História Rejecting Love - Capitulo 34

Melissa
"O vestido azul ou o vermelho?" Samantha perguntou-me enquanto analisava-se no espelho. 

"Hmm...acho que o azul combina mais." Respondi e mostrei-lhe um pequeno sorriso. 

Os meus joelhos já estavam para me matar de dor, de tanto andar pelo centro comercial. Nós estávamos numa loja de roupas do shopping comprando algumas peças novas para Samantha já que agora ela está grávida e precisa de roupas mais confortáveis. Jessy havia saído à procura de um banheiro e o meu pai já desapareceu de nossas vistas à cerca de vinte minutos, nesse caso só sobrou eu para acompanhar Samantha nas compras. É estranho estar a passar esse tempo com ela, mas é bem melhor do que perder o meu tempo odiando-a por ser a nova esposa do meu pai. 

"Têm certeza? Acha que o seu pai vai gostar?" Ela perguntou-me empolgada e nesse momento eu tive a certeza de que ela o amava de verdade.

"Sim, ele vai adorar." 

"Estou pensando em levar os dois... o quê você acha?" Samantha perguntou visivelmente indecisa e não pude evitar dar uma risada. 

"Acho que o azul é realmente melhor do quê o vermelho, mas é você quem escolhe." Falei e sorri.

 
"Ok ok, levo o azul!" Ela exclamou e guardou o vestido de qualquer maneira na sacola. "Se o seu pai não gostar eu digo-lhe que a culpa foi sua!" Ela sussurrou quando estávamos já no caixa a passar as compras e eu comecei a rir. 

"Tem certeza de que não vai levar nada?" 

"Tenho, na próxima vez quem sabe... "Respondi e encolhi os ombros. Samantha assentiu e depois de termos já tudo pago, nos dirigimos para um banco que ficava do lado de fora da loja e nos sentamos para aguardar a Jessy e o meu pai voltarem. 

"Samantha, de quantos meses é que você já está?" Não consegui aguentar mais a minha curiosidade e fiz a pergunta que não queria se calar. 

"Praticamente um mês e uma semana." Ela respondeu-me com um sorriso na cara enquanto acariciava levemente a barriga que ainda não era notada.

"Uow...eu pensava que se descobriam as gravidez nas primeiras semanas." 

"Normalmente sim, mas eu tenho alguns problemas relacionados ao estômago e foi mais difícil perceber." 

"Ah sim..." murmurei e ficamos em silêncio durante alguns minutos, até que vimos de longe o meu pai vindo ao nosso encontro e um pouco atrás dele vinha a Jessy se deliciando com um milkshake sem tamanho. Pelo visto há fast foods nos banheiros daqui. 

"Onde você estava?" Samantha perguntou ao meu pai, assim que ele aproximou-se de nós. 

"Fui ao caixa pagar o estacionamento, bobinha." O meu pai respondeu rindo e mostrando o comprovante.

"Os meus pés já estavam me matando." Falou, Samantha e eu concordei também. 

"Hey, o quê é tudo isso?" Jessy perguntou apontando para as nossas sacolas. 

"Vestidos, moletons e mais vestidos." Falei de maneira brincalhona. 

"O quê? Vocês estavam fazendo compras, as duas?" O meu pai perguntou meio boquiaberto. 

"E o que era suposto ficarmos fazendo enquanto esperávamos os bonitos?" Samantha falou e mostrou-lhe a língua de fora. 

"Então, se já acabaram podemos ir?" O meu pai perguntou e assentimos imediatamente. Tudo o que eu quero agora, é a minha cama quentinha. 

"Ajudem uma pobre grávida a se levantar" Samantha choramingou fazendo-nos rir e o meu pai ajudou-a. Em seguida todos nós nos dirigimos para o carro. 

"Podemos passar na casa do Matt antes?" Jessy perguntou quando já estávamos na metade do caminho. 

"Não." Respondi e ela cotovelou-me no braço. 

"Hein mãe! Podemos? É rápido!" Choramingou. 

"Não, Já está tarde e amanhã vocês vão poder se ver e matar as saudades." Samantha falou e eu comecei a rir, enquanto Jessy bufou ao meu lado.

"Hahaha." Murmurei e ela revirou os olhos. 

"Quando eu tiver a minha carteira de motorista vou poder ir quando quiser." Jessy resmungou. 

"Isso mesmo, daqui à uns dois meses e meio..." Samantha zombou. 

"Ei, isso significa que seu anivérsario de dezoito já está chegando?" Perguntei. 

"Daqui à duas semanas." Jessy respondeu-me. 

"E porque você não me falou, vaca?" 

"Era obrigação sua saber, querida." Ela disse e mandou-me um beijo no ar. 
×
 
Na segunda feira, Jessy e eu acordamos praticamente atrasadas e acabamos deixando para tomar o café no colégio. Eu estava terminando de amarrar o meu cabelo quando ouvi os gritos impacientes de Samantha. Anunciei que já estava indo e apliquei um pouco de rímel, antes de correr para o carro.

"Dormiram bem?" Samantha perguntou-nos iniciando uma conversa civilizada que durou até chegarmos ao colégio. 

Assim que adentramos no colégio, nos dirigimos para o refeitório onde encontramos o Liam e o Harry à nossa espera com um sorriso. Cumprimentamo-os, depois fomos montar nosso café da manhã e retornamos à mesa. 

"Então Melissa, conseguiu sobreviver à um final de semana intediante?" O Liam perguntou-me e riu. Lembro-me de estar desesperada no sábado de manhã por não ter nada para fazer, chamei até o Liam na esperança de que ele me fizesse companhia, mas ele estava com a Lilly como de costume. 

"Sim, na verdade foi ótimo. Fomos à festa da Selena e ontem a Jessy e eu almoçamos no shopping com o meu pai e a Samantha. E o seu como foi?" Perguntei e o sorriso dele cresceu. Ele começou a contar-nos sobre ter ido visitar os pais com a Lilly e como ela ficou nervosa ao conhecê-los. Em determinado momento da conversa olhei para o Harry e notei nele uma expressão diferente. Estava demasiado calado e pensativo, enquanto brincava com os rolinhos primavera do seu prato. 

"A se divertir com os seus rolinhos?" Murmurei aproximando-se dele e ele levantou o olhar e sorriu. 

"Bastante." Respondeu-me e calou-se novamente. Decidi não o incomodar outra vez, até porquê não tinhamos mais tempo pois o sinal havia acabado de tocar. Coloquei a minha mochila nas costas e encaminhei-me para a sala de aula. O lugar habitual do louis estava vazio, o que achei estranho visto que ele sempre é um dos primeiros a chegar. Sentei-me no meu lugar e fiquei aguardando-o, porém depois de vinte minutos comecei a ficar preocupada com a sua demora. 

"Olá, Melissa!" A Melody exclamou e eu virei-me para cumprimentá-la. 

"Hey." 

"Como foi o teu final de semana?" 

"Bem e o seu?" Perguntei tentando esconder a minha expressão de desinteresse e ela sorriu abertamente.

 
"Foi ótimo, mas depois lhe conto. A professora acaba de chegar." Ela disse apontando na direção da porta e foi sentar-se no seu lugar da frente. Verifiquei o meu celular, certificando-me se não havia nenhuma mensagem do Louis a me pedir que guardasse o seu lugar, mas não havia nada. Levantei-me desingonçadamente da minha mesa e caminhei até a mesa da professora. 

"Professora, posso ir até o banheiro?" 

"Melissa, você sabe que não tenho permissão para liberá-los no primeiro horário." Respondeu a professora Hellen. 

"Eu sei, mas eu prometo ser bem rápida. O banheiro é logo alí..." Falei, exibindo o meu melhor sorriso. 

"Anda lá, mas vê se não demora. Preciso começar a aula." Ela avisou-me e eu assenti e corri até o banheiro feminino. Chegando lá, tranquei-me numa das cabines e disquei o número do Louis. Liguei-lhe duas vezes, mas ambas chamadas foram diretamente para a caixa postal, até que na terceira vez desisti e retornei à sala de aula.

"Obrigada, professora Hellen." Agradeci e sentei-me novamente no meu lugar.

O tempo foi passando e eu fui ficando mais ansiosa e menos atenciosa em relação à aula. Passei os dois próximos horários no mundo da lua, talvez porque estava mais preocupada com o que havia acontecido com o Louis. A última vez em que eu o vi foi na festa da Selena, será que ele pode ter ficado de castigo? Ele é bem grandinho para isso, mas quem sabe. E se ele estiver doente? Ou talvez ele possa apenas estar cansado e preferiu ficar em casa, mas ele sempre avisa-me antes que vai faltar e dessa vez foi diferente. De qualquer maneira, acho que o Matt ou um dos outros rapazes devem saber o quê aconteceu. 

Assim que o sinal do intervalo tocou, despachei-me para o pátio, onde os demais já se encontravam.

"Vocês viram o Louis?" Perguntei. 

"Ele não estava com você? O Niall perguntou-me e eu neguei. 

"Uhm...ele não veio para o colégio hoje." Respondi. 

"Você já procurou-o nos dormitórios?" Liam perguntou-me. 

"Ainda não, mas tenho quase certeza de que ele não vai estar lá..."

"Que estranho...o Matt também não foi à aula." A Jessy murmurou pensativa. Oh não, o Matt e o Louis juntos é confusão na certa. 

"Se eu fosse vocês, os procurava no dormitório." Disse Harry. 

"Eu vou, enquanto isso tente entrar em contato com o Matt, Jessy." Falei e ela assentiu já retirando o celular do bolso. Virei-me de costas para o meu grupo de amigos e fiz o percursso do pátio até os dormitórios masculinos em dois minutos. Quando cheguei ao pé da porta do dormitório do Louis e do Matt, agachei-me um pouco para controlar o fôlego que eu havia perdido nessa correria e em seguida comecei a bater na porta. 

"Louis!" Chamei-o e nada. Tentei espionar pelo buraco da fechadura, mas foi algo impossível visto que o espaço era minúsculo. "Louis!" Berrei enquanto batia na porta novamente. 

"Melissa? O quê você está a fazer por aqui?" A voz do Zayn assustou-me e eu congelei no meu lugar. Sabia perfeitamente que era proibido a entrada de garotas sequer no corredor dos dormitórios masculinos. Sabia também que ninguém importava-se com essa regra, mas não era o caso do Zayn. 

"Você não devia estar aqui." Ele disse-me o que eu já sabia. 

"Eu sei, já estava de saída." Murmurei. Fiz menção de que ia passar, mas o Zayn continou parado à minha frente impedindo-me de passar. 

"Algum problema?" Ele perguntou desconfiado. 

"Não, nenhum." Menti e ele continou olhando-me com aquela cara de desconfiança. Será que se eu disser à ele o quê se passa, ele pode ajudar-me? Preciso de ajuda para sair do colégio e ir até a casa do Louis e o Zayn seria perfeito para o meu plano de fuga. 

"Na verdade, sim. O Louis não foi à aula hoje e ele sempre avisa-me antes por mensagem, mas ele nem sequer atende o telefone. Pelo visto ele também não está no dormitório...acho que aconteceu alguma coisa." 

"Hmm... há algo que eu possa fazer para ajudá-la?" O Zayn perguntou-me e o meu sorriso cresceu. 

"Tem uma coisa que você poderia fazer." 

"O quê?"

"Eu preciso sair do colégio, mas fugir durante o dia é mil vezes pior do que à noite." Falei e logo em seguida tapei a minha boca, percebendo o quê havia dito. "Não que e-eu já tenha fugido alguma vez à noite...talvez uma...ou duas..."Murmurei nervosa.

"Sei, mas para quê você precisa sair do colégio?" O Zayn perguntou-me. Lerdo. 

"Como para quê? Eu preciso ter notícias sobre o meu amigo e pelo que sei aqui no colégio ninguém tem. Vou até a casa dele e pra isso preciso da sua ajuda para sair do colégio." 

"Mas as aulas ainda nem acaba-

"Eu sei." Interrompi-o. "Mas eu vou assim mesmo. Vai ajudar-me sim ou não?" 

"Agora?" Questionou-me confuso e eu levei a mão na testa. 

"Imagina, talvez depois de amanhã, quem sabe...é claro que é agora, precisamos aproveitar que estamos em intervalo."Disse e ri baixinho da sua lerdeza sem tamanho. 

"Tu ainda vai dar fim ao meu trabalho." O Zayn falou com a expressão séria, mas consegui perceber o tom de brincadeira por trás da sua voz. 

"Yeah! Obrigada!" Agradeci-o e num impulso envolvi os meus braços ao redor do seu pescoço, abraçando-o. O Zayn ficou confuso e quando foi para retribuir o meu abraço imprevisível, eu afastei-me rapidamente, deixando-o ver as minhas bochechas terrivelmente coradas. Droga Melissa, porque é que têm que tornar esses momentos tão embaraçosos? 

"Uhm...vamos?" O Zayn murmurou, enquanto coçava a nuca sem jeito. Assenti rapidamente e em seguida nós nos dirigimos para a portaria, ele na frente e eu o seguindo um pouco atrás.

"Não acredito que estou a fazer isso." Ele murmurou quando estávamos nos aproximando e eu ri baixinho. 

"Nem eu." 

"Se me pegam fazendo isso, me expulsam na certa." 

"Tá, tá, vamos logo antes que o sinal toque." Falei impaciente. Ele olhou uma vez na direção do senhor wilson, que estava de pé na posição de um guarda e depois olhou para mim novamente.

"Fica aqui. Eu vou até lá distraí-lo e assim que eu fizer um sinal com a cabeça, você passe o portão correndo." Ele explicou-me e eu assenti em concordância. Não estava nem um pouco nervosa por estar a fazer isso, achava até bom que perderia as últimas aulas. Nervoso estava o Zayn que parecia mais que era ele quem ia fugir. 

Observei-o aproximar-se do senhor Wilson sorrateiramente e passado alguns minutos, ele conseguiu distanciar o senhor Wilson da portaria e mostrou-me um sinal com a cabeça, como havíamos combinado. Sorri confiante e corri portão à fora. A minha respiração logo tornou-se irregular e eu só parei de correr quando já estava à uns cinco metros de distância do colégio. 

Olhei para trás verificando se estava tudo em ordem e depois disso, caminhei até o ponto de ônibus mais próximo e sentei-me num banco, ao lado de uma garota que devia ter mais o menos a minha idade. 
Lembrei-me de agradecer ao Zayn e retirei o meu telefone do bolso. Escrevi-lhe uma mensagem dizendo apenas " Obrigada por me ajudar :)" e quando estava prestes à enviá-la, senti o olhar curioso da garota ao meu lado, que estava com o pescoço esticado para ler o que eu havia escrito. Virei-me para ela e mostrei-lhe uma cara feia. A garota sorriu sem graça e desviou o olhar rapidamente. Voltei a olhar para o meu celular e assim que acabei de enviar a mensagem, a minha atenção foi roubada por um barulho de ônibus a se aproximar, que por sinal era o meu e se não fosse uma senhora de idade a pedir que ele parasse, eu o teria perdido por ser tão distraída. 

Adentrei no ônibus e depois de ter pago minha passagem, segui para os lugares do fundo e por sorte havia uma cadeira vazia perto da janela, que ficava ao lado de um rapaz. Ele estava com a cabeça baixa e parecia estar bastante concentrado a ler um livro. Fiquei com receio de incomodá-lo, mas eu não queria ficar de pé tendo um lugar vazio à minha espera. 

"Com liçença." Murmurei baixinho tentando chamar a sua atenção, mas ele continuou de cabeça baixa.

"Oi?" Chamei-o outra vez e só então percebi que ele usava dois fones de ouvido.

"Ei!" Alterei um pouco a voz e acenei com a minha mão à frente dos seus olhos. Finalmente o rapaz notou a minha presença e quando levantou a cabeça, percebi o quão jovem ele era. 

"Posso sentar-me aí ao seu lado?" Perguntei educadamente e apontei para a cadeira vazia. O seu belo par de olhos azuis estavam fixos nos meus e ele ficou encarando-me por longos segundos. "Posso?" Murmurei confusa e ele piscou os olhos e sorriu sem graça. 

"Claro, uhm...desculpe." Ele finalmente respondeu e afastou-se um pouco para eu conseguir passar. Quando sentei-me, percebi-o fechar o livro que lia. 

"Não precisar parar sua leitura por minha causa." Falei e ele virou-se para me olhar. 

"Oh, eu não parei por sua causa. Vou descer daqui à dois pontos de ônibus." Ele sorriu e quando ia guardar o livro na sua mochila, consegui avistar a capa e surpreendi-me ao ver que se tratava do mesmo livro que o Zayn havia me passado para ler, um conto de duas cidades. 

"Eu já li esse livro." 

"É mesmo? Gostas de ler, também?" Ele perguntou-me sorrindo. 

"Uhm...na verdade, detesto livros. Só li para agradar o meu professor de literatura." Falei e nós dois rimos. 

"Ler é a melhor atividade para exercitar o cérebro. Devia tentar fazer as pazes com os livros." Ele brincou e eu achei graça na sua piada. 

"Vou tentar." Murmurei. Um silêncio pairou logo em seguida, tornando o ambiente constrangedor. Por alguma razão eu queria puxar assunto com esse rapaz, mas nem foi preciso, visto que ele adiantou-se. 

"Eu me chamo Steven." Falou. 

"E eu me chamo Melissa." 

"Bem, foi um prazer conhecê-la, Melissa. Espero voltar a vê-la algum dia." Ele disse-me e eu sorri timidamente. Em seguida ele levantou-se e o ônibus parou para que ele descesse. O rapaz sorriu para mim uma última vez antes de descer e eu acenei-lhe. 

Quando olhei para o banco ao meu lado, havia uma agenda em cima, que estava quase para cair. Curiosa como sou, peguei-a e  logo percebi que se tratava da agenda do Steven, visto que logo na capa havia o seu nome identificando-a, " Pertence à Steven Dallas." Levantei-me depressa, na esperança de ver se o conseguia avistar fora do ônibus, mas já era tarde demais, eu já encontrava-me longe. Folheei algumas páginas com intenção de encontrar um número ou endereço, mas para além do nome não havia nada a não ser rabiscos e anotações. Decidi preocupar-me com a agenda noutra hora, pois a próxima parada já era a que eu ia ficar e por sorte, só precisaria caminhar uns dez minutos até chegar a casa do Louis. 

Assim que o ônibus parou, guardei a agenda na minha bolsa e desci apressadamente. Amarrei o meu longo cabelo num coque(acho que devo cortá-lo um pouco, principalmente nas pontas que já nem têm mais a cor azul); depois de dez minutos caminhando sem parar, eu estava à frente da casa do Louis, prestes a bater na porta. Algo na minha intuição dizia-me que havia algo de errado e com bastante receio de que ela estivesse mesmo certa, bati na porta. Essa não demorou a ser aberta por uma mulher de estatura média, cabelos e olhos claros, um pouco parecida com o Louis, afinal ela era a sua mãe, reconheci-a depois de uns trinta segundos analisando-a. Nunca a havia visto pessoalmente, apenas por fotos. 

"Olá." Ela falou, olhando-me confusa.

"Olá, a sra deve ser a sra. Tomlinson, certo?" Perguntei, sorrindo. 

"Sim, sou eu mesma." Ela disse-me e retribuiu o sorriso. 

"A senhora não me conhece, me chamo Melissa. Sou uma amiga do seu filho Louis." Falei e ela deixou escapar um "Aaah" e depois disso riu. 

"Prazer em conhecê-la, o meu filho não têm o costume de falar sobre os amigos." Ela disse e eu ri. 
"Será que eu posso vê-lo?" Perguntei. 
"Oh querida, o Louis não está em casa. Ele foi ao colégio." Ela respondeu e eu arregalei os olhos. A minha intuição estava certa.

"Colégio?" Questionei confusa, mas logo a seguir decidi que não devia contar à mãe do Louis, que o seu filho nem sequer foi à aula hoje. "Oh sim, eu esqueci-me. Como sou tonta, me desculpe por incomodá-la sra. Tomlinson. "

"Sem problemas, pode deixar o recado comigo se quiser." Ela falou e eu suspirei de alívio por ela não demonstrar nem um pingo de desconfiança.

"Obrigada sra, mas não vai ser preciso. Eu falo com ele noutra hora, foi um prazer conhecê-la e mais uma vez me desculpe por incomodá-la." Sorri falsamente e virei-me de costas antes mesmo de ouvir a sua resposta e distanciei-me da casa o mais rápido que era capaz. 

Comecei a caminhar pelo calçadão, sem saber para onde ia ou o quê fazia, até que o meu celular começou a tocar e eu tratei de tirá-lo do bolso às pressas. Uma onda de alívio percorreu o meu corpo quando vi o nome do Louis esboçado na tela. Eu queria muito berrar com ele e colocá-lo de castigo, mas a minha consciência lembrou-me que eu não era a sra.Tomlinson. 

"Melissa?" O Louis chamou-me com a voz ensonada. 

"Louis! Até que enfim! Eu liguei-lhe a manhã inteira! Onde raio tu foi se meter?" 

"Hey, acalme-se. Eu não me senti bem para ir ao colégio e por isso fiquei em casa, desculpa por não tê-la avisado." O Louis mentiu, deixando-me extremamente aborrecida e eu bufei pesadamente.

 
"Em casa? Tem certeza, Louis?! Porque eu acabo de sair da tua casa e adivinha! A tua mãe me disse que você estava no colégio!" berrei e ele ficou mudo por alguns instantes. 

"T-tu, t-tu falou com a minha mãe? Disse à ela que eu não fui ao colégio?" 

"Não, claro que não! Porque está a mentir para mim? Eu tive que fugir do colégio para ir até a sua casa, preocupada se estava doente ou sei lá o quê e você ainda assim não confia em mim?" Perguntei aborrecida. 

"Confio, merda, confio! Cale a boca, Matt!" O Louis gritou, fazendo o som sair estridente. 

"O matt está com você?" 

"Sim, eu dormi na casa dele."

"E porquê eu não podia saber que estava na casa dele?" 

"Porquê é uma longa história..."

"Eu tenho a manhã e a tarde toda para ouvi-la." Bufei. 

"Melissa, eu confio em você, mas se eu lhe contar certamente vai ficar chateada e ainda vai contar à Jessy. "

"Não quero nem saber Louis! Você vai me dizer e é já o quê raio os dois estão aprontando!" 

"Melissa...droga, Matt! Vai te ferrar! Eu avisei para fazer isso bem longe daqui! Olha essa merda como ficou!" O Louis berrou irritado. 

"Louis? Está tudo bem aí? Louis? Eu estou indo para aí! "Falei, enquanto caminhava apressadamente de volta ao ponto de ônibus. 

"Não! Não venha! Melissa, é sério, eu estou lhe avisando, não venha para cá, eu- interrompi-o apertando no botão de desligar a chamada. A sua advertência foi o suficiente para me fazer ficar mais desconfiada e sem pensar duas vezes, adentrei no primeiro ônibus que me levaria até a casa do Matt. 

Durante o percursso até a casa do Matt, o Louis ligou-me duas vezes e eu apenas apertei no botão de ignorar a chamada. Eu estava muito chateada com ele, além de me deixar preocupada ainda não demonstrou confiança em mim. Começo a desconfiar se ele me considera realmente como sua melhor amiga. Eu sempre confiei nele, inclusive ele foi o primeiro e até agora é o único a saber do Zayn. 

Os meus pensamentos foram interrompidos quando o ônibus parou no meu destino. O ponto de ônibus ficava mesmo em frente a casa do Matt e assim que eu desci, os meus olhos colaram na figura do Louis que estava parado no jardim. Ele segurava uma vassoura e ao pé dela havia inúmeros cacos de vidro. Aproximei-me dele e vi que a sua cara não era das melhores. Ele tinha profundas olheiras abaixo dos olhos e um seblante de irritado. Olhei em volta da entrada da casa e percebi a bagunça em que essa se encontrava. Havia sacos de lixos espalhados por todo o jardim, garrafas e latinhas de cerveja vazias. O Matt apareceu logo em seguida andando todo atrapalhado e  segurando mais duas sacolas de lixo. Assim que ele me viu, começou a acenar alegremente e eu o olhei confusa. 

"Hey Melissa, você chegou muito tarde, a festa acabou à horas." Falou e começou a rir. 

"Ele está bêbado?" Perguntei ao Louis e ele assentiu. 

"Matt, já disse para você ficar lá dentro." O Louis falou irritado. 

"Calma priminho, já vou sair para deixá-los mais à vontade." 

"Não diga asneiras." Louis advertiu e o Matt riu e se eu vi bem, piscou o olho para mim, antes de voltar para dentro. 

"O quê aconteceu aqui, Louis? De quê festa o Matt está falando?" Perguntei confusa. O Louis suspirou e em seguida sentou-se na pequena escada e eu o imitei. Ele parecia estar esgotado e eu me segurei o máximo para não enchê-lo de perguntas. 

"Da festa que estava acontecendo aqui ontem." 

"Não está a mentir para mim outra vez, pois não? Não vi ninguém no colégio comentar sobre essa festa, nem mesmo a Jessy. Se brincar ela nem mesmo sabe." 

"E nem deve saber, nem ela e nem a minha mãe. Não era suposto ser uma festa, por isso ninguém no colégio sabe, com excessão da Mary. À princípio era para ser apenas uma reunião  entre alguns amigos nossos do antigo colégio, mas foi chegando gente de todos os lados, que trouxeram muitas bebidas e algumas outras coisas...enfim, acabou virando uma confusão e se não fosse a polícia aparecendo para acabar com a festa e levando algumas pessoas consigo, ela estaria acontecendo até agora." 

"Polícia? Porquê a polícia teve que aparecer? Sempre têm festas aqui e nunca aconteceu isso." 

"Porquê dessa vez foi diferente Melissa, nós vacilamos, eu vacilei." 

"Louis, você sabe como eu sou lerda. Seja mais claro, por favor." 

"Drogas, Melissa. Alguém contou a polícia que tinhamos drogas na festa e ela veio bater cá." O Louis respondeu-me, deixando-me com a cara pasma. 

"Oh, Louis não acredito nisso...t-tu, t-tu também estava usando?" Perguntei boquiaberta e ele assentiu e desviou o olhar. 

"Porquê? Você me disse uma vez que não usava! Estava a mentir nesse dia também?" Perguntei, aborrecida. 

"Não, eu não menti nesse dia. Eu nunca usei antes, essa foi a primeira vez. Estavam todos a usar na festa e eu também queria experimentar." 
"Para quê, Louis? Para quê experimentar algo que faz tanto mal à tua saùde? O que ganha com isso? Fama entre os teus amigos maconheiros?" Não segurei e explodi de raiva.

"Mas que porra, tu está parecida com a minha mãe agora! Eu sei que eu errei e já estou pagando tendo que limpar toda essa merda e escutar as suas reclamações! Já passou, já experimentei, não dá mais para voltar atrás!" Ele gritou comigo e eu senti as lágrimas descerem pela minha cara. Nunca passou pela minha cabeça que o Louis, o meu melhor amigo, ia levantar a voz para mim algum dia. 
"Não estou te reconhecendo, Louis... Quem és tu? Onde está o meu amigo?" 

"Eu ainda estou aqui, Melissa. Ainda sou o teu melhor amigo, apenas não estou com paciência para aguentar reclamações." Ele falou com a voz bem mais baixa do que antes. 

"Não, Louis. O meu melhor amigo nunca teria mentido e levantado a voz para mim da maneira que você fez." Enxuguei uma lágrima e levantei-me.  "Apesar de tudo, não me arrependo de ter vindo até aqui. Pelo menos agora sei que está bem e não há porquê se preocupar." 

"Acho que você está a exagerar." O Louis falou e visões de eu a  pegar uma lâmpada e tacar na sua cabeça começaram a passar pela minha cabeça. 


"Se tu achas." Murmurei e encolhi os ombros. 
"Eu quis dizer que acho que está a exagerar em relação a minha amizade para contigo. Não precisa ir embora, não lhe mandei sair." 

"Que seja. De qualquer maneira não estou indo embora." 

"Não?" Ele perguntou-me confuso. 

"Não." Atirei e de seguida comecei a catar todas as latinhas e a colocar tudo nas sacolas de lixo. Percebi o Louis olhando-me com estranheza, mas ignorei-o e continuei a catar as latinhas. De seguida, entrei para dentro da casa e assustei-me com a porcaria em que ela se encontrava. 

"Melissa..."o Louis começou a chamar-me. Ignorei-o e peguei no balde e no rodo que estavam encostados no balcão da cozinha e comecei a passar o pano por toda a casa. 

"Melissa, está chateada comigo?" O Louis perguntou-me, enquanto me seguia para todo cômodo que eu ia. Continuei ignorando e dirigi-me para a sala. Quando cheguei lá, tive a surpresa de encontrar a Mary e o Matt dormindo, cada um em um sofá. 

"Era só o quê me faltava." Assobiei. 

"Melissa, por favor responda-me." O Louis implorou-me. 
"Louis, pelo seu próprio bem sugiro que desapareça da minha frente." Atirei já irritada. 

"Por favor, só preciso saber se está magoada comigo." Ele respondeu-me e eu bufei. Agarrei no balde e no rodo e caminhei para a área do fundo da casa, torcendo para que ele não viesse atrás. 
"Por favor, me desculpa. Não pare de falar comigo por causa de toda essa merda. Eu sei que não devia ter lhe tratado dessa maneira, eu sou um péssimo melhor amigo." Ele murmurou e eu concordei em pensamento, mas continuei calada.

"Melissa, você sequer está me ouvindo?" Ele perguntou já com a voz demonstrando irritação. Nesse momento despejei todo o balde de água no chão e comecei a limpar toda a área e de propósito acabei passando com o rodo por cima do pé dele. 

"Não vai mesmo falar comigo, né? Tudo bem, mas lembre-se que foi você quem pediu." Ele disse bruscamente e entrou para dentro da casa pisando fortemente no chão. Esperei algum tempo para ver se ele havia saído realmente e só então comecei a rir. Não sei porquê estou rindo, quando deveria estar chateada, mas acontece que não consigo tratar mal o Louis como faço com o Zayn. Principalmente quando ele começou a me seguir feito um cachorrinho, enquanto implorava para que eu falasse com ele. 
Tive que interromper as minhas risadas e voltar a ficar séria, quando o Louis retornou a área. Ele voltou carregando uma mangueira e tinha na cara uma expressão de sério. Em seguida ele caminhou até a torneira, encaixou a mangueira e a abriu. Depois disso, ele voltou a olhar para mim de forma séria, enquanto aproximava-se vagarosamente. 

"Vai continur me ignorando?" Ele me questionou e apontou a mangueira na minha direção. 

"L-louis, o quê você pretende fazer?" Murmurei. 

"Quer dizer que agora resolveu falar?" 
"Louis, você não vai usar isso para me molhar, pois não?" 
"Você até que é bem esperta." Ele respondeu-me e sorriu maliciosamente. 

"Você não seria capaz, vou ficar chateada e aí sim vou-me embora." Ameaçei-o, afastando-me para trás. 


"Não mudaria nada, já está chateada comigo." Ele riu e antes que eu pudesse protestar algo, fui surpreendida por levar uma esguichada de água na cara. 


"Louis, seu cabrão filho duma égua!" Berrei, enquanto ele morria de rir. Avancei para cima dele, com intenção de o mandar para o chão, mas acabei indo junto e ambos caímos no chão. Não aguentei e comecei a gargalhar juntamente com o Louis. 


"Acho que somos mesmo melhores amigos." Ele falou em certo momento. 

"Será?" Perguntei rindo, ao mesmo tempo desconfiada. 


"Nós estávamos a descutir a cerca de dez minutos atrás e agora estamos caídos no chão, molhados e se acabando de rir. Onde já se viu isso?" Ele disse-me e eu tive que concordar. Com Bianca sempre é a mesma coisa, nós discutimos e logo em seguida já estamos rindo uma da outra. 


"É, tem razão. Mas ainda continuo chateada consigo. Mentiu para mim, sem contar que começou a gritar feito louco. O que é que deu em você?" Perguntei. 

"Nem eu sei, estava irritado porquê sabia que você tinha toda razão. Prometo que nunca mais volto a mentir ou gritar com você outra vez." Ele falou, fazendo-me sorrir. 


"E quanto à usar drogas?" Ri. 

"Quanto à isso também pode ficar despreocupada, não pretendo voltar a usar uma coisa dessas nunca mais." 


"Assim espero, rapaz. E sobre eu estar parecendo a sua mãe, quero que saiba que à todo momento eu não pensei noutra coisa, a não ser te dar umas boas palmadas e colocá-lo de castigo." Respondi e ambos voltamos a cair na gargalhada.