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História Renegade Of Heaven - Casamento arranjado


Escrita por: RobertaDragneel

Notas do Autor


Esse primeiro capítulo não irá diretamente para a história principal, ele vai contar um pouco sobre a primeira personagem da fanfic. O foco dos primeiros cinco capítulos é descrever os poderes dela e quais são os motivos que a fizeram...
Bem, sem mais detalhes.
Boa leitura!

Capítulo 1 - Casamento arranjado


Fanfic / Fanfiction Renegade Of Heaven - Casamento arranjado

Idade Média, século XIII, a fome e a miséria alastravam-se por toda a Europa. Determinada família britânica vivia em uma pequena mansão, eram considerados de sorte se não fosse pela crise que os assolava. O chefe da família era um homem de características robustas, cabelos grisados e algumas rugas pelo rosto, mesmo estando somente com 54 anos.

Ele batia os dedos de forma impaciente na mesa, o olhar penetrante sobre a pouca comida em seu prato. Do outro lado da mesa estava a sua mulher com um semblante preocupado sobre o marido. Ela tinha 37 anos, roupas escuras e recatadas, cabelos negros e longos. A sua atenção, por um curto período de tempo, foi direcionada para a sua filha. Uma jovem de 16 anos, cabelos negros como a noite que tocavam além de sua cintura, o corpo com curvas bem definidas e olhos verdes. Um par de olhos verdes que brilhavam como as mais belas esmeraldas já encontradas.

- Estamos falidos. – O homem resolve quebrar o silêncio, em seguida solta um longo suspiro. – Essa é a nossa ruína...

- Calma, querido. Vamos encontrar um jeito. – A esposa diz gentilmente, na tentativa de confortar o amado.

- CALA A BOCA! – Ele grita deixando todos na mesa assustados. – MAL TEMOS COMIDA PARA COMER, QUEM DIRÁ VENDER PARA OS OUTROS!

A filha dele apenas abaixava a cabeça, não sentia vontade de comer. Não sentia vontade de fazer nada. A vida dela sempre se resumiu em ficar trancada em casa, aprendendo a tocar piano e a ser uma verdadeira dama diante da sociedade. Nunca saiu daquela mansão, o máximo que se aventurou foi no jardim que a rodeava. Aquelas belas flores eram suas únicas amigas.

O almoço era o pior momento, pelo menos para a garota. Quando a tarde chegou, ela saiu para o jardim ajoelhando-se entre algumas margaridas. Os dedos finos dela passaram entre as pétalas frágeis das flores até que ouviu o som de rodas contra o chão, era uma carruagem. Ergueu a cabeça e observou-a se aproximar da sua casa. Daquela carruagem  saiu uma mulher loira e usando roupas caras, ela estava acompanhada de um jovem. Ele tinha o cabelo loiro, usava roupas tão caras quanto da mulher e suas longas botas batiam sobre o piso causando um leve som ao redor.

É só a senhora Goulding e o seu filho, Richard Goulding. – A garota pensa voltando a sua atenção para as flores. Porém, ouviu os passos do garoto se aproximando. Teve que se levantar e dar alguns tapinhas no longo vestido azul claro, ela abriu um sorriso cortês ao vê-lo. Segurou as pontas de seu vestido e fez uma reverência formal.

- Olá, Richard.

- Emily. – Ele apoiava a mão no peito e retribuía a reverência.

Ela ficou sorrindo, aquele típico sorriso forçado que sempre fazia perto de Richard. O jovem tinha dinheiro, isso era inegável, mas a sua arrogância incomodava demais a moça. Emily não ligava para dinheiro e bens materiais, ela só queria alguém para conversar. Alguém que não ficasse se gabando da sua fortuna o tempo todo.

- Fiquei sabendo que seu pai passa por uma terrível crise. – Richard comenta abrindo um leve sorriso sarcástico.

- Hum...

- Isso é comum, a sorte nem sempre brilha para todos. – Diz dando nos ombros e segurava a mão da jovem, dando um leve beijo. – Mas talvez a sorte esteja a seu favor, minha cara Emily.

Ela arqueou a sobrancelha confusa, seus olhos brilhavam refletindo os raios solares daquele belo pôr do sol. Richard apenas deu alguns passos se afastando, disse que precisava ir e deu as costas seguindo o seu caminho de volta para a carruagem. Foi algo tão confuso que a jovem passou longos segundos paralisada, tentando entender o que acabara de acontecer.

A noite chegou, o jantar foi silencioso como de costume. Porém, o homem abriu a boca e pigarreou alto, chamando a atenção de todos ali. A mulher respirou fundo, já sabendo do que se tratava e pela sua expressão não era nada bom.

- Emily. – Ele diz com sua voz grossa. – Tomamos uma decisão que irá nos salvar da miséria.

- Hum? – Emily afastava a colher com a sopa dos seus lábios, deixando-a sobre o prato. – Que decisão?

- Você se casará com Richard Goulding. – Foi seco e direto em suas palavras.

Um aperto inexplicável atingiu o coração da jovem, ela estava boquiaberta e sem palavras. Olhou para a sua mãe pedindo ajuda com o olhar, porém a mulher ficou de cabeça baixa sem coragem de enfrentar o marido.

- Mamãe...Papai... Eu não posso.

- Claro que pode. Não só pode, como fará. – Ele diz voltando a comer normalmente.

- Não posso! – Ela grita. – Qualquer coisa é aceitável, menos se casar sem que haja amor!

- Não seja ridícula, Emily! – O homem grita. – Eu, Benedito Boorman, não permitirei mais a miséria nesta casa! – Diz batendo a mesa com força, os talheres tremem com o golpe. A sua esposa, Lilian Boorman, continuava de cabeça baixa.

- Isso... Isso... – As lágrimas escorriam pelo rosto de Emily sem parar, o seu corpo tremia e uma tristeza imensa a machucava. – É injusto...

- Não se trata de ser justo, se trata de fazer o melhor para a nossa família. – Diz Benedito. – Não quero ouvir uma palavra senão será castigada.

Ela não poderia suportar tal dor, não mais. Levantou-se da mesa e saiu da sala correndo. Ergueu um pouco o vestido para subir as escadas sem nenhuma dificuldade, entrando no quarto e jogando-se na cama. A jovem abraçou o travesseiro enquanto afundava o rosto nele, permitindo que os gritos ocasionados pelo seu choro fossem abafados. O seu peito doía tanto que se pudesse arrancaria o coração fora. Não queria sentir nenhuma dor, nesse momento invejou os mortos que já tinham partido desse mundo. Eles não tinham nenhuma preocupação. Porém, devido à forte influência da Igreja Católica, Emily desistiu desse pensamento pois saberia que estaria condenada ao fogo eterno se continuasse assim. Ela soluçou alto durante o choro. Somente depois de duas horas que o sono a atingiu, fazendo com que esquecesse da dor por um momento.

(...)

A garota abriu os olhos, o sol ainda nascia mas os pássaros cantavam alegremente. Sua cabeça doía e, ao lembrar da noite passada, o seu peito passou a doer também. Levantou-se da cama, fazendo sua higiene pessoal e indo até o jardim. Estar entre as flores a acalmava de forma imensurável. Ela acariciou as pétalas de uma delfínio, seus olhos verdes admirando a beleza da flor até que uma voz surgiu perto dali.

- C-Com licença, moça.

Emily ergueu o olhar e viu um garoto, aparentava ter a mesma idade que ela, usava roupas simples. Na verdade, usava alguns trapos que mal podiam ser considerados uma roupa. Os olhos negros dele sem nenhum brilho especial e o cabelo preto. Ele usava luvas rasgadas nos dedos, provavelmente tentava se esquentar com esse farrapos. Sua voz era tão suave que poderia compor a mais bela das melodias.

- Sim?

- V-Você é a filha de Benedito Boorman?

- Sou sim. – Desvia o olhar desconfortável.

- Eu sou o jardineiro contratado pelos Goulding’s.

- Hum? Os Goulding’s contrataram um jardineiro... Para a gente?

- Sim, eles disseram que precisam agradar o máximo possível vocês para que ambas as famílias ficassem mais próximas antes do casamento. – O jovem diz ainda um pouco distante dela, nunca se achou digno de se aproximar de pessoas da alta classe social.

- Entendo...

Emily sentiu vontade de socar a cara de cada um daquela maldita família. Ela percebeu como o jovem tinha medo de se aproximar, isso a deixou confusa. A moça aproximou-se lentamente dele com um semblante curioso.

- Melhor se afastar, senhora. – Ele diz com a voz trêmula. – Eu não mereço ficar perto de alguém tão bela.

- Me acha bela? – Emily apontava para si mesma, levemente corada e surpresa com o elogio involuntário que acabara de receber.

- Q-Quer dizer...E-Eu...Eu... – O garoto olhava para os lados desesperadamente, buscando palavras para se desculpar. Ele estava tão nervoso que qualquer um perceberia.

Emily cobriu a boca com a mão enquanto soltava uma leve risada, uma risada tão fofa que prendeu a total atenção do jardineiro. Ele ficou hipnotizado por aquele belo par de olhos verdes. Ela continuou a se aproximar e segurou a mão do rapaz, deixando-o extremamente vermelho.

- Prazer, sou Emily Boorman.

- P-Prazer, s-s-senhorita. S-Sou N-Nicolas Bryer.

Os dois conversaram por um bom tempo, de forma descontraída e alegre. Emily mostrou as flores que havia no jardim enquanto Nicolas explicava tudo que sabia sobre elas. Os dois deram várias voltas entorno do local durante a conversa, nada mais parecia importar para ambos.

- Milly, querida. Onde está você? – A voz de Lilian, mãe de Emily, ecoava pelos arredores do jardim.

- Ahm... Eu preciso ir... – Murmura a jovem e desvia seu olhar para Nicolas.

- Tudo bem, eu irei falar com o seu pai para avisar que estou trabalhando para vocês agora. – Ele sorria gentilmente, apenas sorriu e se afastou dali. Sem nenhuma reverência formal, somente aquele sorriso bobo que derreteu o coração da moça.

(...)

Nicolas tornou-se a luz no fim do túnel de Emily. Ele sempre a animava e fazia companhia à bela dama solitária. Ela já havia esquecido a dor do futuro casamento com Richard, somente ficar perto do humilde jardineiro era o que importava. O jovem a ensinou tudo que sabia sobre botânica, em troca, Emily o ensinou a ler. Quando os pais dela não estavam em casa, a moça tocava uma bela melodia no piano com Nicolas ao seu lado.

Porém, todos ao redor começaram a perceber a aproximação indevida daqueles dois. Lilian tentava disfarçar o quanto estava feliz em ver a filha com alguém que gostava, já Benedito sentia uma imensa raiva em seu interior. Ele não permitiria que nada nem ninguém atrapalhasse o seu plano para voltar a ser uma das famílias mais ricas da região.

Certo dia, ele discutiu com a filha na mesa do jantar. O clima ficou tenso e ela rapidamente se levantou irritada. Benedito a tinha proibido de se encontrar com Nicolas, isso era inaceitável.

- Não! – Ela grita batendo o pé no chão. – Você não tem esse direito!

- Tenho sim! – Grita o pai, aproximando-se da filha e ficando frente a frente com ela. – Não ouse me desobedecer!

- Eu não acei...

Emily levou um tapa, o som da mão do homem contra a sua bochecha ecoou pelo local. Lilian ficou sem palavras com aquela cena. A garota, aos prantos, abaixou a cabeça e saiu correndo para o seu quarto. Era a única opção, como sempre. Meia hora depois, a mãe da jovem entra no quarto dela e senta ao seu lado na cama.

- Perdão.

- Hum? – Emily afasta o rosto do travesseiro, deixando visível os olhos marejados e as lágrimas caindo sobre as bochechas quentes.

- Eu não pude fazer nada.

- Tudo bem, mãe. – Ela forçava um sorriso, mesmo estando triste. – Não podemos fazer nada contra ele, pelo visto... – Emily dava um forte abraço na sua mãe que afaga o cabelo da menor.

- Sabe... – Murmura Lilian com um sorriso meigo. – Eu tenho algo para te mostrar.

A mulher segura a mão da filha e a guia para o seu quarto, onde abria o guarda roupa e pegava algo de lá. Ela mostrava um belo vestido branco de noiva, cheio de pérolas e com um brilho prata sutil. As mangas compridas e largas estavam preenchidas com um belo bordado quase transparente. Havia um leve decote, quase imperceptível naquele vestido. Junto vinha uma manta branca e comprida que servia como uma capa.

- L-Lindo! – Os olhos de Emily brilharam, ela esqueceu por um momento o que houve no jantar. – Por que está me mostrando, mãe?

- Eu queria que você usasse esse vestido no seu casamento, eu o usei no meu. – Lilian continuava sorrindo, mais alegre ao ver a sua filha um pouco melhor.

- Eu não sei se posso usá-lo... Afinal, nem quero me casar...

- Nem que seja com o Nicolas?

O rosto de Emily tomou uma cor rosa, corando muito na região das bochechas. Ela engoliu seco, desviando o olhar para o lado e para o chão diversas vezes. Era bem óbvio que a moça estava apaixonada pelo camponês. Lilian riu baixo e abraçou a filha.

- Vai ficar tudo bem, Milly. Sei que tudo vai dar certo, de alguma forma.

- Tem certeza, mãe?

- Tenho, confie em seu coração. Ele te guiará.

- O meu último professor disse que quem guia nossas ações é o cérebro. – A garota dizia confusa.

- Por que não os dois? – Lilian questiona olhando a filha que apenas dá nos ombros. Parecia que nem tudo tem sentido ou uma resposta definitiva.

Emily se despediu da mãe e voltou para o seu quarto. Porém, ao chegar perto da cama, a jovem sentiu uma imensa dor de cabeça, tão forte que pensou que explodiria. Ela apoiou as mãos no crânio se contorcendo, ouvindo algumas vozes. Essas vozes eram de seus pais, elas ecoavam em sua mente. Ficou tão tonta que acabou desmaiando sobre o colchão macio.

(...)

Conseguiu escapar, logo pela manhã, do seu quarto e correu para o jardim. Decidiu que ignoraria o desmaio, deve ter sido só uma dor de cabeça boba, algo normal para as mulheres da sua idade. Emily encontrou-se com Nicolas que a esperava no jardim, ele estava cuidando das rosas brancas com o maior carinho pois sabia que eram as favoritas da sua amada.

- Nicolas!

Ela acena e pula sobre ele, fazendo com que ambos caíam sobre as flores. Algumas pétalas ergueram-se com o movimento brusco do casal e flutuavam no ar perto do rosto deles. Os olhos verdes de Emily brilhavam ao ver os olhos negros do amado. Ela sorria como nunca quando estava perto do camponês, ele a fazia a pessoa mais feliz do mundo.

- E-Emily... – Engolia seco muito nervoso. – T-Tome cuidado, pode se machucar.

- Eu não ligo! – Exclama a jovem, envolvendo seus braços entorno do pescoço dele o abraçando carinhosamente. – Eu preciso te perguntar algo...

- Hum?

- Você me ama?

- H-Hein?!

Nicolas parecia um pimentão de tão vermelho que estava, boquiaberto e surpreso com a pergunta da garota. Ela não tirava os olhos dele e parecia que não sairia dali sem uma resposta sincera. O garoto sentou na grama deixando Emily sentada em seu colo, uma cena bem embaraçosa para ambos. O contato visual intenso dos dois significava o quanto os sentimentos deles eram fortes.

- Sim... Eu te amo mais que tudo, Emily Boorman. – Nicolas diz com um brilho no olhar, a primeira vez que isso acontecia.

- Nicolas... – Ela murmura com lágrimas nos olhos. Queria beijá-lo mas isso era muito indecente para uma dama. – Eu também te amo...

Os dois ficaram com um sorriso de bobo apaixonado, encostando ambas as testas sem quebrar o contato visual. Logo, uma ideia veio à mente da garota. Uma solução para o conflito que o casal enfrentaria.

- Vamos nos casar!

- O que?! M-Mas você já está comprometida com o Richard Goulding...

- Eu não ligo! Não irei me casar com ele pois é você quem eu amo. – Emily segura o rosto do rapaz levemente corada. – Vamos fugir daqui e nos casar bem longe desse ambiente que tanto nos machuca.

- Você está falando sério? Eu...Eu não tenho nada para te dar.

- Tem sim, você tem o seu amor que é o que eu mais desejo. – Sorria gentilmente. – Vamos fugir daqui, Nicolas... Por favor... – Sussurra fechando os olhos.

- Vamos, Emily. Vamos fugir o mais rápido possível... – Ele também fecha os olhos, sendo levado pelo amor que nascia entre o casal.

Encostado na parede da mansão, Richard observava tudo de braços cruzados sobre o peito. Aquela cena causou repulsa no nobre, para ele não havia nada mais nojento que uma dama de classe casando-se com um mero camponês. Ele sorriu friamente e abaixou a cabeça, seus olhos foram ocultados pela aba da cartola.

- Finais felizes não existem, Emily Boorman. Eu vou te provar. – Sussurra o nobre, dando uma risada sinistra.


Notas Finais


Perdão pelo tamanho do capítulo, como quero dividir em 5 partes, decidi deixá-los menores para não tornar a leitura cansativa.
Obrigada por lerem!


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