História Regret of my love - Capitúlo 1 - Encarando o passado

Akashi narrando

Arrependimento é uma palavra forte

E um sentimento mais forte ainda 

É quase a única coisa que eu consigo sentir olhando para a mesa cheia de papéis do meu escritório e para a vista que a porta de vidro me dá para o resto do complexo comercial. 

Eu atingi o sucesso profissional muito rápido. Sou CEO de uma das maiores empresas do mundo aos 30 anos, estudei em Oxford, estou cursando o segundo mestrado em Stanford. 

E tudo isso para me arrepender olhando o que eu conquistei. 

Peguei o meu celular, pela trigésima vez no dia e disquei o número dele no telefone, depois de tanto tempo olhando para o seu contato, eu já tinha decorado o número do Kuroko. Fechei os olhos, como é possível ter tanta atitude para desafiar o mercado extremamente concorrido de tecnologia japonês, mas não para chamar um número de telefone?

Fechei os olhos e me reclinei na minha cadeira. Ouvi Jonh, meu secretário bater na porta. Falei, um pouco mais alto do que de costume, que ele poderia abrir a porta em inglês

Ele entrou e agradeceu, dizendo:

-Akashi, você tem uma reunião hoje com o dono da Tsusuia, empresa que vai fornecer as peças para montagem do nosso novo produto. 

-Peça para remarcar para um jantar amanhã, por favor

-Tem certeza? O Dr. Kiachi é muito ocupado. 

-Eu também sou, aproveite e remarque as reuniões internas para o final da semana também. 

-Certo, vou verificar a disponibilidade dos executivos.

-Adie os prazos de entrega dos relatórios deles para amanhã também, assim poderão ter uma flexibilidade maior para a agenda. 

-Certo senhor, algo mais?

-Eu não estou me sentido bem, vou ao médico, por favor, se alguém quiser falar comigo fale que eu estou indisponível. 

-Claro.

-Falando nisso, como estão as aulas de japonês, John? - Ele era americano e, há um ano, veio para o Japão a pedido meu atuar como meu secretário. 

-Eu já consigo recepcionar os clientes em inglês, mas não gostaria de ocupar o seu tempo com erros. 

- Eu já vou indo, não tenha medo de praticar falando comigo. 

Peguei o celular, minha carteira e o paletó que estavam em cima da minha cadeira, saindo do cômodo e descendo a grande escada de mármore que levava ao piso central térreo do escritório. 

Eu não realmente estava me sentindo mal,  só queria um lugar menos tumultuado para pensar. O complexo comercial da empresa não ficava muito longe da praia e os escritórios geralmente tinham visão para o mar, então depois de andar um pouco, tirei os sapatos e sentei em um banco, sentindo os meus pés na areia. Entrei no Facebook, rede social que eu não utilizo há muito tempo, mas eu sabia que ele utilizava.

Pesquisei sobre Kuroko Tetsuya e, sem surpresas, não vi uma única publicação em seu perfil. Como um bom stalker, fui em suas marcações e Aomine Daiki, nosso antigo colega, havia marcado ele em uma publicação havia apenas alguns minutos. 

Entrei na publicação, que era uma foto com duas pessoas, Momoi Satsuki e Kuroko, sentados na praia de mãos dadas. Eu sabia que eles haviam desenvolvido uma relação, mas como ela era irritante, eu não achei que iria para frente. 

Ler o texto sobre ambos  quebrou o meu coração, Era Daiki parabenizando-os pelo noivado. 

Arrependimento é um sentimento forte e nunca esteve tão intenso como agora. Eu tenho uma carreira profissional brilhante, mas o homem que eu tenho certeza que é o amor da vida está noivo.

Sai do facebook e liguei no número que havia digitado antes, Depois de alguns toques, pude ouvir a voz suave de Kuroko atendendo a ligação e, nesse momento, eu senti como se eu não pudesse falar.

-Olá, Kuroko Tetsuya, com quem eu falo?

-Kuroko…

-O que você quer?

-Eu soube do seu noivado... Faz muito tempo que a gente não se fala, eu só queria... Só queria ouvir a sua voz

-Vai à merda Akashi

-Parabéns a você e a Satsuki

-Obrigada

-Me passa algum endereço para que eu possa mandar o presente de vocês?

-Ninguém disse que você seria convidado para o casamento

-Eu queria mandar uma lembrança

-Vou mandar o meu endereço por mensagem. 

Ouvi os bipes do telefone. Ele desligou e eu sou um idiota. Como eu consigo me manter firme negociando preços que serão decisivos para fazer projetos bem sucedidos, mas não consgo falar com esse homem?

E, mesmo depois de 12 anos, ele ainda está chateado comigo. Acho que eu não poderia esperar mais nada. 

Ouvi um bipe de mensagem no celular. Pelo menos, ele havia mandado o endereço. Respondi a mensagem perguntando se a cozinha estava mobiliada e de qual cor era, ele respondeu que não, mas as paredes eram brancas.

Entrei no site de uma loja conhecida de eletrodomésticos aqui no Japão e comprei uma geladeira e um fogão para entregar lá naquele mesmo dia. Provavelmente eles ainda não tem. Pela stalkeada eu sei que acabaram de se mudar. 

Eu sou um idiota e agora eu tenho que lidar com isso. Abri o chat e respondi que o presente chegaria no final da tarde.

Levantei para pegar meu carro no escritório e ir para casa. 

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Chegando em casa, tomei um banho, me joguei na cama e fiquei vendo o celular e resistindo à vontade de tentar descobrir mais sobre a vida dos dois. Como vocês já devem imaginar, eu não consegui e pedi para seguir a Satsuki no instagram. 

Seria inútil tentar o Kuroko porque, mesmo se ele me aceitasse, ele nunca postava nada. Ela era mais aberta à tecnologia. 

Embora seja uma merda descobrir que você acabou de perder o amor da sua vida por, no mínimo, vários anos, eu nunca gostei de autopiedade. Pelo menos não estando sóbrio. 

Coloquei uma calça jeans e uma camisa que não é social, peguei o celular, algum dinheiro e sai de casa, sem saber muito bem para onde eu estava indo. 

Peguei o carro e segui pelas ruas de Tokyo, sem muito rumo, para a região onde a vida noturna costuma ser mais aflorada.  Parei o carro e entrei em uma das primeiras casinhas com luz de neon que eu vi. 

Depois de entrar lá, vou ser bastante sincero que eu não me recordo muito do que aconteceu. Eu lembro que eu tomei um copo de Whisky e dois shots de Vodka e comecei a conversar com uma menina e dançar igual um louco. 

Chegou um ponto da noite, que eu não sabia o que eu estava fazendo, eu só estava me mexendo na pista de dança e sentindo a tontura gostosa do álcool. Os trens no Japão funcionam apenas até as 12:00, então ela teve que ir embora, mas anotou o número dela no meu celular. 

Senti o meu celular vibrar no bolso e o coloquei na orelha 

-Alo?

-Akashi?

Olhei para a tela para confirmar se eu não estava alucinando, e o contato realmente estava salvo como “Murasakibara Atsushi”

-Atsushi?? Por que você “tá” me ligando?

-Você bebeu muito? Cadê você?

-Em uma balada no centro, Shitake, eu acho

-Eu to indo para aí

E desligou. Eu não entendi nada. Fui para um canto da balada e deitei em um sfá que tinha ali. Tinha um casal que ficou incomodado comigo ali, mas não é como se eu ligasse muito para o que eles estavam tentando fazer escondido. 

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Acordei assustado com o meu celular tocando. Eu estava com roupas de outra pessoa deitado em uma cama que não era a minha. 

Olhei para mim e garanti que eu estava com todos os orgãos no lugar, 

-Alô?

-Senhor?? Você está bem?

-Não,mas fale John

-Você está atrasado, tem um almoço marcado com a Vice-presidente às 14:00

-Você percebeu que eu não estou bem, por favor, desmarque os compromissos de hoje e diga que eu não estou me sentindo bem.

Desliguei e voltei a dormir.

Acordei novamente com o cheiro de alguma coisa boa. Levantei devagar da cama, sentindo a minha cabeça doer e o estômago revirar. Abri a porta, sentindo a luz incomodar os meus olhos. 

-Bom dia, já está acordado?

-Atsushi? Onde eu tô?

-Bem-vindo à minha casa. 

-Obrigada por me trazer, mas o que eu to fazendo aqui? E como você me achou?

-Eu te liguei e vc estava muito bêbado em uma balada no fim do mundo. 

-Por que você me ligou?

-O Kuroko me ligou te xingando porque você mandou uma cozinha para ele e a Satsuki quer te encontrar

-Eu não quero ver ela

-Eu imaginei que você teria ficado um pouco mexido com essa situação

-A quanto tempo?

-O que?

-A quanto tempo eles estão juntos?

-Desde que você partiu

-Obrigada pela ajuda, eu acho que vou voltar para a minha casa de descansar

-Akashi, a solidão é uma péssima conselheira. 

-Eu acho que pior do que a minha consciência não tem como ser.

-Leva um pouco de comida, pelo menos. 

-Certo, obrigada

Eu fui seco com ele, eu não deveria ter sido tão ríspido, mas se tem algo que dizem e é verdade é que, se você está se sentindo mal, depois da ressaca você se sente 3 vezes pior.

Peguei um uber para casa e, depois de um banho, a intenção era passar o dia inteiro dormindo e trabalhar 14 horas nos próximos 3 anos para conseguir superar o dia de ontem.

Mas meus planos não saíram do papel

Depois do banho, meu telefone tocou novamente e,para a minha surpresa, era Kuroko. 

-Kuroko?

-Akashi.

-Está tudo bem? Ocorreu algo errado com a entrega dos presentes?

-Não, já recebemos, mas a Momoi ficou tão agradecida que gostaria de se encontrar pessoalmente com você

Tudo o que eu menos precisava era encontrar um casal feliz

- Eu estou muito ocupado nos próximos dias, podemos tentar combinar nas próximas semanas

-Por favor, Akashi, podemos nos encontrar nesse final de semana?

Eu não entendi o motivo da insistência, mas ele deve ter algum assunto significativo para tratar comigo.

-Certo, eu te mando o lugar e o endereço. 

-Obrigada

Desliguei o telefone, com vontade de chorar e gritar, mas eu acho que, finalmente, é hora de tentar superar o passado e seguir em frente. 

Eu cansei de ansiar por uma vida que eu não posso viver, vou encontrá-los, parabeizar pelo casamento, fingir que eu estou feliz e dar um ponto final nisso. De uma vez por todas.