História Regras do Jogo - Five - Titanium

Five - Titanium

Zlatan on

Em alguns minutos tudo que se ouvia eram as sirenes e um burburinho de pessoas ao redor da sala da Juny. Sinto uma mão me afastando dela e um homem de branco imobilizando o corpo da Juny e com a ajuda de alguns enfermeiros ela foi movida para uma daquelas camas de carregar gente desmaiada. Quando percebi que eles estavam saindo fui imediatamente atrás entrando no meu carro e seguindo a ambulância. Só me dei conta que havia saído com a roupa do treino quando saí do carro na porta do hospital e vi minha imagem refletida nos vidros, saí tão desnorteado que só trouxe o celular porque havia esquecido ele dentro do carro. Me dirigi à recepção a fim de saber notícias sobre Juny, mas a única coisa que ouvi era que devia aguardar e se possível preencher a ficha da paciente, claro que eu não sabia todas as informações para preencher aquela ficha, mas para minha sorte Pogba chegou alguns minutos depois e trazia a bolsa de Juny, será que era muita invasão abrir a bolsa dela para procurar uma carteira ou agenda? Óbvio que sim, mas foda-se eu nunca fui politicamente correto mesmo, achei a carteira logo por cima, abri os bolsos em busca de algum documento que pudesse usar. Após preencher os dados dela entreguei a bendita ficha para a recepcionista e tentei arrancar alguma informação sobre a minha pequena, mas tudo que aquela inútil dizia era que eu tinha que esperar, por um acaso essa mulher sabe com quem está falando? Eu não tenho que esperar nada, se em meia hora não me derem notícias eu vou invadir aquele quarto e eles vão ter que me falar o que está havendo querendo ou não. Estávamos Pogba e eu na recepção quando ouvimos um casal com os olhos inchados perguntando sobre a Juny e ouvindo a mesma resposta que eu, acho que era os pais dela, me endireitei na cadeira e percebi que eles caminhavam em minha direção.

- Boa tarde. Você é o Zlatan né?- a mãe dela perguntou e eu assenti.- Obrigada por salvar a vida da minha filha.- ela disse voltando a chorar e sendo amparada pelo marido.

- Não foi nada, sua filha é muito especial para mim, eu nunca me perdoaria se algo tivesse acontecido com ela.- eu disse da forma mais agradável que encontrei, não queria deixar estampado na minha cara que eu estava querendo a filha deles.

- Mesmo assim te agradecemos, se você não chegasse a tempo só Deus sabe o que teria acontecido.- o pai dela disse e logo em seguida se levantou, assim como eu, ao notar que um médico se aproximou.

- Familiares de Juny Miercos?- todos nós assentimos, foda-se que eu não era parente, aquele estúpido não precisava saber disso.- bom, as notícias são boas, aparentemente, apesar de, ter recebido fortes pancadas na cabeça, a Juny está bem, todos os reflexos básicos preservados, ela não poderá comer nada até as 20:00 e só poderá receber visitas daqui duas horas.- o médico explicou para todos nós.

- Mas ela está acordada?- eu perguntei, a imagem dela desmaiada em meus braços havia sido apavorante.

- Sim, fica tranquilo rapaz, o crânio da sua namorada parece feito de titânio, ela está muito bem, amanhã deve receber alta, agora preciso ir, qualquer dúvida é só pedir a recepcionista para me chamar.-humpf namorada, bem que eu queria, o médico se retirou e eu finalmente soltei o ar que nem notei estar segurando.

- Eu vou pra casa, qualquer coisa é só me ligar.- Pogba se despediu dos pais da Juny e de mim.

- Você também deveria ir Zlatan, você ainda está com a roupa do treino, vai pra casa, tome um banho e coma alguma coisa, qualquer novidade nós te ligamos.- o pai de Juny me disse.

- Eu vou, mas daqui a duas horas, quando ela puder receber visitas, eu estarei de volta.- respondi me levantando e me despedindo de ambos.

O caminho para casa nunca foi tão longo, eu ficava o tempo inteiro revendo a imagem daquele infeliz sufocando a Juny, seu olhar desesperado, seu corpo mole e inconsciente em meus braços, eu precisava me distrair, liguei o rádio e tocava a música preferida dela, me lembrei do dia em que descobri isso.

Flashback on

Estávamos voltando para casa depois da minha consulta no psicólogo, eu dirigia e fazia palhaçadas para Juny, enquanto ela ria no banco do passageiro, o som estava ligado bem baixo, quase nem dava pra ouvir nada que passava, de repente Juny aumenta o som e começa a se remexer na sua cadeira.

-Eu amo essa música.- ela disse jogando os braços para cima e cantando a música.- You shout it loud but I can't hear a word you say i'm talking loud not saying much. I'm criticized but all your bullets ricochet, you shoot me down, but I get up. I'm bulletproof, nothing to lose, fire away, fire away. Ricochets, you take your aim, fire away, fire away. You shoot me down but i won't fall, i am titanium, you shoot me down but I won't fall, i am titanium.

Flashback off

Quando percebi eu estava com um sorriso bobo nos lábios e enchendo minha cabeça de lembranças boas com a Juny, eu precisava conversar com ela, eu precisava tê-la para mim, e não podia passar de hoje.

Cheguei em casa e subi direto para meu quarto, tomei um banho demorado e vesti uma calça jeans preta e uma blusa também preta, desci pra cozinha e encontrei a D. Mary por lá, a cumprimentei, peguei o prato com a comida que ela me oferecia, me sentei e comi enquanto conversava com Basti no whatsapp, pelo que ele me falou o Marcel seria preso em flagrante e todos nós seríamos chamados para depor, terminei de me arrumar e parti rumo ao hospital, eu já não aguentava de ansiedade, precisava ver a minha ruivinha furacão.

Juny on

Acordei com várias agulhas pelo meu corpo e sentindo uma dor horrível na cabeça, o médico que estava me examinando sorriu pra mim e falou alguma coisa, mas eu não entendi foi nada ,estava me sentindo zonza, eu queria perguntar onde estava Zlatan, fiquei com medo daquele psicopata ter feito algo com ele, mas a única coisa que consegui fazer foi dar uns grunhidos e dormir de novo. Quando eu acordei, havia uma enfermeira no quarto, a dor já tinha passado e ela falou algo sobre visitas. Antes que eu conseguisse perguntar algo a bendita da mulher saiu porta afora, depois de alguns minutos, mamãe e papai entraram naquele quarto cheirando a doença.

- Mamãe.- eu disse já chorando e ela correu para me abraçar enquanto papa envolvia nós duas em seu abraço.

- Oi meu amor.- papa disse.- você se lembra do que aconteceu?- eu assenti, estremecendo e com lágrimas nos olhos.- Bom, agora não importa eu liguei para o Glazer e disse que você voltaria conosco para Londres, ele ficou chateado mas entendeu.

- Pai, eu não vou voltar para Londres, eu tenho um contrato a cumprir, e eu gosto de trabalhar no United, eu vou ficar aqui, de qualquer forma aquele verme não pode mais me incomodar, tenho certeza disso. Eu vou ficar bem.- eu disse convicta.

- Filha, mas quem vai cuidar de você na sua recuperação?- mamãe perguntou visivelmente incomodada.

- Eu vou.- ouvimos a porta se abrir em um rompante e um Zlatan todo de preto adentrar o quarto.- Fique tranquila senhora, a Juny pode ficar em minha casa, a minha governanta ficará a disposição dela o tempo inteiro e eu tbm ficarei quando possível. Eu vou cuidar da Juny igual ela cuidou de mim.- Zlatan disse confiante e eu claro fiquei com as bochechas igual tomates.

- Você tem certeza disso Juny?- papa perguntou e eu assenti rapidamente arrancando sorrisos de minha mãe e de Zlatan.- Tudo bem, como você pode imaginar nós já precisamos partir, íamos esperar até amanhã, mas como você não voltará conosco e graças a Deus não foi nada grave, nós deixaremos você aos cuidados do Senhor Ibrahimovic.- papa disse e já foi se despedindo de mim e de Ibra, mamãe me abraçou apertado e me pediu para me cuidar, fiquei olhando para a porta enquanto ambos saiam e me deixavam com esse pecado de homem.

- Juny, eu quero conversar com você.- Ibra disse parecendo... Envergonhado?! Essa é nova pra mim.

- Diga querido, você sabe que não temos segredos.- eu disse tentando tranquilizá-lo.

-Eu acho que eu te amo.- Ibra disse me encarando.

QUE?! Acho que estou tendo alucinações.