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História Reprise - Interativa - 024 - As lembranças de Severo Snape


Escrita por: _Stilisnki_

Notas do Autor


Qualquer informação será dada no grupo, boa noite, xuxus.

Capítulo 24 - 024 - As lembranças de Severo Snape


03 de Abril de 1995

Escócia - Hogwarts

POR ORDEM DO MINISTÉRIO DA MAGIA

Dolores Joana Umbridge - A Alta Inquisidora - substituiu Alvo Dumbledore na diretoria da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

A ordem acima está de acordo com o Decreto Educacional Número Vinte e Oito

Assinado: Cornélio Oswaldo Fudge, Ministro da Magia

Os avisos foram pendurados por toda parte na escola da noite para o dia, mas não explicavam como que todos os alunos de Hogwarts pareciam saber que Dumbledore derrubou dois aurores, a Alta Inquisidora, o Ministro da Magia e seu assistente júnior para escapar. Por onde quer que Harry fosse no Castelo, o único assunto era sobre a fuga de Dumbledore e, embora alguns detalhes tenham sido alterados - como, uma garota do segundo ano disse que Fudge estava internado no St. Mungus com uma abóbora no lugar da cabeça -, era surpreendente que todas as outras informações estavam corretas. Por exemplo: todos sabiam que Harry, Summer, Sirena, Adhara, Ariana, Pansy e Júpiter foram os adolescentes que estavam na sala do diretor quando tudo aconteceu. E como Zacarias Smith havia sido azarado por Ariana, quando o mesmo foi perguntar o que havia acontecido; Adhara, que estava sempre com uma carranca no rosto; Júpiter e Pansy, que ninguém iria perguntar, por motivos óbvios e Summer que se encontrava na ala hospitalar. Harry e Sirena estavam sendo assediados com pedidos para contarem a história com todos os detalhes.

— Seria tolice demais deixar Dumbledore fora por muito tempo. — Brooke Sommers disse, depois de ouvir com atenção a história de Sirena ao saírem da aula de Herbologia.

— Dumbledore não irá demorar a voltar, Sommers — Ernesto Macmillan, que também havia escutado a história com atenção, garantiu confiante. — Tentaram o manter afastado no nosso segundo ano e não conseguiram, não será diferente agora.

— O Frei Gorducho me disse — Ryan Buttler comentou distraído — que Umbridge tentou voltar à sala de Dumbledore na noite passada, tentar achar algo que ajudasse a encontrar ele, sabe? Ela não conseguiu passar nem pela gárgula, a sala toda se fechou para não permitir que ela entrasse — ele soltou uma garlhada gostosa — Pelo que sei, ela teve um ataque de raiva.

— Ah, tenho certeza que ela sonhava em se sentar na mesa de Dumbledore — Sirena disse maldosamente, não conseguindo conter o sorriso maldoso ao imaginar a cena de Umbridge surtando por não conseguir entrar na sala do diretor. — Acima de todos os professores, uma sapa gananciosa por poder do jeito que ela é...

— Eu adoraria ouvir você terminar essa frase, Scamander.

Os quatro se viraram na mesma hora, dando de cara com Draco Malfoy, seguido por Pansy Parkinson. O rosto pálido e fino estava iluminado em malícia.

— Acho que vamos ser obrigados a tirar alguns pontos da Grifinória e da Lufa-lufa, Draquinho! — Pansy disse com falsa animação. Draco revirou os olhos com o apelido, não evitando de lançar um olhar irritado para a garota ao seu lado.

— Somente os professores podem tirar ponto das casa, Malfoy — Ernesto disse na mesma hora, o que fez Draco estender os lábios em um enorme sorriso.

— Monitores não podem, Macmillan — Draco retrucou — Já os membros da Brigada Inquisitorial, eu não diria o mesmo...

— Desculpe, Draquinho, brigada o que? Se eu te der outro soco agora, gostaria de saber se eu iria levar algo a mais que uma detenção. — Sirena fez questão de dizer o apelido patético de Pansy Parkinson lentamente, apreciando a visão de Draco Malfoy começar a ficar irritado.

— Brigada Inquisitorial, Weasley — Draco repetiu, apontando para o "I" abaixo de seu distintivo de monitor. — Um grupo de estudantes que apoia o Ministério da Magia, escolhidos a dedo pela professora Umbridge. Enfim, os membros da Brigada Inquisitorial tem o poder de tirar pontos — ele deu um sorriso maldoso — Então, Scamander, vou tirar cinco pontos da sua casa por ter ofendido a nossa diretora. Do Macmillan, cinco por me contradizer. E mais cinco da Lufa-lufa porque não gosto de você, Buttler.

— E mais cinco da Grifinória, porque eu não gosto de você. — Pansy acrescentou, indicando Brooke com a cabeça. — E menos dez por ser uma sangue-ruim.

Ryan puxou a varinha no mesmo instante, mas Brooke segurou o braço do mesmo, sussurrando:

– Fala sério, Buttler, isso não vale a pena...

– Muito sensato, Sommers – murmurou Malfoy. – Nova diretora, novos tempos... agora comporte-se, Weasley, pois eu não vou tirar os meus olhos de você

— E eu morreria se você ousasse tirar, Malfoy… — Sirena disse em voz alta, o deboche explícito em sua voz.

Fingindo não ouvir a resposta da garota, Draco deu seu melhor sorriso malicioso, uma piscadela e se retirou com Pansy.

— Ele só pode estar brincando — Comentou Ernesto, como se quisesse acalmar os outros três, mas na verdade, era a si mesmo. — Eles não podem ter o direito de descontar pontos das casas, é completamente ridículo. Quer dizer, isso arruinaria o sistema monitório.

Mas Sirena, Ryan e Brooke viraram automaticamente para as enormes ampulhetas na parede às costas deles, que registrava o número de pontos da Casas. Naquela manhã, Grifinória é Corvinal estavam disputando a liderança. Enquanto observavam, subiram algumas pedrinhas, reduzindo seu total nas bolhas inferiores. De fato, a única que estava inalterada era a ampulheta cheia de esmeraldas da Sonserina.

—… você viu? — a voz de Fred foi ouvida.

Os gêmeos haviam acabado de descer a escadaria de mármore, agora se reunindo aos quatro diante das ampulhetas.

– Draco acabou de nos descontar vários pontos – disse Ryan, furioso; ainda observava as ampulhetas e viram mais algumas pedrinhas subirem na ampulheta da Lufa-lufa.

– Estamos sabendo. Montague tentou durante o intervalo – contou Jorge.

– O que você quer dizer com “tentou”? – perguntou Sirena na mesma hora.

– Ele não conseguiu pronunciar todas as palavras – disse Fred –, o empurramos de cabeça no Armário Sumidouro do primeiro andar.

– Vocês vão se meter em uma grande encrenca… — alertou Ernesto.

– Não até o Montague reaparecer, o que pode levar semanas, não sabemos onde ele foi parar – disse Fred, descontraído. – Em todo o caso, decidimos que já não nos importamos em nos meter em confusões.

– E vocês já se importaram algum dia? – perguntou Brooke, a sobrancelha erguida.

– Ora, é claro que sim – protestou Jorge, fingindo estar ofendido. – Nunca fomos expulsos, não é?

– Sempre soubemos quando parar – acrescentou Fred.

– Às vezes ultrapassávamos o limite, umas duas ou três vezes... – disse Jorge.

– Mas sempre paramos há tempo de evitar um caos – completou Fred.

– E agora? – perguntou Ryan.

– Bom, agora as coisas mudaram... – começou Jorge.

– ...com a partida de Dumbledore – continuou Fred.

– ...decidimos que um certo caos é necessário... – disse Jorge.

– ... e é exatamente o que a nossa querida diretora merece, uma boa recepção de boas-vindas – disse Fred.

– Vocês não deveriam, não deveriam mesmo! – sussurrou Sirena. – Umbridge vai expulsar vocês e a Molly vai arrancar suas cabeças!

– Você é a gêmea mais responsável, Siren, mas é mais nova, por isso, vai ter que nos obedecer, não o contrário – disse Fred, sorrindo largamente para ela. – Não fazemos mais questão de ficar. Sairíamos agora, se não estivéssemos decididos a vingar Dumbledore primeiro. Então – ele consultou o relógio –, a fase um está prestes a começar. Eu iria para o Salão Principal almoçar, se fosse vocês.

– Porque? – Brooke perguntou, ansiosa.

– Vocês verão – respondeu Jorge. – Agora, vão andando.

– Acho que deveríamos ir mesmo, sabe – disse Ernesto. – Só por precaução…

Os quatro desapareceram no bolo de alunos que descia a escadaria para almoçar. Quando Cameron passou pelas quatro ampulhetas, Jorge segurou o braço da mesma, fazendo a garota  distraída se assustar.

— O que houve? — Jorge franziu o cenho, observando a garota com atenção. Cameron parecia avoada, continha um pergaminho e uma carta em cada mão. — O que é isso?

— Recebi uma carta — Cameron disse rápido, os olhos arregalados, parecendo assustada.

— E você está bem? — Fred arqueou uma das sobrancelhas.

— Sim, só preciso enviar uma carta… — ela respondeu no automático, ainda com os olhos distantes dos deles.

— Vamos ao corujal com você, então… — Jorge disse, passando o braço ao redor dos ombros da menina. Cameron pareceu despertar, negando com a cabeça como se afastasse algum pensamento e erguendo a cabeça para sorrir.

— Não precisa, eu…

— Sem "mais", trasguinho, temos que te contar a nossa mais nova pegadinha. — Fred a cortou, se colocando do outro lado dela.

— Ok, Já estou vendo que não vai adiantar retrucar. — Cameron se rendeu, andando junto com eles em direção ao Salão Principal.

Harry mal conseguiu ver o céu e suas nuvens, quando alguém cutucou o seu ombro e ao se virar, seu deu de cara com o zelador Filch. 

– A diretora quer ver você, Potter – disse malicioso. Virando a cabeça para olhar Adhara em seguida. — E você, Black. — e ao olhar por cima da cabeça de Adhara viu Ariana, que havia acabado de sair do Salão Principal — E você, Targaryen.

— O que eu fiz? — Ariana, que vinha comendo um maçã, perguntou.

– Eu não fiz nada – disse Harry imediatamente. Filch o olhou atentamente, para começar a rir depois.

– Consciência pesada, eh, Potter?! – exclamou. – Venham comigo.

Adhara olhou para Rony e Hermione com as sobrancelhas arqueadas, depois olhou para Harry e Ariana que sacudiram os ombros. Os três acompanharam Filch de volta ao Saguão de Entrada, na direção contrária dos estudantes. Filch parecia estar de muito bom humor - o que era estranho -, cantava desafinado em voz baixa enquanto subiam a escada de mármore. Quando chegaram no primeiro andar, disse:

– As coisas estão mudando por aqui, pestinhas.

– Percebi – Adhara resmungou.

— Faz anos que digo a Dumbledore que ele é frouxo com vocês — Filch disse, com uma risada maldosa — Um bando de ferinhas nojentas, duvido que ousariam soltar bombas de bosta se soubessem que eu poderia arrancar o couro de vocês a chicotadas, fazíamos assim antigamente, e agora, tudo vai voltar. Eu só quero ver a cara de vocês quando descobrirem que poderei fazer isso, esperem o Decreto Educacional Número Vinte e Nove, poderei fazer tudo isso. Ela pediu para que o ministro assinasse uma ordem expulsando o Pirraça… ah, como as coisas estão boas com ela na diretoria...

Claro que Umbridge iria querer conquistar a confiança de Filch, pensou Harry, Ariana e Adhara ao mesmo tempo, Filch era uma arma importante; Filch tinha bastante conhecimento sobre as passagens secretas e esconderijos de Hogwarts, só perdia para os gêmeos Weasley.

— Chegamos — Filch anunciou, olhando para os três de esguelha, enquanto batia três vezes na porta da sala de Umbridge. — O que a senhora me pediu, Madame.

A sala de Umbridge, muito bem conhecida pelos três por conta de suas inúmeras detenções ao longo desse ano. Não havia mudado nada desde a última vez que estiveram ali, exceto por um grande bloco de madeira na mesa em que informava: Diretora. E para completar a decoração, a Firebolt e as Cleanseeeps dos gêmeos estavam presas por correntes e cadeados a um grosso gancho de ferro na parede atrás dela. Umbridge estava sentada em sua mesa, parecia estar distraída enquanto escrevia algo em um pergaminho cor-de-rosa, mas a mesma logo ergueu a cabeça e sorriu ao ver os três adolescentes. Para a surpresa de Harry, Ariana e Adhara, eles não eram os únicos adolescentes ali. Sentada em uma cadeira de frente à mesa de Umbridge, Mérida estava com uma expressão entediada enquanto bebia algo na xícara de chá de Umbridge.

– Muito obrigada, Argo – disse ela com meiguice.

– De esponha, Madame – respondeu ele, curvando-se até onde seu reumatismo permitia, e saindo de costas.

— Sentem-se — Umbridge disse secamente, apontando para as três únicas cadeiras livres em frente à sua mesa.

Umbridge voltou a escrever em seu pergaminho cor-de-rosa, enquanto os quatro adolescentes trocavam olhares nervosos, imaginando que novo problema Umbridge iria os arrumar.

— Muito bem — exclamou Umbridge, finalmente pousando a pena. — O que vocês gostariam de beber?

— Desculpe? — Adhara perguntou, franzindo o cenho.

— Beber algo, senhores — disse ela, abrindo o sorriso ainda mais — Chá? Café? Suco de abóbora? — À medida que ela dizia, com um breve aceno com a varinha e um copo cheio parecia sobre a mesa.

— Não queremos nada, muito obrigada. — Harry respondeu.

— Eu gostaria que vocês bebessem algo comigo, porque não fazem como a Srta. Lestrange? — Umbridge perguntou, o tom de voz assumindo uma suavidade perigosa. Assim que ouviu seu sobrenome Mérida ergueu o olhar para os três adolescentes, quando percebeu que os quatro a encaravam tomar chá. — Escolham algo.

Harry, Ariana e Adhara se encararam por alguns segundos, voltando seu olhar para Umbridge, que os encarava ansiosa.

— Ok… chá, então — Harry respondeu.

— Suco de abóbora. — Adhara disse brevemente.

— Café. — Ariana respondeu.

Umbridge se levantou, levando consigo o copo de suco, café e o chá, de costas para os adolescentes, fez uma breve cena para acrescentar o açúcar nos três copos. Antes que a mulher se virasse, Mérida apontou para a sua própria xícara e negou com a cabeça. Estranhando a atitude da mesma, os três voltaram a olhar Umbridge, que agora já havia se virado e se apressou para levar a bebida dos três, sorrindo de maneira doentia.

— Perfeito! — exclamou, entregando aos dois — Beba, Potter e Targaryen, antes que esfrie. E você, Black, beba antes que esquente. — Ela agitou as mãos, como se incentivasse os três a beberem — Achei que deveríamos ter uma conversinha, nós cinco, meus quatro alunos favoritos.

Os quatro continuaram quietos, se olhando por breves segundos quando Umbridge se distraia. Harry se acomodou na cadeira, esperando que Umbridge continuasse. Passando longos minutos com os quatro calados, Umbridge voltou a falar ansiosa.

— Porque vocês três não estão bebendo? — Ela ergueu a sobrancelha, e ao olhar para a xícara vazia de Mérida, ela acenou com a varinha, fazendo com que uma bela chaleira despejasse mais chá. — Acho que o seu acabou, querida.

— É — Foi a única coisa que Mérida murmurou, voltando a levar a xícara para os lábios.

Harry, Ariana e Adhara levaram seu copo e xícara aos lábios, sem realmente tomar o líquido. Adhara deixou que seu olhar caísse nos horríveis gatos pintados atrás de Umbridge, um deles tinha olhos grandes e azuis, o que fez a mesma se lembrar de Moody, o que o bruxo diria se visse os três bebendo alguma coisa oferecida por uma inimiga declarada?

— Ótimo — sussurrou Umbridge, o sorriso ficando cada vez mais largo — Muito bem… — Ela se curvou para frente, se aproximando dos quatro — Onde está Alvo Dumbledore?

O susto de Ariana foi tão grande, que a garota deixou metade de seu café cair no chão, fazendo Umbridge a olhar incrédula.

— O que foi isso, menina?

— Desculpe. — Ariana disse, colocando o copo em cima da mesa. Com um aceno de varinha, o chão foi limpo e o copo de Ariana já estava cheio novamente.

— Não sei. — Harry respondeu prontamente.

— Não vejo ele desde ontem. — Respondeu Adhara, dando de ombros.

— E eu não sei porque eu saberia. — Mérida respondeu, erguendo os ombros.

Umbridge voltou seu olhar para Ariana, que pegava a xícara e fingia tomar o líquido. 

— Não faço a menor ideia.

— Bebam, bebam — Ela incentivou, ainda sorrindo — Não vamos entrar nesses joguinho infantis, tolinhos. Nós cinco sabemos que se alguém souber aonde Dumbledore está, são vocês dois. — Ela acenou com a cabeça na direção de Harry e Ariana.

— Não sabemos onde ele está. — Ariana respondeu, depois de ver que Harry fingia tomar mais um gole de seu chá.

— Ah — Umbridge murmurou, parecendo estar convencida, porém, bem descontente com o resultado — Bem, neste caso, tenham a bondade de me dizer o paradeiro de Sirius Black.

Essa foi a vez de Adhara quase derrubar o líquido de seu copo, sentindo as mãos começarem a tremer, tremer tanto que a fez vibrar no pires. Harry sentiu seu estômago embrulhar, revirando tudo que ele havia comido pela manhã. Mérida e Ariana voltaram seu olhar para Adhara na mesma hora, que ainda tentava controlar a tremedeira de suas mãos. Mérida deixou que uma risadinha escapasse de seus lábios, desviando seu olhar de Adhara apenas para olhar Umbridge.

— Não sei. — Adhara respondeu na mesma hora, em um fio de voz.

— Faça-me o favor, Srta. Black, ele é o seu pai, vai me dizer que não sabe onde ele se esconde?! — Umbridge perdeu a paciência, batendo as duas mãos na mesa, fazendo com que as coisas em cima dela tremessem. — Não se esqueça que quase o apanhei na lareira da sala comunal da Lufa-lufa, com quem mais ele iria falar? Irei repetir minha pergunta, onde está Sirius Black?

— Não faço a menor ideia de onde ele possa estar — Adhara disse com firmeza, pondo o copo de suco sobre a mesa da atual diretora, encarando a mesma com seriedade.

Os outros três adolescentes observaram com atenção Adhara e Umbridge se encarando ferozmente sem piscar, fazendo com que o olho de ambas começasse a lacrimejar. Então, Umbridge fechou os olhos, bufando alto e se levantou.

— Muito bem, acreditarei nas palavras de vocês, mas não se esqueçam: o poder do Ministério está em minhas mãos. Todas as formas de comunicação estão sendo monitoradas. Um controlador de Rede de Flu está vigiando todas as lareiras de Hogwarts, exceto a minha, obviamente. A Brigada Inquisitorial está lendo todas as correspondências que entram em sai desse castelo. Filch está vigiando todas as passagens secretas, se eu encontrar...

BUUM!

O piso da sala de Umbridge tremeu. Umbridge deslizou para o lado e se agarrou em sua escrivaninha para não cair, fazendo cara de espanto.

— O que é…?

Ela fitou a porta. Com a distração de Umbridge, Harry, Adhara e Ariana esvaziaram seus copos no vaso de flores secas próximos de suas cadeiras. Gritos e barulhos de pessoas correndo no andar de baixo estavam bem audíveis.

— Voltem para o almoço! — Mandou Umbridge, apanhando a própria varinha e saindo apressadamente da sala.

— Vamos esperar alguns segundos, seja o que for, não quero levar a culpa. — Mérida disse, pegando os papéis da mesa de Umbridge e passando os olhos pelos mesmos.

— Estávamos aqui o tempo todo, claro que não iremos levar a culpa — Adhara disse como se fosse óbvio — Aliás, vai se meter em problemas se continuar lendo isso aí…

— Ela faz o mesmo com as minhas cartas, tenho o direito de ler as dela. — Mérida deu de ombros, não se dando o trabalho de olhar para Adhara, ainda fitando as cartas. — Essa nem é dela, mas é bem interessante… Não sabia que a Cameron tinha um irmão…

— O que? — Ariana perguntou, tomando o pergaminho das mãos de Mérida e pondo de volta na mesa de Umbridge — É pessoal, você não deveria ler…

Elas ficaram quietas assim que ouviram outro grito, fazendo com que os quatro se entre olhassem.

— Acho melhor irmos… — Harry disse. Então, os quatro correram para o andar de baixo, querendo ver o motivo de todos aqueles gritos.

Não foi difícil descobrir o que acontecia no andar abaixo que estavam. No andar abaixo, um pandemônio reinava. Yvaine, Bianca, Coralinne, Medusa e Nathair, que caminhavam pelo local na exata hora que tudo começou, tiveram a "sorte" de ver o caos acontecer desde o começo.

— Quem seria capaz de fazer isso com a nossa querida diretora? — Nathair perguntou, a ironia presente na voz.

— Eu não acredito que eles fizeram isso! — Coralinne exclamou, observando tudo com atenção. — Eles estavam com umas conversas tão estranhas um dia desses, ignorei por achar que eles estavam brincando, mas agora? Eles com certeza vão ser expulsos!

— Isso é — Medusa chamou a atenção deles, erguendo o dedo indicador —, se eles forem pegos, o que, provavelmente, não vai acontecer.

— Você me parece bem certa que eles não vão ser pegos, Med — Bianca disse, o tom de voz acusador, embora ainda soasse divertido. — Você tem algo haver com isso?

— É claro que ela não tem, ela ficou com a gente o tempo todo, não é, Medusa? — Yvaine disse, se virando para encarar a amiga.

— Pois então, eu não poderia estar de fora da maior pegadinha de todos os tempos do colégio, não é mesmo? — Medusa deu seu melhor sorriso amarelo. 

— Sua grande peste, porque não nos contou? — Nathair olhou incrédulo para a garota, que agora ria da cara dele.

— Linguarudo como você é, Nath, aposto que teria contado até mesmo para Umbridge. — Bianca brincou, fazendo os amigos rirem.

— O que é isso? Ninguém me respeita mais? — Nathair continuava com a careta no rosto, resmungando.

— Oh, merda… — Yvaine sussurrou de repente, seu olhar estava focado em algo atrás de Medusa. — Ok, o pássaro pousou no ninho…

— Que pássaro, aquele que a Alisson está cuidado? — Coralinne ergueu uma das sobrancelhas, olhando em sua volta, tentando achar alguma árvore para ver o  tal ninho.

— Não, gente, isso é um código, vocês nunca viram filme não? — Yvaine olhou para os amigos incrédula, enquanto cruzava os braços. 

Não — os quatro responderam ao mesmo tempo, fazendo Yvaine abrir a boca em um perfeito "o".

— Precisamos ter uma conversa séria sobre isso… — Yvaine disse séria, girando o dedo indicador na direção dos quatro. — O que eu quero dizer é que Umbridge acabou de chegar…

E no meio dos dragões formados inteiramente por faíscas verdes e douradas, que voavam para cima e para baixo nos corredores, produzindo explosões e labaredas pelo caminho; rodas rosa-choque que voavam lentamente pelo ar, como discos voadores; foguetes com longas caudas de estrelas cintilantes; centelhas que escreviam palavrões no ar, sem que ninguém precisasse acioná-las e dos rojões que explodiam para cada lado que eles olhassem, estavam Filch e Umbridge parados, boquiabertos, na escada. Enquanto os cinco assistiam, uma grande roda decidiu que precisava de mais espaço para manobrar, saindo rodando na direção de Umbridge e Filch com um ruído sinistro. Os dois berraram de susto e se jogaram no chão, e a roda cor-de-rosa voou para a janela às costas deles e atravessou os terrenos de Hogwarts. Com a passagem livre, vários dragões e um grande morcego roxo que fumegava agouramente aproveitaram a porta aberta no fim do corredor e escaparam para o segundo andar.

— Depressa, Filch! — Umbridge gritou, se apressando em levantar do chão. — Não podemos deixar que eles se espalhem: Estupefaça!

Um jorro de luz vermelha projetou-se da ponta da varinha de Umbridge e bateu contra um dos foguetes. Em vez de ser imobilizado no ar, o foguete explodiu com tanta força que fez um furo no retrato de uma das bruxas que havia no corredor; ela fugiu a tempo, e reapareceu segundos depois no quadro vizinho, onde dois bruxos jogavam cartas, sem se importar com o caos do lado de fora, mas ao ver a mulher, os dois rapidamente se levantaram e abriram espaço para acomodá-la.

— Não estupore eles, Filch! — Umbridge gritou, como se ele fosse o responsável por produzir o feitiço.

— Pode deixar, madame! — chiou Filch, que, sendo um aborto, não poderia estuporar nem se quisesse. Ele correu para o armário mais próximo, tomando uma vassoura e começando a bater nos fogos que voavam, segundos depois, a vassoura estava em chamas.

Decidindo que já haviam ficado tempo demais ali, decidiram ir embora no exato momento que Umbridge pretendia se virar na direção deles; se abaixaram e correram para a porta que sabiam que existia atrás da tapeçaria mais à frente no corredor, e ao entrarem deram de cara com Fred, Cameron e Jorge escondidos, ouvindo os gritos de Umbridge e Filch, os três com as mãos na boca, reprimindo o riso.

— Eu vou matar vocês! — Coralinne exclamou, dando um soquinho no ombro de Jorge. — Depois irei reviver vocês somente para Molly ter o prazer de matar vocês também.

— Ah, não fique chateada, Cora, não vá dizer que não foi engraçado? — Jorge disse, ainda rindo, cutucando a costela da menina, para que a garota risse também.

 — Eu ainda estou preocupada com o futuro de vocês em Hogwarts — Coralinne riu, batendo levemente na mão do garoto. Os gêmeos reviraram os olhos ao ouvir as palavras da mesma. — Ok, tenho que admitir, Umbridge mereceu.

— Eu sabia que você era alguém cruel por baixo do distintivo de monitora, Cora. — Fred sorriu, igualmente Jorge.

— Quer dizer que Medusa tem ajudado vocês dois? — Nathair perguntou, cruzando os braços e rindo. — E o que a Cameron está fazendo aqui?

— Meu bem, eu sou a mente por trás de tudo isso. — Cameron disse, jogando o cabelo para trás do ombro e dando seu melhor sorriso convencido.

– Impressionante – Yvaine disse sorrindo. – Tudo bem que eu tenho certeza que vocês iram destruir a escola, mas nada que magia não possa concertar, não é? — Fred riu, concordando com a cabeça.

— Vocês levariam o Dr. Filibusteiro à falência… — Bianca acrescentou, não segurando a risada ao ouvir Umbridge gritar.

– Falou – sussurrou Fred, enxugando as lágrimas de riso do rosto. – Espero que eles experimentem fazê-los desaparecer…

Fred se calou ao ouvirem a porta ser aberta novamente. Pensando que foram pegos, a expressão de terror era visível no rosto dos oito.

— Vocês deveriam ver a cara patética que estão fazendo agora… — Mérida disse, caindo na gargalhada. — Ela já tentou fazer eles desaparecerem? Estou doida para ouvir os gritos dela quando ver que eles se multiplicam por dez todas as vezes que alguém tenta.

Yvaine, Nathair, Bianca e Coralinne olharam para os gêmeos, depois para a Cameron e por fim, Mérida.

— Quer dizer que Mérida também ajudou vocês nisso? — Nathair perguntou. — Porque escolheram as três, quer dizer, Mérida né…

— Porque a surpresa? Sou ótima em poções, ajudei eles com bastante coisas. — Mérida disse, fingindo estar ofendida.

— Estamos conseguindo levar ela para o caminho da luz. — Fred disse, pondo as mãos no ombro da Lestrange, que revirou os olhos e sorriu maliciosa.

— Sem chances, Weasley.

— Enfim, respondendo sua pergunta — Cameron disse, olhando Nathair — Mérida ajudou os meninos com o kit Mata-Aula. Medusa é muito boa em Feitiços e era a única de nosso grupo que ajudaria os dois…

— E você? Você não sabe fazer nada, Cameron.

— Eu dou ótimas ideias, ok? — Cameron murmurou, fingindo estar ofendida.

— Claro que dá, trasguinho. — Jorge concordou, piscando para a mesma.

Os fogos continuaram a queimar e se espalhar pela escola durante a tarde toda. Embora causassem bastante estragos ‐ principalmente os rojões - os outros professores pareceram não se importar com isso.

Ai, ai! — a professora McGonagall exclamou  ironicamente, quando um dos dragões entrou voando em sua sala, emitindo fortes ruídos e soltando chamas — Srta. Miranda, poderia procurar a diretora e informá-la que temos um dragão em nossa sala?

O resultado de tudo isso foi que Umbridge passou o seu primeiro dia como diretora correndo pela escola para atender o chamado dos professores, que pareciam não conseguir livrar a sua sala sem a ajuda da mesma. Quando a última sineta tocou e todos arrumavam suas mochilas para irem para a Torre de suas casas, os alunos viram, com grande satisfação, Umbridge com o cabelo desarrumado, a roupa amarrotada e suja de fuligem saindo em passos vacilantes da sala do professor Flitwick.

— Muito obrigado, professora! — disse Flitwick — Eu poderia me livrar dos fogos, claro, mas não sabia se tinha autoridade para tanto.

Sorrindo, ele fechou a porta na cara de Umbridge, que rosnou de raiva. Fred e Jorge foram heróis na sala comunal da Grifinória naquela noite. Até mesmo Hermione se esforçou para atravessar o bolo de colegas e dar parabéns aos gêmeos.

— Foram belos fogos! — disse com admiração.

— Obrigado — Agradeceu Jorge, contente e surpreso ao mesmo tempo — Fogos Espontâneos Weasley. Gastamos todo nosso estoque, vamos ter que recomeçar do zero.

— Mas valeu a pena — disse Fred, que anotava o pedido dos colegas — Se quiser acrescentar seu nome à lista de espera, Mione...

Hermione voltou à mesa em que seus amigos estavam sentados, observavam as mochilas como se esperassem que os deveres de casa fossem feitos magicamente sozinhos.

— Porque não tiramos a noite de folga? — perguntou Hermione, animada, quando um rojão Weasley de cauda prateada passou pela janela — Afinal, as férias de Páscoa começam na sexta-feira, vamos ter bastante tempo.

— Quem é você e o que fez com Hermione Granger? — Rony arqueou uma das sobrancelhas.

— Acho que estou me sentindo um pouquinho… rebelde

(...)

Mérida estava realmente exausta pelo dia cansativo que teve, ela passou as últimas semanas ajudando os gêmeos Weasley com seu projeto. Para piorar, passou o dia todo sem comer nada, se dedicando inteiramente no projeto dos gêmeos. No momento estava indo em direção a sua sala comunal, mas um barulho perto das pilastras chamou sua atenção. A mesma parou no mesmo lugar, se virando para trás e dando de cara com o corredor vazio, provavelmente era algum monitor fazendo a ronda e que com toda a certeza lhe daria uma detenção.

Bu! — uma voz rouca soou perto do seu ouvido, fazendo a mesma arregalar os olhos e olhar para o lado rapidamente. Deu de cara com um Weasley risonho, fazendo a mesma revirar os olhos e bufar.

— Você é um grande idiota, na próxima vez que tentar me dar um susto, vou garantir que seja a última vez. — declarou, saindo de perto do menino, mas o mesmo a seguiu.

— Você é muito agressiva — Fred exclamou, pondo as mãos nos bolsos da calça — e olha que eu vim ter uma conversa civilizada com você.

— Esse é meu jeito civilizado — estreitou os olhos para ele com desconfiança — o que você quer afinal? 

— Por acaso eu conheço os elfos que trabalham na cozinha e, por outro acaso, sei que não comeu nada hoje porque, praticamente, passou o dia todo comigo — disse simples, fazendo a menina abri a boca em um perfeito "o".

— Veio me convidar para um encontro? 

— O quê? — ele exclamou — Bom, eu não pensei nisso, mas já que você pensou...

— Bem que você gostaria que fosse — a menina desdenhou, dando uma risadinha maliciosa — Tudo bem, Frorge, eu vou realizar o seu sonho de me levar para jantar.

O garoto abriu um largo sorriso e os dois deram meia volta para irem em direção a cozinha de Hogwarts. Assim que chegaram no corredor que dava acesso a passagem para cozinha, Mérida observou Fred abrir a mesma, nunca esteve na cozinha de Hogwarts antes, ficou impressionada ao ver o tamanho e a quantidade de elfos domésticos.

— Senhor Weasley! Senhor Weasley! — exclamou um dos elfos, fazendo Mérida arquear uma das sobrancelhas.

— Você vem muito aqui, pelo visto — comentou, se virando para o elfo em seguida — Mérida Lestrange, obrigada pela refeição de hoje.

— Olha, você é legal com os elfos — Fred exclamou, surpreso — Eu sabia que você não era tão má assim, só cinquenta por cento.

— Ótis fez o que o senhor pediu — um dos elfos disse, começando a andar, esperando que os dois o seguisse.

O elfo levou os dois para uma mesa no canto da cozinha e saiu rapidamente, Fred e Mérida se sentaram, um de frente para o outro.

— Pediu para os elfos montarem uma mesa para comermos na cozinha e ainda diz que isso não é um encontro? — Mérida questionou, arqueando uma das sobrancelhas, internamente se divertindo com a situação.

— Se eu dissesse que era um encontro você não iria vir — Fred piscou para a garota, fazendo a mesma revirar os olhos e rir — Tá vendo, já tivemos um avanço, só falta começar a me chamar pelo nome.

— Não força.

Os dois continuaram conversando, o jantar foi servido alguns minutos depois. Eles ficaram bastante tempo ali, conversando e comendo, Fred comemorou internamente por ter feito Mérida rir duas vezes. Já Mérida, não sabia exatamente como estava se sentindo em relação aquilo, só sabia que a sensação era boa.

— Sabe, comparado com os anos anteriores, talvez eu desgoste menos de você — Mérida disse, fazendo Fred arquear uma das sobrancelhas.

— Vamos fingir que eu não sei que você é caidinha por mim, Lestrange.

— Só nos seus sonhos — Mérida murmurou.

— Sabe — Fred disse baixinho, se inclinando sobre a mesa para se aproximar da menina, como se fosse confessar um segredo — talvez eu sinta falta do seu temperamento explosivo, mas só porque te irritar me tira do tédio.

— Vamos fingir que — Mérida disse lentamente, saboreando a sensação de usar as palavras de uma pessoa contra ela mesma — eu não sei que você vai sentir saudades de mim.

E, de repente, eles estavam bastante próximos. Mérida nem percebeu na hora que havia se inclinado também, mas os dois estavam tão próximos que conseguiam sentir ambas as respirações batendo contra seus rostos. Mérida suspeitou que Fred não havia ouvido nada do que ela havia falado, já que o mesmo estava encarando os lábios da garota com um olhar estranho. Mérida não conseguiu evitar de arregalar os olhos assim que o olhar dele se encontrou com o dela, sentindo um arrepio estranho subir por sua espinha. Ele não vai me beijar, não é? Ou vai? Isso não pode acontecer de forma al

— Você tem belos olhos — ele murmurou baixinho, a voz estranhamente rouca e sedutora.

— Eu preciso ir — Mérida se levantou bruscamente, fazendo Fred se endireitar na cadeira rapidamente e coçar a nuca, constrangido. —, e você também. Amanhã temos aula cedo.

Percebendo que Fred iria falar alguma coisa a menina apenas deu um pequeno sorriso e saiu, sem dizer mais nada e se perguntando o que havia acontecido.

(...)

Harry ainda conseguia ouvir os barulhos distantes das bombas fugitivas quando ele e Rony foram se deitar uma hora mais tarde. Harry tirou os óculos e se deitou na cama, bocejando. Se virou para o lado, imaginando como Umbridge estaria se sentindo em seu primeiro dia de diretora e como Fudge iria reagir ao saber que a escola quase foi destruída. Sorrindo sozinho, Harry fechou os olhos. Os zunidos e estampidos dos fogos nos terrenos de Hogwarts pareciam cada vez mais distante, ou, talvez, quem estivesse se afastando dos fogos em alta velocidade fosse Harry. Caiu no corredor que levava ao Departamento de Mistérios. Se precipitou em direção à porta preta, tomará que ela abra… e abriu.

Harry se viu na sala com muitas portas, sem pensar, pôs a mão na porta parecida com a primeira em que ele entrou, que também se abriu. Agora ele estava em uma sala retangular, muito comprida e cheia de ruídos mecânicos. Partículas de luz dançavam nas paredes, mas Harry não tinha tempo de prestar atenção, sabia que precisava prosseguir. Havia uma terceira porta, que também se abriu quando ele a tocou. Agora ela estava em uma sala mal iluminada, alta e larga como uma igreja, que não havia nada, exceto por prateleiras, enormes prateleiras que continham pequenas esferas empoeiradas de vidro puxado. O coração de Harry começou a  bater rápido de excitação, sabia exatamente aonde ele deveria ir, avançou com rapidez, mas seus passos não ecoaram som na enorme sala. Havia algo naquela sala que ele queria muito, muito mesmo. Ele queria, ou outra pessoa queria. Sentia sua cicatriz doer mais a medida que se aproximava mais da coisa, estava perto demais e…

BANGUE!

Harry acordou na mesma hora, confuso e irritado. O som de risadas enchia o dormitório escuro.

— Radical! — Exclamou Simas, que pela iluminação da janela, Harry conseguiu ver a silhueta do menino se aproximando da janela. — Uma daquelas rodas bateu em um rojão, vem cá ver!

Harry ouviu Rony e Dino se levantarem na mesma hora da cama para verem melhor. Harry nem se moveu, continuou em silêncio enquanto a dor de sua cicatriz diminuia e o desapontamento chegasse em seu peito. Era como se alguém o tivesse tirado algo muito bom, estava tão perto desta vez.

Na manhã seguinte, durante o café, porquinhos alados brilhantes e cor-de-rosa passaram voando pelas janelas do Salão Principal. Harry escutou os gritos de alegria de seus colegas de casa, mas não conseguiu se animar com eles, sentia náuseas só de lembrar que teria Oclumência durante a noite. Harry passou o dia todo com medo do que Snape diria se descobrisse o quão fundo Harry foi no Departamento de Mistérios. Com a culpa pesando, se deu conta que não havia praticado Oclumência desde a última aula, mesmo com o professor Snape e Dumbeldore o mandando praticar todas as noites. Sabia que não conseguiria esvaziar a mente nem se tentasse, porém, duvidava que Snape aceitasse essa desculpa. Harry tentou fazer um treino de última hora durante as aulas, mas não conseguiu. Hermione e Nathair não paravam de perguntar o que havia acontecido sempre que ele tentava esvaziar a mente de todos os pensamentos e emoções.

— Grande como uma igreja? — Nathair perguntou, depois que Harry contou um pedaço de seu sonho, ocultando boa parte. — O que você encontrou lá?

— Tenho certeza que não foi Deus… — Hermione disse sombriamente, olhando incrédula para Harry. — Harry, você precisa parar com isso! Sua mente está conectada com a de Voldemort, isso poderá te trazer grandes problemas… — cochichou.

Conformado com o pior, Harry se dirigiu à sala de Snape depois do jantar. Porém, quando estava no meio do saguão, Cho veio correndo em sua direção.

— Estou aqui — disse Harry, feliz por ela ter vindo falar com ele e por ter uma razão para adiar o seu encontro com Snape, acenou para ela do lado oposto do saguão. — Você está bem?

— Estou, ah… — respondeu Cho, apressada — Uh, eu só queria dizer que… bom, nunca imaginei que Summer faria aquilo...

— Ah, tá bom — Harry deu de ombros. Sabia que foi ela quem convidou Summer para a AD, embora ela pudesse ter escolhido com mais cuidado, Harry não a culpava. Seu consolo era que a garota ainda estava com Madame Pomfrey, que estava tendo bastante dificuldade em remover as espinhas.

— Ela é uma boa pessoa, Harry, não a culpe...

— Não a culpe? — Harry a encarou, agora, incrédulo. — Eu não culpo você, a eu culpo! Ela delatou a AD, incluindo você!

— Todos escaparam, não foi? Até Dumbledore… — Ela arriscou uma brincadeira, dando uma risadinha sem graça, mas ao ver que Harry não correspondeu, parou de rir. — Ah, Harry, não faz assim… a mãe e a tia trabalham no Ministério, é difícil para...

— O pai de Rony e o da Coralinne trabalham no Ministério também! — cortou Harry, furioso — Lily é filha de um Ministro e o tio também trabalha no Ministério, caso não tenha notado, nenhum deles tem "dedo-duro" escrito na cara...

— Isso foi realmente horrível, Harry, eu aposto que foi aquela Medusa quem fez — comentou Cho, os olhos brilhando de raiva — Poderiam pelo menos ter nos avisado que azararam…

— Sério? Pois eu achei uma ótima ideia. — Harry respondeu com frieza. Cho corou e ela pareceu bem mais irritada.

— Oh, claro, havia me esquecido que não podíamos contrariar suas amigas.

— Temos algo em comum, então. — Harry rebateu.

— Espero que esteja ciente do que está escolhendo, Harry Potter, não vá se arrepender depois — Cho gritou, ficando ainda mais vermelha — Cedrico nunca me colocava em segundo…

— Você fala tanto do Cedrico, Cho, talvez fosse melhor que você fosse o procurar. — Harry disse rudemente, fazendo a garota abrir a boca em um perfeito "O".

— Talvez eu devesse procurar ele mesmo — Cho respondeu, dando as costas para Harry — Se é assim que você quer, vai ser exatamente o que eu vou fazer.

– Ótimo, então.

– Ótimo! – concluiu Cho furiosa, indo embora.

Espumando de raiva, Harry desceu as escadas das masmorras, que dava acesso a sala de Snape. Embora soubesse que seria muito mais fácil para Snape penetrar a sua mente se ele estivesse com raiva, não conseguiu fazer nada - exceto, pensar em várias coisas que ele deveria ter dito a Cho.

— Está atrasado, Potter — Snape disse friamente, quando Harry fechou a porta ao entrar.

Snape estava de costas para Harry, como no começo de todas as aulas, removendo certos pensamentos e os colocando cuidadosamente na Penseira de Dumbledore. Quando o último fio prateado caiu na bacia de pedra, ele se virou para encarar o garoto.

— Praticou?

— Sim, senhor — mentiu Harry, fixando o olhar na perna da escrivaninha de Snape.

— Saberemos logo, não é? — respondeu, suavemente. — Varinha na mão, Potter 

Harry tomou sua habitual posição, de frente para o professor. Seu coração estava pulsando com raiva em seu peito.

— Quando eu contar até três – disse Snape sem pressa. — Um... dois

A porta da sala de Snape foi aberta de forma brusca e Draco Malfoy entrou apressado.

— Professor Snape… ah, me desculpe… — Malfoy olhou para Snape e depois para Harry, surpreso.

— Tudo bem, Draco — disse Snape, baixando a varinha — Potter está fazendo aula de reforços em Poções.

Harry nunca havia visto um sorriso tão grande e maldoso em Draco, estavam alegre.

— É mesmo? Não sabia. — Draco murmurou, voltando seu olhar maldoso para Harry. 

— Bom, o que houve? — perguntou Snape.

— A professora Umbridge está precisando da sua ajuda, professor. Encontraram Montague, estava entalado em um vaso sanitário no quarto andar.

– Como foi que ele se entalou?

– Não sei, senhor, ele ainda está desacordado.

– Muito bem. Potter, retomaremos a aula amanhã à noite.

Snape se virou e saiu da sala. Draco esperou Snape sair para murmurar silenciosamente: "Reforço em Poções?" E deu as costas, seguindo o professor.

Fervendo de raiva, Harry guardou a varinha nas vestes e fez menção de sair da sala. Por outro lado, se sentia aliviado por ter mais vinte e quatro horas para praticar; sabia que deveria se sentir grato por ter escapado, embora fosse ruim reconhecer que fosse às custas de Draco Malfoy contar para toda escola que ele tinha aula de reforços em Poções.

Já estava quase saindo da sala quando viu uma luz trêmula dançando na porta. Parou e ficou olhando, parecia as luzinhas que havia visto em seu sonho. Ele se virou, procurando saber de onde vinha e notou que elas vinham da Penseira. Seu conteúdo branco-prateado fluía e girava. Os pensamento de Snape, aqueles que ele não queria que Harry visse, caso conseguisse penetrar sua defesa. Harry deixou que seu olhar analisasse preguiçosamente cada parte da Penseira, a curiosidade tomando conta de si… O que Snape queria tanto esconder? Harry deu dois passos em direção à escrivaninha, refletindo se valia a pena ou não. Poderiam ser informações sobre o Departamento de Mistérios que Snape queria esconder dele?

Harry espiou a porta da sala do professor por cima do ombro, o coração batendo descontroladamente no peito. Quanto tempo Snape levaria para tirar Montague do vaso? Voltaria diretamente para a sala ou acompanharia o garoto até a ala hospitalar? Obviamente a primeira opção.

Harry deu os últimos passos para ficar diante da Penseira, contemplou a profundeza da mesma. Hesitou, prestando atenção se havia passos do lado de fora da sala, então, tornou a tirar a varinha. A sala e o corredor estavam silenciosos. Harry deu uma batidinha no conteúdo da Penseira com a ponta da varinha. O líquido prateado começou a girar velozmente. Harry olhou para a bacia e viu que o líquido havia se tornado transparente. Sua mente parecia estar bem confusa, queria fazer, mas sabia que não era certo. Harry sentia as mãos tremerem, era estranho ver o quão tentado a fazer ele estava. Harry pensou na raiva que estava de Cho, até mesmo na de Cedrico, embora ele não tivesse culpa e se lembrou do deboche de Draco. Uma ousadia irresponsável tomou conta de si, fazendo com que Harry respirasse profundamente antes de mergulhar o rosto na superfície dos pensamentos de Snape. Na mesma hora o chão da sala sacudiu, empurrando Harry de cabeça para dentro da Penseira e Harry começou a cair em uma escuridão gélida.

Harry se encontrou parado no meio do Salão Principal, mas as mesas das quatro Casas haviam desaparecido. Em seu lugar, havia cem mesinhas, cada uma delas continha um estudante, de cabeça baixa, escrevendo em um rolo de pergaminho. O único som no local era do arranhar de penas nos pergaminho. Visivelmente, Harry estava no meio de um exame. A luz do sol entrava pelas altas janelas sobre as cabeças inclinadas, refletindo o tom castanho, acobreado e dourado na luz do ambiente. Harry olhou atentamente em sua volta, Snape deveria estar por ali, afinal, a lembrança era dele...

E lá estava ele, na mesa atrás de Harry. O garoto se admirou, Snape adolescente tinha o ar pálido e estiolado, como uma planta mantida no escuro. Seus cabelos negros e oleosos esbarravam na mesa, o nariz a menos de cinco centímetros do pergaminho. Harry se deslocou rapidamente para as costas de Snape e leu o cabeçalho da prova: DEFESA CONTRA AS ARTES DAS TREVASNÍVEL ORDINÁRIO EM MAGIA. Feito isso, Harry se deu conta que Snape deveria ter dezesseis anos, aproximadamente a idade de Harry. A mão grande de Snape voava sobre o pergaminho, a caligrafia minúscula e apertada deixava visível que ele havia escrito, pelo menos, trinta centímetros a mais que os outros.

– Cinco minutos!

A voz fininha e conhecida foi ouvida, isso fez com que Harry se virasse na mesma hora para olhar, vendo o professor Flitwick se movendo entre as mesas. O professor agora passava por um garoto de cabelos negros e bagunçados. Harry se moveu tão rápido, que se fosse sólido, teria jogado as mesas pelos ares. Em vez disso, deslizava, como em um sonho. A nuca do garoto de cabelos bagunçados ficava cada vez mais próxima e o garoto se endireitava na cadeira, descansando a pena. Harry parou diante da carteira do garoto, contemplando o seu pai com quinze anos.

A excitação explodiu no fundo do estômago de Harry, era como se estivesse olhando para si mesmo, só que, claro, com erros intencionais. Os olhos de Tiago eram castanho-esverdeados, seu nariz era mais comprido do que o de Harry e, obviamente, não tinha uma cicatriz em forma de raio em sua testa. No entanto, ambos tinham o mesmo rosto magro, a mesma boca, as mesmas sobrancelhas, os mesmos cabelos bagunçados. Quando o pai se levantou, Harry pode perceber que os dois teriam quase a mesma altura, no entanto, Tiago era mais alto. Tiago deu um longo bocejo e passou as mãos pelos cabelos, bagunçando eles ainda mais. O pai se virou para trás e sorriu para outro menino sentando quatro mesas atrás.

Com um novo choque de excitação, Harry viu Sirius erguer o polegar para Tiago. Sirius estava acomodado descontraído na cadeira, inclinando a mesma sobre as pernas traseiras. O padrinho era bem bonito; seus cabelos negros caíam sobre os olhos com uma espécie de elegância displicente. Harry viu que uma garota sentada atrás dele o mirava esperançosa, no entanto, quando Harry voltou a olhar o padrinho, viu que o mesmo olhava para a loira dos olhos claros sentada em seu lado. Com choque, Harry se lembrou de um retrato que Adhara havia o mostrado de sua mãe, reconheceu a loira dos olhos claros no mesmo segundo, era Gaia, a mãe falecida de Adhara. Ao lado da garota, o estômago de Harry se alegrou com quem ele havia acabado de reconhecer, um Remus Lupin de quinze anos. Parecia doente, estava bem pálido - a lua cheia estava se aproximando? - relia com atenção seu pergaminho, enrugando a testa.

Quer dizer que Rabicho também estava por ali e, sem erro, Harry o localizou em segundos: um garoto franzino, os cabelos cor-pele-de-rato e um nariz arrebitado. Rabicho parecia bastante ansioso, roía as unhas e olhava fixamente para a prova. Vez ou outra, espiava esperançoso para a prova vizinha. Harry observou o garoto por algum tempo, depois o pai, que agora brincava com um pedacinho de pergaminho. Desenhou um pomo e acrescentou as letras "L.E.". O que significavam?

– Descansem as penas, por favor! – esganiçou-se o Prof. Flitwick. – Você também, Stenbbins! Por favor, continuem sentados enquanto recolho os pergaminhos. Accio!

Mais de cem rolos de pergaminho voaram em direção aos braços estendidos do professor Flitwick, o derrubando para trás. Vários estudantes riram e outros dois da primeira fileira o ajudaram a levantar.

– Obrigado... – ofegou ele. – Muito bem, todos podem sair!

Harry deixou que seu olhar voltasse para o pai, que riscou rapidamente as letras que havia desenhado. Se levantou em um salto e enfiou a pena na mochila, atirando a sobre o ombro e esperando seus amigos. Harry olhou para os lados à procura de Snape. Encontrou o mesmo indo em direção ao Saguão de Entrada, ainda absorto no próprio exame. Harry conseguiu ficar de olho em Snape, enquanto apurava os ouvidos para captar as vozes de Tiago e seus amigos.

– Gostou da décima pergunta, Aluado? – perguntou Sirius quando saíram no saguão.

– Adorei – respondeu Lupin imediatamente. — “Cite cinco sinais que identifiquem um lobisomem.” Uma excelente pergunta.

– Você acha que conseguiu citar todos os sinais? – perguntou Tiago, caçoando com fingida preocupação.

– Suponho que sim – respondeu Lupin, sério, se dirigindo em direção ao jardim ensolarado. – Primeiro: ele está sentado na minha cadeira. Dois: ele é bem parecido comigo. Três: ora, o nome dele é Remo Lupin.

Rabicho foi o único que não riu.

– Eu falei sobre as pupilas dos olhos e o rabo peludo – disse ansioso –, não consegui pensar em mais nada…

– Como consegue ser tão estúpido, Rabicho?! – exclamou Tiago, impaciente. – Você anda com um lobisomem todos os dias e tem contato direto com ele uma vez por mês…

– Fale mais alto, Pontas, acho que os centauros não conseguiram te ouvir – disse Lupin, ironicamente.

Harry voltou a olhar para trás. Snape continuava próximo, ainda absorto nas perguntas do exame – essa era a lembrança de Snape, se ele decidisse sair andando em outra direção, infelizmente, Harry não conseguiria continuar seguindo o pai. Mas para o seu profundo alívio, Snape seguiu os quatro em direção ao jardim, ainda verificando as respostas da prova e sem ideia fixa de onde iria. Um pouco a frente, Harry conseguia vigiar Tiago e os outros.

— Eu achei que o exame foi bem fácil — ouviu Sirius comentar — Nenhum surpresa quando eu tirar tudo "Excepcional".

— Eu também — Concordou Tiago. Enfiando a mão no bolso e tirando um pomo de ouro que se debatia.

– Onde você conseguiu isso?

– Roubei – disse Tiago, simples. E começou a brincar com o pomo, deixando-o voar uns trinta centímetros e recapturando-o em seguida; seus reflexos eram excelentes. Rabicho o observava assombrado.

Os amigos pararam à sombra preferida de Harry e seus amigos, e se atiraram na grama. Harry tornou a espiar por cima do ombro e viu, para sua alegria, Snape se acomodar na grama à sombra de um grande arbusto. Ainda estava concentrado nas respostas de seu exame, tão absorto quanto antes, o que deixou Harry livre para se sentar entre a faia e o arbusto, e observar os quatro sob a árvore. O sol ofuscava a superfície lisa do lago, onde havia um grupo de garotas risonhas na margem, que refrescaram os pés na água sem sapato e meia.

Lupin havia apanhado um livro e estava lendo. Sirius tinha seu olhar fixo na garota loira que sacudiu os pés na água, querendo molhar as amigas. Tiago continuava brincando com o pomo, deixando-o voar cada vez mais longe, para quase fugir, mas ele sempre o capturava. Rabicho o observava boquiaberto e aplaudia cada vez que ele pegava no último segundo. Passado cinco minutos dessa cena, Harry se perguntou o porque do pai não ter mandado Rabicho parar, mas ele parecia gostar da atenção. Harry também reparou que o pai assanhava os cabelos, como se não quisesse que os mesmos ficassem arrumados, seu olhar também estava focado nas meninas à margem do lago.

– Dá para guardar isso, Pontas? – disse Sirius, quando Tiago fez uma captura e Rabicho deixou escapar um viva –, antes que Rabicho molhe as calças de excitação?

Rabicho corou na mesma hora, mas Tiago riu.

– Desculpe, se estou incomodando – retrucou e guardou o pomo no bolso. Harry teve impressão de que Sirius era o único para quem Tiago teria parado de se exibir.

– Gostaria que já fosse lua cheia.

– Você gostaria – disse Lupin, sombrio, por trás do livro que lia. – Ainda temos Transfiguração, poderia testar suas respostas. Pegue... – E estendeu o livro.

Mas Sirius deu uma risada abafada.

– Não preciso olhar para essas idiotices, já sei tudo.

– Isso vai animar você um pouco, Almofadinhas – comentou Tiago em voz baixa. – Olhem quem é que…

Sirius virou a cabeça. Ficou muito quieto, como um cão que farejou um coelho.

– Ótimo – disse baixinho. – Ranhoso.

Harry se virou para ver o que Sirius estava olhando. Snape estava em pé novamente, estava guardando as respostas do exame na mochila. Quando deixou a sombra do arbusto e começou a atravessar o jardim, Sirius e Tiago se levantaram. Lupin e Rabicho continuaram no mesmo lugar, imóveis. Lupin lia o livro, embora seus olhos não estivessem se movendo e uma ligeira ruga havia aparecido entre suas sobrancelhas. Rabicho olhava de Sirius e Tiago para Snape, sem reação.

– Tudo bem, Ranhoso? – falou Tiago em voz alta.

Snape foi tão ligeiro que parecia já estar esperando um ataque, deixou que a mochila caísse no gramado e meteu a mão dentro das vestes. Sua varinha já estava metade para fora, quando Tiago apanhou a própria varinha e gritou:

Expelliarmus!

A varinha de Snape voou bem alto, para em seguida, cair em um pequeno baque às suas costas. Sirius soltou uma gargalhada alta e gostosa.

Impedimenta! — disse, apontando a varinha para Snape, fazendo com que ele fosse atirado no chão ao tentar recuperar a própria varinha caída. 

Os estudantes ao redor se viraram para assistir. Alguns se aproximaram, para ver o que estava acontecendo. Outros pareciam apreensivo, por fim, pareciam estar se divertindo.

Snape estava jogado no chão, ofegante. Tiago e Sirius avançaram em sua direção, ao mesmo tempo em que espiavam as garota à margem do lago por cima do ombro. Rabicho contornou Lupin para observar a cena melhor.

– Como foi o exame, Ranhoso? – perguntou Tiago.

– O nariz dele estava quase encostando no pergaminho – disse Sirius maldosamente. – Vão ter enormes manchas de gordura no exame, duvido que alguém consiga ler.

Várias pessoas que observavam a cena riram, claramente, Snape não era alguém muito popular. Um pouco mais afastado, Rabicho soltava risadinhas agudas. Snape tentava se levantar, mas a azaração ainda o imobilizava, fazendo com que ele se debatesse, como se estivesse amarrado por cordas invisíveis.

— Você vai ver… — Snape murmurou, encarando Tiago com nojo —, espere para ver…

— O que? — retrucou Sirius calmamente — Vai limpar o nariz em nós, ranhoso?

Snape misturou diversos palavrões com azarações, mesmo que sua varinha estivesse perto, Harry duvidou muito que fosse surtir algum efeito.

– Está com a boca muito suja, Ranhoso – disse Tiago friamente. – Limpar!

Bolhas de sabão cor-de-rosa escorreram da boca de Snape na hora, a espuma rosa cobriu seus lábios, fazendo-o engasgar.

Deixem ele em PAZ!

Tiago e Sirius se viraram na mesma hora. Tiago levou a mão livre imediatamente aos cabelos já bagunçados. Duas das garotas a beira do lago vinham na direção dos dois. Harry reconheceu a garota que corria atrás da que gritou, era a mãe de Adhara. A primeira, tinha longos cabelos ruivos e olhos incrivelmente verdes — Os olhos de Harry.

Lílian

Se Harry teve alguma dúvida - o que ele não teve -, ela foi tirada agora. A garota dos cabelos claros havia gritado o nome da ruiva. Era a mãe de Harry.

– Tudo bem, Evans? – disse Tiago. Harry notou que o tom de voz mudou drasticamente, antes frio e maldoso, agora maduro e agradável.

— Deixem ele em paz — repetiu Lílian. Olhava para Tiago com todos os olhares possíveis de desagrado. — O que ele fez para vocês?

— Bem — começou Tiago, parecendo pensar no que responder —, é mais pelo fato de existir, mesmo...

Muitos estudantes riram, Sirius e Rabicho inclusive, mas Lupin, tampouco Lílian e Gaia, acharam graça.

— Desculpe dizer, mas isso não é engraçado — Gaia ajudou a mãe de Harry, embora Tiago que tenha respondido, seus olhos estavam fixos em Sirius

– Você não passa de um arrogante, Potter. Deixe ele em paz. — Lílian voltou a dizer, o tom de voz se elevando perigosamente, enquanto a mesma cruzava os braços.

– Deixo — Tiago disse, deixando Sirius surpreso e, até mesmo, Lílian, que parecia não esperar aquela resposta. — Se você aceitar sair comigo, Evans – acrescentou depressa. – Anda... sai comigo, prometo esquecer o Ranhoso.

Às costas deles, a azaração Impedimenta perdia o efeito, fazendo com que Snape conseguisse se arrastar aos poucos em direção à sua varinha caída, cuspindo espuma rosa.

– Eu não sairia com você nem se tivesse que escolher entre você e a lula-gigante – debochou Lílian.

– Mau jeito, Pontas – disse Sirius, animado, voltando seu olhar para a loira. – Nosso encontro ainda está de pé, não é? Próximo final de semana, Hogsmead…

— Sabe, eu andei pensando… — Gaia murmurou, levando o dedo indicador ao queixo, como se estivesse pensando. — Não estou afim de sair com um cara, cuja a diversão se limita a atormentar um garoto visivelmente indefeso. 

— Mau jeito, almofadinhas… — Tiago murmurou com humor, dando um soquinho no ombro de Sirius, que estava visivelmente chocado.

Snape já havia apanhado a varinha, apontado diretamente para Tiago. Um lampejo e um corte apareceu em sua face, salpicando suas vestes de sangue. Houve um segundo lampejo, em que Snape já se encontrava pendurado no ar de cabeça para baixo, as vestes pelo avesso revelando pernas muito magras e brancas com cuecas encardidas. Muita gente na pequena aglomeração aplaudiu e riu. Sirius, Tiago e Rabicho deram altas gargalhadas.

– Ponha ele no chão!

– Perfeitamente. – Sirius acenou com a varinha para o alto, fazendo com que Snape caisse no chão. Desvencilhando das vestes e se levantando depressa, com a varinha em mãos, mas Tiago disse: “Petrificus Totalus”, e Snape caiu outra vez.

– DEIXE ELE EM PAZ! – berrou Lílian, puxando a própria varinha, fazendo com que a amiga também puxasse. Tiago e Sirius se entre olharam e depois olharam as duas preocupados.

– Ah, meninas, não nos obrigue a azarar vocês – pediu Tiago, sério.

– Então desfaça o feitiço nele!

Tiago suspirou profundamente, então se virou para Snape e murmurou um contrafeitiço.

– Pronto – disse, enquanto Snape voltava a se levantar. – Você tem sorte que as meninas estejam aqui, Ranhoso…

– Não preciso da ajuda de uma sangue-ruim imunda como ela!

– Ótimo – Lílian respondeu. – Não me incomodarei mais.

– Peça desculpa a Evans! – berrou Tiago para Snape, apontando-lhe a varinha ameaçadoramente.

– Não quero que você o obrigue a se desculpar – gritou Lílian, voltando-se contra Tiago. – Você é tão idiota quanto ele.

Quê? Eu NUNCA chamaria você de... você sabe o quê!

— Fala sério, Tiago. Bagunça o cabelo somente por achar legal parecer que acabou de desmontar de uma vassoura, fica se exibindo com esse pomo idiota, andando pelos corredores como se o mundo girasse em torno de você, azarando qualquer pessoa que entre em seu caminho pelos simples fato de ser capaz… — ela negou com a cabeça, dando uma risada seca — É surpreendente que sua vassoura saía do chão com a quantidade de bosta que você carrega na cabeça. Você — ela apontou para Tiago, depois para Sirius e Snape, se corrigindo — Vocês — e finalizou — me dão NÁUSEAS.

Se virando para a amiga, ela estendeu a mão para Gaia, que rapidamente pegou e as duas se apressaram dar às costas e voltarem para à margem do lago.

– Evans! – gritou Tiago. – Ei, EVANS!

— GAIA, aquilo era brincadeira, não era? Ainda vamos sair, não é? — Sirius também gritou.

Mas Lílian não olhou para trás, para atender o chamado de Tiago. E a resposta de Gaia foi um gesto obsceno que ela fez com a mão livre, sem olhar para trás, somente erguendo o dedo do meio para Sirius.

– Qual o problema delas? – perguntou Tiago, tentando, mas não conseguindo fazer parecer que a pergunta não teria uma real importância para ele.

— Se olharmos bem as estrelas, eu diria que ela te acha metido — Sirius disse, ainda observando as duas — Não estou nem aí, você me fez perder a Gaia, sabe quanto tempo estou tentando ficar com ela, idiota?

– Ah, cale a boca – reteucou Tiago, que parecia estar bem irritado agora.

Houve um terceiro lampejo, e Snape, mais uma vez, ficou pendurado no ar de cabeça para baixo.

– Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso?

Mas se Tiago realmente tirou a cueca de Snape, Harry não iria saber. Uma mão o agarrou pelo braço, fechando-se com pouco gentileza. Fazendo uma careta de dor, Harry se virou para ver quem havia o agarrado e para o seu horror, um Snape adulto, parado ao lado dele, cheio de raiva.

– Está se divertindo, Potter?

Snape ainda apertava seu braço, fortemente. Com uma sensação de desmaio, Harry sentiu seus pés baterem no piso de pedra das masmorras. Mais uma vez ele estava em pé ao lado da Penseira sobre a escrivaninha do bruxo, no atual escritório e sombrio do professor de Poções.

— Andou se divertindo? — Os lábios de Snape tremiam, com a força que ele apertava o braço de Harry, fez com que o mesmo começasse a ficar dormente.

— Professor… — Harry tentou falar, também tentando soltar o braço.

A visão era assustadora. Snape estava mais branco que o normal.

— Brincalhão, o seu pai, não era? — perguntou Snape, sacudindo o braço de Harry fazendo com que seus óculos escorressem pelo nariz.

— Eu… não...

Snape atirou Harry para longe, fazendo com que ele atropessasse nos próprios pés e caísse no piso da masmorra.

— Você não vai dizer a ninguém o que viu! — berrou Snape.

— Não — assentiu Harry, se colocando de pé e o mais longe que pôde do professor — Claro que…

— FORA DAQUI! — Snape berrou, apontando para a porta de sua sala — Nunca mais quero ver você na minha sala!

E quando Harry correu para porta, um frasco de de vidro de baratas mortas estourou acima de sua cabeça. Harry não olhou para trás, já sabia que Snape havia tacado. Indo rapidamente em direção ao corredor, parando apenas quando estava três andares de distância de Snape. Ali, se encostou na parede, esfregando o braço machucado.

Não queria voltar à Torre da Grifinória tao cedo, nem de contar aos seus amigos o que havia acabado de ver. Harry se sentia aterrorizado e infeliz, não por Snape ter atirado frasco e ter gritado com ele, isso era o de menos; mas por saber exatamente como era ser humilhado em público, saber exatamente como Snape havia se sentido quando seu pau o atormentava, e a julgar pelo que acabara de presenciar, seu pai era tão arrogante quanto Snape sempre o acusou de ser.



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