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História Remember Me - Capítulo 07


Escrita por: sofiamoonn

Notas do Autor


Oi pessoal, só queria avisar que fiz um trailer para a história, caso queiram ver, esse é o link: https://www.youtube.com/watch?v=1tFb7XtBwwQ&t=47s

Capítulo 8 - Capítulo 07


Fanfic / Fanfiction Remember Me - Capítulo 07

"I saw you creeping around the garden

 

What are you hiding?

 

I beg your pardon, don't tell me "nothing"

 

I used to think that I could trust you” Big Eyes - Lana Del Rey

 

 

            Jon sentiu o sangue fugir do rosto mediante a insistência de Sansa. Conseguia imaginar quão pálido deveria estar no momento por conta do nervosismo que sentia. A loira o encarava com os olhos estreitos, exigia uma explicação e Jon estava pronto para falar qualquer desculpa que surgisse na sua mente.

“Não é nada demais. Não há muitas notícias... O que eles falam são apenas especulações...” ele falou, tentava parecer despreocupado e relaxado, mas Sansa não deixaria o assunto de lado tão facilmente, ele sabia.

“Não parece ser apenas isso que está acontecendo.” ela sibilou para Jon “Você está mentindo.” acusou com os olhos estreitos analisando Jon minuciosamente.

            Claramente, ele escondia algo e ela sentia a raiva consumi-la com isso. Não suportava a ideia que talvez Jon estive a enganado e tê-la negligenciado da verdade.

“Eu estou falando a verdade, Sansa.”

“Não, não está.” ela sentenciou, sabia que, algo estava errado e queria que Jon fosse sincero com ela, não permitiria que ele continuasse a fingir que nada estava acontecendo, que estava tudo dentro da normalidade, porque não estava “Me conte.”

“Querida, não está acontecendo nada.” ele sorriu na tentativa de colocar alguma convicção em suas palavras, tentou se aproximar da esposa, mas ela o fez parar diante do olhar irritado que ela o lançava.

“Se você não me contar eu mesma irei atrás da verdade. Acredite Jon, eu darei um jeito.” ela ameaça, dessa vez o seu tom era raivoso. “Eu arrumarei alguém que me conte tudo.” ela prometeu, não sabia realmente quem poderia dá-la as informações que o marido a negava, mas ela conseguiria, não permitiria ser assim enganada.

            Jon passou as mãos pelos cabelos, deixando-os em uma bagunça. Suspirou. Como evitaria o assunto? Deu alguns passos pela sala sob o olhar atento da esposa. Não queria trazer preocupação para Sansa, ela já tinha problemas demais para lidar, era demais pedir que ela lidasse com mais alguma coisa.

            Como fugiria das perguntas? Olhou Sansa nos olhos e além da raiva viu a decepção nos olhos da esposa, não podia lidar com a decepção. Não queria que ela se decepcionasse com ele, não suportava tal ideia, ainda mais quando o que ele apenas tentava fazer era protege-la.

            Como não deixar Sansa preocupada com as palavras que se seguiriam? Essa, com toda certeza, era uma missão impossível, bem conseguia imaginara reação negativa que a esposa teria, ela não merecia aquilo. Suspirou novamente, deixou o corpo se afundar no sofá macio enquanto pensava em uma saída.

“Sansa...” ele encarou a esposa a sua frente, ela estava impassível, os braços estavam cruzados em frente ao corpo apenas para demonstrar quão irredutível estava “Eu só não quero preocupá-la.” ele tentou se explicar.

“Se não quer me preocupar deveria contar a verdade, só assim não ficarei preocupada.” ela respondeu sem mudar de posição.

“Eu tenho tudo sob controle, por isso não preciso contar.” argumentou, mas em nada adiantou, a expressão da loira era a mesma, impassível.

“Conte-me.” ela exigiu, começava a se irritar com aquilo.

“Há alguns boatos...” ele disse, um pouco vago.

“E?” Sansa incentivou.

“Eles dizem...”ele tomou um momento para respirar fundo” Eles dizem que você estava bêbada no momento do acidente, falam sobre todo o tipo de besteira possível.” ele suspirou derrotado, aquilo tudo era uma bagunça, a vida dele era uma confusão e tudo o que ele fazia era fazer que aqueles que ele mais amava ficassem no meio disso tudo. Como se o diagnóstico médico já não fosse o suficiente, a mídia insistia em colocá-la em foco com notícia falaciosas e tendenciosas, tudo por causa do estúpido título real que ele possuía.

            Sansa era alvo de fofocas e boatos, ele sentia o coração faltar uma batida sempre que via mais uma besteira ser veiculada pela mídia acerca da esposa. Não era justo, Sansa era uma boa pessoa que não merecia ser bombardeada de tal forma quando tudo que ela fez foi casar-se com ele. Sentia-se inútil porque, no final, ele não podia fazer nada, ele era um mero espectador de todo o circo que a mídia montava.

            A capacidade de Sansa como princesa tinha sido colocada em dúvida dias atrás por um jornal local, o que era regional tornou-se algo muito maior e agora todos comentavam sobre o possível fracasso da nova Princesa Targaryen. Jon não tinha coragem para mencionar tal fato à esposa, sabia que ela muito se chatearia com isso, além de tudo, se culparia ainda mais.

            Jon tentava, o máximo que podia, manter tais assuntos o mais longe possível da esposa, não faria bem para ela, ele sabia. Não era como antes do acidente, em que Jon e Sansa podiam conversar livremente sobre tais assuntos. Haviam certas coisas que contar para Sansa não faria diferença, apenas traria preocupações desnecessárias.

            Sansa acenou com as palavras de Jon. Deveria demonstrar que estava calma, mas a realidade é que estava apavorada. Porque inventariam que ela estava alcoolizada no momento do acidente? Ou será que tais boatos tinham um fundo de verdade? Os olhos se arregalaram quando pensou em tal alternativa, não queria acreditar em tal opção.

“Eu não estava bêbada, estava?” ela perguntou, tentando disfarçar o nervosismo que sentia em saber a resposta de tal pergunta. Não queria pensar na possibilidade do acidente ter sido porque ela estava bêbada, isso tornaria tudo pior, se sentiria ainda mais culpada por tudo.

“Não Sansa. O Palácio fez um comunicado sobre isso.” Jon respondeu encarando a esposa. Sansa suspirou aliviada e permitiu seu corpo descansar enquanto sentava ao lado de Jon no sofá “Olhe Sansa, eles vão inventar todo o tipo de nojeira. Tudo que eles querem é vender as malditas manchetes. Eu não quero e não permitirei que você seja afetada com essas porcarias.” ele virou o corpo para Sansa, permitindo que ela visse os olhos dele brilhando com toda a franqueza que ele possuía, aquilo era uma promessa, a qual ele faria tudo para mantê-la.

“Porque eles fazem isso?” ela exclamou sem entender o que Jon falava, era tão irreal que alguém quisesse denegrir a imagem de uma pessoa apenas para fins econômicos, não era, acima de tudo, correto.

“Porque eles não perdem uma oportunidade sequer para encher o bolso de dinheiro, para chamar atenção das pessoas...” ele enumerava sem conseguir deixar sua raiva de lado, afinal, seu relacionamento com a mídia nunca tinha sido bom e nem fazia questão de esconder tal fato.

            Jon passou muitos anos turbulentos com a mídia. Ele não aceitava a perspectiva de ser um príncipe e por conta disso ter uma fila de paparazzis e afins o seguindo por toda parte, sobretudo quando era adolescente, ele simplesmente não conseguia aceitar. No final das contas, com o passar dos anos e a adolescência ficando para trás, ele passou a entender como deveria lidar com a situação, ele simplesmente permitiu-se ignorar a presença da mídia parasita. Ele não fazia nada, sempre que via algum fotógrafo ele simplesmente abaixava a cabeça e seguia em frente, os anos praticando tal ação fizeram que aquilo se tornasse algo natural.

            Além do mais, havia um velho dito popular muito recitado dentro da sua família que dizia “nunca reclamar, nunca explicar”. Então, sendo assim, durante os anos ele tentou seguir a risca esse ditado, mas era muito difícil simplesmente ignorar tudo aquilo, ele não sabia mais quanto tempo aguentaria as manchetes falando sobre Sansa, ele temia que a qualquer momento ele não suportasse mais raiva que sentia e acabasse processando judicialmente alguns jornais e ele bem sabia que muitas vezes quando isso ocorria levantava ainda mais suspeitas para a veracidade dos boatos, mesmo que não fosse o caso.

“Isso é horrível.” Sansa lamentou com o olhar distante.

“Sim.” Jon concordou “Desculpe não ter contado, é que... Não há nada a ser feito, é assim que são as coisas, eles falam o que bem entendem...” ele falou com pesar “Mas o meu pai... Bem, ele está preocupado com a nossa reputação e tudo o que eu quero é afastá-la desse ninho de cobras.... Mas é claro que ele tinha que tocar no assunto.” ele bufou irritado “Me desculpe pelo o que aconteceu no jantar, era para ser agradável, mas...”

“Está tudo bem.” ela o tranquilizou. “Foi bom ter ficado sabendo disso.” ela continuou sem, porém, saber se estava grata pelas palavras que escutou, não era, de longe, algo agradável. Ela ainda não sabia como deveria encarar a informação, mas com certeza não era algo que ela queria que tivesse acontecido.

“Você é uma mentirosa horrível.” Jon soltou um riso fraco e Sansa não contestou suas palavras “Eu não queria que o jantar tivesse terminado daquela forma, meu pai não deveria ter sido tão inconveniente.”

“Não precisa se preocupar, Jon. Eu estou bem agora.” ela novamente o tranquilizava “Mas, o seu relacionamento com o seu pai... Não parece ser dos melhores.” ela falou na tentativa que o marido falasse mais sobre o assunto, era inegável que pai e filho tinham suas divergências e Sansa queria saber mais sobre o assunto.

“Sim, acho que não é muito difícil perceber isso, certo?” Sansa assistiu o marido falar com desânimo.

            Sansa não fez nenhuma pergunta, mas Jon percebeu a genuína curiosidade que a esposa tinha sobre o assunto. Apesar de não ser algo que ele gostava de falar, ele sentiu que deveria contar algumas coisas a ela, ela merecia o sacrifício. Ele se mexeu desconfortável antes de começar a falar.

“É complicado...” ele deu de ombros “Nossa relação nunca foi boa. Meu pai sempre esperou muitas coisas de mim, mas em contrapartida, ele nunca foi presente o suficiente para me guiar por todas essas coisas que ele queria. Ele apenas esperou que eu fosse o filho perfeito que ele precisava que eu fosse. Mas eu nunca fui, eu sei disso. Ele estava sempre tão preocupado, com o Norte, com os Lannisters... Os problemas do Reino sempre pareciam mais importantes.” ele disse a última frase com tristeza enquanto afastava o olhar de Sansa, a princesa sentiu o coração se apertar ao ver tamanho pesar vindo do marido “Talvez eu não tenha tentado realmente ser o filho que ele queria, talvez por mais pirraça do que por não saber como fazê-lo. Ele sempre foi muito exigente e eu nunca soube lidar muito bem com isso, por conta disso, sempre acabei recorrendo aos meus tios, para desgosto do meu pai...”

“Eu sinto muito.” Sansa murmurou fazendo o olhar de Jon se voltar para ela, ele agradeceu a preocupação dela com um sorriso.

            Apesar das palavras tristes, ela se sentiu bem em ouvir o que Jon lhe contava, vendo-o sendo tão sincero com ela dava-lhe a sensação de que o conhecia, de que os dois eram próximos.

“Está tudo bem. Acredito que pelo menos agora ele não está tão descontente comigo, graças a Aegon” ele riu um pouco “Não que eu deva me preocupar com isso, com o tempo eu passei a entender que esse é o jeito do meu pai e ele quer apenas se assegurar que o Reino fique em boas mãos quando eu me tornar Rei...”ele deu de ombros.

“E como você encara isso? Digo, essa responsabilidade de que um dia será como o seu pai...” ela perguntou com curiosidade.

“Eu...” ele estreitou os olhos, pensando em uma resposta “Por muito tempo eu tentei fugir dessa responsabilidade, mas agora... Esse é meu dever, no fim das contas, e eu devo fazer o que é certo.” ele respondeu e Sansa acenou com a sua resposta, por hora, ela estava satisfeita com as respostas que obtivera.

“É uma grande responsabilidade.” Sansa murmurou e o marido acenou em concordância.

“Sim. Às vezes eu fico com medo de não conseguir lidar com tanta responsabilidade. Sei que com o passar dos anos eu ganho mais responsabilidades, mas tenho medo de não estar preparado com a hora chegar... Mas, por outro lado... Eu tenho você ao meu lado e... Tudo ficará bem, eu sei disso.”

Ele sorriu confiante e por um momento Sansa sentiu seu coração se acelerar. Ele a amava. Ela sentia. Ela sabia. Ela via. Ele realmente a amava. Poderia ela um dia amá-lo também?

            Sansa o encarou pelo canto do olho. Ele estava um pouco curvado, com os cotovelos nos joelhos e as mãos entrelaçadas. Jon olhava para o teto, porém, parecia um pouco alheio, distante... Ali, ao seu lado, Sansa enxergou um garoto assustado e preocupado e não o homem forte e seguro que Jon tentava ser durante todo o momento que estava com ela.

            Ela estava ali para exigir respostas, sentiu-se uma garotinha indefesa e perdida, mas, no final, o Jon que estava ali era quem parecia estar indefeso e perdido.

“Eu tenho certeza que você vai conseguir lidar com tudo isso.” ela disse com franqueza. Não tinha dúvidas, ela tinha certeza que Jon seria um Rei digno para Westeros. Um líder muito melhor que Rhaegar, ela podia arriscar.

“Obrigada Sansa.” ele virou-se para ela e sorriu, um sorriso tão genuíno e sincero que Sansa ficou sem fôlego e precisou desviar o olhar dos olhos que a encaravam.

“Só estou sendo sincera.” ela deu de ombros, um pouco sem graça por ainda sentir o olhar dele sob ela.

“O seu pai...” ela parou para recobrar a coragem para a pergunta que faria “Como ele reagiu ao acidente?”

            Sansa tinha visto Rhaegar apenas uma vez, mas logo percebeu quão preocupado ele era com o Reino. Certamente a imagem da Família Real era muito importante para ele, evitar escândalos e falatórios era essencial.

            A princesa estava temerosa que o seu acidente trouxe muitos problemas para o sogro, ou que ele tivesse de alguma forma atrapalhado ainda mais a relação dele com Jon.

“Você não tem que se preocupar com isso.” Jon respondeu de prontidão, o que o seu pai pensava ou deixava de pensar não tinha relevância alguma para a esposa, pouco se importava que o seu pai pudesse ou não ficar chateado com algo que envolvesse Sansa.

“Jon...” ela expressou em forma de pedido para que ele a respondesse “O acidente trouxe muitos problemas para ele?” ela novamente perguntou, mas colocou sua pergunta em outras palavras.

“Ele...” Jon suspirou, como conseguiria negar de responder alguma coisa para a esposa? “Ele não se preocupou de início, mas agora...” Jon deu de ombros, acabando por falar o que não deveria e sentiu-se estúpido por não ter dado uma resposta melhor e ter camuflado um pouco a verdade.

“O que tem agora?” Sansa perguntou preocupada e era a exata reação que Jon não queria, pensou em alguma forma de consertar o que havia falado, mas sabia que não conseguiria.

            Além do mais, sabia que teria que tocar em tal assunto. Seu pai o estava pressionando para que ele deixasse Sansa ciente de seus deveres. Era totalmente estúpido para Jon, porque, para ele, nada mais importava do que a recuperação de Sansa, o bem-estar dela era mais importante.

“Ele quer que você pense em retornar aos seus afazeres reais.” Jon soltou sem pensar duas vezes antes de falar, pois sabia se o fizesse ele não falaria nada daquilo para a esposa. Não queria trazer preocupações ou que Sansa ficasse a pensar que tivesse outra obrigação que não fosse a de descansar para se recuperar do acidente.

“Bem...” Sansa se mexeu desconfortável, sem saber o que dizer sobre aquilo “Podemos pensar em um retorno.” ela respondeu um pouco incerta, sem saber realmente se suas palavras fariam sentido.

“Não Sansa, não temos... Eu só falei porque meu pai estava me pressionando para que te contasse, eu não iria contar, mas, depois desse jantar, percebi que era melhor que eu contasse do que o meu pai e a sua mania inconveniente de ser...”

“Mas você deveria ter contado Jon, independente se o seu pai iria me contar depois...” ela argumentou, um pouco ressentida, percebendo que, talvez, Jon escondesse mais coisas dela.

“Eu sei, Sansa. Me desculpe.” no momento seguinte ele tornou a segurar as mãos dela.

“Jon, você tem que prometer que não vai deixar de me contar mais nada.” ela o encarou seriamente.

“Tudo bem Sansa.” ele concordou, tentando um sorriso para tranquiliza-la.

“Você promete?”

“Sim, eu prometo.” ele afirma novamente. Sansa sorriu aliviada, antes de soltar as suas mãos do marido.

 

 

***

 

            Eles fizeram um caminho parecido com o feito ao retornarem do hospital. Por alguns minutos o carro onde estavam passou pelas ruas poucos movimentadas de King’s Landing até chegar em uma rua mais tranquila e um pouco afastada do centro.

            Nas redondezas do Hospital, em uma das ruas estreitas que estavam conectadas à Avenida Pasteur, ficava uma simpática construção onde, quase dois anos atrás, era a residência de Sansa.

            Durante o café da manhã, enquanto Sansa bebericava um suco de laranja com algumas frutas e Jon lia o seu jornal, ele deu a ideia deles conhecerem a antiga residência de Sansa, o que imediatamente deixou a princesa eufórica. Uma ansiedade dominou Sansa desde então, que assistiu inquieta os minutos passarem até eles chegarem onde estavam.

            A princesa, por alguns minutos, observou o sobrado de dois andares. A construção feita de tijolos alaranjados lhe atribuía uma simpática e aconchegante aparência. Alguns arbustos enfeitavam o caminho até a pequena escadaria que levava a porta. Sansa caminhou a passos lentos, apesar da ansiedade que sentia, até parar em frente a porta marrom.

            Jon seguiu a esposa e rapidamente caçou a chave da porta da residência no bolso da calça jeans. Com Sansa parada ao seu lado, ele colocou a chave na fechadura e em seguida abriu a porta. 

            Sansa observou o leve movimento que a porta fez ao abrir. Assistiu, aos poucos, o chão de madeira aparecer até que fosse possível ver o resto da mobília. Primeiro observou a sala a sua frente, para só então dar o primeiro passo para dentro da residência.

 

“Ande logo, Jon!” a loira ralhava com o amigo, estava ansiosa e não aguentava mais a lentidão com que ele andava pela rua. Os passos lentos que ele dava pareciam ser apenas para irritá-la e deixar ainda mais ansiosa.

            Com muito esforço, os dois haviam convencido o guarda-costas de Jon para ficar mais afastado. Era uma área segura e tudo o que os dois queriam era desfrutar daquele momento sem a presença de um terceiro.

“Tenha calma, Sansa.” ele riu para a jovem ao seu lado que em resposta bufou antes de pegar o amigo pela mão e puxá-lo pelo curto caminho até a casa.

“Você me irrita.” ela murmurou impaciente o homem riu diante da imagem que via.

            Sansa estava com os cabelos ruivos soltos e um tanto quanto revirados, ele bem sabia que em meio toda a afobação em que ela estava o cabelo bagunçado era consequência disso, mas, ainda assim, ela estava linda. Ele sentiu vontade de revirar os olhos diante de seu pensamento apaixonado e bobo. Mas como ele poderia evitar? Era um bobo apaixonado por Sansa Stark. 

            As bochechas estavam coradas enquanto ela estava parada diante da porta, um enorme sorriso estava estampado em seu rosto enquanto ela olhava ansiosamente para Jon.

“Eu esperei tanto tempo para te mostrar!” ainda mantendo a mão de Jon junto a sua, ela verbalizou toda sua ansiedade, porém, sem abrir a porta.

“Não foi muito tempo, Sansa.” ele riu “Você está exagerando.”

“Exagerando? Essa semana se passou arrastando!” ela reclamou.

            De fato, para aqueles dois jovens, a semana tinha se passado mais lentamente do que gostariam, ambos tinham seus motivos.

            Por sete dias Jon esteve em Luz Solitária, uma pequena ilha localizada nas Ilhas de Ferro. Primeiro ele foi para Pyke, para só então chegar ao seu destino.

            Um dos projetos do Príncipe visava dar auxílio a localidades um tanto esquecidas pelo Reino. Luz Solitária sem dúvida alguma era um lugar belíssimo, sendo a menor ilha e mais longínqua das Ilhas de Ferro.

Porém, o local dependia do dinheiro enviado pelas Ilhas de Ferro, que acabava não sendo o suficiente para a mantença da sua pequena população, o que gerava índices assustadores naquele local. Uma grande quantidade da população é soropositiva, dentre essas pessoas, muitas delas crianças e o pior, a grande maioria é órfã. A expectativa de vida também é baixa, o que deixava em evidência ainda mais a carência da pequena ilha.

            O grande foco do projeto eram as crianças com HIV, mas de forma geral, ele visa atender a população da melhor maneira possível. O atendimento não era somente médico, como também psicológico, em busca do melhor acolhimento para as crianças.

            A dinastia Targaryen sempre teve uma boa relação com as Ilhas de Ferro, Jon viu ali a oportunidade para expandir seus projetos para uma área até então inexplorada por ele. Luz Solitária era definitivamente um local esquecido pelo Reino de modo que estava orgulhoso, em poucos meses já via a localidade mudar, as construções do projeto começavam a surgir e ele sorria toda vez que pensava que pela primeira vez na vida fazia algo totalmente dele.

            Tinha sido uma rápida visita, apenas uma breve inspeção em razão dele ainda se encontrar ocupado com as suas funções no exército, já que estava terminando seu treinamento em Castle Black. Ele amava a sensação de estar fazendo algo que ajudaria as pessoas, mas, quando estava longe de King’s Landing, sentia o seu peito apertar de saudades da sua melhor amiga.

            Eles conversavam sempre que podiam, Jon sempre conseguia fazer pelo menos uma ligação por dia, mas não era a mesma coisa. Além do mais, havia sido difícil ele conseguir sinal de celular naquela pequena ilha.

Ele sabia que já deveria estar acostumado, estava há muitos meses em Castle Black enquanto Sansa se mantinha em King’s Landing, mas nada mudava, estava sempre saudoso. As vezes se enraivecia com isso, com ira de toda a necessidade que tinha em tê-la perto, mas com o tempo aprendera que era em vão, seus sentimentos por Sansa jamais mudariam.

“Acho que alguém estava morrendo de saudades de mim...” Jon a provocou com um sorriso convencido no rosto. Sansa riu, ela realmente estava, por que medir esforços em negar?

“Pare de ser convencido e agora se concentre para esse grande momento.” o sorriso dela aumentou proporcionalmente ao aperto que dava na mão de Jon.

            Ela se virou para a porta marrom escura e em seguida a abriu com pressa, guiou o amigo para dentro para logo depois fechar a porta.

“O que acha?” ela perguntou ansiosa enquanto sorria ao olhar com orgulho ao redor, não fazia muitos meses que Sansa havia começado sua faculdade de História da Arte, mas, mesmo assim, já sentia quão ruim era viver com os pais enquanto adentrada na idade adulta.

            Não queria continuar vivendo cheia de restrições, tendo que respeitar ordens pelo simples fato de ainda viver sob o mesmo teto dos pais. Ela bem via como morar sozinho era prático, ela tinha o irmão mais velho como exemplo. Ela queria essa independência, queria um canto só dela, com suas próprias regras.

            Ela ainda não tinha um emprego, o dinheiro que tinha era de seu pai, mas não era suficiente para comprar um lugar para morar e ela também não se permitiria pagar um aluguel com dinheiro do pai. O avô materno, Hoster Tully, assistindo aos seus lamentos e lamurias, resolveu ajudar a neta: lhe deu de presente uma pequena residência próxima ao centro da cidade.

            No primeiro instante, Sansa recusou, não podia aceitar algo do tipo, era um bom lugar e com os altos preços imobiliários de King’s Landing, bem podia imaginar a pequena fortuna embolsada pelo avô. Mas o avô foi irredutível, encorajou a neta até que ela se sentisse confortável com a ideia de aceitar o presente. Além de tudo, dinheiro nunca foi problema para a sua família materna, que era conhecida por possuírem uma importante empresa exportadora de pescados.

            No final, Sansa acabou deixando de lado seu orgulho, ansiava por sua independência e talvez não fosse errado aceitar um presente de um parente tão próximo. Quando tivesse condições, poderia se mudar e custear um lugar totalmente seu.

            Jon caminhou pela grande sala praticamente vazia, composta apenas por um sofá acinzentado. Era bastante ampla e espaçosa, o piso de madeira de cor clara dava uma boa aparência ao local. Ele seguiu Sansa para o cômodo anexo, que ele logo descobriu se tratar ser uma cozinha devido a grande pia branca.

“É bastante espaçoso.” Jon murmurou enquanto observava as paredes brancas.

“E, não é?” ela sorriu enquanto quase dançava pela cozinha.

            No segundo seguinte Sansa estava puxando Jon para outro lugar, mas dessa vez subiram uma pequena escada em espiral que tinha um bonito carpete preto cobrindo-a.

“Essa é a parte mais legal!” ela falou enquanto subiam para o segundo andar.  

            A escada dava direto para um quarto, que assim como a sala e a cozinha, era bastante amplo. Havia apenas uma cama box no local, uma porta para o banheiro, outra para o closet e uma porta de vidro para uma pequena sacada.

“Não é bonito?” ela perguntou enquanto apontava para o local. Jon acenou com um sorriso e novamente se viu sendo puxado por Sansa.

            De alguma forma os dois acabaram deitados na cama, um do lado do outro, enquanto ambos encaravam o teto branco. Jon não conseguiu se conter e tornou a encarar o rosto sereno e feliz de Sansa. Ele acabou sorrindo com a visão, ficava contente com a felicidade dela, era bom saber que ela estava conquistando sua liberdade.

“Eu estou tão feliz.” ela verbalizou o obvio.

“Eu estou vendo.” ele riu “E fico feliz por você.” ele continuou, ela virou a cabeça para olhá-lo e em seguida sorriu.

“É incrível! Eu sozinha nesse lugar!” ela riu com a ideia que ainda parecia mentira “Se lembra de quando tudo que eu e você queríamos era um lugar só nosso?”

“Como eu poderia esquecer?” ele riu ao se recordar de todas as infames ideias que os dois já tiveram, dos planos para quando forem adultos e pudessem executar... Agora viam quão estúpidos eram.

“Eu precisava saber a sua opinião, você sabe, sobre a casa...” ela deu de ombros “Você acha que eu vou gostar de morar aqui?” ela perguntou ansiosa, ávida para saber a opinião do amigo.

“É claro que vai.” ele sorriu para ela “Talvez você possa achar um pouco estranho no início, mas tenho certeza que logo irá se acostumar...”

“Tomara.” um grande sorriso surgiu no rosto de Sansa antes dela se debruçar sobre os cotovelos e ficar com o rosto acima do de Jon.

“Você ainda precisa me contar como foi nas Ilhas de Ferro.” ela o lembrou e no momento seguinte Jon contava sobre a viagem. Ele contava com orgulho cada detalhe, vendo um sorriso surgir no rosto de Sansa com tudo que ele contava. Os dois se mantiveram no assunto por um tempo, sem ver o tempo passar.

“Eu estou tão orgulhosa de você!” Sansa exclamou com sinceridade, ainda sobre os cotovelos, ela se inclinou o suficiente para dar um pequeno beijo no pescoço do homem. Um pequeno gesto sem malícia e que já era comum entre os dois, mas Jon sentiu um rápido arrepio com o ato.

            Sansa se aconchegou nos braços de Jon, enquanto o mesmo a cercava com os braços, os mantendo ainda mais próximos. Ficaram lá até surgir a necessidade de voltarem para suas casas por conta do avançar do tempo, porém, aproveitaram o máximo que puderam juntos, o simples prazer de estarem próximos sem precisar falar sobre algo.

 

 

“Sansa?” uma voz aflita ecoava em algum canto da mente da princesa “Sansa querida, você está bem?” ele mais uma vez perguntou.

            A loira arregalou os olhos quando finalmente percebeu que o que via momentos atrás não era sua atual realidade, na verdade era algo totalmente diferente, talvez... Uma lembrança.

            Ficou surpresa ao constatar que não mais estava em frente a porta e sim sentada em um sofá que estava coberto por um lençol branco. Olhou ao redor rapidamente, vendo uma imagem parecida com a que teve antes, mas dessa vez encontrou a maioria dos móveis cobertos por lençóis.

“Eu...” ela tentou responder, mas sua boca estava seca e encontrou dificuldade em falar “Estou bem.” ela completou com os olhos arregalados em surpresa.

“Sansa, o que aconteceu?” Jon estava de frente para ela, com os joelhos no chão para ficar na mesma altura que ela. “Íamos entrar quando você simplesmente parou de responder, estava com os olhos fixos e parecia não estar aqui...”ele passou uma das mãos no rosto da esposa para afastar alguns fios de cabelo que ali estavam.

“Eu...” ela piscou os olhos repetidas vezes na tentativa de afastar a letargia que sentia “Eu acho que tive uma lembrança.” ela respondeu um pouco incerta.

“Você se recordou de algo?” ele perguntou surpreso com os olhos cinzas arregalados.

“Eu acho que sim...” ela respondeu confusa. “Eu não sei.” ela suspirou confusa como estava, não tinha certeza se tudo que viu era realmente era real, era a primeira vez que algo do tipo acontecia.

            Durante todos os dias tudo que ela teve foram algumas breves e leves sensações sobre as coisas. Nada significativo, nada que lhe despertasse atenção. Mas, então, imagens aparecem em sua cabeça e ela simplesmente não sabia o que pensar.

            Era tudo muito real, mas não queria se iludir, e se o que viu não fosse real e fosse apenas um truque da sua mente?

“Sansa... Isso é...” fantástico, ele queria completar, mas a palavra não dita se perdeu no meio do sorriso que ele deu. “O que foi que você viu?” ele perguntou curioso.

            Sansa explicou para o marido as imagens que viu e ele sorria a cada detalhe que ela dava.

“Isso é incrível! Você acabou de descrever com grandes detalhes como foi a primeira vez que viemos aqui!” ele exclamou feliz “Talvez ter visto esse lugar tão conhecido tenha despertado algo em você...”ele complementou.

            Sansa estava com as sobrancelhas franzidas com medo de se iludir e acabar descobrindo que na verdade não foi nenhuma recordação. Mas, diante da expressão feliz do marido, ela foi se acalmando.

            As mãos dele estavam entrelaçadas com a dela enquanto ele ainda estava na mesma posição. Ele olhava diretamente nos olhos dela. Ela se sentiu desconfortável, Jon a olhava de uma maneira muito íntima, como se pudesse desvendá-la apenas com um olhar. Por um momento a ideia de que ele pudesse saber até o que ela pensava passou por sua mente, tamanha era a concentração que ele tinha nela.

            Movimentou-se desconfortável, pronta para levantar-se do sofá, o olhar do marido a intimidava e ela não conseguia devolver o gesto. Mas, as mãos dele a impediam, sabia que se demonstrasse mais uma vez que queria sair do sofá ele sairia, mas não o fez. Permitiu que Jon continuasse a olhá-la, com o sorriso terno e sincero que ele mantinha no rosto.

            Aos poucos, ela conseguiu afastar timidez, não retribuiu o sorriso, mas conseguiu sustentar o olhar. Jon se aproximou dela e por um momento prendeu a respiração por não saber o que ele faria a seguir.

            Sentiu um delicado beijo ser depositado em sua bochecha antes de novamente ter a visão de Jon a sua frente.

“Não se preocupe, Sansa. Eu sei que você vai conseguir se lembrar de tudo.”


Notas Finais


TEMOS UMA MEMÓRIA!!

Será que Sansinha irá se lembrar de tudo? O que acham?

O que vocês gostariam de ver aqui na história? Principalmente em relação a alguma parte do passado de Sansa e Jon... Por exemplo, sobre como foi o dia do casamento, a entrevista de noivado e etc...

Enfim, me deixem saber sobre o que vocês acharam <3

Beijos e tenham um ótimo final de semana!


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