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História Reprise - Interativa - 027 - Para além do véu


Escrita por: _Stilisnki_

Notas do Autor


Oi mores, boa noite, como vai a quarentena de vocês?

Espero que vocês estejam respeitando e se cuidando.

Sem mais delongas, fiquem com o capítulo.

Capítulo 27 - 027 - Para além do véu


18 de Junho de 1995

Escócia - Hogwarts

A euforia de Rony Weasley em ter ajudado a Grifinória a conquistar a Taça de Quadribol era tão grande que ele não conseguia falar em mais nada no dia seguinte. Seu assunto preferido passou a ser sobre a partida, deixando difícil para que seus amigos achassem uma brecha para falar sobre Grope. Não que eles estivessem reclamando desse fato, ou, tenham tentado conversar sobre; nenhum deles queria estragar a alegria de Rony de forma tão cruel. Como estava um belo dia no lado de fora, seus amigos o persuadiram a se juntar a eles para revisarem as matérias embaixo da faia que ficava na beira do lago, onde teriam menos chances de serem ouvidos do que se estivessem na sala comunal. Rony não estava exatamente satisfeito com a idéia - estava perfeitamente bem em receber tapinhas nas costas por todos os alunos da Grifinória que passavam por sua cadeira, sem mencionar a explosão de "Weasley é nosso rei!". Foi preciso que Noah começasse a falar sobre o jogo, para que o mesmo acompanhasse eles.

— Sua sorte é que eu estava com preguiça, Weasley. — O garoto brincou, se jogando ao lado de Yvaine, que estava sentada na grama. — Mas eu fiz o meu trabalho, marquei o meu ponto — ele olhou para Yvaine, dando um sorriso malicioso ao se aproximar mais da mesma e apoiar a cabeça no colo da garota, que o olhou com curiosidade, estava visivelmente distraída. — Eu fiz um gol para você, você viu?

— Seu cretino, disse que tinha feito um gol para a sua melhor amiga! — Adhara acusou, fazendo com que Noah desviasse o olhar para ela, dando uma gargalhada gostosa.

— Noah não pode ser meu amigo também? — Yvaine perguntou, erguendo uma das sobrancelhas — Você é meu amigo, não é, Noah? — Ela baixou o olhar para o garoto, que continha um sorriso indecente nos lábios.

— Não quero ser  seu amigo, Halley.

Yvaine perdeu a coloração do rosto por um momento, ficando surpresa e envergonhada com a revelação. Os amigos que apenas observavam a conversa dos três se entreolharam, uns deixando que um sorrisinho malicioso aparecesse em seus lábios.

— Ok, quem quer me ver batendo no Noah por deixar a nossa Yvezinha constrangida? — Cameron perguntou, quebrando o clima estranho que havia se formado.

Os amigos riram, se jogando na grama e espalhando seus livros na sombra da faia, enquanto Rony falava sobre sua primeira defesa na partida, pela vigésima vez.

—...eu deixei aquela do Noah passar, é verdade, então eu não estava tão confiante, mas não sei, quando Bradley surgiu do nada, eu pensei "Você pode fazer isso!" e levei um segundo para decidir pra onde voar, porque ele parecia estar mirando no aro da direita, minha direita, à esquerda dele, mas eu tive uma estranha sensação e então eu fui pra esquerda, à direita dele, e, bem, vocês viram o que aconteceu — concluiu modestamente, jogando o cabelo - desnecessariamente - para trás, então olhou para algo nas costas de Medusa, parecendo interessado em um grupo de meninas do terceiro. — E depois, quando Chambers veio... Quê é? - perguntou Rony ao olhar para o rosto de Harry. — Porque está rindo?

— Impressão sua — mentiu Harry rapidamente, olhando para suas anotações. A verdade era que Rony estava parecendo um outro jogador de quadribol da Grifinória, que havia sentado debaixo desta mesma árvore arrumando seu cabelo para chamar a atenção das meninas. — Só estou feliz porque ganhamos.

— É — disse Rony saboreando as palavras com um sorrisinho no rosto. — Vocês viram a cara da Cho quando ganhamos?

— Suponho que ela tenha chorado, ou não? — perguntou Nathair aos risos.

— Ela só ficou irritada... — disse Noah pensativo — Jogou a vassoura longe quando descemos ao chão, tive que explicar para ela que nem sempre ganhamos, mas, bem, ela estava bem irritada e eu preferi manter uma distância segura antes que ela descontasse em mim.

— Vocês deveriam ter visto ela arrumando problema com a Cameron — Sirena disse, explodindo em gargalhada — Sério, foi hilário.

— Tadinho do Olívio, teve que levar os dois times para o vestiário com a varinha na mão — Bianca comentou.

— Cho é muito mimada — Medusa disse, revirando os olhos.

— Temos que contar algo para vocês — Coralinne tomou a iniciativa,  não antes de dar um longo suspiro. — Nós só vimos o primeiro gol do Noah.

Rony despenteou o cabelo em silêncio, parecendo muito chateado para dizer qualquer coisa.

— Vocês não assistiram a partida? — perguntou Ariana, arqueando uma das sobrancelhas ao ver Nathair negar. — O que vocês foram fazer?

— Vocês não me viram fazer nenhuma defesa? — eles ouviram a voz baixa e desapontada de Rony.

— Hum, não — disse Yvaine, abaixando o livro de Adivinhações e o olhando com culpa. — Nós não queríamos não ter visto, tivemos que sair!

— É? — Perguntou Rony, a voz carregada de deboche. Entre os amigos que jogaram, parecia o mais desapontado. Já que Noah parecia não se importar muito, estava muito ocupado discutindo com Adhara sobre ela fazer uma massagem em seus pés, Cameron estava apontando para o outro lado do campo enquanto dizia algo com Sirena — Por quê?

— Hagrid — abreviou Harry. — Ele queria que fôssemos com ele para a Floresta, você sabe como ele é. Enfim...

Harry contou a história em cinco minutos e no final da mesma, a indignação de Rony se transformou em total incredulidade.

— Desculpe, eu não ouvi direito… — Cameron murmurou, olhando para eles com a sobrancelha arqueada. — Você quer dizer que tem um gigante na floresta?

— Hagrid trouxe um gigante para Hogwarts e o escondeu na floresta? — Medusa repetiu, dando uma risada histérica.

— Sim — disse Coralinne, a olhando feio —, fale baixo.

— Não! — disse Rony. — Ele não pode…

— Um gigante — Noah sussurrou, surpreso — Quando podemos ver ele?

— Noah! — Hermione o olhou feio, fazendo com que o menino fizesse uma careta.

— Não que eu esteja animado com isso, claro que não… — Ele soltou uma risadinha sem graça, negando com a cabeça — O que Hagrid fez foi muito errado, muito mesmo, estou muito chateado, nossa, desapontado...

— Bom, o importante agora é que ele fez e como nós iremos resolver isso... — disse Sirena firmemente, embora também estivesse surpresa e um pouco animada com a possibilidade de ver um gigante.

— Grope deve ter uns seis metros e gosta de destruir ninhos de passarinhos. — Yvaine comentou, suspirando.

— Ele também adora arrancar árvores de dez metros do chão, e me chama de — bufou — Mione.

Rony deu uma risada nervosa, brincando com a grama no chão. Bianca suspirou, se voltando para Hermione.

— O que ele quer que a gente faça?

— Quer que a gente ensine ele a falar — disse Hermione.

— Ele ficou doido! — disse Rony aterrorizado.

— Ele fez com que prometêssemos. — Coralinne lembrou.

— Bem, vocês vão quebrar sua promessa — disse Medusa firmemente. — Primeiro, nós temos exames e estamos assim — mostrou o indicador eo polegar quase encostados — de sermos expulsos. Além disso, vocês lembram do Norberto? Lembram do Aragogue e dos filhos malucos dele? O que aprendemos nos metendo com os amigos monstros de Hagrid?

— Hagrid precisa de nós, Medusa — Cameron a olhou feio. — e eles prometeram!

— Que bom que eu não prometi nada.

— Todos nós sabemos que você sempre se recusa mas sempre está na mesma encrenca que nós. — Sirena suspirou, revirando os olhos.

Rony bagunçou seu cabelo novamente, parecendo preocupado.

— Em todo o caso — suspirou —, Hagrid não foi expulso ainda, não é? Ele conseguiu permanecer por todo esse tempo, vai conseguir ficar até o final do ano letivo e talvez, não precisaremos nem conhecer Grope.

(...)

Júpiter entrou na biblioteca com a expressão irritada, se sentia traída pela pessoa mais próxima de um amigo que ela tinha. Deu um sorriso maldoso assim que mirou o alvo de sua irritação, encontrou Pansy e Mérida sentadas no chão da última prateleira, as duas pareciam estar revisando alguma matéria. O sorriso sumiu do rosto de Júpiter assim que ela lembrou da traição de Pansy, poderia ter me contando, pelo menos. Pensou, se sentando ao lado da prima, fazendo com que as duas erguessem o olhar para a loira.

— Quê é? — Pansy perguntou, fazendo uma careta — Está com aquela cara que só você sabe fazer quando está errada, o que houve dessa vez? Ou melhor, o que eu fiz?

— Ela sempre está com essa cara de quem comeu e não gostou, Pansy, não sei porque o tom de surpresa. — Mérida disse, achando graça.

— Você estava com a Lily, na sala de Snape! — Júpiter acusou, apontando para a garota que ergueu uma das sobrancelhas.

— O que? — Mérida arregalou os olhos, olhando para Júpiter e depois para Pansy.

— Estava, tem algum problema com isso? — Pansy deu de ombros, ignorando Mérida. 

— Eu não, o problema é inteiramente seu, docinho — Júpiter disse, fazendo uma careta e assumindo sua personalidade defensiva — Isso é problemático, igual você — bufou, dando de ombros — Achei que você gostasse do Blásio.

— Ainda gosto — a garota afundou a cara no livro, parecendo incomodada. Não demorou muito para que o rosto da menina se contraisse em rebeldia e a mesma levantasse os olhinhos para Júpiter segundos depois, um olhar desafiador —, mas eu sei reconhecer quando o sentimento não é recíproco.

Uou, isso está ficando cada vez melhor… — Mérida disse, abrindo a boca em um perfeito "o", com animação. — Sua vez, Júpiter!

Júpiter revirou os olhos, decidindo que não iria perder seu tempo em uma discussão que não levaria a lugar nenhum. Observou o lugar que estava com calma, fazendo com que seu olhar se encontrasse com o de Lily, que vinha na direção das três, o que fez com que ela bufasse.

— Meninas… — Lily disse gentilmente, se sentando ao lado de Pansy, que sorriu abertamente para a garota. —, eu posso ajudar você a estudar, Pansy, se você quiser, claro.

— É, quero sim — Pansy sorriu para a menina, as duas em sua própria bolha. Mérida olhou para Júpiter, que bufava, achando graça da situação.

— Melhor vocês duas saírem logo daqui, antes que a Júpiter mate vocês com o olhar. — Mérida disse, fazendo com que Pansy e Lily olhassem Júpiter.

— Malfoy, nem vi você aí, como vai? — um sorriso cínico apareceu nos lábios de Lily, o que fez com que Júpiter ardesse em raiva. Odiava quando as pessoas a ignoravam.

— Vou embora — Júpiter respondeu com a voz fria, erguendo o queixo em petulância quando se levantou.

— Eu vou com você, sei reconhecer quando estou sobrando… — Mérida disse, o que fez com que Pansy desse uma risadinha da careta que Júpiter fez.

— Até mais, jujuba — Júpiter ouviu a voz de Lily recheada de deboche, o que fez com que a garota revirasse os olhos ao sair pelos corredores com Mérida.

(...)

Os terrenos de Hogwarts pareciam brilhar à luz do sol; o céu sem nuvens era refletido na superfície calma do lago; a grama verde se ondulava em uma brisa gentil. Junho havia chegado com um ótimo clima, mas para os alunos do quinto ano isso não amenizava o que o mês trazia, seus testes para os N.O.M.s.

Os professores não estavam passando dever de casa; as lições eram revisar os tópicos que apareceriam nos exames. Harry imaginava se Lupin teria pedido para Snape retomar com as aulas de Oclumência, se realmente tivesse feito isso, Snape tinha ignorado Lupin da mesma maneira que estava ignorando Harry neste exato momento. Harry não estava reclamando disso, já estava bastante tenso sem as aulas extras com Snape e, para seu alívio, seus amigos andavam bastante ocupados para perturbá-lo com a Oclumancia.

Todos estavam com um comportamento estranho com a aproximação dos N.O.M.s, Hermione não parava de murmurar para si mesma que não tinha feito roupas para os elfos. Mione não era a única pessoa agindo de forma estranha, Yvaine Jonnes desenvolveu um hábito estranho de interrogar as pessoas sobre suas práticas de revisão.

— Quantas horas vocês estão estudando por dia? — Harry viu quando a amiga perguntou a Bianca, estavam na fila para sair da aula de Herbologia, um brilho estranho em seus olhos.

— Não sei, — respondeu Bianca, franzindo o  cenho. — poucas, imagino.

— Mais ou menos que oito?

— Bem menos — respondeu Bianca, dando uma risadinha despreocupada.

— Estou gastando oito horas, acho que estou ficando maluca — disse Yvaine, enquanto bufava. — Estou revisando uma hora antes do café da manhã, revisando no fim de semana. Na segunda, não muito na terça...

Enquanto isso, Draco Malfoy arrumou um novo jeito de fazer com que seus colegas ficassem em pânico, que na verdade, se tornou algo hilário com os amigos dele por perto.

— Não é o que você sabe fazer — disse ele a Theodore e Blásio alguns dias antes dos exames começarem, ao lado dos dois garotos estavam Pansy e Mérida —, é quem você conhece, claro. Papai é amigo do diretor da Autoridade de Exames de Magia há anos, a velha Griselda Marchbanks. Ela já foi jantar lá em casa e tudo o mais…

— Quando? — Mérida perguntou, recebendo a atenção dos outros — Acho que eu não estava em casa nesse dia…

— Cale a boca, Lestrange — Draco disse, irritado, enquanto os outros quatro riam dele — E não, você não estava em casa.

— Você não disse o dia, Draco, e pelo que eu sei, Mérida não sai de casa. — Blásio disse, enquanto cruzava os braços.

— E como você pode ter tanta certeza disso, Blásio? — Pansy perguntou, apoiando um dos braços no ombro do garoto, que a olhou e riu.

— Porque eu chamei ela para sair várias vezes e ela sempre disse não.

— Isso não quer dizer nada, talvez você só esteja perdendo o jeito, Zabini. — Theo debochou, gargalhando alto. — Mer — Ele chamou com todo charme que conseguiu, indo para perto da menina, que revirou os olhos, embora sorrise. —, o que acha de ir no Três Vassouras nas férias de verão?

— Eu acho que é uma ótima oportunidade de ver aqueles irmãos super gatos — Mérida disse, dando risada da cara do garoto.

— Vocês são dois idiotas — Draco disse, apontando para Blásio e depois para Theodore —, não quero ver vocês flertando com a minha prima, que ridículo...

— Acha que é verdade? — perguntou Hermione, alarmada.

— Eu espero que não — Coralinne respondeu, parecendo ansiosa.

— Oh, meu deus, estamos acabadas — Hermione sussurrou, a voz trêmula de um possível choro.

— Imagino que não seja verdade — disse Neville atrás delas, querendo acalmar as garotas —, porque Griselda Marchbanks é amiga da minha vó e nunca mencionou os Malfoy.

— Como ela é, Neville? — perguntou Hermione na mesma hora, a voz firme quando ela se virou para trás.

— Ela é rígida? — completou Coralinne, também se virando para trás.

— Um pouco como minha avó, na verdade — disse Neville, encolhendo os ombros — Ela costuma ir tomar chá na minha casa, junto com a avó da Alisson.

— Conhecer ela não diminui suas chances, não é? — perguntou Coralinne, notando  que o menino havia ficado cabisbaixo.

— Vovó sempre diz que eu não sou bom como o meu pai para ela, bem, vocês sabem como ela é.

Neville olhou fixamente para baixo. Coralinne e Hermione se olharam sem saber o que dizer. Era a primeira vez que Neville tinha tocado no assunto deles terem se encontrado no St. Mungus.

Enquanto isso, alguns alunos vendiam remédios de concentração e melhoradores de agilidade mental para os alunos do quinto e sétimo ano. Cameron e Medusa estavam quase comprando uma garrafa de Elixir do Cérebro de Baruffio oferecido por uma aluna do sexto ano da Lufa-lufa, Alysha Hildegard, que jurou ser responsável pelos "Excelentes" que ganhou no verão anterior e estava oferecendo uma dose por doze galeões. Mas antes de fecharem negócio, Ethan Hawke confiscou a garrafa e jogou todo o conteúdo em um vaso próximo.

— O que você pensa que está fazendo, Ethan Hawke? Nós queríamos comprar aquilo! — gritou Cameron, olhando indiguinada para o garoto.

— Talvez vocês tenham esquecido, mas eu ainda sou um monitor — respondeu ele, simples.

— Idai? — Medusa perguntou, irritada.

— Espero que pague por isso, doze galeões, Hawke! — Alysha gritou, deixando os três, bastante irritada.

— Vocês se sairiam melhor com o Pó de Garra de Dragão. — Ethan comentou, fazendo com que Medusa olhasse para Cameron surpresa.

— Será que Alysha tem Pó de Garra de Dragão?

— Não tem mais, eu confisquei também. — Ethan disse, balançando os ombros.

— Qual seu problema? — Cameron perguntou, franzindo o cenho.

— Fizemos um grande progresso hoje, você viu, Cammie? Ethan falou mais em um dia do que falou em um ano todo.

— Tanto faz — O garoto bocejou, dando de ombros —, essas coisas nem funcionam mesmo, deveriam me agradecer.

— Garra de Dragão funciona — disse Cameron. — Temos uma amiga que tem muito conhecimento sobre dragões e ela diz que é incrível, realmente dá um aumento na performance do cérebro, você fica esperto por algumas horas, comprovado por Ariana Targaryen.

— Achei que ela estava sendo sarcástica quando disse isso… — Medusa sussurrou para Cameron, o que fez Ethan olhar as duas com diversão.

— Ah, é? Ele não precisa saber disso, em todo o caso — Cameron cochichou de volta, se voltando para Ethan — Vai, Ethan, deixe a gente pegar um pouco, prometemos dar um pouco para a Cora.

O corpo de Ethan ficou tenso e o garoto pareceu incomodado por alguns segundos, depois, relaxou os músculos e deixou que a sua voz fria soasse.

— Claro, peguem sim — os sorrisos que mal cabiam no rosto apareceu nos lábios das duas garotas na frente dele, fazendo com que o garoto desse um pequeno e quase imperceptível sorriso maldoso — Eu verifiquei as Garras de Dragão e adivinhem? Eram fezes de fadas mordentes, na realidade — O sorriso das duas morreu na mesma hora, fazendo com que o sorriso de lado do garoto aumentasse — Então, se quiserem gastar o dinheiro de vocês com isso, que seja.

O menino deu as costas para as duas e foi embora sem dizer mais nada. A informação retirou qualquer vontade de Cameron e Medusa de usarem estimulantes de cérebro.

Durante a aula de Transfiguração, os alunos no quinto e sétimo ano receberam os horários e os detalhes do procedimento dos N.O.M.s.

— Como podem ver — a professora McGonagall disse à classe, enquanto escrevia as datas e horas de seus exames no quadro negro — seus N.O.M.s estão estendidos por duas semanas consecutivas. Vocês vão ter suas provas teóricas pela manhã e as práticas durante à tarde. Sua prova prática de Astronomia será, obviamente, à noite. Eu preciso avisá-los que os melhores feitiços anticola vão ser aplicados às suas provas escritas. Penas de resposta automática serão banidas da sala, assim como os Lembróis e tinta auto-corrigível. Todo ano um aluno ou aluna acha que pode burlar as regras da Autoridade de Exames de Magia. Só espero que não seja ninguém da Grifinória esse ano. Nossa nova "Diretora"... — McGonagall falou esta palavra com a mesma expressão que alguém fazia ao contemplar uma mancha de sujeira — mandou os diretores das casas dizerem aos alunos que as trapaças serão punidas severamente porque, é claro, seus resultados refletirão no novo regime que a diretora tem imposto à escola.

McGonagall deu um pequeno suspiro, os lábios finos e as narinas abertas de raiva.

— Peço que vocês deem seu melhor, vocês têm seus próprios futuros para pensar.

— Professora — Lily levou a mão ao ar —, quando receberemos nossos resultados?

— Uma coruja será enviada a vocês em algum momento de julho.

— Perfeito! — Dino Thomas exclamou em um sussurro audível. — Vamos ficar despreocupados até as férias.

Harry se imaginou no seu quarto na rua dos Alfeneiros, esperando seus resultados dos N.O.M.s.

"Bem...", pensou vagarosamente. "Tenho certeza que pelo menos uma carta vou receber no verão."

O primeiro exame, Teoria dos Feitiços, tinha sido marcado para segunda. Harry concordou em testar Adhara depois do almoço de domingo mas desistiu quase na mesma hora em que começou; Adhara estava muito agitada e tirava o livro da mão de Harry há cada cinco segundos para conferir se tinha respondido certo, e a borda do livro Realizando Encantamentos o acertou em cheio no nariz.

— Acho melhor você continuar sozinha, Dhara… — disse ele, entregando o livro para a garota com os olhos cheios de lágrimas.

Ariana lia Dois Anos de Importantes Anotações Sobre Feitiços com os dedos nas orelhas, os lábios rosados se movendo sem som; Hermione estava deitada de costas no chão, recitando a definição de um Feitiço Substantivo, enquanto Cameron verificava em um livro de Feitiços do quarto ano se estava correto; Sirena e Rony, que estavam praticando os Feitiços de Locomoção, estavam fazendo suas caixas de lápis apostarem corrida sobre a mesa.

Os alunos não pareciam estar animados no jantar, não estavam conversando como sempre, todo estavam muito calados. Alisson hora ou outra soltava sua faca e seu garfo para mergulhar a mão por debaixo da mesa e alcançar sua bolsa, de onde tirava um livro para verificar um fato ou expressão. Rony ia dizendo para ela ter uma refeição tranquila ou não iria conseguir dormir durante à noite quando ela deixou cair o garfo mais uma vez e se baixou para olhar melhor, quase encostando o rosto no prato.

— Se eu estou vendo bem — começou ela, olhando para o Saguão de Entrada. Os olhos espremidinhos para enxergar melhor —, acho que os Examinadores acabaram de chegar...

Não só seus amigos, mas alguns alunos que ouviram ela falar, se viraram para olhar. As portas do Salão Principal estava aberta, dando para ver perfeitamente Umbridge em pé com um pequeno grupo de bruxos e bruxas. Harry estava satisfeito em perceber que Umbridge parecia estar bem nervosa.

— Vamos olhar mais de perto? — chamou Ariana, já se levantando.

Eles concordaram e se apressaram em direção às portas duplas do Saguão de Entrada, diminuindo o passo para passar serenamente pelos examinadores. Harry imaginou que a professora Marchbanks deveria ser a menor e mais curvada dos bruxos ali presente; Umbridge conversava respeitosamente com ela. Marchbanks parecia ser um pouco surda, respondia Umbridge alto demais, considerando que estavam afastadas apenas uns 30 centímetros.

— É, a viagem foi boa, querida, a viagem foi boa, nós já fizemos ela muitas vezes antes — disse ela impaciente. — Agora, me fale sobre Dumbledore? — disse, olhando pelo Salão como se ele fosse aparecer magicamente. — Suponho que o Ministério não tenha a menor idéia de onde ele está, não é?

— Não — disse Umbridge com um olhar maligno para os adolescentes, que estavam gastando um longo tempo aos pés da escadaria enquanto Cameron fingia amarrar os cordões dos sapatos. — Mas eu digo que o Ministro de Magia o encontrará em breve, está tudo sob controle.

— Se estivesse sob controle, acho que o Ministério já teria o encontrado, não? — gritou a professora Marchbanks, o deboche presente em sua voz — Escutou o que ela disse, Hurvery? — Ela olhou para o homem alto ao lado dela, dando uma risadinha — Eu duvido que encontrem Dumbledore, não vão mesmo, não se ele não quiser ser encontrado! Eu já imaginava que isso aconteceria, examinei ele pessoalmente em Feitiços e Transfiguração quando tentou os N.I.E.M.s. Fez coisas com uma varinha que eu nunca havia visto antes.

— Bom, sim... — disse Umbridge, que parecia - por alguns segundos - estar irritada com a senhora. — Deixe-me lhes mostrar a sala dos professores. Aposto que vocês gostariam de uma xícara de chá depois da viagem.

A noite não havia sido uma das melhores, realmente. Todos estavam fazendo revisões de última hora, mas ninguém parecia estar indo bem. Harry foi para a cama cedo, mas ficou acordado por horas. Lembrou da consulta sobre carreira e da declaração furiosa de McGonagall que o ajudaria a se tornar um Auror mesmo que fosse a última coisa que fizesse. Sabia que não era o único acordado no dormitório, mas nenhum dos outros falaram e finalmente, um a um, caíram no sono.

E novamente, nenhum dos alunos do quinto ano falou muito no café da manhã no dia seguinte: Yvaine praticava encantamentos com todo o fôlego, enquanto o saleiro em sua frente girava; Adhara estava lendo novamente Realizando Encantamentos tão rápido que seus olhos pareciam borrados; Cedrico ajudou Coralinne - que estava quase tomando outra Poção Calmante - a revisar Azarações Mágicas.

Quando o café da manhã terminou, os alunos do quinto e sétimo ano se empurraram pelo Saguão de Entrada; então, às nove e meia, foram chamados turma por turma para entrar no Salão Principal, que estava arrumado exatamente como Harry tinha visto na penseira quando seu pai, Sirius e Snape estavam fazendo seus N.O.M.s; as quatro mesas haviam sido substituídas por muitas mesas individuais, todas viradas para a mesa dos professores, onde McGonagall estava parada olhando para eles. Quando todos se sentaram e a sala ficou em completo silêncio, ela disse:

— Podem começar — e virou uma enorme ampulheta ao seu lado, onde tinha penas de reserva, vidros de tinta e rolos de pergaminho.

Um barulho de papel sendo virado foi ouvido por toda sala, o coração de todos batendo muito rápido - três filas à direita e quatro assentos à frente de Harry, Hermione, Yvaine, Ariana, Adhara e Coralinne já estavam escrevendo - Harry baixou seus olhos para a primeira questão: a) Cite o encantamento e b) descreva o movimento de varinha necessário para fazer os objetos voarem.

Harry teve uma leve lembrança de uma maça se elevando alto no ar e caindo com estrépito na cabeça de um trasgo... Sorrindo, se curvou para o exame e começou a escrever.

(...)

— Bem, não foi muito ruim, não é? — perguntou Coralinne, ansiosa, quando chegaram no Saguão de Entrada duas horas depois.

— Não tenho certeza se fui muito bem nos Encantamentos de Animar, eu fiquei sem tempo. Vocês colocaram o contra-feitiço para soluços? Eu não tenho certeza se eu devia, achei demais e na questão vinte e três… — Hermione ia dizendo, mas Medusa a cortou.

— Hermione — disse Medusa, séria —, já passamos por isso antes. Não estamos afim de repassar cada exame, fazê-los uma vez já é o suficiente.

Os alunos do quinto ano almoçaram com os outros alunos - as quatro mesas das Casas reapareceram para a refeição -, então foram para uma pequena câmara ao lado do Salão Principal, enquanto aguardavam para o exame prático. Pequenos grupos de estudantes, um de cada casa, eram chamados. Aqueles que ficavam, murmuravam encantamentos e praticavam movimentos de varinha, consequentemente batendo uns nos outros.

Hermione deixou a câmara com Noah Miller, Nathair Malfoy e Yvaine Jones. Estudantes já testados não retornavam à câmara, então os alunos que aguardavam não tinham idéia do que os outros haviam feito.

— Eles vão ficar bem — Bianca disse, parecia ser a única que estava calma — Mione e Yve conseguiram, de maneira surpreendentemente, empatar nos exames de Feitiços, vocês lembram? Cento e vinte não é nada mau, em? — perguntou, dando uma risadinha — Noah é a pessoa mais inteligente que eu conheci, embora tenha muita preguiça. E Nathair, bem, ele não fica para trás na inteligência — finalizou, dando um sorriso reconfortante.

Dez minutos depois, o Professor Flitwick chamou:

— Draco Malfoy, Lily Evans, Adhara Black e Harry Potter.

— Boa sorte — disse Rony baixinho, na mesma hora em que Harry entrou no Salão Principal, apertando sua varinha tão forte que sua mão tremia.

— O professor Hurvery está livre, Potter — disse o professor Flitwick, que estava logo na porta. Ele apontou para o examinador que estava sentado atrás de uma pequena mesa no canto, perto da professora Marchbanks, que estava no meio do Salão, testando Draco Malfoy.

— Harry Potter? — perguntou  o professor com humor, consultando suas notas enquanto Harry se aproximava. — Como vai, Potter? Eu sou Mitchell Hurvery

— Vou... nervoso. — Respondeu Harry.

— Não precisa ficar nervoso. — Ele tentou acalmar o menino, se inclinando para sussurrar — Na minha primeira vez, deixei que o cálice caísse na cabeça da  professora Marchbanks — ele apontou com a cabeça para a senhora do outro lado —, ela quase me matou, é verdade, mas isso deu início a uma bela amizade e hoje rimos disso. Não vou ficar chateado se tentar acertar a minha cabeça, mas já vou avisando que protegi ela — Ele piscou para Harry, endireitando a postura. Harry conseguiu dar um sorriso mínimo, se sentia estranhamente mais calmo com a revelação — Agora, quero pedir para pegar este porta-ovo e fazer alguns saltos mortais com ele para mim.

No geral, Harry achou que havia se saído bem. Gostaria de não ter misturado os encantamentos de Mudança de Cor e de Crescimento, o que fez com que o rato - que deveria ter ficado alaranjado - inchar e ficar tão grande quanto um texugo. Estava feliz que Hermione não estivesse no Salão Principal naquele momento e evitou comentar com ela depois do exame. Podia contar a Rony, de qualquer forma; Rony havia conseguido transformar um prato em um grande cogumelo e não tinha nem idéia de como havia feito.

Não tiveram tempo para relaxar naquela noite, foram direto para a Sala Comunal de suas casas e focaram na revisão para o Exame de Transfiguração no dia seguinte; Harry foi para sua cama com a cabeça zumbindo.

(...)

Harry havia esquecido a definição para o Feitiço de Troca durante seu exame escrito, mas seu exame prático poderia ter sido bem pior. Pelo menos havia conseguido fazer sua iguana desaparecer por completo, enquanto Ana Abbott perdeu a cabeça e multiplicou seu furão em um grupo de flamingos, fazendo com que o exame fosse interrompido por dez minutos, para que os pássaros fossem capturados e retirados do Salão.

Fizeram seus exames de Herbologia na quarta - fora a mordida de um Gerânio Dentuço, Harry achou que foi bastante bem -; Na quinta, Defesa Contra as Artes das Trevas e pela primeira vez, Harry teve certeza que passou. Não teve nenhum problema com as questões escritas e teve um grande prazer durante seu exame prático, enquanto mostrava todas as contra-azarações e feitiços defensivos bem na frente de Umbridge, que o olhava friamente de perto.

— Sensacional, Potter! — gritou o professor Hurvery - que examinava Harry novamente - quando o garoto demonstrou o feitiço que fez com que o bicho-papão desaparecesse. — Eu acho que já vi o bastante... A menos que… — ele se inclinou um pouco para frente. — Eu soube pelo meu amigo, Noah Miller, que você é capaz de produzir um Patrono Corpóreo?  Bom, o que acha de um ponto extra...?

— Você também examinou o Noah? — Harry perguntou, erguendo uma das sobrancelhas enquanto erguia a varinha.

— Digamos que temos um relacionamento mais íntimo — o professor fez uma careta —, quer dizer, eu e a mãe dele… bem, tínhamos, ainda teríamos se ela não tivesse me dado um pé na bunda. Acho que você conseguiu entender...

Harry tentou segurar a risada, Olhando diretamente para Umbridge e imaginando ela sendo demitida.

Expecto Patronum!

Seu reluzente cervo prateado saiu da ponta de sua varinha e galopou por todo o Salão Principal. Todos os examinadores pararam para olhar o cervo que percorria o Salão. Quando o mesmo se dissolveu em uma neblina prateada, o professor Hurvery olhou impressionado para Harry. 

— Excelente, Potter! — sorriu. — Que profissão pensa em seguir?

— Pretendo ser um Auror, professor. — Harry respondeu, ainda olhando Umbridge.

— Bom, você tem grandes chances pelo que vejo. Não acha, Dolores? — O homem olhou para a mulher ao seu lado, que observava em silêncio. Umbridge não respondeu, apenas contorceu os lábios em algo que ela imaginou ser um sorriso. — Acho que já pode ir, Potter.

(...)

Na sexta, o grupo de amigos tiveram o dia livre enquanto as meninas faziam seus exames de Runas Antigas e Alquimia, e como teriam todo o fim de semana pela frente, se permitiram uma folga das revisões. Espreguiçaram-se e bocejaram ao lado da janela aberta, enquanto jogavam uma partida de Xadrez Bruxo. Harry podia ver Hagrid à distância, dando uma aula na orla da floresta. Imaginava que as criaturas que estavam sendo estudadas eram os unicórnios. Quando as garotas se juntaram a eles na biblioteca, não pareciam estar de bom humor.

— Que caras são essas? — perguntou Harry, bocejando.

— Adhara está irritada e contaminou todo mundo — Ariana disse, bufando — E é claro, o fato da Cora não ter terminado o exame de Alquimia nos deixou nervosa…

— O que? — Perguntou Rony, olhando para as meninas com preocupação — O que aconteceu com ela?

— Me parece que ela teve mais um daqueles ataques de ansiedade… — Respondeu Sirena, suspirando —, não podemos ficar com ela, ela foi levada a Madame Pomfrey na mesma hora.

— Será que podemos ver ela agora? — perguntou Harry, se levantando.

— Sem chances, eu e Gina tentamos ver ela e a Madame Pomfrey não deixou que acordassemos ela, disse que foi muito difícil conseguir que ela dormisse… — Cameron suspirou, se jogando ao lado de Rony.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo, até que Harry perguntou porque Adhara estava tão brava.

— Eu errei a tradução de ehwaz — Respondeu Adhara. — Significa sociedade, não defesa. Eu misturei com eihwaz.

— Hum — respondeu Harry, suspirando —, mantenha a calma, Dhara, foi apenas um erro...

— Um erro pode ser a diferença entre passar ou não. — respondeu Adhara, que começou a ganhar uma coloração avermelhada nas bochechas — E como se não pudesse melhorar, alguém colocou outro pelúcio no escritório da Umbridge. — Hermione lançou um olhar acusador para Cameron, que ergueu as duas mãos em rendição.

— Pumpkin está na cabana de Hagrid, eu juro!

— Eu não sei como passaram pela nova porta, mas Umbridge estava gritando a todo volume quando passei por lá — Hermione suspirou, passando as mãos pelo cabelo, parecendo ansiosa — Pelo que eu pude ouvir, o pelúcio tentou arrancar um pedaço da perna dela...

Bem feito! — disseram os quatro ao mesmo tempo.

— Isso não é bom! — disse Adhara, irritada. — Ela acha que é Hagrid que está fazendo isso, lembram? E nós não queremos que Hagrid seja demitido!

— Ele está ensinado agora, ela não vai poder culpar ele — disse Rony, apontando para a janela.

— Você é tão ingênuo às vezes, Rony. Você acha que Umbridge quer alguma prova? — perguntou Adhara, que parecia determinada em se manter irritada, e se dirigiu para a saída da biblioteca, batendo a porta antes de sair, o que fez com que Madame Pince olhasse irritada para a porta.

— Uma garota amável e doce, concordam? — perguntou Ariana com humor.

(...)

O mau humor de Adhara permaneceu pela maior parte do fim de semana, contaminando Yvaine, Cameron e Hermione, já que as quatro tinham que fazer o exame de Aritmancia, que era julgado ser o mais difícil. O restante do grupo gastaram a maior parte do sábado e do domingo revisando Poções, que estava marcada para segunda, o exame que Harry menos esperava para fazer - e o qual tinha certeza que seria sua queda na ambição para a carreira de Auror. - Claro, achou o teste escrito difícil, embora tenha conseguido a maior pontuação na questão sobre a poção Polissuco, pôde descrever todos os efeitos com perfeição.

Coralinne parecia estar evitando seus amigos, já que saiu do ala hospitalar e foi procurar seus amigos apenas para dizer que estava bem e sumir, alegando que tinha que estudar para o exame de Astronomia, deixando claro que queria fazer aquilo sozinha.

O exame prático de Poções não foi tão ruim quanto Harry esperava. Como Snape estava ausente dos procedimentos, achou que estava muito mais relaxado do que na presença dele. Neville, sentado perto de Harry, também parecia mais tranquilo do que nunca havia visto durante a aula da matéria. Quando a professora Marchbanks disse:

— Afastem-se dos seus caldeirões, por favor, o exame está terminado.

Harry tampou seu frasco de amostra, sentindo que talvez não tivesse conseguido uma boa pontuação mas tinha, com um pouco de sorte, evitado uma falha.

— Só faltam quatro exames — disse Parvati Patil, cansada, enquanto se dirigiam para a sala comunal da Grifinória.

! — disse Hermione, irada. — Eu tenho Aritmancia e é provavelmente a matéria mais difícil que há!

— Você não é a única, meu bem! — Cameron também deu um gritinho, assustando Parvati.

Ninguém era tolo de discordar das duas, fazendo com que elas não conseguissem expressar seu rancor e nem brigar com nenhum deles, então, se limitaram a brigarem entre si ou brigarem com alunos do primeiro ano por rirem alto demais.

Harry estava determinado a se dar bem no exame de Trato de Criaturas Mágicas na terça. O exame prático foi aplicado à tarde na orla da Floresta Proibida, onde os alunos foram solicitados a identificar corretamente um ouriço escondido entre dúzias de porcos-espinho - o truque era oferecer leite a cada um deles: ouriços, criaturas muito desconfiadas que contém espinhos com propriedades mágicas, geralmente ficam furiosos quando vêem alguém tentando os envenenar -; demonstrar o manuseio correto de um Tronquilho; alimentar e limpar um caranguejo de fogo sem sofrer queimaduras sérias e escolher, de uma grande seleção de comidas, a dieta correta para um unicórnio doente.

Harry podia ver o olhar ansioso que Hagrid lançava da janela de sua cabana. Quando o examinador de Harry, uma bruxa pequena e simpática, sorriu para ele e lhe disse que podia ir, Harry deu a Hagrid um rápido dedão para o ar - mostrando que tinha se saído bem -, antes de se dirigir ao castelo.

O exame teórico de Astronomia na quarta de manhã não foi muito bom. Harry não tinha certeza de ter colocado os nomes corretos de todas as luas de Júpiter, mesmo que tivesse estudado um dia inteiro com Yvaine sobre isso. Tinham que esperar até à noite para o exame prático, então a tarde toda foi voltada para Adivinhação.

Mesmo para os baixos padrões de Harry em Adivinhações, o exame ocorreu muito mal. Tentou ver figuras se movendo na estranha bola de cristal; terminou em um total fiasco quando misturou as linhas da vida e da cabeça na palma das mãos da professora Marchbanks, informando que ela deveria ter morrido na terça anterior.

— Bem, você não vai precisar de notas boas nessa aí para ser um Auror — disse Nathair, enquanto subiam a escadaria de mármore. Tinha acabado de fazer Harry se sentir melhor quando disse ao examinador os detalhes de um homem feio com uma verruga no nariz na sua bola de cristal, para ver depois que estava descrevendo o reflexo do examinador.

— Porque pegamos essa matéria mesmo? — perguntou Harry.

— Nós podemos sair dela agora.

— Ótimo, agora não preciso fingir me importar com o que acontece quando Júpiter e Urano ficam próximos. Já temos uma Júpiter bem complicada para lidarmos.

— E a partir de agora eu não me importo se minha folhas de chá dizem: "você vai morrer, Nathair, morrer". Eu vou jogá-las na chaleira e fazer chá.

Harry ria quando Hermione, Adhara, Cameron e Yvaine vieram correndo na direção deles. Os dois pararam de rir na mesma hora, com medo de irritarem elas.

— Bom, acho que todas nós nos saímos bem em Aritmancia — disse Yvaine, fazendo com que Harry e Nathair suspirassem de alívio. — Temos tempo de dar uma olhada rápida nos gráficos estelares antes do jantar...

Quando chegaram ao topo da Torre de Astronomia às onze horas da noite encontraram uma perfeita noite para olhar as estrelas, firme e sem nuvens. Os terrenos da escola eram banhados pela luz da lua e havia uma leve brisa gelada no ar. Cada um preparou seus telescópios quando a professora Marchbanks falou para eles começarem a preencher os gráficos estelares que tinham recebido.

Os professores Marchbanks e Hurvery passeavam por eles, olhando, enquanto os alunos colocavam as posições das estrelas e planetas que estavam observando. Tudo estava quieto, exceto pelo arranhar nos pergaminhos ou um rangido de telescópio sendo ajustado no seu suporte. Meia hora havia se passado, então, uma hora; os pequenos quadrados dourados nos terrenos abaixo começaram a sumir enquanto as luzes do castelo eram apagadas.

Quando Harry completou a constelação de Órion no seu mapa, as portas do castelo se abriram abaixo do parapeito onde ele estava. A luz do Castelo iluminou os degraus de pedra e atravessou o gramado. Harry olhou para baixo enquanto fazia um ajuste leve na posição do telescópio e viu cinco ou seis sombras se movendo através da luz brilhante antes das portas se fecharem e o gramado voltar a ser um mar de escuridão novamente.

Harry voltou a olhar no telescópio e ajustou o foco, agora examinando Vênus. Olhou o mapa para colocar o planeta lá, mas algo o distraiu; parando sua pena acima do pergaminho, olhou para os terrenos sombrios e viu meia dúzia de figuras andando sobre a grama. Se não estivesse se movendo e a luz da lua não estivesse brilhando sobre suas cabeças, seria impossível de serem vistos no terreno escuro onde andavam. Mesmo à distância, Harry tinha uma estranha sensação de reconhecer o andar de um deles, o que parecia liderar o grupo.

Não imaginava o que levaria Umbridge a sair do Castelo depois da meia noite, muito menos acompanhada por outros cinco. Então alguém tossiu atrás dele e Harry se lembrou que estava no meio de um exame. Já havia esquecido a posição de Vênus, então, apertou o olho contra o telescópio e o achou novamente. Harry estava novamente pronto para escrever o local no gráfico quando, alertado por um estranho som, ouviu uma distante batida que ecoou através do campo deserto, seguida imediatamente pelo latido abafado de um grande cão.

Harry voltou a encarar o gramado, seu coração batendo rápido demais. As luzes na  cabana de Hagrid foram acesas e as pessoas que Harry observou se movendo pela escuridão estavam com suas silhuetas formadas. A porta se abriu e as seis figuras atravessarem a soleira. A porta voltou a se fechar e se fez silêncio.

Harry sentiu a preocupação tomar conta de si. Olhou ao redor para ver se seus amigos também tinham visto aquilo, mas a professora Marchbanks veio andando por trás dele no mesmo momento. Não querendo parecer que estava tentando olhar o exame de um de seus colegas, Harry se curvou rapidamente sobre seu gráfico e fingiu estar fazendo anotações. Quando a professora se distanciou dele, ele voltou a olhar a janela da cabana de Hagrid, onde figuras se moviam, bloqueando temporariamente a luz.

Harry podia sentir os olhos da professora Marchbanks em suas costas, por isso, colocou novamente o olho no telescópio, fixo na lua, que havia marcado uma hora atrás. Marchbanks se moveu no exato momento em que um alto rugido veio da distante cabana e ecoou através da escuridão até o topo da Torre de Astronomia. Vários alunos saíram de trás de seus telescópios e olharam diretamente para a cabana de Hagrid.

A professora Marchbanks deu uma leve tossida, fingindo não ter ouvido o barulho.

— Tentem se concentrar, crianças — disse levemente. Harry viu quando ela se virou para o professor Hurvery - que encarava a cabana curioso  - para cochichar em seu ouvido — Chame o professor Tolfty.

O homem não demorou em sair da sala em busca do outro professor, que Harry imaginou ser o que examinava Adhara. A maioria dos alunos voltou a prestar atenção em seus exames, mas o grupo de Harry Potter não foi um desses.

— Hum, vinte minutos para terminar — disse a professora Marchbanks quando os outros dois professores voltaram. Harry viu que a mulher se adiantou em ir na direção dos dois e os três começaram a cochichar entre si.

Hermione saltou e voltou a fazer seu gráfico estelar na mesma hora em que a professora disse; Harry olhou para sua esquerda e viu que Yvaine parecia ter terminado, já que, ao olhar para o gráfico da garota, o mesmo parecia estar todo marcado com sua letra. Harry também notou que a menina olhava fixamente para a cabana de Hagrid, olhava com preocupação. Harry olhou para o próprio gráfico estelar e reparou ter anotado erradamente Vênus com Marte, fazendo com que ele se curvasse para consertar.

Um alto "BANG" ecoou. Várias pessoas gritaram quando acertaram a si mesmos com os telescópios, quando tentaram rapidamente ver o que estava acontecendo lá embaixo.

A porta da cabana de Hagrid havia voado para longe e pela luz que saía do buraco recém formado, eles conseguiram ver claramente: uma figura grande levantando os punhos, cercado por seis pessoas que, julgando pela pouca luz, estavam mirando as varinhas em sua direção.

— Meu santo Merlim! — disse o professor Tofty em uma voz escandalizada.

— Isso ainda é um exame, professor! — a velha Marchbanks o olhou indiguinada.

Mas ninguém estava mais dando atenção aos gráficos estelares. Jatos de luz vermelha voavam pela cabana de Hagrid, parecendo ricochetear nele, que ainda estava em pé e, pelo que Harry podia ver, lutando. Harry viu uma movimentação estranha na sala e percebeu que o professor Hurvery havia apanhado sua varinha e tentava sair, mas estava sendo impedido pela professora Marchbanks.

— Você está maluco, Mitchell? Eles são do Ministério! — a mulher gritou, tentando tomar a varinha dele.

— Nós também somos, Griselda! — Ele murmurou, deixando a sala.

— Ele vai perder o emprego — O professor Tofty disse, suspirando.

— Eu disse que era uma péssima ideia contratar pessoas mais novas — Marchbanks resmungou. 

Eles foram interrompidos por uma voz masculina distante, que veio da cabana de Hagrid.

— Seja razoável, Hagrid!

— Razoável é uma ova, vocês não vão me levar assim, Dawlish!

Harry pôde ver uma fina linha ao redor da cabeça de Canino, que por sua vez, tentava defender Hagrid, saltando nos bruxos até que um Feitiço Estuporante o acertasse e ele caísse no chão. Hagrid gritou de raiva, levantando o bruxo que atacou seu cachorro do chão e o arremessando longe, o que pareceu ser uns quatro metros e não se levantou mais. Ariana e Hermione arfaram, ambas as mãos cobrindo suas bocas; Harry olhou para seus amigos e viu que eles também estavam assustados. Nenhum deles tinham visto Hagrid realmente zangado antes.

— Olhem! — gritou Ryan Buttler, que estava inclinado sobre o parapeito e apontava para as portas do castelo que haviam sido abertas novamente; a luz do Saguão de Entrada voltou a iluminar o gramado escuro, duas sombras compridas correram em direção a cabana.

— Alunos? — chamou o professor Tofty, ansioso. — Restam apenas dezesseis minutos!

Mas ninguém pareceu lhe dar atenção: estavam ocupados demais olhando para as duas novas pessoas que corriam para a briga perto da cabana de Hagrid.

— Como se atrevem! — gritou uma das figuras.

— É McGonagall! — murmurou Cameron.

— Soltem ele! — a voz do professor Hurvery soou na escuridão.

— Com que acusações estão o atacando? Ela não fez nada...

Uma boa parte dos alunos gritaram. As figuras ao redor da cabana dispararam quatro Feitiços Estuporantes no meio do peito de McGonagall. A meio caminho da cabana os feitiços a atingiram. Quatro luzes brilhantes em um vermelho assustador que a atingiu, antes que ela caísse no chão, o professor a segurou e deitou a mesma com cuidado no gramado. O homem se levantou rapidamente e conseguiu atingir dois dos que lançaram o feitiço.

— Gárgulas galopantes! — gritou o professor Tofty, que também pareceu esquecer do exame.

— Sem nenhum aviso, que vergonhoso! — a professora Marchbanks também gritou, parecendo estar indiguinada. 

— COVARDES! — gritou Hagrid; sua voz ecoou até o topo da torre e várias luzes se acenderam dentro do castelo. — SEUS COVARDES! TOMEM ISSO, E ISSO...

Hagrid deu dois golpes nos atacantes que restaram. Harry viu Hagrid se inclinar para frente, fazendo com que os alunos pensassem que ele havia sido acertado por um feitiço. Mas pelo contrário, Hagrid ficou novamente de pé, com o que pareceu ser um saco nas costas, então Harry viu que era um corpo mole sobre os seus ombros.

— Peguem ele! — Umbridge berrou para o único auxiliar que sobrou, mas o mesmo estava relutante em tentar se aproximar de Hagrid. Tão relutante que quando deu passos para trás, tropeçou em um de seus companheiros desarcodados e caiu no chão. Hagrid se virou na mesma hora e começou a correr com Canino em volta do pescoço. Umbridge tentou o acertar uma última vez com um Feitiço Estuporante, mas ao invés de acertar ele, acertou Mitchell e Hagrid desapareceu na escuridão.

Passou um grande tempo em que todos encaravam os jardins boquiabertos, ainda sem acreditar no que havia acabado de acontecer. O silêncio foi cortado pelo professor Tofty, que murmurou com a voz fraca:

— Hum, cinco minutos, crianças…

Mesmo que não tivesse preenchido nem a metade de seu gráfico estelar, Harry esperava de maneira ansiosa que o exame acabasse. Quando isso finalmente aconteceu, o grupo de Harry Potter encaixou os telescópios de qualquer jeito em seu suporte e desceram as escadas circulares correndo. Nenhum dos estudantes iria dormir agora, Harry teve certeza disso, todos falavam alto no pé da escada o que havia acabado de acontecer.

— Ela é uma pessoa detestável! — Sirena exclamou, estava com tanta raiva que tinha dificuldade em falar qualquer coisa. 

— Àquela bruxa, tentou surpreender Hagrid no meio da noite! — Medusa disse, também parecendo irritada — Fala sério, isso é baixo demais até para ela!

— Imagino que ela tentou evitar outra cena como a de Trewlaney — Hermione murmurou, roendo as unhas de nervoso. 

— Hagrid foi bem, não foi? — Rony disse baixo, parecia mais assustado que impressionado.

— Porque os feitiços ricocheteavam nele? — perguntou Nathair.

— Talvez seja o sangue de gigante — Bianca disse, ainda chocada com o que havia acabado de presenciar. — É muito difícil estuporar um gigante, assim como os trasgos, eles são muito resistentes…

— McGonagall levou quatro ataques no peito — Ariana murmurou, suspirando —, ela não é mais jovem…

— Pelo menos não levaram ele para Azkaban, não é? — Medusa perguntou, tentando se juntar a eles, já que o bolo de alunos estavam a arrastando para longe.

— Claro, tomara que ele tenha ido se juntar a Dumbledore. — Rony disse.

— Que merda, pensei que Dumbledore não demoraria a voltar, mas agora perdemos Hagrid também… — Hermione disse, chorosa.

— E, provavelmente, também perderam McGonagall. — Mérida disse, o que fez com que o grupo olhassem incrédulos para a garota, que eles nem haviam notado que estava ali.

Eles voltaram sem pressa para suas salas comunais. A Sala Comunal da Lufa-lufa estava cheia, os alunos ainda comentando do acontecido.

— Porque ela quis demitir Hagrid agora? — perguntou Cedrico, enquanto franzia o cenho. — Ele está ensinando muito melhor agora.

— Umbridge detesta mestiços — Adhara disse, amargurada —, era óbvio que ela ia tentar se livrar de Hagrid.

— Ela também achou que foi Hagrid quem colocou os pelúcios na sala dela. — Yvaine disse, suspirando.

— Nossa — Cedrico murmurou, se sentando ao lado de Coralinne, que lia um livro, calada — Pelo que eu sei, Fred e Jorge deixaram um pelúcio para Cameron e Medusa colocarem na sala dela — Ele coçou a nuca —, colocaram pela janela…

— Não precisa se sentir culpado — foi a primeira vez que Coralinne disse desde que eles chegaram, ainda sem olhar seus amigos —, ela teria despedido ele de qualquer jeito. Hagrid é muito próximo e fiel a Dumbledore.

— Olha, Serafina não comeu a língua dela, afinal — Adhara comentou com humor, dando uma risadinha — Cora tem razão.

— Tomara que McGonagall esteja bem. — suspirou Yve. 

— Tenho certeza que sim, vi quando levaram ela e o professor Hurvery para a Madame Pomfrey. — Cedrico tentou tranquilizar as meninas, sorrindo.

A Sala Comunal da Lufa-lufa só se esvaziou as quatro horas da manhã. Mesmo que tivessem ido se deitar, Yvaine, Adhara e Coralinne se sentiam mais acordadas que nunca. A imagem de Hagrid desaparecendo na escuridão penetrou na cabeça das três tão fundo que foi difícil dormir, estavam preucupadas demais. Também estavam irritadas, tão irritadas que não conseguiam pensar em algo realmente ruim para punir Umbridge, embora a sugestão de Medusa de dar a mulher alguns explosivins famintos tivesse ganhado uma grande atenção das garotas. Elas adormeceram pensando em vinganças medonhas, acordando três horas depois sentindo que não haviam descansado nada.

O último exame, que seria o de História da Magia, iria ser realizado durante a tarde. Todos os alunos pareceram gostar muito da ideia de voltarem para suas camas depois do café da manhã, mas precisavam fazer suas revisões de última hora.

Os quintanistas entraram no Salão Principal às duas horas e se sentaram em seus lugares, os exames estavam virados para baixo na frente de cada um deles. Harry só queria que o exame acabasse rápido, já que aquela era uma das matérias que menos gostava. Planejava voltar para sua cama assim que o exame acabasse e depois iria dar uma voltinha no campo de Quadribol com a vassoura de um de seus amigos, saboerar o término das revisões.

— Desvirem o exame — a professora Marchbanks disse à frente do salão, invertendo a grande ampulheta ao seu lado. — Podem começar.

Harry olhou para a primeira pergunta por alguns minutos, percebendo que não estava entendendo uma palavra do que estava escrito. Um mosca chata zumbia em seu ouvido, lenta e tortuosamente. Harry agitou as mãos ao lado do rosto, tentando espantar a mosca.

— O que você está fazendo? — Alisson, que estava na frente do garoto perguntou, ao virar discretamente o rosto na direção do mesmo ao notar a agitação dele.

— Uma mosca chata… — Harry resmungou, irritado.

Harry notou o olhar da amiga em cima dele por alguns minutos, fazendo com que ele recuasse com a mão, ainda ouvindo o zumbido chato.

— Não tem nenhuma mosca, Harry… — a menina sussurrou, a voz alarmada, fazendo com que Harry olhasse a própria volta.

Harry bufou, decidindo ignorar a garota. Verdade, não tinha visto nada, mas estava ouvindo. Soltando um baixo palavrão pulou para a quarta pergunta, pulou para a quinta ao perceber que estava mudando as datas e tinha dito que lembrava que um vampiro havia participado de algum momento do episódio. Harry bufou, sentindo o cérebro fraco e sem energia. Começou a escrever as respostas que lembrava, erguendo o olhar vez ou outra para observar a ampulheta. Deixou que seu olhar caísse em Alisson, que estava logo na sua frente, percebeu que a menina o olhava com preocupação quando a professora Marchbanks se distraía. Uma ou duas vezes Harry se pegou observando as luzes douradas que brilhavam no longo cabelo castanho quando a garota mexia a cabeça. Harry sacudiu a própria cabeça, tentando clarear a mesma.

…o primeiro chefe supremo da Confederação Internacional de Bruxos foi Pierre Bonaccord, mas sua nomeação foi contestada pela comunidade bruxa de Liechtenstein, porque…

Ao redor de Harry, as penas arranhavam os pergaminhos com velocidade, como ratinhos correndo para se esconderem no escuro. Harry sentiu, com insatisfação, o sol quente que adentrava pela janela em sua nuca. O que Bonaccord fez para ofender os bruxos de Liechtenstein? Harry teve a estranha sensação que os trasgos estavam envolvidos nisso… Harry se pegou novamente olhando a cabeça de Alisson. Desejou saber usar Legilimência para abrir uma janela na nuca da garota e ver qual era a ligação dos trasgos com o rompimento entre Pierre Bonaccord e Liechtenstein.

Harry fechou os olhos, suspirando, enterrando o rosto nas mãos. Bonaccord queria impedir a caça aos trasgos é os conceder direitos… mas Liechtenstein estava tendo problemas com uma tribo violenta de trasgos montanheses… era isso.

Harry voltou a abrir os olhos, sentindo os mesmos arderem e lacrimejarem assim que o mesmo encarou o pergaminho muito branco. Devagar, escreveu duas linhas sobre os trasgos, e leu o que já havia feito até ali. Nada estava muito informativo ou detalhado. Harry suspirou, voltando a fechar os olhos e pensando nas anotações de Hermione sobre a Confederação.

A Confederação havia se reunido pela primeira vez na França, sim, já tinha escrevido isso…

Os duendes tentaram participar, mas haviam sido expulsos… também já tinha escrevido sobre isso…

Pense, disse a si mesmo, com o rosto nas mãos, ouvindo as penas ao seu redor arranharem seus pergaminhos com respostas intermináveis…

Harry se pegou andando pelo corredor escuro e fresco do Departamento de Mistérios, passos firmes e rápidos eram dados com ansiedade para chegar finalmente em seu destino. Atravessou com rapidez o piso de pedra assim que chegou na sala circular com muitas portas. Ouviu o conhecido barulho estranho de crepitação mecânica, mas não perdeu tempo em ir conferir o que era, tinha que se apressar…

E mais uma vez estava na grande sala parecida com uma igreja, cheia de prateleiras empoeiradas com esferas de vidro. O coração de Harry batia muito rápido, estava ansioso… iria, finalmente, conseguir chegar lá… Quando alcançou o número noventa e sete, virou à esquerda e continuou apressado pelo corredor cheio de altas estantes…

Mas dessa vez algo estava errado, uma estranha forma escura se arrastava pelo chão como um animal ferido bem no final do corredor. O estômago de Harry se contraiu de medo e... excitação

Uma voz saiu de sua própria boca, aguda e fria:

— Pegue-a para mim… não posso pegar, mas você pode…

A forma escura no chão se moveu. Harry estendeu a mão branca, que segurava uma varinha com firmeza e apontou para a figura em sua frente. Harry voltou a ouvir a voz aguda e fria.

Crucio!

O homem no chão se contorceu e soltou um alto berro de dor. Harry riu, gargalhou, voltando a erguer a varinha para que a maldição fosse retirada. 

— Lord Voldemort está esperando…

De forma lenta e com os braços trêmulos, o homem no chão ergueu os ombros e em seguida o rosto. O rosto estava manchado de sangue, contorcido de dor, mas estava rígido de rebeldia.

— Terá que me matar — Sirius sussurrou.

— Ah, sem dúvidas farei isso quando terminar — a voz fria voltou a soar — Mas, antes de terminarmos isso, você pegará ela para mim, Black. Você acha que, o que sentiu até agora é considerado dor? — gargalhou — Melhor pensar de novo. Não estamos com pressa e não tem ninguém aqui para ouvir seus gritos.

Mas alguém gritou quando Voldemort tornou a erguer a varinha; Harry berrou e escorregou pelo lado da mesa para o chão frio, fazendo com que ele acordasse ao bater no chão. Harry sentiu sua cicatriz em chamas, enquanto o Salão Principal voltava a aparecer na sua frente.

(...)

Coralinne, Yvaine e Sirena haviam acabado de chegar na sala de Alquimia para prestar seus exames. Coralinne se sentou no meio, Yvaine à sua direita e Sirena à sua esquerda. O professor Tofty esperou que todos os alunos se sentassem para que ele virasse a enorme ampulheta e dissesse:

— Podem começar!

Quase que no mesmo segundo, Coralinne sentiu a estranha e conhecida tontura, o que fez com que a garota levasse ambas as mãos a lateral da mesa e apertasse com força. O ato não passou despercebido pelas duas meninas ao seu lado, que se olharam sem entender para depois olharem para Coralinne com preocupação.

— Cora, vai ficar tudo bem… — Sirena sussurrou, fingindo estar lendo uma pergunta do exame. — revisamos isso milhares de vezes, você vai se sair bem.

A voz de Sirena soou tão alta quanto um sussurro para Coralinne, que viu sua vista ficar turva lentamente, fazendo com que a mesma fechasse os olhos e os abrisse novamente, tentando enxergar com clareza. Mas não foi a sala de Alquimia que ela viu ao abrir os olhos…

Coralinne estava em um lugar desconhecido, mas que continha vários rostos conhecidos, conseguiu reconhecer o rosto de seus amigos rapidamente, incluindo o próprio rosto. Tentou analisar a cena com rapidez, tentando não perder nenhum detalhe; conseguia ver Dumbledore no topo de uma escada, passando por Harry e Neville; uma pessoa que ela imaginou ser um comensal da morte, gritou para os seus companheiros a chegada de Dumbledore, o que fez com que a metade deles corresem; e um único par de pessoas estavam lutando, Coralinne reconheceu na mesma hora os cabelos rebeldes de Bellatrix que faziam lembrar o de Mérida, também reconheceu Sirius, que estava de costas para ela.

Coralinne viu Sirius desviar de um raio vermelho que veio em sua direção, rindo de Bellatrix.

— Você pode fazer melhor que isso, Bella! — berrou Sirius, a voz ecoando por toda a sala.

Coralinne gritou com a cena que veio a seguir, levando as mãos rapidamente em direção a boca, sentindo os olhos se encherem de lágrimas. Um segundo raio atingiu Sirius bem no meio de seu peito. O sorriso não desapareceu do rosto do mesmo, embora seus olhos tenham se arregalado de choque.

Coralinne viu Harry soltar Neville e descer os degraus da escada aos saltos, viu as pernas de Adhara fraquejarem e a garota cair no chão na mesma hora em que tentou correr. Viu desespero no olhar dos dois. Sem saber o que fazer, Coralinne correu em direção a Sirius, tentando segurar o mesmo antes que ele caísse no enorme arco atrás dele. Mas não conseguiu, assim que tentou tocar a mão de Sirius, sua mão atravessou a pele dele como se ela fosse algum tipo de fantasma. 

Sirius pareceu levar uma eternidade para realmente cair, seu corpo mergulhou em direção a um gracioso arco em suas costas com um véu esfarrapado. Coralinne então, mesmo sabendo que era inútil, deu a volta no arco e esperou que o corpo de Sirius caísse, para, então, garantir que ele estava realmente bem. Quer dizer, suas visões poderiam apenas estar alertando ela que Sirius seria atingido, não é? Não precisava ser sempre algo ruim?! Mesmo que ela soubesse a resposta para essas perguntas, não quis aceitar que eram verdadeiras. Antes de dar a volta no arco, viu medo no olhar de Sirius, mesmo que ele não deixasse de sorrir. E então, já do outro lado do arco, Coralinne esperou que o corpo de Sirius caísse, mas não caiu, havia desaparecido sobre o véu. 

Coralinne ouviu a gargalhada triunfante de Bellatrix, olhou na direção da mulher, que observava o feito com satisfação. Do outro lado da sala cavernosa, Coralinne viu o corpo de Adhara ser segurado por Noah.

— ME SOLTA! — Cora conseguiu ouvir a garota gritar, a voz firme, embora as lágrimas escorressem sem parar de seus olhos. — Porque ele não caiu? Cadê o meu pai, Noah?

Coralinne viu que Noah abraçou a garota mais forte, enquanto a mesma chorava compulsivamente chamando pelo pai. Em frente ao véu, Lupin agarrava o peito de Harry, detendo que o mesmo fosse atrás de Sirius no véu.

Não há nada que você possa fazer, Harry…

E assim, a imagem foi ficando borrada e desaparecendo lentamente, a última coisa que Coralinne viu, foi as tentativas falhas de Harry de atravessar o véu em busca de Sirius e Adhara cada vez mais desesperada nos braços de Noah. Quando voltou a abrir os olhos, que Cora nem notou estarem fechados, chorava silenciosamente sendo observada de perto por Yvaine e Sirena, que a olhavam com preocupação.

— Professor, a Cora não está se sentindo bem… — Yvaine levantou a mão, fazendo com que o professor fosse rapidamente na direção delas.

Coralinne já tinha a atenção de toda a sala, enquanto a mesma ainda olhava um ponto fixo com os pensamentos longe, ainda sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto.

— É a pressão dos exames! — O homem disse, tocando delicadamente o ombro da garota, que o olhou com os olhos arregalados. — Calma, querida, vamos! Vou levar você a Madame Pomfrey!

— Deixe que a gente leva! — Sirena disse, se levantando na mesma hora, assim como Yvaine.

— Nem pensar, sei que as duas estão preocupadas com sua amiga mas ela está bem, não é? — O professor perguntou, olhando para Coralinne, que assentiu sem realmente saber o que ele falava. — Viu? Podem terminar com calma…

Yvaine e Sirena voltaram a se sentar, mesmo que relutantes. Coralinne foi guiada pelo professor pelos corredores do Castelo, sem realmente prestar atenção no caminho em que estavam fazendo, seus pensamentos estavam longe. Sirius Black iria morrer.



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