História Relearning - Se Lembre.

- Benício!

- Olá Âmbar! Que bom que se lembra de mim. – me encolho como sempre faço quando escuto a palavra lembrar, mas me recomponho, levanto e estendo a mão para ele.

- Em que posso ajudá-lo? – Pergunto enquanto nos cumprimentamos. – Sente-se por favor.

- Eu trabalho para a despegar.com, setor de marketing e propaganda e estamos precisando de um novo comercial – Benício começa falando.

- Wow despegar maior agência de turismo da América Latina. Nada mal Benício. – Brinco com ele. – Mas vamos continue. O que está procurando?

Benício começa a falar todas as suas ideias e começo a fazer anotações. O plano é bom. Minha mente enche de ideias e já passo para o papel. É um projeto grande, vou precisar da ajuda da Jazmin ainda não confio em mim. Embora tenha visto alguns dos meus trabalhos ainda fico me perguntando de onde eles saíram, como tive as ideias e quanto tempo demorei para pensá-los. Percebo que estou divagando e que Benício parou de falar e está me encarando

- Nossa Âmbar você está ainda mais linda. – Seu tom de voz sai rouco.

- Benício estamos em meu ambiente de trabalho elogios assim não são aceitáveis. – O repreendo flertando e me sinto mal logo depois.

- Poderíamos tomar um café aqui ao lado, o que acha? – Ele perguntando sorrindo para mim. - Assim não estaremos mais em um ambiente de trabalho. 

- Eu sou casada. – Falo me sentindo desconfortável por ter correspondido ao flerte.

- Eu também sou. – Ele responde. – Mas só estou chamando uma velha amiga para tomar um café, não é nada demais.

- Acho que Simon não pensaria assim. – Eu podia não ser sua fã número 1, mas também não gostaria de desrespeita-lo. Mudo de assunto. – Podemos marcar outra reunião para amanhã? Escutei suas ideias e minha cabeça já está fervilhando. No mais tardar ao meio dia já terei um esboço para você.

- Essa reunião poderia ser em um restaurante que tal? Assim almoçamos juntos. Vamos lá Âmbar, nós éramos amigos. – Ele fala e penso em levar Jazmin comigo. Delfi nunca gostou do Benício.

- Bom tudo bem. Amanhã 12:30. Porto Madero. Eu faço as reservas. – Eu falo omitindo o fato que irei levar Jazmin comigo.

- Até amanhã Âmbar. Foi bom vê-la. – Aperto sua mão novamente e ele se retira. Delfi invade minha sala.

- Foi o Benício que saiu daqui agora? – Ela parecia irritada.

- Sim. – Respondo voltando ao meu computador.

- E o que ele veio fazer aqui? – Ela insiste.

- Trabalho. Ele trabalha para despegar.com. Não quero ficar animada, mas se conseguirmos a conta será uma visibilidade enorme para a agência. – Digo.

- Ele deu em cima de você? – Pergunta ela.

- Talvez. – Digo dando de ombros. E ela arqueia a sobrancelha. – Mas ele está casado e eu também. Conversei com o Simon e estamos tentando nos entender pelo bem das crianças, mas não fique animada eu ainda não gosto dele.

- Vocês se beijaram? – Ela está animada.

- Ainda não. – Ainda? Sério? Delfi está dando pulinhos no seu lugar.

- Mas você quis, não é? – Ela está curiosa.

- Um pouco. Nós conversamos, ele me pediu desculpas pelas coisas que fez no passado, eu prometi me comportar feito uma adulta e acabamos nos divertindo um com outro. Quando nos encontramos no closet um dia desses quase rolou um beijo, mas Sophi atrapalhou.

- E depois? – Ela continua me pressionando.

- Depois nada. Só temos esse arranjo a uma semana, mas eu ainda não gosto dele. Sei lá Delfi, acho que é só desejo. – Gosto de me abrir com minha melhor amiga.

- Se você diz. – Diz ela rindo.

- Luna conversou comigo a um tempo. Queria tentar uma aproximação. – Mudo de assunto.

- E falou o que? – Delfi já não sorria mais.

- Ela queria tentar uma reaproximação. Falei com ela que estava muito cheia de coisas por agora e não queria mais uma responsabilidade de reconstruir uma amizade. – Digo. – O importante é que ela foi sincera. Contou a história exatamente como você. Simon que não ficou muito feliz.

- Por que você não quis tentar uma reaproximação? – Ela estranha.

- Não. Porque ela admitiu a ele que como eu estava em meu momento ódio por ele, ela pensou que não havia motivo para eu não perdoa-lá afinal brigamos por causa dele. – Falo.

- Ela é uma vaca. Nunca pensei que a nossa Luna se tornaria alguém assim. – Delfi fala. – Mas vamos voltar ao assunto Benício. Ele não é boa coisa Âmbar. Talvez você devesse passar a conta para a Jazmin. Simon não vai gostar mesmo disso.

- É trabalho ele não pode se meter. – Desdenho.

- Era trabalho também quando Miguel contratou uma secretária temporária peituda para o Simon e você fez de tudo para que ela não fosse contratada depois da experiência. – Ela rebate.

- Provavelmente ela era uma piranha. A maioria das secretarias são. – Falo debochada.

- Ela não era. Era casada com outra mulher a mais de dez anos, tinha um filho com ela, estava em seu primeiro emprego depois que o filho delas foi para a escola e você foi uma cadela ciumenta. Ela, hoje, trabalha com o Pedro. – Delfi desdenha da minha cara e coro.

- Tenho certeza que você está exagerando. – Rebato.

- Claro. Você chegou a cogitar que a Ana fosse trabalhar para ele porque você confia nela e sabe que o Simon não olharia pros peitos dela. Você é uma cadela que sente muito ciúmes de peitos. -Aff Delfina. Vou matá-la. O telefone toca.

- Âmbar Alvaréz, em que posso ajudá-la? – Falo e Delfi está saltitante na minha frente. Âmbar Alvaréz claro. Ela aponta a porta e acena para mim. Confirmo com a cabeça e volto a prestar atenção ao telefone.

Flash

Estava com Simon no corredor do colégio, saindo da biblioteca onde estávamos estudando literatura.

- É sério Âmbar, eu estou precisando de um milagre em literatura ou vou repetir de ano e bye bye universidade. – Simon falava ao meu lado.

- Por que você não pegou literatura no primeiro ano como uma pessoa normal? – Perguntei rindo.

- Sei lá. Talvez eu tivesse a esperança de que quando chegasse a minha vez literatura não seria mais obrigatório e eu não precisaria pegar. – Ele dá de ombros.

- Simon, literatura vai sempre ser obrigatória, não existe chances de não ser. – Explico devagar.

- É ilógico. Eu vou trabalhar com números, não preciso saber nada sobre o realismo e... – Ele para de falar quando olha para frente. Benício está se engolindo com uma garota na nossa frente. Eu não sei porquê, mas eu não me importo nem um pouco de ver meu namorado beijando outra. Simon por outro lado parece furioso. Ele vai até Benício, o solta da garota e lhe dá um murro, em dez segundos os dois estão rolando no chão.

- Simon. Para. – Tento puxa-lo, mas não adianta. – Não fique aí, me ajude. – O corredor estava vazio. A garota do Benício precisa me ajudar. – Simon! – Grito novamente e ele para. – Vamos! – Saio o rebocando. – E você e eu terminamos. – Aviso a um Benício caído.

Chego no carro do Simon e solto. Ele está espumando de raiva.

- Qual é o seu problema? – Ele solta.

- Meu problema? Eu não tenho problemas. Você que foi para cima dele. – Eu falo.

- Ele era o seu namorado e estava beijando outra. Eu estava defendendo você. – Que fofo.

- Eu queria um motivo para terminar com ele e achei. Você está aumentando a coisa toda. Não foi nada demais. – Ele gargalha.

- Você é absurda.

Flash off.

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O mês passou rápido, minha relação com Simon está mais amigável e as crianças estão mais confiantes, Meg entrou de férias e as coisas estão meio caóticas, Simon assumiu a limpeza da casa, mas está ficando cada dia mais cansado, o contrato com Benício deu certo e embora eu tenha levado Jazmin comigo para o almoço ele havia levado a esposa, Emília era uma mexicana meio dark e patinadora, eles se conheceram quando o Benício fez um intercâmbio na Inglaterra onde Emília morava. Flashs e Mais flashs continuavam vindo em minha cabeça em momentos aleatórios, mas continuavam sem muita conexão e mesmo conversando com Simon as memórias continuam não parecendo minhas.