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História Renascer - The past is in the past


Escrita por: writejustforfun

Notas do Autor


Oi, gente, tudo bem com vocês? Mais um capítulo saindo do forninho para vocês, espero que gostem!
Não tenho palavras para agradecer pelos comentários, sério gente, significa o mundo para mim! Continuem comentando e falando as opiniões e teorias, eu guardo todos eles no coração!
Espero que gostem do capítulo, é isto!

Capítulo 3 - The past is in the past


The past is in the past

(O passado está no passado)

 

Harry se aproximou da porta da Sala de Poções, respirando fundo antes de finalmente bater. O feitiço de glamour que ele havia aplicado em seu rosto escondia a sua total falta de descanso e as suas expressões eventuais de dor, já que não havia pregado o olho naquela noite e não fazia ideia de como ainda estava de pé depois de tudo.

Ele havia conversado com a Professora McGonagall na noite anterior e não havia sido exatamente uma conversa calma. Sabia que não seria fácil convencê-la de tudo que havia dito, afinal, havia sofrido aqueles meses todos tentando proteger seus alunos dos Comensais da Morte, tentando proteger todos dele.

Demorou um tempo até que Minerva resolvesse tentar imaginar que aquele cenário era real. Ela, aos poucos, começou a relembrar as pequenas coisas que Severo fazia para tentar ajudá-los sem que ninguém percebesse. Os pedidos de Dumbledore que pediam que ela confiasse nele.

Após muita conversa com Harry, ela apenas se sentou, com as mãos na cabeça encarando o nada. Ela havia sido relapsa mais uma vez e isso a irritava, por mais que ainda precisasse de muitas conversas como aquela para finalmente se convencer da verdade.

Minerva prometeu que falaria com o Ministro — que agora passara a ser Kingsley Shacklebolt — sobre tudo aquilo, afinal, ele já reunia tudo o que podia sobre os comensais para julgá-los o mais rápido possível. As marcas da guerra deveriam ser curadas de uma só vez.

Mas Harry sentia e sabia que ela ainda não acreditava nele totalmente, por isso apenas pediu o benefício da dúvida. Ele não quis entregar as memórias dele para que ela avaliasse, por isso apenas pediu uma chance, uma oportunidade de conversar com Severo nem que fosse uma vez. Harry acreditava que se tivesse a diretora de Hogwarts ao lado deles poderiam ter uma vantagem perante o juiz.

A porta da sala do professor finalmente se abriu e Harry viu Severo em sua frente lhe oferecendo um sorriso, que logo foi retribuído por ele. Logo ele deu espaço para que Harry passasse e o menino entrou, vendo a sala do professor exatamente como estava no dia anterior.

— Como você está? — Harry questionou assim que entrou.

Severo se sentou em uma das poltronas da sala e fez sinal para que Harry fizesse o mesmo. O menino se sentou, encarando os olhos do jovem Severo e respirando aliviado por enxergar que a aparência dele estava bem melhor.

— Estou bem, não se preocupe. Fiz algumas poções novamente e elas podem ser muito milagrosas quando preparadas de forma correta. E eu espero que tenha seguido meu conselho e descansado — Severo respondeu.

— Algo assim — Harry respondeu, sem dar muitos detalhes que pudesse entregá-lo. — Tem tempo para mais uma conversa?

Severo assentiu, apenas fazendo um sinal para que ele esperasse. Ele se levantou brevemente para buscar duas xícaras de chá e, quando Harry as viu, segurou a provocação que surgiu em sua língua. Não seria muito sensato questionar de o professor havia colocado veneno em sua xícara, por isso apenas sorriu e levou o líquido fumegante a boca.

— Obrigado, Severo — Harry agradeceu. — Então, quais são as suas perguntas?

Severo se assustou com o quão direto ele estava sendo e apenas encarou os olhos dele.

— Eu não... — Severo começou a dizer.

— Apenas pergunte — Harry disse com um sorriso simples. — Sei que há muitas coisas que quer saber. Não se preocupe, estarei acostumado a respondê-las.

Severo assentiu levemente com a cabeça, levando o chá novamente a sua boca antes de finalmente pensar na primeira pergunta.

— O Lorde das Trevas está morto realmente? — a pergunta escapou de seus lábios.

— Sim — Harry respondeu, nem um pouco surpreso que aquele fosse o primeiro questionamento.

— E você o matou?

— Sim e não. Hermione, Rony e Neville destruíram uma horcrux cada um, assim como Dumbledore, então eles também mataram uma parte dele — Harry explicou. — Mas no fim foi eu quem fiz o feitiço final, assim por dizer. Não lancei nele um feitiço da morte, acho que nunca seria realmente capaz disso, e você já deve ter escutado sobre nossos duelos. Mas está disposto a escutar uma longa história?

Severo assentiu. Harry se ajeitou na poltrona e começou a contar o que havia ocorrido naqueles meses e tudo aquilo que havia descoberto sobre as horcrux, os lugares que havia visitado para entender toda aquela história. Também contou sobre a sua experiência de morte e sobre as relíquias, assim como os últimos momentos daquela batalha de anos.

Quando ele terminou, o sonserino ficou em silêncio, absorvendo tudo aquilo.

— Então no fim você era o senhor da varinha das varinhas? — Severo questionou, com um sorriso mínimo. — Não devo dizer que fico chateado por ter quase morrido por nada.

— Severo! — Harry o repreendeu, fazendo com que o homem deixasse escapar uma risada. — Mas de fato ele não entendeu tudo isso, nunca entendeu. Ele não podia compreender os sentimentos mais simples, essa sempre foi a sua maior fraqueza.

— De fato ele carecia desses preceitos — Severo concordou com um suspiro. — Posso fazer mais uma pergunta? — ele o questionou.

— Todas que quiser, Severo — ele respondeu com sinceridade.

— Você sabe alguma coisa sobre Draco?

Harry estranhou a pergunta, crispando a testa, mas resolveu apenas responder.

— Eu não posso dizer que sei. Hermione contou que alguns comensais fugiram quando me viram vivo, então provavelmente os Malfoy estavam no meio deles. De qualquer forma, não pude agradecer a Narcisa, ela salvou minha vida, por mais que seja retribuição por ter salvado a vida do filho dele.

— Está algo que nunca pensei que escutaria ou veria, você salvando Draco — Severo disse com um sorriso. — Ele é meu afilhado, por isso queria saber.

— Ah, eu não poderia saber — Harry disse. — Se bem que deveria desconfiar das tantas vezes que você o favoreceu em sala de aula.

Severo soltou uma risada, o que fez Harry estranhar ainda mais tudo aquilo, encarando seus olhos.

— Sério, eu tenho quase certeza que Nagini roubou um pouco de sua sanidade com ela — Harry provocou. — Em todos esses anos em Hogwarts eu nunca o vi sorrir a não ser uma sombra de sorriso quando eu me dava mal.

Severo balançou a cabeça negativamente com um sorriso.

— Não negue, você me odiava — Harry disse em um tom acusatório.

— Eu nunca te odiei, Harry. Posso ter sentido uma profunda irritação em algum ponto de nossa história em relação a você, mas ódio é algo demais para se sentir.

— Então, por que... — Harry começou, sem saber como continuar.

— Eu te tratava tão mal? — Severo questionou, vendo-o assentir. — Harry, desde o instante que Lilian se foi e Alvo pediu que eu cuidasse de você, eu soube que dedicaria a minha vida a isso, eu faria tudo para te deixar seguro. Quando se aproximou o tempo de você chegar à escola, o Lorde das Trevas começou a dar sinais que poderia retornar e eu sabia que eu iria me candidatar como espião e eu aceitava esse destino. Havia me amargurado a vida inteira por saber que esse sempre seria o caminho que eu deveria tomar.

Harry o encarava em silêncio, atento a cada uma de suas palavras.

— Eu sou um ótimo oclumente como você bem sabe, mas não poderia esconder todas as minhas interações com você em minha mente apenas para me dar o luxo de conviver com você em harmonia, por mais que eu pudesse querer. Se eu fosse simpático, ou até mesmo se eu fosse indiferente e nunca demonstrasse um resquício de raiva em relação a isso, eu sabia que teria que esconder esses sentimentos dele e isso não seria bom.

— Então você foi horrível comigo todos esses anos porque se dirigisse uma palavra de educação a mim Voldemort descobriria? — Harry questionou com uma das sobrancelhas arqueadas.

— Harry, era o mais fácil. Internalizei que minha raiva por você vinha de Thiago e não foi difícil manter isso por tantos anos. Eu ignorava quando eu te via ser tão bom quanto Lilian foi, mas proteger você era minha missão, não me tornar seu amigo. Eu não esperava nem ao menos sobreviver a tudo isso.

— Entendo, quer dizer, um pouco. Você elabora planos muito complicados — Harry disse com um sorriso.

— De fato. Peço perdão por tudo isso. Você até conhecer Sirius só teve a visão de sua tia sobre seus pais e eu poderia ter fornecido informações, pelo menos sobre sua mãe. Por muitas vezes eu vi você perdido por isso e preferi focar em uma missão que me agarrei com todas as forças. Mas talvez, se pudéssemos recomeçar... — ele começou a dizer, sendo interrompido por Harry com um sorriso.

— É claro que podemos recomeçar, Severo, eu adoraria — Harry disse com um sorriso sincero. — Por mais que isso possa chocar a professora McGonagall ainda mais, você deveria ter visto como ela estava quando eu contei sobre você para ela.

— Eu não facilitei as coisas nos últimos meses.

— Creio que não. Mas ela nos deu o benefício da dúvida, por isso deve vir conversar com você.

Harry pegou um vidro no bolso com o que Severo reconheceu como memórias e o entregou. Ele as segurou em suas mãos, confuso.

— Eu não mostrei as suas memórias para a professora, elas são apenas suas, mas eu tive que mostrar parte delas a Hermione e Rony. Eu achava que a morte seria algo definitivo e eu tinha que ter alguma garantia que eles iriam ajudá-lo. Mas aqui não estão todas elas, apenas ecos das memórias que você me forneceu, e como não são minhas elas ficaram menos nítidas. Mas sabia que seria o suficiente para que eles acreditassem em mim — Harry explicou.

— Obrigado por ter se preocupado.

— Não foi nada — ele respondeu, tomando o resto de sua xícara de chá.

Eles ficaram um tempo em silêncio, enquanto os dois absorviam todas àquelas informações. Ainda havia algumas dúvidas na mente de Severo, por isso ele resolveu externalizá-las.

— Então você se tornou o senhor da morte? — ele questionou.

Harry fez uma careta para aquele título. Odiava títulos como aquele. O Eleito, O-Menino-Que-Sobreviveu, todas aquelas baboseiras que ele não suportava. Severo percebeu, dando um sorriso mínimo.

— Desculpa — ele pediu minimamente.

— Não se preocupe, acredite, por mais que eu não goste já estou acostumado. Mas sim, por alguns instantes eu fui. Mas eu devolvi a varinha para onde ela pertencia, então não a possuo mais — Harry disse, mostrando para Severo a sua varinha antiga. — A única relíquia que mantive comigo foi a capa da invisibilidade. Foi meu pai quem a deixou para mim.

— Então os Potters são da linhagem Peverell, isso é muito interessante. Mas e a pedra? — ele questionou.

Harry respirou fundo, encarando os olhos de Severo.

— Era sobre isso que fui falar com Dumbledore. Quando eu estava para morrer, eu vi minha família. Vi papai, mamãe e Sirius. Vi Remo.

Harry desviou o olhar para o chão com um suspiro com o último nome e Severo enxergou um resquício de dor nele. Ele não pôde impedir seu movimento, segurando a mão dele em sua frente e apertando levemente. Harry o encarou com um sorriso, apertando sua mão de volta.

— Tudo bem — ele o tranquilizou. — Enfim, o ponto é que como Dumbledore foi o primeiro a encontrá-la e pagou o preço por tentar usá-la, quis saber se apesar de tudo eu poderia oferecer a você a oportunidade de viver essa experiência.

— Essa experiência? — Severo questionou confuso.

— Talvez você possa ver minha mãe — Harry disse.

Severo ficou em silêncio, chocado. Ele encarou suas mãos pensando sobre aquilo. Seria capaz de ver Lilian? Depois de tudo aquilo seria capaz de encará-la? Mas e se não visse só as pessoas que amava, se também visse seu pai? E se aquela experiência apenas machucasse ainda mais o seu coração e a sua alma?

— Sei que é muito para pensar, mas eu concordo com Dumbledore, a escolha deve ser sua, Severo, uma vez na vida — Harry disse, fazendo com que ele encarasse seus olhos. — E bom, você me questionou se ela o perdoaria e bem, achei que talvez você quisesse perguntar.

Severo assentiu, pensando sobre aquilo. Ele sentia tanta culpa, tanta mágoa em seu coração. Tantas vezes ele havia pensando em fugir daquela vida, em apenas seguir, mas ele tinha que se manter firme.

Ele tinha que estar vivo por Harry. Ele se agarrou aquela promessa.

Com o passar dos anos, ele percebeu que não se tratava de salvar Harry, o filho de Lilian, se tratava de salvar Harry, apenas Harry. Ele escutava, naqueles meses, os feitos dele, tudo que ele estava tentando fazer para livrar o mundo de um lunático.

Ele não sabia em que momento o mundo dele virou de cabeça para baixo e não se tratava de pedir o perdão de Lilian, e sim o de Harry. E por mais que precisasse que aquele menino, não, aquele homem dissesse ainda muitas vezes que o perdoava de fato, ele se sentia um pouco mais em paz com aquela situação.

Ele encarou os olhos de Harry novamente, prestes a dizer tudo isso, quando a porta de sua sala se escancarou de repente. Os dois deram um pulo em suas cadeiras e olharam assustados para porta. Minerva estava parada em frente a ela, completamente transtornada.

Severo escutou Harry dar um gemido de frustração ao lado dele franziu o cenho.

— Ele está aqui, senhorita Granger — Minerva disse.

Ela deu espaço para que Hermione aparecesse no campo de visão, fazendo com que Severo se assustasse com a expressão da menina. Ele achou que tudo aquilo era sobre ele, mas percebeu que ela encarava Harry, que parecia querer se esconder.

— Você é um idiota, Harry Potter, eu te procurei por toda escola, toda ela! Fiquei preocupada, achando que você podia estar desmaiado por aí, morrendo, ou sei lá!

— Hermione, eu estou bem — ele tentou dizer.

— Nem tente, Potter, ou eu quebro você. Eu sei que você estava cheio de dores e ontem você bem que tentou disfarçar as tonturas, mas você sabe que eu iria perceber. Eu confiei em você em não chamar Madame Pomfrey, e você simplesmente desaparece?

— Mione, é sério, eu estou bem — ele tentou argumentar, utilizando o apelido da amiga.

— Nem tente — ela disse, se aproximando dele e lhe dando um tapa. — Rony disse que você não dormiu a noite inteira, que você se recusou a pregar o olho e que ele te ofereceu uma poção e você negou. Quer que eu enumere todos os motivos para eu querer matar você?

— Não, apenas, um segundo, está bem? Eu vou com você aonde quiser — Harry pediu.

— É claro que você vai, pois eu vou te levar na enfermaria, Harry Potter, pode apostar — ela saiu, batendo o pé.

Minerva parecia querer conter o riso e Harry soltou um longo suspiro.

— Ela estava realmente nervosa, senhor Potter — Minerva disse.

— Eu sei, é isso que acontece quando você diz a alguém que a considera como irmã — ele disse.

— Eu escutei, Potter — todos escutaram o grito de Hermione, fazendo com que Harry gemesse novamente e Severo e Minerva soltassem as risadas.

— Desculpa — ele disse a Severo.

— Você devia ter dito que havia passado mal, eu perguntei se você estava bem, por que não disse nada? — Severo questionou, só então vendo o feitiço de glamour que ele havia lançado começar a falhar, já que sabia a verdade.

— Não é nada demais, Hermione tente a se preocupar um pouco demais — ele disse. — Eu estou bem.

— É sério, Harry, você precisa se cuidar, não pode deixar para lá. Eu ficaria muito chateado se tivesse gastando tanto tempo tentando te proteger para você simplesmente fazer isso — Severo disse em um tom risonho.

— Muito engraçado, mas eu vou me cuidar, não se preocupe — Harry disse. — De qualquer forma, você deve pensar. Eu tenho que ir antes que ela realmente me mate.

Harry se levantou, mas foi barrado pela mão de Severo segurando seu braço levemente.

— Eu não tenho o que pensar, Harry — ele disse.

— Mas...? — Harry deixou a pergunta no ar.

— Você disse que ela se fosse um pouco como você, me perdoaria, e eu me contento sabendo que ela era exatamente como você. Eu não preciso revirar o meu passado dessa forma, não preciso ir atrás de Lilian dessa forma. E, de qualquer forma, eu tenho medo de ir nessa direção, ir atrás disso. Deixe isso para trás, é o melhor para nós — Severo disse.

Harry sorriu, pousando sua mão suavemente sobre o ombro de Severo e o apertando.

— Fico feliz em escutar isso — ele confessou.

— Harry Potter! — eles escutaram a voz de Hermione e sorriram.

— Estou indo! — Harry respondeu. — Volto depois.

Harry viu Severo assentir e passou por Minerva, recebendo um afago na cabeça que o fez sorrir. Os dois professores ainda puderam escutar Hermione ralhando com Harry por um bom tempo antes que se afastassem o suficiente, fazendo com que eles rissem.

Severo fez um gesto para que Minerva se sentasse em sua frente e ele se levantou para buscar uma xícara de chá para ela. Quando os dois estavam servidos, a mulher começou a falar.

— Harry veio falar comigo. Parecia muito empenhado em defender você no tribunal — Minerva começou.

— Sim, ele está — Severo suspirou. — Não fui eu quem pedi.

— Eu imagino que não, mas eu conheço aquele garoto, ele defenderia o mundo se pudesse, daria um bom juiz — Minerva disse.

— É uma boa opção de carreira — Severo soltou um suspiro. — O que quer saber, Minerva? — ele questionou.

— Harry contou sua história, mas se recusou a mostrar a memória, dizia que era apenas sua. Eu acredito nele, mas algumas coisas que ele disse não se encaixam, entende? Pode me explicar melhor tudo isso? — ela pediu.

Severo assentiu, respirando fundo.

— Está disposta a assistir minhas memórias? — ele questionou. — Posso dá-las para você colocar em uma penseira ao invés de invadir sua mente se quiser.

— Estou confiante que se você fizer algo de errado eu poderia lançar um ótimo feitiço para me defender — Severo sorriu com sua fala.

— Está bem então — ele disse, encarando seus olhos e lançando um feitiço silencioso.

Minerva então sentiu as memórias de Snape invadirem sua mente e acompanhou boa parte da vida dele. Ele não foi tão detalhista quanto foi com Harry, apenas mostrando coisas de Hogwarts e um pouco de sua relação com Lilian, mas tudo havia ficado implícito o suficiente.

Ele sentia Minerva tremer quando observou algumas de suas missões e quando sentiu sua culpa naquelas memórias. Era devastador, era desesperador. Quando tudo terminou, ela só pôde ficar em silêncio, absorvendo tudo aquilo.

— Harry me contou e mesmo assim eu senti tudo isso como se fossem facas perfurando a minha alma. É dolorido pensar em nossa negligência — Minerva disse por fim.

— Negligência? Minerva, eu também não era a melhor das pessoas em Hogwarts. Thiago e seu bando podiam ser implicantes comigo e com os sonserinos, mas nossas casas sempre foram assim. Eu ajudei a aumentar nossa rivalidade com isso, eu afastei Lilian de mim com isso.

— Não é só disso que estou falando — Minerva disse, finalmente o encarando.

— E do que é? — Severo questionou confuso.

— Seus pais, você não mostrou seus pais, nunca falou sobre eles. E só então eu reparei que nós negligenciamos você como negligenciamos Harry.

— O que...? Como...? — Severo parecia totalmente confuso. — Eu não mostrei minha família em minhas memórias.

— Mas mostrou a minha indiferença no dia de sua seleção — Minerva explicou. — Você e Harry eram muito parecidos quando sentaram naquele banquinho com 11 anos. Eu coloquei o chapéu na cabeça de vocês, mas fui incapaz de olhar além. Só vi um aluno para o qual eu fechei os olhos por ser da Sonserina, que não pude enxergar a magreza, a tristeza no olhar. Harry tinha o mesmo olhar, a mesma falta de peso, os mesmos sinais de maus tratos. Fui mais negligente com ele por ter sido da minha própria casa e eu nunca ter questionado se precisava de ajuda? Eu não sei, mas nos dois casos sei minha sentença de culpa.

— Minerva… — Severo começou a dizer.

— Você era só um menino e eu não pude enxergar. Você se tornou um homem que por mais que negasse tinha medo do que fazia, tinha culpa pelo que fazia e eu não o salvei, eu não olhei, Severo. Você era só um menino que eu vi crescer e fui incapaz de tentar salvar.

— Minerva, isso nunca seria culpa sua! — ele exclamou, exasperado.

— Será que não? Se eu tivesse feito mais que apenas tirado pontos de Sirius e Thiago, será que não?

— Sirius e Thiago não me tornaram quem eu sou, a escolha foi minha. Fui eu quem fiz tudo aquilo e continuaria fazendo se não fosse por Lilian. Não sou um herói, Minerva, eu não sou.

— Eu sei que não se enxerga assim. Mas eu enxergo você de verdade, Severo.

— Eu não preciso que pense que meu passado me definiu. Eu fui o menino maltratado pelo pai por ser diferente, o menino que perdeu a mãe cedo por causa do pai que se achava superior. Eu fui rejeitado da convivência de sua avó por ser mestiço, sim, Minerva, minha infância foi a pior de todas. Mas eu escolhi o que fazer com o meu passado, escolhi os pensamentos que deveria tomar. Escolhi as influências que queria ter.

— Severo… — Minerva começou a dizer.

— Olha, você disse que enxergou em Harry o que enxergou em mim e olha o que ele se tornou! Cada um escolhe o seu caminho, eu fiz a escolha errada.

— Eu entendo, mas isso não nos torna menos cegos.

— Ou eu menos culpado — Severo pontuou.

— Eu irei depor ao seu favor, Severo Snape, e você será inocentado, ou eu não me chamo Minerva McGonagall, a diretora de Hogwarts. E eu te juro que farei a melhor defesa que você já viu. Harry pedirá a ajuda de Hermione e aquela menina é mais do que capaz de elaborar uma tese sobre você. Papoula estava certa, você merece uma segunda chance.

Severo suspirou, apenas assentindo com a cabeça. Sabia que eles não desistiriam e se permitiu sentir uma pontinha de esperança. E se ele pudesse receber uma sentença leve, e se?

Ele apenas respirou fundo, fechando os olhos brevemente antes de encarar Minerva novamente. Não era momento para sonhar.

— Posso perguntar algo sobre Harry? — ele questionou.

— Se eu puder responder — Minerva respondeu.

— O quão ruim foi a infância dele?

— A pior que eu poderia imaginar. Ele foi criado pelos tios, que odiavam magia, odiavam qualquer coisa do nosso mundo. Harry foi obrigado a ser um empregado naquela casa, nunca amado, sempre fadado a viver de sobras, a dormir em um armário debaixo da escada — Minerva começou a dizer, sentindo os olhos marejarem. — E eu o deixei lá com Alvo, eu deixei. Ele disse que era o único lugar seguro e eu aceitei, eu segui minha vida, eu também escolhi.

— Minerva… — Severo começou.

— Ele era maltratado fisicamente e psicologicamente. Ele nunca foi feliz, ele era um escravo que nunca recebeu amor. A primeira vez que ele soube de magia foi quando Hagrid foi buscá-lo, já que ninguém respondeu as nossas cartas e os tios estavam dispostos a escondê-lo para sempre a mandá-los para Hogwarts. Papoula nos contou tudo que ele havia sofrido quando o examinou pela primeira vez, mas por mais que eu falasse com Alvo ele não me permitia interferir. Harry tem que voltar para os tios, Minerva, e eu aceitava.

— Ele era protegido pelo sangue de Lilian naquela casa — Severo disse em um sussurro.

— Que raio de proteção é essa que o feriu pelo resto da vida? O amor de Lilian era a sua proteção e ele só conheceu amor quando fez amizades aqui em Hogwarts, quando conheceu Sirius e Hagrid. Que porcaria de proteção! — Minerva questionou, exasperada.

— Lilian o salvou, Minerva — Severo disse exasperado.

— É claro que salvou, eu nunca falaria algo contra ela, nunca. Thiago e Lilian fizeram de tudo por Harry e eu sempre irei admirá-los por isso. Só acho que Alvo foi longe demais naquilo tudo. Ele nunca procurou uma saída para aquilo e parecia querer forjar um soldado. Harry não queria ser um guerreiro, ele queria ser apenas uma criança. E ele não pode ser, porque com 14 anos ele enxergou a morte e teve que se tornar adulto. Aquele menino perdeu tudo, Severo, apenas tenha isso em mente. Pense nisso — ela disse.

Severo ficou confuso com a frase de Minerva, mas se contentou em apenas ignorar. Ele observou quando ela limpou suas lágrimas e se lembrou de relaxar seu corpo após tudo aquilo. Ele estava tenso na cadeira, suas mãos segurando com força o estofado. Ele segurou a todo custo as lágrimas.

Ele não podia mostrar o quanto seu coração parecia minúsculo após tudo aquilo.

Harry sorria tantas vezes, aparentava sempre o melhor por seus amigos, para todos. Ele nunca reclamou de sua vida, nunca disse nada. E, mesmo assim, ele sofria mais do que era humanamente possível.

Ele sentiu uma vontade imensa de abraçá-lo naquele instante. Severo teve que balançar a cabeça negativamente com força para afastar o que pensava. Ele decidiu que deveria mudar de assunto logo.

— Você me permitiria lecionar em Hogwarts novamente? — Severo questionou.

— Mas é claro que sim, você é o melhor pocionista que eu já conheci. Eu tenho algum receio quanto a questão de sua aparência, mas quando você tiver resolvido sobre isso, terá meu total aval. Já pensou se irá querer continuar mantendo seu nome, ou qualquer coisa assim? Porque você sabe que algo desse tipo nunca aconteceu antes.

— Pensei um pouco, mas nunca cogitei mudar minha identidade. Ser Severo Snape é quem eu sou, não importa a aparência. Se for para enfrentar o mundo, eu aceito as consequências de cara limpa.

— Se for mesmo de cara limpa, pelo menos corte esse cabelo — Minerva pediu.

— Minerva! — ele exclamou, provocando a sua risada.

— Recomece a sua vida, Severo, permita que o mundo veja o ser humano bonito que você é por dentro e por fora. Permita-se. Hogwarts estará te esperando sempre que quiser retornar.

Ele sorriu, encarando a mulher em sua frente. Ela apertou suas mãos levemente, sorrindo de volta. Seu mundo parecia mais leve, mais claro.

Severo ainda pensava em todo o resto, nas principalmente em Harry. Ele pensava nas feridas que ele carregava, nas dores que ele sentia e escondia. Harry havia feito um feitiço de glamour apenas para que ele não enxergasse o quão deplorável ele estava, para que ele pudesse apenas dar a Severo suas respostas.

Harry colocava todo mundo em primeiro lugar em sua vida, nunca ele. Mas o que ocupava o coração de Severo era uma certeza que ele nunca saberia dizer de onde saiu. Ele precisava cuidar de Harry, curar sua dor.

Ele iria sim recomeçar, ele iria sim lutar para viver.

Mas apenas se isso significasse levar Harry consigo naquele recomeço.


Notas Finais


Gente, o quanto vocês amam a Hermione? SHSHSHS eu morri de rir com ela nesse capítulo, sério, ela é muito a irmã mais velha que arrasta o irmão pela orelha quando ele faz arte HHSSHSH
Gostaram das conversas desse capítulo? Elas darão muita estrutura para o restante da fanfic (que como eu disse, não será muito longa, mas prometo que será bem fofinha!) No próximo capítulo teremos a passagem de alguns dias e Harry irá conhecer um personagem muito fofo!
Enfim, espero que estejam gostando, de verdade! Obrigada pelo apoio, contem aí o que estão achando e quais são as teorias! Aguardo vocês no próximo capítulo!
Se cuidem, beijinhos!
Just For Fun


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