“Eu estive acordada a noite toda, querendo ficar rica
Estive trabalhando nessa minha merda
Ordenhando todo o jogo duas vezes, você tem que ver como eu vivo
Estive trabalhando nessa minha merda
Agora comece este trabalho”
Work – Iggy Azalea
O toque do despertador soava pela terceira vez naquela manhã de segunda-feira, mas parecia estar a milhares de quilômetros de Marie. Apenas no quarto toque Marie acordou. Com um pulo, ela sentou-se na cama, olhando para o relógio digital ao seu lado, sobre o criado-mudo, ela estava atrasada. Marie olhou para o relógio de ponteiros na parede a sua frente, ela estava, realmente, muito atrasada.
Marie correu para o banheiro, literalmente. Tomou um banho rápido, apenas para dizer que o tomou. Após tomá-lo, pegou as primeiras peças de roupa que viu pela frente e as vestiu. Pegou a primeira bolsa que viu, e nela colocou o que achou necessário levar para o estúdio de filmagens. Anchaelor estava pronta, digo, quase pronta. Faltava apenas a pulseira, quase insignificante, mas com um valor sentimental enorme. Como sempre, não conseguia colocá-la com facilidade, ainda mais depois de ver a marca roxa que circulava seu pulso, mesmo uma semana depois do ocorrido, a marca ainda estava bem visível. Após colocá-la, pegou a chave da cobertura e trancou a porta, encontrando-se no corredor. O elevador estava parado em seu andar. Seria hoje o dia em que Marie enfrentaria um de seus traumas? O elevador estava, realmente, muito convidativo. Mas Marie era fiel às escadas. Anchaelor desceu-as rapidamente, as vezes pulando um ou dois degraus. Até chegar ao estacionamento, quase sem fôlego, após descer dezoito andares de escada.
(...)
– Marie, bom dia! – Kate desejou.
– Taylor já chegou? – Marie cumprimentou a melhor amiga, a qual era recepcionista do estúdio.
– Bom, ainda não o vi me ignorando, então suponho que não.
– Ótimo, terei dez minutos para respirar. – caminhou até a máquina de café, pegando um copo.
– Seu mecânico gostoso passou aqui, hoje mais cedo. – Kate apoiou-se na bancada da recepção.
– O que Kyle queria?
– Ele disse que seu carro já está pronto. Ele até tentou te ligar, mas como sempre, caiu na caixa de mensagens. Você precisa tirar seu celular do silencioso.
– Você já tentou viver a minha vida? Pois eu te garanto, você ficaria louca com essa merda apitando a cada dois segundo.
– Espero que o celular dele não fique no silencioso também...
– Celular de quem?
– Do seu mecânico maravilhoso.
– Kate, Kyle é casado e tem três filhos.
– E quem disse que eu ligo? Marie, eu só quero um pouco de diversão.
– Mas você sabe que essa sua “diversão” pode acabar no divórcio de um casal muito querido por mim.
– Onde chegamos, não é mesmo? Minha melhor amiga torcendo contra mim. E, ah, esse negócio de causar divórcios costumava ser do seu feitio.
– As vezes acho que eu deveria ter deixado você cair do balanço na quarta série.
– As vezes eu acho que deveria ter desistido de você no Jardim I.
– Mas nós não nos conhecíamos no Jardim I.
– Por isso mesmo.
– As vezes eu acho que você e a Eliza deveriam ser melhores amigas.
– Eu odiava a Eliza. Afinal, quem gosta de falsas?
– Por isso mesmo.
– Tudo bem – fez uma pausa – , espero ter entendido errado. Muito errado. Você joga sujo, Anchaelor.
– Ninguém mandou provocar.
– Mas então... não vai me falar nada sobre seu namorado novo, senhorita Anchaelor? – Kate pegou um copo de café.
– Do que você está falando, Boslon? – Marie pegou seu celular e sentou-se no sofá cinza.
– Qual é, Anchaelor? Já está em todos os sites possíveis e impossíveis.
– O que está em todos os sites? Ai, esse café está quente demais.
– Espere um pouco...
– Ok... Kate, por que há tantas pessoas me xingando no Twitter? – perguntou ao ver as inúmeras notificações.
– Por isso: “Marie Anchaelor e Liam Payne estariam tendo um caso?”
– Mas é o que? – Marie jogou o café no lixo.
– “Marie Christina Anchaelor (vinte e sete) e Liam Payne (vinte e sete) estariam saindo juntos? – leu Kate – A atriz foi vista no carro de Liam na noite passada, após a premiação, a qual Marie apresentou. A atriz também foi vista na casa de Liam após isso.”
– O que? Mas eu nem tenho vinte e sete anos! – Marie levantou-se do sofá. – Contar que eu fui a primeira a sair daquela merda de festa eles não contam, não é mesmo?
– Você ainda não ouviu isso: “Durante toda a festa, Liam e Marie não largavam um ao outro. Todos lá sentiram o clima.”
– Clima de que? Eu sinto clima de The Sunrise. Kate, todos lá estavam tropeçando em seus próprios pés, bebendo como loucos, fumando como loucos, enxergando como loucos.
– Você sabe que você já foi louca. – sussurrou Kate.
– O que você disse? Você mesma, mais que ninguém, sabe que eu não estava louca. Eu realmente os via e ouvia. Você não precisou passar pelo o que eu passei, então não pode opinar sobre minha sanidade. – pegou sua bolsa – Agora eu preciso trabalhar. E eu realmente espero que Taylor chegue aqui “rodando a baiana”. Tenha um péssimo dia, senhorita Boslon.
– Eu estava brincando, Marie.
– Brincou com o assunto errado. – Marie caminhou para dentro do estúdio.
Marie estava participando de um seriado, Lost Memories, o qual falava sobre uma garota, a qual perdia a memória, e após isso é induzida a acreditar nas coisas em que uma enfermeira a fala, pelo menos ela achava que era uma enfermeira.
Várias cenas foram gravadas naquele dia.
Marie estava completamente exausta. Subiu os seus dezoito andares de escada. Alguns dos vizinhos a chamavam de “louca”, ela, apenas de “prevenida”. Anchaelor abriu a porta de seu apartamento, correndo para o chuveiro. Por mais que ela amasse seu trabalho, aquilo lhe cansava. Mas nada superava o maravilhoso sentimento ao final do mês, e ele era causado por apenas um motivo: os zeros em sua conta bancária que sempre aumentavam.
Após seu – merecido – banho, Marie foi à cozinha. Lá preparando um chá, uma de suas bebidas favoritas. Após isso foi para seu quarto, junto ao imenso script.
E essa era sua rotina depois do trabalho. Horas e horas lendo falas, até seus olhos cansarem e sua mente não conseguir raciocinar.
Eram, aproximadamente, dez horas quando o telefone fixo tocou no escritório.
– Alô.
– Olá, senhorita Anchaelor, liguei apenas para dizer que daqui meia hora eu, sua melhor amiga, estarei te esperando na porta do seu prédio.
– Vai me levar pra jantar? Que ótimo, porque eu estou faminta.
– Nós vamos à uma festa, Marie. Coloque a roupa mais curta que você tem no seu closet.
– Se é isso... eu prefiro ficar em casa com meus scripts e marca textos coloridos.
– Meia hora, Anchaelor.
– Eu já disse que nã... vadia, desligou na minha cara.
(...)
– Diga à ela que estou descendo. – desligou o interfone.
Marie pegou seus saltos ao lado da porta e saiu do apartamento. Descendo os dezoito andares, pela escada, claro.
– Eu realmente pensei que teria de subir lá e te vestir. Achei que não viesse.
– Se eu não viesse aqui embaixo você subiria lá e bagunçaria toda a minha casa.
– Bagunçaria mesmo, agora vamos, o táxi está lá na frente nos esperando.
– Até mais tarde, senhor McCoy! – Marie despediu-se do porteiro de seu prédio.
– Ela quis dizer “até amanhã”, senhor McCoy. – disse Kate.
O senhorzinho apenas sorriu. Acenando para as jovens que saiam do prédio.
– Eu ficarei lá até meia noite, no máximo, amanhã tenho que trabalhar, sem contar que ainda é segunda-feira, dia de ficar em casa e reclamar.
– Você quem sabe. Só por eu ter conseguido te tirar de casa em dia de trabalho já estou contente. E a propósito, adorei o seu look gótico, te deixa com um ar de “perigosa”.
– Eu só estou de preto. Isso não quer dizer que eu seja gótica, muito menos perigosa.
– Tanto faz, hoje eu pago tudo pra você.
– Não vou questionar, né. Essa frase soa tão bem vinda de você, Kate. O que acha de dizê-la mais vezes?
– Capricorniana...
(...)
– Kate, essa fila tá muito grande. – elas haviam chegado à fila do club.
– Não tem problema, nós esperamos.
– Se eu tirar meu salto e pisar no chão, e depois colocar o salto de volta...
– O que tem?
– Eu ficaria com chulé se fizesse isso?
– Credo, Marie. Além de chulé, você vai ficar com os pés sujos.
– Ninguém irá ver meus pés mesmo...
– Ah se vão. Principalmente aqueles paparazzi ali. – Kate apontou com a cabeça.
– Ah, então eles também vão ver que eu não depilei minhas pernas. – Marie colocou sua bolsa e frente ao rosto.
– Agora você usa a sua fama pra entrar sem ter que ficar na fila.
– Eu não vou fazer isso, Kate. Vamos esperar aqui na fila, como todas as pessoas normais.
– Pessoas normais não têm suas vidas gravadas por uma câmera quase vinte e quatro horas por dia.
“Onde está o Liam?”
– Liam quem? – Marie perguntou à Kate.
– Seu “namorado”.
– Ele não é meu namorado! – Marie elevou seu tom de voz.
“Você está mesmo grávida?”
– Grávida? O que? – Anchaelor abaixou sua bolsa e olhou para os paparazzi.
“Não gostamos de falar sobre nossa vida pessoal” – Marie e Kate foram puxadas para o meio da multidão, estavam sendo levadas para dentro do club.
Os ouvidos de Marie encheram-se com o som alto.
– Obrigada, Kate. – Marie sentou-se num banco.
– Não há de que – uma voz mais grossa falou.
– Você tá tomando “bomba”, Kate?
– Ela não parece estar tomando “bomba”.
– O que? – olhou pra cima – o que você tá fazendo aqui? Saia de perto de mim. – Marie levantou do banco.
– Eu preciso falar com você. – ele puxou-a para um canto onde o som era menos alto.
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