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História Renovação - Encontros e Desencontros -1


Escrita por: LULUNATIC_ e LULUNA2R

Capítulo 10 - Encontros e Desencontros -1


  Não chegava a ser uma festa, era apenas um encontro entre alguns adolescentes rebeldes com um comportamento um pouco peculiar. Todos daquela área eram considerados a escória da cidade, um título dado por outra parte da cidade que também não tinham créditos suficientes para julgar os mais pobres. Muitos esbanjavam um tipo de caráter nada elegante mesmo com a quantidade de dinheiro que tinham a mais. Não chegavam nem perto de serem melhores que os habitantes de Blue Skies.

 

  Seria apenas um encontro entre os muitos amigos de Jimmy, mas Pete ainda se sentia meio nervoso, não era o tipo de lugar que ele costumava frequentar, não eram os tipos de pessoas com quem ele imaginava começar uma amizade. Claro que Jimmy era parecido, mas não chegava a ser uma pessoa má, nunca tinha feito nenhum mal a ele desde que havia chegado na Academia Bullworth, apenas algumas brincadeiras idiotas com piadas infantis, mas isso não chegava a ser algo tão ruim quanto apanhar de valentões por conta de seu tamanho ou timidez. Jimmy sempre o defendia mesmo que depois lhe desse alguns sermões pela sua falta de resistência e tentasse fazer com que entrasse em aulas de defesa pessoal ao contrário de Gary que não perdia uma pequena oportunidade para rir do quão fraco Pete era. Ele não o intimidava com violência física desde que havia retornado e até o tirou de uma situação inusitada e isso, com toda certeza,  era um grande progresso, mas Gary não deixava de perder a oportunidade de fazer piadas.

 

— Por que você está indo mesmo, Petey? Nós dois sabemos que você não é bom em se misturar, ainda mais com delinquentes.

— Me pergunto a mesma coisa.

 

  Pete realmente não estava nada animado com isso, se sentia como um penetra, um convidado de última hora que havia sido chamado por pena.

 

— Você é tão chato, tente ao menos se divertir com coisas básicas. 

— Como assim?

— Você verá quando estivermos lá.

 

 Essa simples frase o assustava. O fato de que seu colega pudesse fazer com que todos acabassem se metendo em problemas ou que todo o local virasse um enorme palco de violência gratuita deixava Pete ansioso e o pior é que Gary se livraria de tudo sem nem um arranhão. 

 

 

  O tempo havia mudado muito da manhã para tarde, estava realmente um clima tão relaxante de manhã, e ao cair da noite o vento começava a correr pelo céu, tão intensamente que não se dava pra sair do quarto sem algum agasalho.

 

— Gary, você sabe mesmo onde vai ser?

— Claro, eu conheço muitos lugares que você nem sequer visitou nessa escola. 

 “E em todos você não é bem-vindo. ” Pensou Pete. 

     Pete se perguntava o porquê de ter concordado em ir a um lugar que nem ao menos conhecia e ainda mais com Gary como guia, esse tempo ao lado de seu querido colega de quarto deve ter o enlouquecido.

 

 — Se apresse ou podemos perder as diversões daquele lugar. 

 — Certo, certo... Estou indo. — Pete suspirava desanimado.

 

   Não parecia ser tão tarde, mas o céu já se encontrava em seu tom preto azulado, Gary os apressava com insistência e Pete tentava calcular mentalmente se eles estariam de volta antes que os monitores estivessem em patrulha, mas não contava que talvez tivesse certos imprevistos com o adolescente cicatrizado ao seu lado.

  Os dois então, deixavam a academia e seguiam pelas ruas que de longe pareciam bem tranquilas e assustadoramente vazias. Uma neblina leve havia se formado durante o entardecer e ainda não havia se dissipado, os arredores estavam pouco visíveis, mas nada que pudesse cega-los por completo, estava realmente frio, as lojas fechavam suas portas e as pessoas expostas voltavam as suas casas aconchegantes ou nem tanto. 

   Pete olhava para todos os lados um tanto quanto preocupado pensando se realmente deveria continuar ou desistir de ir a um local que nem ao menos ele conhecia, ele encarava becos e cantos por onde alguns sem-teto se encolhiam.

  Entre o meio desses becos, uma certa figura o encarava distante, Pete tentava forçar sua vista na tentativa de pegar alguns detalhes da pessoa, mas seus esforços foram em vão quando a pessoa se afastou em meio a neblina do beco, desaparecendo completamente. Gary também havia notado a agitação no local escondido, mas ignorou seguindo seu caminho. 

 

— Você vai acabar tropeçando se não olhar pra frente. — Gary advertiu.

— Ah, certo...

 

  Pete não havia notado que os dois já haviam atravessado a cidade tão rapidamente sem Gary tagarelar por nenhum momento durante o trajeto, o que era deveras estranho, algo com que Pete deveria tomar mais cuidado. 

 

— Bem, chegamos. Agora só precisamos achar...

 

  Antes mesmo que Gary pudesse completar sua frase, vários adolescentes passavam entre as ruas pouco asfaltadas em estado meio critico, era isso que Pete temia. Jovens sem controle algum de sua ações, muitos já se encontraram em Happy volts pelos pequenos delitos e por falta de equilíbrio mental. A cidade já não se surpreendia com as coisas que vinham dessa área nem dos habitantes de lá.

 

— Vamos logo, Gary, não pretendo ficar muito tempo aqui.

 

  Gary apenas deu um sorriso travesso e tentou olhar para Pete abafando o som das risadas que repentinamente começavam a surgir de sua boca.

 

— Do que você está rindo?

— Sabe... é engraçado.

— O que é engraçado?

— O nome dessa região da cidade: “Blue Skies”,  irônico, não? Tudo o que vemos aqui durante o dia é fumaça, quase não se dá para ver o céu. Quando escuto esse nome sem associar a esse lugar penso em coisas pacificas, mas olha só pra isso... só um monte de lixo, nem o nome consegue limpar a imundície.

 

  Os olhares se direcionaram aos dois em um instante, a cara de Pete empalideceu rapidamente.

 

— Gary... fica quieto ou iremos ser mortos. — Pete tentava se acalmar. 

— Só estou dizendo a verdade.

— É... estou vendo, mas acho que esses caras não querem ouvir a verdade tanto quanto você quer dizer.

 

 Pete se encolheu ficando atrás de Gary, rezando para que não fosse morto. Aquela era uma região violenta, muitos dos alunos expulsos da academia por diversos motivos não tinham para onde ir e acabavam por se estabelecer ali. Alguns acabavam entrando em caminhos perigosos para sobreviver e acabavam por se manter ali sem nenhum apoio. Nem todos eram ruins, mas muita da reputação ruim dava-se graças a alguns deles. 

 

— Você é aquele garoto que levou uma surra do Jimmy, né?

— Não sei do que está falando, que eu saiba ele apanhou muito mais. 

 

   Mentiroso. Era isso que Gary sempre foi, todos sabiam da situação dele, mesmo quem não o conhecia, “o jovem maluco que quase levou a escola ao caos”.

 

— Não gostamos de gente como você na nossa área, é melhor tomar cuidado com o que diz aqui, pro bem de vocês. Nós não somos como aqueles mimados da sua escola.

 

 Pete pensou que seu colega seguiria seu caminho depois de tal ameaça, eles apenas teriam que encontrar Jimmy e se manterem vivos durante algumas horas, Pete ainda tinha essa esperança de que tudo se resolveria assim, mas acabou esquecendo de com quem ele havia vindo. Gary Smith.

 

— Só disse a verdade, não me culpem pela falta de disciplina de vocês. Não estariam nessa... situação se tivessem o mínimo de educação pra se manter numa escola daquelas.

 

  Era tarde demais, Pete já não tinha onde se esconder, ele sentia os olhares raivosos em cima dos dois.  

“Está tudo acabado” Pensou Pete em desespero. 

 

— Pete, Gary! Finalmente estão aqui. Mal chegaram e já estão arrumando briga?

 

  Jimmy se aproximava rapidamente da pequena confusão, nessas horas Pete agradecia pelas amizades que Jimmy tinha por toda a cidade, inclusive daquela área. Os dois estariam em uma situação digna de fuga se Gary não parasse logo e ele se conhecia bem para saber que sua resistência o deixaria na mão em poucos passos e muito provavelmente, Gary não o ajudaria. 

 

— Pessoal, esses são alguns colegas da escola: Pete e Gary, mas pelo visto vocês já devem ter se conhecido.

 

  O grupo encarava os dois ainda com umas caras bem irritadas.

 

— Não sabia que você agora era amigo desse idiota. — Disse um dos jovens.

— Amigos? Jimmy e eu? Haha pelo menos o senso de humor de vocês é bom.

— Apenas ignorem o boca grande, só tá querendo chamar atenção como sempre faz.

 

  Aquela situação não parecia se apaziguar, Pete se sentia como um rato em meio a tigres sanguinários, ele se mantinha atrás de Gary torcendo para que o maior não continuasse com a boca grande a soltar besteiras.

 

— Gary, por favor, fica quieto...

 

  Pete falou baixo, mas Gary deu um sinal de que havia escutado, estreitando seus olhos para Pete e logo em seguida virando o rosto para qualquer lugar distante da situação atual.

 

— Vamos logo, já perdemos tempo demais aqui. — Gary disse com uma carranca no rosto, como se fosse uma criança perdendo uma discursão para os pais. 

  O grupo de delinquentes se espalhou pela área fazendo com que Pete suspirasse aliviado. Jimmy se virou para os dois com os braços cruzados sobre o peitoral e um olhar pacífico.

 

— Gary, eu sei que você gosta de ser o centro das atenções, mas acho que já percebeu que esse não é seu território.

 

  Jimmy deu um pequeno sorriso aos dois se virando contra eles, apenas seguindo em frente com passo lentos.

 

— Se comportem, mocinhas. — Jimmy brincou finalizando.

  Ele caminhou lentamente logo sumindo de vista no meio às pessoas aglomeradas em um canto do campo poluído em que estavam, Gary começou a caminhar logo em seguida com as mãos nos bolsos de sua calça. Pete ainda parecia meio desorientado com tudo o que já havia acontecido em tão pouco tempo, por um instante ele esqueceu o motivo de estar ali. 

 

— Ei, você vem ou espera que andemos de mãos dadas?

 

  Com essa pergunta de seu colega,  ele logo se lembrava do porquê estar ali: servir de babá. E pelo visto a noite ainda seria muito longa ao lado de Gary.

 

— Já estou indo... — Pete suspirou o seguindo. — Já estou indo. 


Notas Finais


Boa prova do Enem pra quem for fazer :)


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