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História Relatos - Cadáveres


Escrita por: silnas

Notas do Autor


Oii gente
Demorei, mas venho com um novo capítulo
Tenham uma boa leitura

Capítulo 2 - Cadáveres


Fanfic / Fanfiction Relatos - Cadáveres

31 de outubro de 2014, 10 horas da noite

Sococó da Ema já não era mais o alvo das ações da Jumenta voadora, porém está aberração imprimiu um rastro de chamas, escombros, corpos e inúmeros feridos, entre eles Denise e Sofia, que foram encaminhadas para o hospital da cidade, onde trataram suas escoriações e queimaduras.

Dê lembrou das brincadeiras que fez com Cebola, Magali, Mônica e Cascão, dias anteriores à festa na cidade, no entanto qual era o estado físico e emocional deles, frente a essa desolação? E quanto a Sofia? A garota de Maria chiquinhas também queria cuidá-la e tal indecisão a torturava.

Maitê nota o quanto ela está perplexa e comenta:

— Dê, não se importe tanto comigo, para que assim possamos sair urgentemente dessa ala e reavê-los. Eu conseguirei lidar com a dor das queimadura. Sejamos sensatas, há muitos habitantes lá fora que necessitam mais que nós de um atendimento.

 Denise, surpresa, consentiu e ambas saíram sem que as notassem.

— Para quem criou uma expectativa tão grande de vir para a festa, é estranho o fato deles não comparecerem, o que me levantou suspeitas! — Questionou a influencer.

— Recordo-me de eles citarem o lar antigo de uma moça conhecida há décadas aqui na cidade, adentrando a mata. — afirmou Sofia.

Ao chegarem no térreo, depararam-se com o estacionamento do prédio e encontraram uma caminhonete antiga, com a qual se  dirigiram com rapidez para a residência esquecida entre a relva.

 Minutos após seguirem pela rota vicinal, se entreolharam, vendo uma enorme nuvem acinzentada e o odor da fumaça que se dispersava no ar.

A partir de certo lugar não puderam percorrer com veículo por conta das árvores derrubadas, frente a estrada, porém, o que causaria tamanha devastação em um ambiente aparentemente inóspito?

Ao se achegarem, foi revelado o verdadeiro segredo: Dali saiu a aberração, visto que as marcas dos cascos no solo iniciavam no interior da casa, que possuía uma enorme abertura.

— Maitê, veja isso! E-era a Berenice! Aquela velha maldita!!! O seu turbante, faíscado e as roupas de costume estão largados no chão dessa casa antiga!

— Meu Deus... Ela vivia ao lado da Madame Creuzodete, porém nunca acreditei totalmente naquela senhora! Também revirei os móveis empoeirados, e a única pista são somente suas mochilas sobre as camas do quarto!

— Continuemos vasculhando!

Sofia encontrou um chá desconhecido dentro de quatro xícaras, sobre uma mesa antiquada e hesita em tomá-las, porém Denise a interrompe:

— Maitê! Esse chá deve estar há meses sobre esse móvel!

— Perdão. Manterei foco e investigarei os arredores da casa.

Sobre o solo úmido, caminhava Sofia,  distraída pelo cantar dos pássaros, no início da manhã, 1º de novembro de 2014.

 A neblina rasteira dificultava sua visão, porém se mantinha resoluta em reavê-los. Metros distantes do velho lar Maitê tropeça em um objeto e reconhece como uma pá e ao sentir o solo fofo, por onde pisa, seu peso a faz afundar lentamente e rompendo em lágrimas, grita pela amiga, afirmando que os encontrou.

— Onde eles estão?!

A neblina se finda e as covas feitas para acomodá-los vem à tona. Denise range os dentes em desespero, ajoelhando-se frente a um dos buracos preenchidos, e começa a escavá-lo com suas mãos. 

É inevitável que as lágrimas não se misturem aos grãos de terra. Sofia a abraça, confortando-a e na tentativa de consolar a si, usa a pá, para reencontrar os corpos. Uma hora depois, reaveram os quatros amigos, que com o cadáver gélido, deram adeus ao mundo dos mortais, sem despedida.

— Denise, sei que lhe fere ouvir minhas palavras querida, mas abraçá-los de maneira esmagadora e falar a seus ouvidos não os trarão de volta!

— Não, Sofi! Eu posso ouvir a batida dos seus corações! Ouça também!

— Aceitemos ou não, eles se foram. Os levaremos e enterraremos com o mínimo de dignidade no Limoeiro, ainda que as ameaças venham a nos atrapalhar! — Enxuga as lágrimas de sua Denise enquanto seus olhos marejam.

  O desequilíbrio emocional as importunavam, quando os envolveram nos lençóis com odor de mofo para  colocarem-os na traseira da caminhonete, e assim partirem rumo ao bairro, às 06 horas da manhã.

LIMOEIRO, 31 de outubro de 2014, 10:30 da noite

A câmera desfoca inúmeros trechos das gravações, em que os orgãos das vítimas permaneciam expostos. Dona Cebola desligara a televisão para manter a sanidade mental e seu questionamento naquele instante era: não haveriam seres capazes de pará-los? 

A resposta veio do presidente, dando aval para uma intervenção militar, afim de que exterminassem as ameaças, porém antes não os enviassem. 

O desastre se multiplicou, resumindo-se a tanques de guerra retorcidos, helicópteros explodindo e inúmeros homens que se convertiam em montes de carne. 

Antes fosse um pesadelo, mas não, era real, em excesso para nossos olhos. Soldados e mais soldados eram enviados para atacá-los, mas  causavam danos mínimos.

Queria tanto dormir, porém sendo lúcido, ninguém conseguiria descansar com incontáveis traumas impregnados dentro de suas cabeças e ainda que viéssemos a contradizer e nos debruçarmos em sono, a mente  castigaria trazendo com frequência as atrocidades vistas.

LIMOEIRO, 1° de novembro de 2014 às 7:00 da manhã

Saí da casa do Seu Cebola e fui para o meu lar, o que não modificou  o cenário visto na noite anterior; Meus pais e o Nimbus acompanhavam o prosseguimento do massacre. Seus semblantes entristecidos feriam-me internamente.

O governo, decidiu não enviar mais gurreiros para enfrentar o inimigo, em razão do saldo negativo com milhares de mortos e feridos. Era útil pensar no bem da mãe e nos filhos daqueles para que não derramassem sangue em vão. 

Agora, escassos quilômetros separavam as cinco entidades de nossa cidade. Muitos, abandoram seus lares durante a madrugada enquanto outros se mantinham incrédulos.

Enquanto divagava a respeito desses fatos, uma caminhonete aproxima-se em alta velocidade e freia frente a mim, livrando de me atropelar por míseros centímetros. 

Denise e Sofia saíram e choravam descontroladamente, vindo me abraçar, fazendo com que sentisse meu coração em aperto. Levaram-me à traseira do veículo quando desenrolaram um pano fétido, revelando-os nossos queridos amigos que pereceram. 

Não haviam palavras para descrever seus rostos, em sinal de que relutaram contra algo antes de morrer, porém ao ver a face de minha Mônica, não suportei e desmaiei.

Ao recobrar a consciência, estranhei aquele líquido escorrendo de meus olhos; lágrimas, as quais não me acostumei.

— Mônica? Mônica! Mônica! 

A inexpressividade de meus amigos, os olhares apagados de Cascão e Magali perfuravam a alma, ao ponto de rasgar-me.

Minutos depois, em uma marcha fúnebre, todos familiares e amigos reuniram-se comovidos e com indescritível pesar nos apressamos para enterrá-los. 

Por breve instante esquecemos que o demônio alado se aproximava das casas do bairro, mas voltamos nossas atenções para ele. A indagação que se apossava de mim era: morreríamos ali, sem esperança?

Sinto então várias mãos tocarem meus ombros: Denise, Sofia, Marina, Titi, Xaveco, Nimbus, Jeremias, Luca, totalmente resolutos, afirmando que se fosse necessário perder a vida para salvar nossa cidade, eles assim o fariam. 

Posicionaram para atacar, diferentemente da população evacuando suas casas, que gradativamente se consumiam pelas chamas do inimigo, porém um homem próximo a mim os pára e falhamos em desvendar sua identidade, devido o chapeú, mas notávamos as lágrimas em sua face:

— Jovens, eu faço isso por vocês.

— Mas essas aberrações estão  próximas demais! Precisamos nos mobilizar! Você sozinho não conseguirá!


A passos vagarosos, ele caminha até que a roupa enegrecida e misteriosa se dissolve em seu corpo, surgindo uma enorme capa e um símbolo familiar inscrito em seu peito.

Antes de saltar para golpear o monstro, a frase ecoa pelo bairro:

— Vocês experimentarão em seus cadáveres a dor que é perder a única pessoa a quem eu amava, malditos!



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