiente pra comportar os cinco e ainda sobrar muito espaço, como todos os cômodos daquela casa, aparentemente. Otae e Kondou ficaram em outro, já que a dona da casa insistiu que assim fosse, ela jamais admitiria que um casal fosse obrigado a dividir o quarto com outras pessoas dentro de sua casa. Shouyou iria ficar com seus discípulos restantes, Dango e Takasugi, bem como com Kagura e Souichiro. Assim, todos se sentiam bem acomodados.

Gintoki ainda não havia chegado. Ligara avisando que depois de levar Misha em casa foi até a sede da Shinikayou, à pedido de Kasai. Por esse motivo, chegaria um pouco mais tarde, embora pretendesse não demorar muito. Ainda assim, mesmo que não fosse tão tarde, todos estavam exaustos pela longa viagem. Por isso, àquele ponto a matriarca já supervisionava o preparo das crianças para dormir, enquanto os outros visitantes se ajeitavam nos quartos preparados para eles.

— Assim que acabarem de escovar os dentes quero todos direto na cama, me ouviram?

As quatro crianças assentiram para Mayah. Mayume cuspiu a pasta da boca para responder um "Hai" antes de continuar a escovação. A mulher ainda ficou na porta uns segundos, encarando com desconfiança os filhos, mas no fim rendeu-se ao cansaço e rumou para seu próprio quarto. De qualquer modo, Rose estava por perto.

— Boa noite.

— Boa noite ― dessa vez os quatro responderam.

Assim que fizeram bochecho e guardaram as escovas, o quarteto marchou em fila para fora do banheiro, fazendo Rose segurar uma risada. Se com três eles já eram bonitinhos fazendo as coisas juntos, agora com quatro a fofura parecia ter aumentado.

— Boa noite, Rose — Satoshi desejou ao passar pela governanta, rumo à sua cama.

— Boa noite. — Sayuri repetiu os gestos do irmão.

— É, b-boa... — Mayume se interrompeu ao bocejar. — Boa noite, Rose.

Dango, porém, encaminhou-se para fora do cômodo, em busca do lugar que dividiria com Shouyou, já que a divisão dos quartos fora feita enquanto ela e seus irmãos tomavam banho e se aprontavam para dormir.

— Dango-chan — Rose a chamou. — Eu te acompanho até o quarto. Venha comigo.

A menina assentiu com um pequeno sorriso e estava para seguir a empregada, quando foram interrompidas no ato.

— Eh? Dango, você não vai ficar com a gente? — O sono de Mayume pareceu desparecer.

Com passos rápidos, ela alcançou as duas e pegou a mão da albina.

— Vem, você vai dormir no nosso quarto.

Dango e Rose olharam com surpresa para a pequena, que tentava puxar a maior pela mão. Satoshi, por sua vez, já sentado em sua cama, arqueou uma sobrancelha, mas não estava de verdade surpreso com o comportamento da irmã. Já Sayuri, franziu o cenho em desagrado.

— Hã... Não sei se é uma boa ideia, Mayume-chan — declarou Dango.

— Por que? — perguntou com os olhinhos pidões. — Não tem problema, né? Satoshi-nii-san, Sayuri-nee-san, Rose — apelou para os três.

Rose balançou a cabeça em negação. Realmente, não teria problema nenhum.

— Bom... tudo bem então. — Suspirou, se rendendo.

— Yey! — Mayume sorria dando pulinhos no lugar, ainda segurando a mão da mais velha. — Então, Rose...

— Não.

Todos olharam automaticamente para Sayuri. A menina tinha os braços cruzados e olhando brava para Dango.

— Não, você não vai dormir no nosso quarto — especificou a frase.

— Sayuri-nee-san... — Mayume murmurou, enquanto Satoshi ficou bem quietinho em seu canto.

Não tinha nada contra Dango, mas também não tinha nada a favor ao ponto de entrar numa briga com sua gêmea.

— Nós dividimos o quarto porque somos irmãos, e não é por ser filha do nosso pai que você é nossa irmã.

— Sayuri-chan! — Rose repreendeu, com fervor. — O que pensa que está dizendo?

A menina, no entanto, apenas bufou e virou o rosto, se aproximando mais de sua cama a passos duros. Quando estava prestes a subir no móvel, porém, foi impedida por alguém a puxando de volta pela gola do pijama.

— Aonde pensa que vai? — A voz de sua mãe ecoou sobre sua cabeça.

Mesmo sem olhar para a mais velha, podia sentir cada célula de seu corpo temerosa pelo tom que ela usara. Ainda assim, o orgulho não a deixou se abalar.

— Vou dormir!

— Vai mesmo, mas não será aí e será somente após pedir desculpas a Dango.

— Eu não vou pedir desculpas a ninguém! — Cruzou os braços, emburrada.

— Não vai? — Sayuri logo percebeu o tom de ameaça ainda mais acentuado na voz da mulher. — Tudo bem, então. Seu pai irá ficar muito feliz em saber disso.

A pequena não deu o braço a torcer, mas agora era muito mais visível que as lágrimas começavam a chegar em seus olhos.

— Vá se deitar — ordenou Mayah, firme.

A garota voltou a se preparar para subir no colchão, mas novamente foi puxada pela mãe.

— Eu disse que não seria aí — repetiu, deixando a moreninha confusa por um instante, mas logo compreendendo o que ela queria dizer.

— É meu quarto! — gritou, agora deixando as lágrimas escorrerem. — Você não pode fazer isso!

— Não é você que está incomodada com o fato de Dango dormir no quarto com vocês? — Levantou as sobrancelhas. — Pois então, já diz o ditado: os incomodados que se mudem — concluiu, encarando seriamente a filha. — Rose, — Voltou-se para a governanta. — leve Sayuri para o quarto livre. Dango irá dormir com Satoshi e Mayume.

— Sim senhora. — Apressou-se em se aproximar de Sayuri, que encarava a mãe perplexa.

— Vocês não vão me obrigar a aceitar ela assim! — explodiu mais uma vez.

— Qual é o seu problema?! — Dango questionou antes que a garota continuasse. Agora ela também estava brava, mais do que já tinha ficado com a primeira explosão da meia-irmã.

Sayuri a mirou novamente.

— Como é?

— Você me ouviu! — Dango não controlava seu tom de voz. — Você acha que eu estou gostando de estar aqui?! Que eu estou adorando ter minha vida virada do avesso só porque meu pai biológico apareceu do nada?! Para de achar que você é a única incomodada com a situação, porque não é!

Agora os olhos surpresos estavam todos pousados em Dango, enquanto a menina respirava algumas vezes para recuperar o fôlego e se acalmar. Satoshi passava os olhos dela para Sayuri. Essa, por sua vez, voltava a remoer calada tudo o que queria dizer desde que tudo aquilo começara, provavelmente com medo das consequências que suas próximas palavras pudessem trazer; principalmente pelo fato da última pessoa que ela gostaria que chegasse na hora, estar agora à porta, no corredor.

Dango então soltou um suspiro.

— Não precisa se incomodar, Mayah-san. — Com um olhar culpado, dirigiu-se à Mayume. — E Desculpe, Mayume-chan, a gente se vê amanhã, ok? — Então virou-se para retomar o passo para fora do quarto, mas logo surpreendeu-se por dar de cara com Gintoki.

Sua expressão estava séria e parecia mesclar muitas coisas ao mesmo tempo.

— Fique com Satoshi e Mayume, Dango — pediu calmamente, embora ainda sério. — Por favor — acrescentou, vendo que a menina relutava. — Rose, leve Sayuri para o outro quarto. Acho que uma noite sozinha será o suficiente para ela pensar melhor sobre o que acabou de fazer. — Encarou a filha, que baixou sua cabeça fungando; o rosto ainda sendo lavado pelas lágrimas.

Rose então aproximou-se da gêmea, pegando-a pelas mãos e guiando-a pelos corredores. Mayah, por sua vez, ficou no quarto para colocar os três para dormirem. Satoshi demorou-se alguns segundos mais sentado, observando sua irmã sendo encaminhada para outro cômodo, mas logo ajeitou-se debaixo das cobertas.

Gintoki ficou ali, parado por alguns instantes, antes de decidir-se ir para seu próprio quarto. Precisava de uma boa hora debaixo de uma ducha. Talvez lá alguma ideia de como resolver aquilo surgisse.

(...)

Fazia quase uma hora desde a confusão entre ela e Dango. Sayuri estava no quarto de hóspedes, já debaixo das cobertas, ainda acordada, virada de costas para a entrada. Desde que fora deixada ali por Rose, tentava conter o choro, mas ele sempre voltava. Naquele momento, fungava baixinho, sentindo a cabeça começar a doer.

A moreninha não costumava desabar em lágrimas por qualquer coisa, mas daquela vez tinha acontecido algo que ela sempre detestava que acontecesse e evitava ao máximo: decepcionara seu pai.

Ela sequer entendia direito o que a levara a falar todas aquelas coisas ridículas. Não era exatamente como se sentia. É claro que Dango era sua irmã, por mais que fosse de outra mãe. No entanto, não estava gostando de toda aquela situação.

Não estava mesmo.

Fungou mais uma vez, apertando a coberta contra si; mas assim que ouvira a porta sendo aberta, tratou de conter o choro. A porta fora fechada mais uma vez e passos leves ecoaram no tapete; logo sentiu o peso de alguém no colchão, mas era muito leve pra ser um de seus pais.

— Vai embora — mandou enquanto sentia o intruso entrar debaixo de sua coberta também.

— Não quero. — A voz de seu gêmeo ecoou. — E não é uma nanica magrela que nem você que vai me colocar pra fora daqui.

— Porque você é muito grande! — ironizou, indignando-se.

— Sou dois centímetros maior que você. — Deu de ombros, deitado.

— Sai daqui, Satoshi~ — Virou-se de frente para o irmão, o empurrando.

— Já disse que não. — Permaneceu no lugar, mesmo que sendo sacolejado pelos empurrões.

— Argh! — A outra bufou, desistindo e voltando à posição inicial. Passaram-se alguns instantes até que ela cortasse o silêncio mais uma vez. — Eu não preciso que você tenha pena de mim ― sussurrou, segurando as lágrimas que queriam voltar a aparecer.

— E quem te disse que eu ‘tô com pena de você? — respondeu com uma pergunta. — Eu só não estou acostumado a dormir no quarto sem seus roncos — debochou, mas como consequência foi atingido com força por um travesseiro.

— Sai daqui, seu idiota!! — xingou ainda mais indignada, fazendo-o rir, mas os golpes não cessaram.

— Ai, ai, ai, Sayuri! Para! — pediu colocando os braços sobre o rosto, como proteção. — Para, sua maluca! — gritou, pegando o travesseiro em mãos e empurrando-a contra a cama.

Ela bufou novamente e permaneceu deitada de barriga pra cima, enquanto o outro voltava a se ajeitar. O silêncio voltara a reinar por mais alguns minutos.

— Né, Satoshi — sussurrou mais uma vez, chamando-o. — O que tem de tão errado comigo? — questionou já com a voz embargada.

— Como assim?

— Por que eu não consigo mais orgulhar o papai?

— Do que você tá falando, sua esquisita? De todos nós de quem mais o papai fica orgulhoso é você. De mim que não é — gozou de si mesmo, querendo arrancar um sorriso da irmã e o conseguindo, embora tivesse sido um meio sorriso um tanto lacrimoso demais pro gosto dele.

— Não é o que parece — voltou a sussurrar, baixando o olhar.

— Pois você é que é estranha e tá vendo coisa aonde não tem. — Fez careta, mas assim que percebeu que as lágrimas começavam a se tornar mais abundantes, puxou-a pelos ombros, apertando-a contra si. — Tira isso da sua cabeça, maninha. Só você tem essas doideiras. — Usou o mesmo tom de voz da moreninha para falar.

Ele não sabia dizer ao certo, mas até perceber que ela havia dormido depois de tanto chorar, e ele próprio estar caindo de sono, passara-se um bom tempo. Assim sendo, não demorou muito a adormecer depois de tê-la ajeitado melhor em seus braços e ajeitado a si mesmo.

(...)

Enquanto Satoshi tentava acalmar sua gêmea, Gintoki saíra do banho e agora se encaminhava para o quarto das crianças, decidido a conversar com Dango ainda naquela noite.

Com Sayuri falaria na manhã seguinte, antes de voltar para Edo. Sem dúvidas seu eu pai coruja e até super-protetor clamava para ir até ela ainda naquele dia também e dizer que tudo o que estava passando por sua cabecinha era unicamente dali, de sua cabecinha. No entanto, para o próprio bem dela, era melhor que não a procurasse primeiro; caso fizesse isso, poderia estar a mimando mais do que deveria.

Assim sendo, Dango era a única com quem ele falaria por agora e é o que pretendia fazer quando abriu a porta do quarto e observou brevemente o interior escuro, iluminado apenas pela luminária sobre um dos criados mudos entre as camas, o qual deixava estrelas douradas espalhadas por todas as paredes e pelo teto — coisa de Mayume. Logo viu que havia duas camas vazias, e não apenas uma. Lembrou-se de chamar a atenção de Satoshi no dia seguinte por ter desobedecido.

Com cuidado para não acordar Mayume, aproximou-se do beliche, aonde sua filha mais velha estava deitada na parte superior, virada para a parede. Perguntou-se se ela já estaria dormindo, mas assim que ouviu o leve fungar percebeu que não.

— Dango — chamou baixinho, agora perto da cabeça da menor.

A menina virou-se levemente surpresa pelo chamado; não ouvira quando ele entrara.

— Pai... — respondeu também baixinho, logo tratando de passar a mão no rosto.

Ela já não chorava mais há alguns minutos, mas as bochechas ainda estavam úmidas.

— Podemos conversar? — pediu cuidadosamente, a vendo sentar-se enquanto acenava afirmativamente com a cabeça.

Para não ficar em um nível de altura muito diferente do dela, Gintoki subiu sobre a cama, sentando-se ao seu lado.

— Primeiro, eu queria te pedir desculpas pela atitude da Sayuri. Ela foi muito mais do que mal-educada com você — repreendeu a filha, mesmo que ela não estivesse ali, numa expressão endurecida, demonstrando que realmente desaprovava vigorosamente a atitude.

Dango, no entanto, negou com a cabeça, tentando manter um olhar desinteressado.

— Não tem importância — mentiu.

Ouvir aquilo de Sayuri, que ela não era irmã deles, doera mais do que a albina gostaria de admitir. Seus sentimentos quanto a Gintoki ainda eram um tanto confusos e ela nem sabia o que podia sentir em relação à Mayah. A única segurança que teve ao vir para Aokigahara, além do fato de sua família de Edo acompanhá-la, era a amizade que formara na última semana com as três crianças. Ou melhor, com Satoshi e Mayume, já que pelo visto Sayuri não sentia o mesmo.

— É claro que tem — contrariou calmamente. — Ninguém ouve esse tipo de coisa e consegue ignorar, por mais que se queira.

Ela, porém, não teve uma resposta oral de imediato. A albina o olhou por alguns instantes, mas assim que sentiu os olhos marejarem puxou as pernas para mais próximo do corpo, abraçando-as e escondendo o rosto entre elas. Gintoki permaneceu em silêncio, esperando o momento em que ela estaria pronta para voltar a falar.

Esse veio após uns dois minutos.

— E... E se tiver doído? O que eu faço?

O mais velho recostou-se à parede, soltando o ar antes de responder.

— Sente a dor, — Pausou por um momento. — e tenta perdoar quem te machucou. Ao menos é o que eu faço.

Mais alguns instantes de silêncio.

— Escute, Dango. Eu imagino o quanto deva estar sendo difícil para você toda essa situação, assim como está sendo difícil para Sayuri. A diferença é que você está encarando as coisas de forma muito mais madura que ela; e eu confesso, isso provavelmente é por minha culpa. Novamente, peço desculpas por isso.

Ainda abraçando as pernas, a menina girou o rosto para fita-lo, com os olhinhos marejados acompanhados de um sorriso tristonho.

— Está tudo bem. — O sorriso se foi. — Não brigue com a Sayuri, por favor.

— Não vou, mas ainda terei que ter uma conversa bem séria com ela — respondeu ainda calmamente. — E quero te pedir uma coisa.  Não fique se corroendo pelo que ouviu, porque foram palavras da boca pra fora. Você é irmã dos quatro, sim, assim como é minha filha. E independente do que você decidir sobre aonde viverá, quero que isso fique muito claro pra você, Dango. — Olhou-a de modo fixo.  — Não creia no contrário somente porque ela lhe disse isso em um momento de raiva. — Soltou o ar novamente. — Sayuri é inteligente, e muito mais madura do que isso. Mas tem um gênio complicado, e pra certas coisas age de forma bem... Mimada. — Fez uma leve careta. — Como eu disse, inteiramente minha culpa. — Sorriu de lado brevemente, meio culpado. — Mas ela terá que lhe pedir desculpas sim, e tenho certeza que já deve ter se arrependido do que fez e falou. Por isso, tente aceitá-las, tudo bem?

— Eu irei. — Sua resposta e seu sorriso foram sinceros; uma lágrima de alegria pelas palavras de seu pai escorreu por seu rosto.

Em momento algum pensou em não perdoar Sayuri, mesmo se ela não pedisse desculpas; podia até dizer que já a perdoara agora que a raiva que sentira no momento passara. O que temia, na verdade, é que a de cabelos chocolates não quisesse aceitá-la ainda assim. E nisso Sayuri estava certa, ninguém poderia força-la a aceitar a existência de Dango ou a presença dela ali. Os únicos que poderiam cuidar disso eram o tempo e elas mesmas.

Gintoki, por sua vez, agradeceu sorrindo simples, e então afagou de leve os cabelos de cor idêntica aos seus.

E Dango se sentiu tão confortável com aquele carinho, com as palavras anteriormente ditas, que não se conteve em abraçar o pai, querendo sentir mais daquele carinho paterno que conhecera há tão pouco, mas de que tanto gostava.

Somente ficou assim uns dez segundos, porém, afastando-se assim que seu impulso passou. Desviou os olhos, um pouco constrangida por sua ousadia e acabou não notando o pequeno riso que Gintoki soltou.

Sem dizer mais nada, ele desceu da cama e, já de pé, levantou a coberta pra que a filha pudesse se deitar de novo.

Assim que Dango o fez, cobriu-a, despedindo-se.

― Boa noite e bons sonhos ― desejou, ouvindo ela responder um "você também", abandonou um leve beijo sobre os fios brancos e então caminhou em direção à porta, para ir ele mesmo também se deitar.

Na manhã seguinte seria a vez do outro lado da história.

(...)

Eram 8:20 da manhã. Satoshi e Sayuri dormiam um sono bastante profundo, meio emaranhados entre eles e os lençóis, aproveitando a penumbra total do quarto, já que a cortina permanecia muito bem fechada. Provavelmente, se dependesse dos gêmeos, continuariam dormindo até a hora do almoço, considerando o quão cansados da viagem no dia anterior estavam e ainda que haviam ido dormir muito mais tarde do que estavam acostumados. No entanto, nem tudo na vida é como a gente quer, e aquela era exatamente uma dessas situações.

Sem acordarem com a porta se abrindo, só perceberam a presença intrusa no quarto quando as cortinas foram completamente abertas, sem aviso prévio. Foram acordados imediatamente com os raios solares já fortes atravessando a sacada e alcançando-os. Resmungando e apertando os olhos com força, ambos colocaram as mãos contra o rosto.

― Vamos acordar! ― A voz altiva de sua mãe ecoou no quarto. ― Levantem e desçam pra tomar café, daqui a pouco estamos indo pra casa dos seus avós, e quem não estiver pronto à tempo vai ficar pra trás ― avisou aproximando-se da cama e destapando os dois.

Sayuri sentou-se sobre o colchão, bocejando e esfregando os olhos, enquanto o irmão tapava a cara com o travesseiro e virava-se pro outro lado.

― Qual é, mãe... Só mais cinco minutinhos... ― resmungou sonolento, quase dormindo instantaneamente.

― Você tem sorte de ontem seu pai ter me impedido de vir te tirar daqui arrastado pela orelha, moleque! ― Arrancou o travesseiro à força, dando um tapa rápido (mas não menos forte) na nádega esquerda do filho. ― Então não faça por onde eu querer fazer isso agora! ― ameaçou.

― Sim senhora! ― Sentou-se bruscamente, parecendo finalmente acordar com o grito e o tapa da mais velha.

― Anda, desce ― ordenou num tom mais baixo, embora ainda firme. ― Você fica ― deu a ordem agora para Sayuri, que já colocava as pernas pra fora do móvel.

Essa, por sua vez, olhou-a levemente confusa.

― Seu pai quer conversar com você ― explicou brevemente.

― Eu vou esperar eles pra descer então ― Satoshi anunciou de repente, parecendo sério sobre o que havia dito, mas logo se arrependeu do feito.

― Você. Vai. Descer. Agora. ― Mais uma vez sem aviso prévio, tomou o filho pela orelha e saiu do quarto, passando por Gintoki na porta, e arrastando-o corredor a fora, até que alcançassem as escadas.

― Parece que não adiantou muita coisa eu pedir ontem para não fazer isso ― ironizou enquanto observava seu filho ser arrastado reclamando da dor que provavelmente sentia.

― Ela ainda está brava porque de mim, não é? ― perguntou baixinho.

― Sim, está ― confirmou tranquilo, encostando a porta.

― E o senhor? ― Levantou seus olhos para encarar o pai, ainda falando baixo. ― Está?

Ele não respondeu de imediato; antes sentou-se sobre a cama e respirou fundo.

― Não ― finalmente negou, encarando a filha. ― Mas deveria.

A menor, por sua vez, baixou os olhos mais uma vez.

― Gomene ― novamente quase sussurrou, agora com a voz embargada, sentindo a lágrima pingar sobre o dorso de uma de suas mãos cruzadas no colo.

― Não é pra mim que você tem que pedir desculpas, Sayuri ― lembrou-a, embora falasse sério, seu tom era muito tranquilo e suave.

Era óbvio que ela própria já se envergonhava e se arrependia do que fizera; não tinha motivos para tratá-la de forma mais rígida do que aquela.

― Eu sei ― concordou, fungando. ― Eu vou pedir desculpas a ela, mas também tenho que pedir ao senhor, porque... ― Fungou novamente. ― Porque eu te decepcionei.

― Sayuri ― chamou, levantando o rosto úmido pelo queixo, para encará-lo. ― O que está acontecendo? ― Mantinha os olhos fixos nos esverdeados. ― Porque isso não me parece apenas uma crise de ciúmes.

A pequena abaixou o olhar mais uma vez, tentando pensar numa resposta satisfatória, mas a verdade era que não a tinha, e estava ficando confusa ao pensar nisso.

― Eu não sei. ― Encarou o lençol da cama. ― Mas eu gosto de te deixar orgulhoso, papai. ― Voltou a levantar o rosto. ― Por que eu não orgulho mais o senhor? ― perguntou a dúvida que vinha a afligindo há muitos dias, deixando-o confuso.

― Do que está falando?

― Eu não consigo mais orgulhar o senhor com nada do que faço ― explicou com a voz ainda mais embargada, sentindo as lágrimas voltarem a cair. ― Eu preciso fazer mais o quê pra conseguir fazer você voltar a sentir orgulho de mim?

E então finalmente sua ficha caíra. E, céus, como agora ele tinha vontade de socar a si mesmo por não ter percebido antes.

Não, não era uma simples crise de ciúmes e estava longe de ser.

Sem pensar muito mais, puxou-a gentilmente pelo braço, apertando-a contra si, num abraço que, acabara de perceber, fazia muito tempo que não dava.

― Me desculpe por não ver isso antes ― desculpou-se, ainda apoiando a cabeça dela sobre seu peito; as lágrimas dela molhavam seu kimono. Somente depois de alguns minutos cortou o silêncio. ― Eu não preciso de nenhum motivo a mais pra te amar, Sayuri. É claro que me deixa feliz saber que você se empenha para me orgulhar, mas eu não preciso disso pra te amar do jeitinho que você é. Você é minha filha; só isso já basta... mochi-chan ― concluiu baixinho, com seu apelido carinhoso.

Sentiu as lágrimas da pequena se tornarem mais abundantes e por isso mesmo a apertou mais forte, encostando seu queixo sobre os cabelos chocolates. Esperou por muitos minutos até que ela se acalmasse, até que quando isso aconteceu, sentiu-a afastar-se devagar, enxugando o rosto molhado. Tirou então os cabelos grudados na bochecha rosada e sorriu, recebendo um sorriso meio lacrimejante de volta, mas ainda sim sincero. Guardando a pequena mão esquerda dentre suas próprias mãos, deu continuidade a sua fala.

― Escute, eu sei que está sendo tudo confuso demais, mas eu realmente preciso que você me entenda por esse lado ― pediu calmamente, procurando as palavras com certa cautela. ― Eu estive aqui para vocês desde que nasceram, os vi falar as primeiras palavras, dar os primeiros passos, acompanhei o crescimento de vocês desde que vieram ao mundo. Mas isso não aconteceu com Dango. Por mais que ela tenha crescido envolta de tanto amor quanto vocês, ele não veio de mim por todos esses dez anos. E é por isso que eu preciso tentar recuperar esse tempo perdido agora, não acha? ― Olhou-a nos olhos, certificando-se que ela entendia. ― E isso nunca significará que te amo menos ou mais que ela ou qualquer um dos seus irmãos. Tudo bem? ― perguntou, recebendo a confirmação em um meneio de cabeça da mais nova. Sorriu mais uma vez. ― Agora acho melhor descermos, antes que sua mãe venha nos arrastar pela orelha também.

Comentou irônico, fazendo-a rir de forma contida.

― Hum! ― concordou sorrindo, mais uma vez esfregando o rosto para mandar embora as lágrimas e o tom choroso, e então desceu da cama para do outro lado dessa pegar na mão do pai e descerem para o andar térreo.

Ela sequer entendia direito ou o percebia, mas sentia seu coraçãozinho muito mais leve do que sentia em dias.


Notas Finais


Misha: https://i.imgur.com/ayRNV6A.jpg
Essa é a Kari IDÊNTICA ao que eu imagino, mas com 30 anos: https://i.imgur.com/eZN9qDF.png
Essa seria a Kari com 17 pra 18, mas o tom de cabelo é o da imagem acima: https://i.imgur.com/4vjWy9s.jpg
E essa é mais ou menos a Kari, com uns 12 anos: https://i.imgur.com/FUj9vad.jpg
Imaginem aí então como ela é aos 9 pra 10 anos kkkkk
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Espero que tenham gostado! Um grande beijo e até o próximo! =*


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