História Resiliência - Aquilo que eu sinto mas não entendo

Sasuke, depois de um dia cansativo de trabalho, já estava na sede da Sharingan. Uma reunião rápida apenas para que pudesse ser apresentado ao Oyabun tudo que foi feito em relação aos subordinados de Narak. Apenas mais essa reunião e estaria livre desse assunto.

Pela grossura do relatório que Itachi tinha em mãos Sasuke concluiu que não poderia encontrar Sakura naquela noite. Isso o deixou muito irritado, já que nos próximos quatro dias estaria em uma viagem para definir os últimos detalhes da nova filial da Uchiha Corp. e então não poderia vê-la.

Estava já sentado na sala de reuniões aguardando junto de Itachi, Naruto e Shisui a chegada de Madara e Obito, que estavam presos no transito.

Resolveu então ligar para Sakura antes que ficasse tarde e ela fosse dormir.

Discou o número que já sabia de cor e aguardou para ouvir a doce voz dela. Alguns toques depois Sakura atendeu, mas ele percebeu que algo estava diferente.

– Oi Sasuke-kun – Ela cumprimentou com a voz rouca e anasalada. A gripe realmente estava acabando com ela. Depois de ficar o dia todo de cama finalmente aceitou ser levada no hospital por Ino, que ficou muito preocupada com a amiga.

– O que aconteceu com você? – Perguntou direto e sem rodeios.

– Oh – Ela riu baixo e para ele a voz pareceu fraca demais – Não aconteceu nada...

– Não minta para mim – Falou entre dentes ficando irritado.

– Desculpa – Pediu fungando com o nariz entupido – Estou no hospital e...

– VOCÊ O QUE?! – Rugiu se levantando de uma vez fazendo a cadeira cair para trás devido ao movimento. Todos os outros presentes na sala se assustaram e olharam atônitos para o moreno que tinha sua pior expressão no rosto. Se Sasuke colocasse mais força no mão o celular claramente se partiria em mil pedaços.

– Calma Sasuke-kun! – Ela tentou tranquiliza-lo, mas começou a tossir – Não se preocupe, eu estou bem!

– Não parece – Ele rosnou. Estava virado para a parede mas continuava sentindo os olhares dos seus familiares queimarem suas costas.

– É apenas uma gripe – Apressou-se em dizer – Vim para que me receitassem alguns antibióticos e já estou indo para casa.

– Fiquei aí eu vou... – Virou com a intenção de sair mas viu a porta ser aberta. Madara entrou e logo depois Obito. Os dois olharam confusos para o Oyabun que parecia visivelmente transtornado e para os outros que acompanhavam seus passos com os olhos curiosos.

Sasuke andava pela sala de maneira impaciente enquanto falava em voz muito baixa ao telefone.

– Não precisa me pegar – Se sentiu feliz por ver que o namorado se preocupava. Se não estivesse tão doente provavelmente estaria dando pulinhos de alegria – Sei que está ocupado, não quero te atrapalhar – Sasuke sentiu vontade de xinga-la nesse momento, por ser tão bondosa – Ino está aqui comigo, ela vai me deixar em casa. Mas agradeço!

– Hn – Respondeu mau humorado, tentando não mostrar que mesmo assim continuava incomodado com a situação. A grande verdade era que Sasuke estava travando uma batalha interna consigo mesmo. Não conseguia entender o que diabos era toda essa aflição que sentia ao ouvir a voz debilitada de Sakura – Como você sabe, vou viajar por quatro dias – Mudou de assunto buscando fugir de seus próprios pensamentos.

– Sim! Espero que faça uma boa viagem – Ela tinha um sorriso triste nos lábios e agradecia o fato dele não poder ver sua expressão tristonha – Vou sentir saudades. – Sussurrou como se fosse um segredo, mas foi muito sincera em sua fala. De fato seriam os piores quatro dias desde que conheceu o Uchiha.

– Quando voltar vou direto para sua casa – Avisou autoritário e desligou o telefone. Atitude que poderia deixar qualquer pessoa chateada, mas não Sakura. Ela já estava acostumada com isso, entendia o jeito do namorado. Ele não queria que ela percebesse que ele se importava, e ela achava isso muito fofo. Mas é claro que nunca deixaria ele saber disso!

Sasuke ficou por um tempo parado encarando o celular com o cenho franzido em irritação. Conseguia imaginar Sakura sozinha em casa, doente e embolada no edredom com estampa de florzinhas. Se odiava por estar pensando seriamente em cancelar a reunião e ir ficar com ela. Desde quando era tão frouxo assim?

Escutou alguém pigarrear alto e levantou o rosto encontrando seus familiares olhando em sua direção. Pareciam confusos e Itachi especialmente preocupado.

– Algum problema? – O irmão mais velho pergunta receoso. Sasuke parecia transtornado com alguma coisa e Itachi apenas ficava mais curioso ainda sobre a ligação.

– Não – Respondeu de forma rude e voltou ao seu lugar sem falar mais nada, por mais que todos ainda continuassem aguardando uma explicação.

– Bem, então vamos começar – Itachi, mesmo muito intrigado, abriu o relatório e começou a expor todos os detalhes e procedimentos realizados a respeito dos seguidores de Narak. Ficaram por horas analisando os relatórios para terem certeza que não deixaram passar nada. Era um erro gravíssimo deixar alguém para trás que poderia querer vingança ou prejudicar de alguma forma o clã.

Durante todo o tempo que esteve naquela sala, os pensamentos de Sasuke estiveram voltados para Sakura. Estava confuso com o que sentia e atordoado por estar realmente se importando com o bem estar dela. Era complicado entender tudo isso. Quando Karin ficava doente por exemplo, ele não se importava nem um pouco, mas quando era sua mãe ou até mesmo Itachi, ele se sentia como estava se sentindo agora. O que era estranho para ele já que a Haruno não era de sua família.

"Será porque ela parecia tão frágil e indefesa?", pensou olhando para as mãos e as fechando com força.

Pouco prestou atenção nos assuntos envolvendo o clã, estava também tentando se concentrar para que não largasse tudo e fosse dar uma olhada em Sakura. Por que diabos aquela garota tinha que morar sozinha?

– Teme? – Foi despertado de seus pensamentos quando sentiu a mão de Naruto em seu ombro. Piscou algumas vezes os olhos um pouco confuso e só então reparou na sala de reuniões completamente vazia. Conferiu o relógio vendo já ser três da manhã.

Levantou da cadeira fechando o paletó e passando as mãos pelos cabelos desalinhas soltando um suspiro. Naruto olhava com atenção para o melhor amigo querendo entender os motivos do comportamento estranho que ele adquiriu desde que falou ao telefone.

– O que aconteceu? – Resolveu perguntar, mesmo sabendo que provavelmente não obteria uma resposta. Já era calejado quanto a personalidade difícil do melhor amigo.

– Nada – Como Naruto previu, Sasuke respondeu de forma grosseira querendo fugir do assunto. O Uchiha tinha uma grande dificuldade em compartilhar o que sentia com os outros e o loiro entendia que tudo apenas fazia parte da personalidade que Sasuke formou através dos anos para que fosse uma bom Oyabun. Mostrar fraquezas era dar armas para os inimigos.

– Conta outra teme! – Protestou chateado se apressando para ficar na frente do moreno antes que esse saísse da sala – Sou seu melhor amigo, praticamente um irmão... O que custa conversar comigo? Talvez eu possa ajudar!

Sasuke bufou exasperado passando as mãos pelos cabelos mais uma vez e depois as levando para a cintura em uma pose consternada. Pensava em como explicaria para Naruto tudo o que sentia se nem mesmo ele entendia.

– Sakura está doente – Disse por fim e viu o rosto do loiro se contorcer em preocupação. Desde que conheceu a Haruno, Naruto desenvolveu uma especie de amizade com ela e, mesmo irritando profundamente Sasuke, trocavam mensagens, ligações e constantemente visitas por parte do Uzumaki.

– O que ela tem?! – Quase gritou levando as mãos a cabeça e arregalando os olhos. Naruto em tão pouco tempo já a considerava a irmã mais nova que nunca teve. Adorava a rosada e podia dizer com certeza que ela era sua melhor amiga. Mesmo que escondesse algo grave dela sua preocupação era genuína – Ela está bem? Foi ao médico? Está precisando de alguma coisa? – Despejou se embolando nas perguntas.

Sasuke revirou os olhos diante da preocupação exagerada do amigo. Não entendia essa reação por parte de Naruto e até chegava a se sentiria um pouco incomodado se não soubesse da lealdade cega de Naruto para com ele.

– Aparentemente é uma gripe – Deu de ombros, mesmo que por dentro estivesse pensando novamente nela sozinha em casa.

– E porque diabos então você fez toda aquela cena mais cedo? – Perguntou o loiro confuso. Uma simples gripe não parecia nada grave, ele mesmo as vezes ficava resfriado mas nada demais. Se preocupava com Sakura e desejava sinceramente que ela melhorasse, mas uma reação do tipo que Sasuke teve anteriormente era mais provável dele ter do que o amigo.

Dando um suspiro frustrado por revelar algo que considerava vergonhoso e confuso, Sasuke virou de costas, para que Naruto não visse suas bochechas se avermelharem levemente – algo que nunca acontecia com ele. O Uchiha tinha certeza que nunca havia corado antes, mas pelo esquentar da região sabia que era o que acontecia no momento.

– Ela falou que estava no hospital – Respondeu tentando parecer indiferente.

– O QUE?! – Naruto gritou e recebeu um olhar mortal de Sasuke que se virou como reflexo. O loiro agora estava angustiado, pois se anteriormente estava tranquilo por ser uma simples gripe, agora estava extremamente preocupado pensando que se fosse algo simples ela não precisaria ir ao médico.

– Pare de gritar – Ordenou autoritário com a voz banhada em irritação – Ela está bem – Sibilou calmamente para que o loiro entendesse – Aparentemente foi tomar alguns antibióticos ou algo assim – Deu de ombros já cansado da conversa.

– Ah, entendi – Soltou um suspiro aliviado, mas já pensando em fazer uma visita para ela no dia seguinte.

"Acho que vou levar ramen do Ichiraku pra ela!", Naruto pensou imaginando o sorriso de Sakura ao ver o alimento.

– Hn – Sasuke resmungou satisfeito ao ver que o loiro já parecia ter dispersado do assunto. Olhou para o relógio rolex no pulso vendo que em pouco tempo amanheceria. Em uma hora e meia tinha que estar no aeroporto junto à Itachi e ainda não tinha nem feito as malas.

Enquanto saia da sala já discava o número de casa para pedir que Chiyo preparasse imediatamente uma mala com o necessário para os quatro dias que ficaria fora. A senhora já estava acostumada a fazer isso visto que não era difícil seu "menino Sasuke" fazer viagens e, principalmente, deixar a bagagem para ultima hora.

– Ei, me espera! – Gritou Naruto ao ver o Uchiha sair pela porta sem falar nada ou espera-lo – Teme maldito! – Gritou correndo atrás do melhor amigo.

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"Atenção senhores passageiros com destino a Osaka. Daremos inicio aos procedimentos de decolagem..."

Sentado em uma confortável poltrona da primeira classe, Sasuke escutou a voz enfadada da comissaria de bordo anunciar o texto padrão e olhou desinteressado pela pequena janela, vendo o céu azul e o sol já brilhar. Era um dia agradável e bonito, mas ele estava irritado por estar indo nessa viagem. Não havia dormido naquela noite, depois da reunião foi para a mansão onde apenas pegou a mala já preparada por Chiyo e correu para o aeroporto onde Itachi o esperava impaciente. Estava um pouco cansado e com a cabeça cheia, onde assuntos da Sharingan, da empresa e de Sakura se misturavam o causando uma dor de cabeça irritante.

Sakura. Era a que estava ganhando em primeiro na lista de "dores de cabeça", havia enviado uma mensagem avisando que estava entrando no avião. Uma das mensagens mais estupidas e sem sentido que já havia enviado na vida, mas quando ela respondeu informando que se sentia melhor e o desejando boa viagem, incrivelmente se sentiu mais relaxado. Como se um peso tivesse sido retirado de suas costas.

Não que os pensamentos confusos e irritantes sobre a rosada tivessem sumido por completo, mas pelo menos conseguia ficar menos inquieto no assento do avião.

Itachi já havia reparado no comportamento pouco comum do irmão mais novo. De fato, desde a noite anterior – daquela ligação, para ser mais exato – seu otouto parecia incomodado com algo.

Queria muito perguntar e pressionar Sasuke até que obtivesse suas respostas, mas sabia não ser sensato. Estavam num voo comercial lotado de civis que não podiam presenciar o ataque de fúria de um Oyabun sem ter ao menos para onde correr. Não estavam no avião particular da família Uchiha por Sasuke ter se esquecido de mandar preparar o voo. Outro ponto que Itachi julgou como preocupante. Seu irmãozinho tolo, sempre tão perfeccionista e organizado, havia esquecido algo que em seu estado normal faria quase que automaticamente.

Por hora resolveu apenas observar e esperar o momento mais propício para sanar suas dúvidas e ajudar seu irmão, que mesmo que perturbasse a toda hora, era a pessoa que mais amava no mundo.

Já Sasuke, via pela janela a movimentada Tóquio ficar cada vez menor a medida que o avião ganhava altitude, traspassando as nuvens e indo em direção ao destino. Vendo os prédios e ruas sumirem entre as nuvens brancas e fofas ele pensou em Sakura e percebeu que em praticamente um ano de relacionamento – se é que podia chamar assim – era a primeira vez que ficaria tão longe e tanto tempo sem vê-la.

E com esse pensamento, o incomodo irritante que sentia se intensificou e Sasuke apenas se perguntava o que diabos estava acontecendo.

•  •  •  •  •  •  •

Sakura estava esparramada pelo sofá da sala em meio à inúmeras cobertas quentinhas enquanto assistia Gilmore Girls. 

Na sua opinião nada melhor que uma maratona com sua série favorita enquanto se está doente em casa.

Fluffykins também estava por ali, deitado em meio ao emaranho de tecidos e lenços de papel que era a Haruno no momento. A lareira estava acessa e a casa tinha o ambiente aconchegante e acolhedor, mas silenciosa demais na opinião da mulher de cabelos rosados. Fazia nem um dia que Sasuke havia viajado mas ela já sentia como se fosse meses. Sabia que por se sentir solitária demais havia ficado tão dependente do Uchiha, mas não havia como ela impedir. Quando deu por si já estava amando incondicionalmente o homem misterioso de olhos ônix intensos. Com o jeito rude, sério e mau humorado já havia conquistado o coração de Sakura de uma forma que nunca antes havia acontecido.

Enquanto devaneava com o moreno conseguia vê-los no futuro em uma casa maior e com filhos. Por um momento ela desejou que eles se parecessem com o pai. Sasuke era tão bonito que deveria ser proibido, ela se distraia as vezes admirando-o e isso o deixava incomodado. Ela sempre sabia quando acontecia, pois a sobrancelha arqueava de uma maneira engraçada enquanto ele desviava o olhar, e ela o achava lindo nesses momentos.

– Volta logo Sasuke-kun – Ela desejou baixinho com a voz falha pela dor de garganta e quase caiu do sofá ao escutar batidas na porta da frente.

"Será que você atendeu meu pedido?", questionou mentalmente olhando para o teto como se falasse com Deus.

Rindo de si mesma e com um edredom florido enrolado no corpo ela se arrastou até a porta, abrindo sem nem conferir quem era.

– SAKURA-CHAN! – Naruto exclamou sorridente assim que viu o corpo pequeno dela surgir pela porta, mas logo o sorriso foi diminuindo ao ver o quão doente a moça parecia – Eu trouxe ramen do Ichiraku! – Tomou a liberdade de entrar na casa, passando por Sakura que ainda o observava sem saber exatamente o que fazer.

Por fim a Haruno fechou a porta e seguiu o loiro até a cozinha.

– Naruto? – Chamou com a voz baixa, rouca, falha e quase inaudível e ele olhou para ela fazendo uma careta.

– Poxa Sakura-chan, você está horrível! – Comentou com toda a sua inocente sinceridade se aproximando da rosada e arrumando os cabelos bagunçados dela – Parece um pacotinho toda enrolada nessa coberta – Riu descontraído e Sakura sentiu as bochechas esquentarem.

– Estou um pouco doente – Informou voltando para o sofá, onde novamente se esparramou de maneira confortável.

– É, da pra ver isso – O Uzumaki concordou enquanto discretamente tirava uma foto do montinho empacotado e cor de rosa. "Olha onde eu tô!", mandou a mensagem com a foto anexada para Sasuke – Mas não se preocupe que eu estou aqui para cuidar de você! Tô certo!

Sakura riu, adorando a companhia. Mesmo que não fosse Sasuke, era alguém de quem gostava muito. Se sentia muito bem ao lado do loiro hiperativo e ele estava fazendo um bom trabalho em distrai-la. Estava agradecida por não estar mais sozinha, já que Ino havia viajado para a casa dos pais e não podia estar com ela.

Passaram o dia assistindo filmes juntos, jogando vídeo game, comendo do ramen delicioso e de uma forma um pouco atrapalhada, Naruto conseguiu cuidar da pequena que sabia ser o motivo para a melhora do melhor amigo.

"Você tem que ser cuidada como uma joia preciosa irmãzinha", pensou carinhoso enquanto olhava para Sakura, que dormia com a cabeça em seu colo.

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Na saída do aeroporto um motorista já os esperava em um carro de luxo. Sem demora foram levados para o melhor hotel da cidade onde estavam acomodados nas suítes mais caras.

Tinham um tempo antes da reunião sobre a nova filial e por isso Sasuke resolveu que o gastaria descansando. Tinha uma boa resistência e não se cansava fácil, mas sabia que era melhor não abusar, visto que não havia dormido e ainda estava com a cabeça cheia.

Para tentar relaxar encheu a grande banheira e se acomodou tentando esvaziar a cabeça de pensamentos e responsabilidades.

Infelizmente, ou não, o que aconteceu foi que teve uma lembrança com Sakura.

Em seu pequeno refúgio havia uma banheira e ele a tomou ali por diversas vezes, de diferentes e prazerosas formas. Conseguia sentir o cheiro dela e ouvir os gemidos manhosos, foi instantâneo sentir o membro endurecer com o pensamento erótico. Praguejou irritado, já que no lugar de ficar relaxado, estava tenso e fodidamente excitado.

– Merda Sakura – Xingou, como se fosse culpa dela por não estar ali na banheira com ele. Passou as mãos pelos cabelos os deixando molhados e olhou para os lados desconfortável, tentando regular a respiração e esquecer o que sentia. A mão direita mexeu no pênis ereto tentando acomoda-lo de forma a aplacar o incomodo mas o movimento fez apenas que a excitação se intensificasse.

"Não acredito que você vai me obrigar a fazer isso", pensou exasperado se sentindo um ridículo adolescente que não tinha controle sobre seus hormônios.

A mão direita que já se encontrava por ali envolveu o membro rijo de forma firme e mesmo irritado consigo mesmo começou a movimentar com vigor, tentando aplacar toda a excitação que sentia. Fechou os olhos e conseguiu vê-la em sua frente, o masturbando com a mão pequena, macia e delicada, antes de colocar a boca e chupar como se seu pau fosse um doce. Gemeu um pouco alto intensificando os movimentos e quase podia jurar que ela estava ali cavalgando em seu membro e gemendo com a voz manhosa e melodiosa que o deixava extasiado. Sakura definitivamente era a melhor parceira sexual que já teve. Apesar da inocência e muitas vezes, timidez, ela conseguia satisfaze-lo de uma forma que nenhuma outra conseguiu.

Apertou mais os dedos ao redor de seu membro e sentiu que estava mais perto. O braço trabalhava no movimento prazeroso ressaltando os músculos e ele tinha a face contorcida em prazer, deixando grunhidos e gemidos roucos e graves saírem de seus lábios entre abertos. A água da banheira já havia esfriado mas ele ainda estava quente, se imaginando fodendo a Haruno com tudo o que tinha.

– Sakura! – Gemeu mais alto jogando a cabeça para trás, os olhos ainda fechados e sentindo o prazer explodir entre sua mão grande. O liquido branco se dissolveu rapidamente em meio a água do banho e ele ficou ali, imóvel e ofegante. O peito subindo e descendo rapidamente enquanto tentava recuperar o controle de seu corpo – Porra – Xingou socando a parede ao lado com força.

Estava irritado por sentir necessidade de estar com ela. Odiava ser tão dependente de alguém. Não deveria ter esse tipo de pensamento com alguém que desde o inicio deveria ser apenas seu passatempo. Ela não era ninguém de sua família, como poderia ocupar tanto espaço em seus pensamentos?

Saiu da banheira e enrolou uma toalha na cintura sem se dar ao trabalho de secar o resto do corpo de forma apropriada. Estava sem paciência para isso. Chutou uma poltrona que tinha ali e xingou mais um pouco bagunçando os cabelos molhados. Por fim se jogou na grande cama de casal e fechou os olhos, adormecendo depois de um tempo.

Algumas horas depois –  parecendo ter sido apenas minutos – acordou com o barulho de seu celular avisando de uma nova mensagem. Olhou o relógio vendo que ainda faltava duas horas até a reunião. Mesmo a contra gosto levantou e andou até a mesa de jantar onde estava o aparelho, retirando a toalha da cintura no caminho pois ainda estava úmida, e ficando nu. Sem muito interesse deslizou o dedo pela tela abrindo a notificação.

"Olha onde eu tô!", era a mensagem de Naruto. Junto havia uma foto que o fez ofegar de surpresa. Sakura sentada no sofá, enrolada em várias cobertas e junto com Fluffykins, encolhida e de aparência abatida. Apesar de claramente estar doente, ela incrivelmente conseguia estar linda. O rostinho de boneca mostravam o cansaço, mas as bochechas estavam rosadas pela febre e o nariz avermelhado. Os cabelos estavam presos em um coque bagunçado e ele podia ver algumas partes do pijama de coelhinhos, que ele sabia ser o preferido dela. Parecia um pacotinho cor de rosa. "Fofa", foi a palavra que passou pela cabeça do Uchiha e ele quase jogou o celular longe.

Onde já se viu o grande Oyabun falar algo como fofo?!

"Se você fizer alguma coisa estranha com ela eu te mato", enviou de volta bufando irritado. E sua irritação apenas aumentou quando Naruto enviou mais uma foto, dessa vez uma selfie onde ele e Sakura comiam ramen. A moça de cabelos rosados parecia não ter se dado conta da foto, olhava para televisão enquanto tinha os lábios rosados sugando um pouco de macarrão. E imediatamente ele sentiu vontade de morde-los.

"Ela está bem, apesar da gripe a Sakura-chan é durona! Mas não se preocupe, sei que você queria estar aqui com ela e por isso vou cuidar com carinho da sua flor", era a mensagem que acompanhava a segunda foto.

"Vá à merda", foi sua resposta antes de jogar o celular para o lado. Não admitiria nem sob tortura, mas estava mais tranquilo com Naruto lá a fazendo companhia.

– Irmãozinho tolo! – Itachi entrou de repente no quarto sem ao menos bater. Sasuke, que por estar completamente nu e desarmado, teve como reflexo tentar socar o invasor que desviou no ultimo segundo – PORRA SASUKE – Esbravejou Itachi sentindo que se não tivesse reflexos rápidos teria o nariz quebrado.

– O que diabos você está fazendo aqui? – Perguntou irritado ponderando se valeria a pena bater de verdade no irmão mais velho.

– PUTA QUE PARIU SASUKE – Itachi gritou horrorizado se colocando de costas – Vai vestir alguma coisa, eu não sou obrigado a ver a merda do seu pau!

– As mulheres não costumam reclamar – Comentou sarcástico mas andou até o closet, onde sua mala estava e vestiu rapidamente a calça de seu terno.

– Eu não sou mulher caralho – Gritou Itachi da sala e Sasuke apenas riu de lado.

Voltou abotoando os botões da camisa social branca e com o paletó e a gravata pendurados no braço dobrado.

– Acredito que tenha ficado com inveja ao perceber que até nisso sou melhor que você – Sasuke zombou. Era raro para ele fazer brincadeiras do tipo e Itachi concluiu que de alguma forma o seu otouto estava de bom humor. Bem diferente de mais cedo, em que o mais novo parecia prestes a arrancar a cabeça de alguém.

– Sério que estamos discutindo sobre tamanho de pau?! – Perguntou incrédulo arqueando uma sobrancelha mas riu achando graça – Enfim, realmente não quero falar sobre isso, apesar de saber que a genética Uchiha é muito boa não acho necessário ver quem tem o maior.

Sasuke deu de ombros, por um momento achando graça dessa interação tão tipica de irmãos que tiveram. Desde que assumiu a Sharingan esse tipo de coisa tinha diminuído drasticamente e mesmo que não admitisse sentia falta das brincadeiras e provocações de seu irmão mais velho.

– O que veio fazer aqui? – Mudou de assunto já de volta a seriedade normal – E como entrou?

– Eu pedi a copia da chave para a gentil recepcionista – Respondeu como se não fosse nada dando um sorriso charmoso – E vim aqui conversar.

– Já estamos conversando – Sasuke falou rispidamente, dando as costas para Itachi e indo em direção ao bar. Encheu dois copos com Whisky e voltou, entregando um para o irmão e ficando com o outro.

– Não esse tipo de conversa – Revirou os olhos com o jeito escorregadio do mais novo – Peço que tente não surtar por eu querer saber mais sobre você – Pediu sincero. Não queria lidar com uma explosão de ódio de Sasuke naquele momento.

– Não há nada para saber sobre mim – Bebeu um gole da bebida apreciando o sabor e a sentindo descer queimando.

– Sasuke, desde que assumiu a Sharingan você se tornou um livro fechado para mim – Confessou pesaroso. Sentou em uma poltrona e balançou o copo assistindo o gelo flutuar em meio ao liquido – Eu me preocupo com você.

– Hn – Resmungou fechando a cara. Odiava ser o assunto de conversas como essa.

– O que está acontecendo? – Perguntou, levantando o rosto e encarando Sasuke. Itachi tentava transmitir em seu olhar sua intenção sinceras de querer apenas o bem do mais novo – Desde aquela ligação na sala de reuniões você ficou claramente atormentado e irritado, mas veja, agora você está bem. Arrisco dizer que até aliviado! – Prosseguiu seu discurso ao perceber que Sasuke não falaria nada – Vamos lá Sasuke, me conta o que tem acontecido com você! Eu venho reparando que você melhorou, e você sabe do que estou falando! – Itachi se referia aos problemas que Sasuke tinha para controlar o temperamento explosivo e o mau humor.

Sasuke suspirou e bagunçou os cabelos, gesto que fazia sempre que estava incomodado com algo. Odiava falar sobre seus problemas, e se abrir com Naruto já havia sido muito difícil.

Mas, ao mesmo tempo sabia que se existia alguém que não o julgaria por nada, é Itachi. Seu irmão mais velho sempre foi seu ídolo, alguém em quem se espelhava. Quando pequeno desejava ser que nem ele, e se esforçava para ser elogiado por Itachi. Sabia que ele se preocupava e que apenas queria seu bem.

E justamente por estimar tanto o mais velho, se sentia incomodado de revelar a ele seus pecados.

Sasuke pousou o copo já vazio no chão e olhando fundo nos olhos do irmão mais velho decidiu revelar tudo o que sabia ser a causa de sua mudança de comportamento.

– Eu tenho uma amante – Disse por fim, como se jogasse uma bomba. Fechou os olhos e abaixou a cabeça. Não queria ver o olhar decepcionado de Itachi.

– Com a esposa que você tem é compreensível – Itachi disse depois de algum tempo em silêncio. Na mesma hora Sasuke levantou a cabeça espantado, olhando para o irmão como se ele tivesse duas cabeças – Poxa irmãozinho tolo, você acha que eu não sei que você não ama Karin? Eu te conheço, apesar de você fazer de tudo para que não. Sei também que sua esposa é alguém desagradável e... – Tinha coisas a respeito de Karin que Itachi preferiu não comentar com Sasuke. Tinha medo que o mais novo surtasse e a matasse – Bem, foi um casamento por obrigação afinal. Sempre soube que a relação de vocês sempre foi apenas sexo – Deu de ombros. Deixou o copo vazio na mesa e puxou um cigarro do bolso, acendendo e tragando com calma.

– Eu fiquei... Receoso? Bem, fiquei receoso de contar já que sabemos que é algo que nossos pais e o resto do clã condenariam – Sasuke admitiu finalmente. Levantou a mão e aceitou o maço de cigarros jogado por Itachi, retirando um e acendendo – Mas eu não sei o que aconteceu, quando eu a vi já tinha retirado minha aliança.

– Ela não sabe que é casado – Concluiu apos soltar a fumaça por entre os lábios, pensativo – Então ela também não sabe sobre a Sharingan? – Perguntou já imaginando a resposta.

– Aquela inocente não sabe nem que sou o homem mais rico do país! – Forçou uma risada rouca lembrando como Sakura achava que ele era apenas um funcionário de sua própria empresa – Mesmo falando meu sobrenome, ela não reconheceu.

– Isso é raro – Para os dois irmãos era muito difícil encontrar pessoas que não soubessem da fama por trás do nome Uchiha. Desde que nasceram estavam cercados de pessoas interesseiras – Quem é ela?

Sasuke pegou o celular que havia arremessado aleatoriamente em cima da cama e abriu o álbum de fotos que mantinha seguro por senha. Entregou o aparelho para Itachi aguardando a reação do mais velho.

– Nossa – Assoviou olhando para a foto. Sakura sentada na poltrona ao lado da lareira, com Fluffykins no colo e um sorriso lindo nos lábios direcionado a câmera. Vendo o olhar e o sorriso Itachi soube na hora que a bonita mulher da foto era apaixonada pelo irmão – Ela é maravilhosa! Bom gosto você tem né, irmãozinho – Zombou, devolvendo o celular para Sasuke que fechou a cara.

– O nome dela é Sakura – Informou também observando a foto e sentindo algo que não soube classificar, mas era saudades – Tem 19 anos e mora sozinha desde que perdeu os pais. Não sei muita coisa na verdade. Sempre tento não saber pois sei que não vamos ficar juntos, então não existe necessidade. Eu a encontro praticamente todos os dias a noite e isso já faz quase um ano. Costumo dormir na casa dela nos finais de semana e ela é uma pessoa boa – Concluiu tendo um pouco de dificuldade de descrever a mulher de cabelos rosados.

– Ela te ama – Sorriu terno para o irmão que suspirou desviando o olhar.

– Sim, ela vive me dizendo isso – Não se achava digno do amor dela, principalmente por não corresponder e engana-la. Voltou a olhar a foto e por um momento se perdeu no sorriso caloroso de Sakura.

– Sei que seria complicado mas... – Começou a falar enxergando no olhar de Sasuke para foto algo profundo – Podíamos acertar as coisas no clã de uma forma que você pudesse dispensar Karin – Não diria suas suspeitas em voz alta. Sasuke precisava descobrir por conta própria seus sentimentos. Afinal, o mais novo não aceitaria vindo da boca de outros a menos que entendesse sozinho o que se passava em seu coração.

– Não podemos fazer isso – Cortou para repetir o discurso que fazia sempre que Naruto insistia no assunto – Não é apenas o clã, é a empresa e mais outras situações complexas, não posso me separar de Karin, ela é quem eu preciso. De quem o clã precisa – Começou a se exaltar e Itachi viu como um sinal de alerta.

– Ok! – Levantou as mãos em rendição – Não vou mais tocar nesse assunto – Sasuke soltou um suspiro aliviado. Itachi de fato era mais sensato que Naruto e agradecia por isso – Mas agora me explique, o que te deixou tão nervoso na sala de reuniões?

– Eu havia ligado para Sakura – Não revelaria a Itachi que a ligação foi feita por sentir necessidade de falar com a Haruno antes da viagem – E ela me disse que estava no hospital. Ela mora sozinha e eu achei que fosse algo grave. Ela é bem desastrada e lerdas as vezes – Deu um minimo sorriso lembrando das trapalhadas da rosada.

– Entendo, você ficou preocupado com ela – O mais velho sorriu vendo como Sasuke se preocupava com a mulher.

– Não – Falou mais rápido que o necessário, achando tolice Itachi pensar algo do tipo – Só me irritou ela ficar sozinha em casa doente. Ela tem essa bobagem de não querer dar trabalho e fazer tudo sozinha para não incomodar os outros.

– Entendo – Resolveu por fim não forçar Sasuke mais uma vez, ele realmente precisava chegar a conclusão sobre seus próprios sentimentos sozinho – Mas agora você já me parece mais bem humorado.

– Estou como sempre – Soltou a fumaça por entre os lábios e deixou o cigarro amassado no cinzeiro – Nada mudou – Falou antes de entrar no banheiro para terminar de se preparar para a reunião, deixando Itachi pensativo na sala.

O Uchiha mais velho se aproximou da cama pegando o celular de Sasuke, observando mais uma vez a bonita e sorridente jovem. Com uma curiosidade movida ao amor que sentia pelo irmão menor, abriu o aplicativo de mensagens e depois de ver algumas que ele trocou com Sakura – "Ela de fato é uma boa pessoa", pensou lendo as palavras cheias de carinho e somando ao que Sasuke falou sobre ela – abriu a ultima recebida, que era de Naruto. O sorriso que Itachi deu foi aliviado, pois viu claramente que a causa do bom humor de Sasuke era o fato de Naruto ter ido fazer companhia para a rosada.

"Espero que tome as decisões certas, irmãozinho tolo", pensou com carinho e devolveu o celular para o lugar.

Não demorou muito e Sasuke surgiu segurando um par de sapatos sociais e as meias. Sentou na cama e começou a calça-los, ignorando a presença do irmão mais velho.

– Bem irmãozinho tolo – Itachi apertou o cigarro no cinzeiro o deixando lá e se aproximando do irmão, tocando a testa desse com dois dedos de forma carinhosa – Pense bem em tudo o que está sentindo e também sobre Karin. Irei te apoiar em qualquer coisa que decidir, mas apenas se for algo que faça bem para você – E saiu pela porta do quarto, deixando Sasuke sozinho com seus pensamentos.

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Os irmãos Uchiha tiveram uma série de reuniões naqueles quatro dias. Ocuparam seu tempo visitando o prédio escolhido para a nova filial e dando uma conferida na obra. Sasuke assinou alguns contratos e conheceu dois novos investidores interessados na nova filial. Era uma das partes de seu trabalho que menos gostava, afinal não tinha habilidade nenhuma em interação social e não conseguia ser simpático. Se Itachi não estivesse presente para fazer uma média provavelmente os homens fugiriam amedrontados.

Sabia que era uma coisa que precisava melhorar. Por sorte fazia seu trabalho tão bem e era tão famoso que isso ofuscava sua inabilidade de lidar com outras pessoas. E Itachi, que sempre acompanhava Sasuke nas reuniões fazia tudo sair perfeito. O mais velho era simpático, extrovertido e conquistava facilmente as pessoas. Juntos eram uma dupla implacável que apenas fazia com que a Uchiha Corp. crescesse cada vez mais.

Com tantos afazeres se viu exausto e irritado ao final da viagem, tudo que queria era correr para seu refugio assim que colocasse os pés em Tóquio. Itachi vendo a impaciência do mais novo durante o voo, e agora já entendendo o motivo, avisou que depois que Sasuke resolvesse seus problemas teria que pelo menos almoçar com os pais no dia seguinte. Pedido feito por Mikoto, a quem Sasuke era incapaz de negar alguma coisa.

Assim que o manobrista entregou as chaves de seu carro na saída do aeroporto, Sasuke acelerou a toda em direção a casa de Sakura. Provavelmente conseguiu algumas multas por furar sinais, mas não se importava, apenas precisava ver aqueles olhos verdes.

Ao abrir a porta se permitiu fechar os olhos por um segundo, apreciando o cheiro doce e a sensação de conforto, de finalmente estar em casa. Concentrado nisso apenas sentiu quando um corpo pequeno e quente se chocou contra o seu. Com um sorriso minimo, Sasuke apertou os braços em volta da mulher que acalmava todos os seus pensamentos.

– Senti saudades – Ela confessou baixinho. O rosto enterrado no peito dele e as mãos apertando o paletó.

Sasuke nada disse. Apenas suspirou e abaixou o rosto beijando o topo da cabeça dela. Os fios rosados estavam meio desordenados e finalmente olhando a figura delicada dela, percebeu que Sakura estava com um de seus vários pijamas confortáveis com estampas de bichinho mesmo ainda sendo cedo para dormir. Subiu a mão até o rosto ainda escondido e a forçou a levantar, segurando pelo queixo. Franziu o cenho ao ver o narizinho arrebitado vermelho e as bochechas mais coradas que o normal. Parecia cansada mas mais saudável do que nas fotos que Naruto havia enviado anteriormente.

– TEME! – E Naruto surgiu na sala, vindo do banheiro. Ele vestia roupas casuais e parecia mais a vontade que o moreno gostaria – Sakura-chan sentiu saudades! – Ele falou zombando da mulher que corou mais ainda e abaixou o rosto envergonhada – Mas agora que você chegou eu vou! – Passou pelo sofá e pegou uma mochila de aparência pesada. Havia dormido na casa nesses dias para não deixa-la sozinha e doente – Depois eu volto – Avisou para Sakura que sorriu feliz. Antes de sair pela porta depositou um beijo carinhoso no topo da cabeça dela e deu um tapa camarada no ombro do Uchiha, que apenas olhava tudo intrigado.

– Naruto – Sasuke chamou sem olhar para o loiro, antes que esse fechasse a porta. Vendo que tinha a atenção do amigo apenas olhou por cima do ombro com seriedade e Naruto entendeu.

– De nada! – Respondeu depois de abrir um sorriso de orelha a orelha. Palavras não eram necessárias entre os dois, a troca de olhares foi o suficiente para Naruto entender que Sasuke estava verdadeiramente agradecido por ter cuidado da delicada flor.

Com um sentimento de dever cumprido e um sorriso gigante nos lábios, Naruto foi para casa, deixando para trás um casal que precisava matar as saudades.

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Já estava a algum tempo deitado de maneira confortável no sofá com Sakura entre suas pernas. Os dois assistiam um filme de terror que Sasuke sabia que faria a Haruno sentir medo e dormir enroscada em seu corpo, mas ele não se importava nem um pouco com isso. Depois que Naruto foi embora eles sentaram ali para conversar e emendaram com o filme, e o clima estava muito aconchegante e confortável. A lareira acessa e as luzes apagadas apenas completavam o ambiente.

O Uchiha mexia despreocupado nos cabelos rosados sem tirar os olhos da tela da televisão. Se distraiu e acabou passando a mão pela testa de Sakura e percebeu que estava quente, nada muito preocupante mas o suficiente para ele se concentrar totalmente nela.

– Sakura – Chamou já se movimentando com cuidado para levantar sem derruba-la do sofá. Ela levantou também, se afastando do corpo grande e aconchegante de Sasuke um pouco a contra gosto e olhando na direção dele, esperando que falasse o que precisava – Você está com febre. – Informou sério como sempre.

– Estou? – Perguntou confusa levando a mão a própria testa. Sasuke levantou e foi até o banheiro, voltando um tempo depois com a pequena maleta de primeiros socorros.

O Uchiha fez com que Sakura deitasse no sofá e colocou o termômetro nela. Enquanto aguardava o tempo foi buscar os remédios que ela estava tomando e se sentou na mesinha de centro, separando algumas bulas para ler o que fazia cada um dos medicamentos.

Logo escutou o bip e retirou o aparelho vendo que ela estava levemente febril, nada exagerado mas mesmo assim era alguma coisa. Largou o termômetro de lado e deu um dos remédios que pelo que leu era indicado para abaixar a febre. Estava um pouco desajeitado visto que era a primeira vez que cuidava de alguém na vida. Se baseava nas lembranças que tinha de Mikoto. De como ela agia quando ele ou Itachi estavam doentes.

Depois de pegar o copo de água, já vazio, que Sakura tomou para empurrar o comprimido se levantou decidido a preparar algo para que ela comesse. Aparentemente o antibiótico era bem forte e não indicado quando de estomago vazio.

Sasuke não era o melhor cozinheiro do universo, tinha poucos conhecimentos para falar a verdade. Desde que nasceu teve sua mãe e empregadas que preparassem suas refeições. Só não era completamente leigo no assunto pois precisou aprender quando foi morar sozinho e Chiyo tirava alguma folga. Resolveu por fim fazer um prato que sabia ser bom, saudável e de fácil preparo: Sopa de tomates.

Olhou para o avental de babadinhos que Sakura costumava usar e mesmo a contra gosto o vestiu já que não queria sujar suas roupas.

Pegou da geladeiras alguns tomates suculentos e do armário creme de leite e alguns temperos. Depois de cortar os tomates e tirar as sementes jogou no liquidificador e bateu até que ficasse liquido. Despejou na panela junto com o creme de leite e os temperos e mexeu até achar que estava bom. Não estava lá muito bonito e nem tinha o gosto bom de quando sua mãe fazia, mas achou agradável o suficiente para servir para a Haruno.

Sakura queria ter uma câmera naquele momento para registrar Sasuke surgindo na sala com uma bandeja em mãos e vestindo o avental de babadinhos. O rosto sério e másculo dele fazia um contraste gritante com a peça feminina.

O Uchiha depositou a bandeja no colo da rosada que sorriu agradecida. Os olhos verdes marejados pelo cuidado que o namorado estava tendo com ela. Sakura não conseguia acreditar que ele estava fazendo aquilo, era algo tão fora do personagem de Sasuke que ela estava atordoada.

– Obrigada – Segurou a mão grande dele antes que o moreno se afastasse. Sasuke olhou para a mulher por um tempo e depois andou até a cozinha para tirar o maldito avental e arrumar a bagunça que havia feito. Por ser organizado acabou por não sujar tanta coisa, e logo estava de volta na sala.

Sentou em uma poltrona observando Sakura comer com gosto a sopa. Não conseguiu se impedir de sorrir de canto ao ver o queixo dela um pouco sujo com o alimento. Não queria pensar nisso, mas sentia algo se aquecer ao vê-la tão contente por algo tão bobo quanto uma sopa.

– Foi a melhor sopa que eu já tomei na vida Sasuke-kun! – Comentou maravilhada ao terminar. Não conseguia desfazer o sorriso mesmo com Sasuke olhando em sua direção mau humorado por ela estar elogiando tanto – Muito obrigada! – Poderia chorar de emoção, mas não o fez para não deixa-lo mais incomodado.

– Hn – Sasuke resmungou enquanto levava a louça suja para a cozinha e voltava com o antibiótico. Sakura tomou e esperou que ele voltasse a se deitar no sofá para se aconchegar novamente entre os braços fortes.

Voltaram a assistir ao filme em um silêncio confortável e especialmente apreciado pelo Uchiha. Quando os créditos subiram na tela ele percebeu que Sakura cochilava graciosamente. Reparou nos fios rosados grudados no rosto de boneca e percebeu logo ser resultado do remédio.

– Sakura – Chamou baixo, deslizando os dedos pela bochecha corada dela. Pensava em leva-la para a cama mas sabia que Sakura se incomodaria por dormir suada.

– Oi – Respondeu se espreguiçando tendo um pouco de dificuldade para abrir os olhos sonolentos. Estava se sentindo bem melhor apesar do suor – Acho que preciso de um banho – Riu descontraída levantando do sofá.

Sasuke apenas desligou a televisão e observou a Haruno caminhar até o banheiro esfregando os olhos para espantar o sono. Escutou o chuveiro ligar e terminou de ajeitar a bagunça que deixaram na sala. Foi até a cozinha e colocou um pouco de ração no potinho de Fluffykins que miou agradecido. Bebeu um copo de água e foi para o quarto a tempo de vê-la entrando enrolada em uma tolha cor de rosa.

Foi inevitável o desejo que sentiu crescer ao ver o corpo bonito em tão poucos trajes. Os olhos ônix acompanharam as gotas de água que deslizavam pela pele macia dela, contornando as curvas e se perdendo na toalha. Definitivamente necessitava dela no momento, de um forma tão desesperada que culpou os dias longe um do outro.

E quando viu o rosto de Sakura mais saudável e mostrando que estava se sentindo melhor não se refreou mais.

– Sakura – Chamou com a voz mais rouca que o normal e a Haruno sentiu todos os pelos de seu corpo se arrepiarem. Ela entendia muito bem o que significava aquele chamado e apenas o tom usado pelo moreno foi o suficiente para ascender o desejo dela.

Sakura fechou os olhos, as mãos segurando firme a toalha no lugar, sentindo o Uchiha se aproximar cada vez mais e contornar seu corpo. Os olhos ônix devorando cada parte. Praticamente gemeu quando sentiu o corpo grande e forte dele grudar em suas costas e uma das mãos subir para o seu rosto o forçando a virar de lado. O nariz dele se enterrou em sua nuca, aspirando o cheiro de baunilha dela. Esfregando o rosto de modo sensual ele subiu o nariz até a bochecha corada e ficou por um tempo ali parado, como se apreciasse o contato.

Sasuke também tinha os olhos fechados e juntos permaneceram parados por um tempo sentindo o calor dos corpos colados e o movimento da respiração calma.

Com uma delicadeza que não lhe era característica Sasuke a pegou no colo e colocou na cama. Tirou suas próprias roupas, sem quebrar o contato visual com Sakura, e puxou a toalha que cobria o corpo que tanto queria ver. Era como se fosse uma crise de abstinência de uma droga e ele precisava senti-la antes que enlouquecesse.

O Uchiha em sua ignorância não sabia nomear, mas o que sentia era bem claro: saudades.

Alguma força desconhecida o fazia incapaz de desviar os olhos dos dela desde que entrou onde era apertado e quente. Movimentava o quadril com precisão mergulhado nos olhos verdes, entrando cada vez mais forte e rápido. Era estranho para ele estar daquela forma com ela, parecia intenso demais, intimo demais e profundo demais para uma relação que tinha data para acabar. Mas, por mais que pensamentos confusos passassem por sua mente, Sasuke apenas conseguia apreciar o corpo delicado abaixo do seu, os seios macios balançando a cada estocada que dava, o rosto de boneca envolto em prazer e a intimidade tão apertada que o levava a loucura.

– Sasuke – Ela gemeu manhosa jogando a cabeça para trás e segurando nos braços musculosos dele. O Uchiha sentiu seu pênis ser esmagado pelas paredes sedosas que o envolviam e acelerou os movimentos em busca do prazer. Ela era tão apertada e molhada que ele grunhia de excitação.

– Gostosa – Falou entre dentes batendo o quadril com força, rápido o suficiente para fazer a cama ranger e Sakura quase gritar. Foi fundo uma ultima vez e encostando sua testa na dela, se despejou em abundancia.

O Uchiha continuou se mexendo, mais devagar agora, a enchendo com todo o seu liquido e curtindo os resquícios do orgasmo. A beijou de forma lenta e sedutora antes de se retirar e se jogar ao lado, a puxando para os seus braços. Estavam ofegantes e cansados então não demorou muito para Sakura cair no sono. Algo totalmente compreensível visto que ainda não estava completamente curada da gripe.

Sasuke permaneceu acordado, olhando para o teto e perdido em pensamentos. Estava tão confuso em relação à Sakura que se sentia perdido. Era enlouquecedor para ele não estar no controle, não ter como refrear seus pensamentos ou até mesmo sentimentos. Sentimentos que insistia que não possuía e que precisava manter longe. Não podia ter mais que isso com Sakura. Ela era ótima, mas não pertencia ao mundo da yakuza, não vinha de uma família influente como Karin. Como já havia explicado para Naruto e Itachi, em primeiro lugar vinha os interesses do clã, e estar casado com Karin era um deles.

Suspirou irritado, e ainda muito confuso se virou puxando o corpo pequeno dela de forma possessiva, aspirando o cheiro de baunilha e sentindo a macies da pele. Fechou os olhos e dormiu pensando como sua vida havia se tornado muito mais complicada depois que visitou aquele café e encontrou a garçonete de cabelos rosados.

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Agradecido por ter alguns ternos na casa de Sakura, Sasuke entrou com o carro na propriedade Uchiha para o almoço com os pais. Estava atrasado e sem paciência para o olhar reprovador que receberia do pai por isso.

Jogou as chaves para o manobrista enquanto ajeitava a gravata e subia a escadaria em direção a porta sem muita paciência para ser educado com o funcionário.

Tocou a campainha e logo a porta foi aberta pelo mordomo já conhecido de anos trabalhando ali.

– Jovem Oyabun-sama – O senhor elegantemente vestido fez uma reverencia e Sasuke apenas resmungou um comprimento entrando na casa sem cerimonias.

Continuava a mesma coisa; cheia de luxos, riquezas e com o peculiar gosto pela arquitetura ocidental de sua mãe. Ouviu o barulho de televisão e conversas vindas da sala e seguiu para lá sendo reverenciado por todo empregado que encontrou pelo caminho.

– QUERIDO! – Mikoto exclamou assim que viu o filho entrar na sala. A bela mulher de 42 anos, vestida impecavelmente com um vestido azul com saia rodada e calçando saltos praticamente correu para perto de Sasuke com os olhos brilhando e um sorriso nos lábios – Que saudades! – Sasuke se deixou abraçar, retribuindo apenas com uma mão na cabeça de sua mãe da forma mais afetuosa que conseguiu.

– Olá mãe – A voz de Sasuke saiu enfadada e Mikoto passou a olhar o filho de cima abaixo, com certeza procurando alguma coisa errada no seu caçula.

– Você tem comido direito, não é? – Perguntou gentil puxando Sasuke pela mão para se aproximar do resto da família – Fiz aquela salada de tomates que você adora!

Passaram pela mesa de jantar onde os empregados arrumavam talheres e pratos, e acomodavam travessas de conteúdo cheiroso e aparentemente saboroso. Seguindo em direção ao fundo da sala onde Itachi e Fugaku aguardavam a aproximação já de pé.

– Sasuke – Fugaku, de quem Sasuke herdou toda seriedade e frieza, cumprimentou o filho.

– Pai – Respondeu trocando um breve olhar com o mais velho e depois voltando a prestar atenção no que sua mãe tagarelava. Mikoto parecia realmente empenhada em relatar à Sasuke tudo que aconteceu enquanto ele viajava e restava ao mais novo apenas fingir interesse.

– Irmãozinho tolo! – Itachi exclamou se aproximando e Sasuke olhou feio reprovando, pela milésima vez, o apelido – Pensei que não chegaria nunca.

– Me atrasei – Justificou sem dar muitos detalhes. Ninguém ali precisava saber que não resistiu à Sakura quando acordou naquela manhã. Perdeu a hora mas não se arrependia, o sexo foi maravilhoso.

Itachi por sua vez apenas estreitou os olhos pegando exatamente o motivo do atraso. Agora que sabia da existência da flor na vida do irmão passou a entender boa parte do comportamento estranho que ele apresentava de vez em quando.

– Que não se repita – Fugaku falou em tom severo e reprovador andando em direção a mesa, onde o almoço já estava servido e mais nenhum empregado podia ser visto.

Sua autoridade de Oyabun não valia de nada quando estava na casa de seus pais.

– Vamos almoçar! – Mikoto chamou animada puxando os dois filhos queridos pelas mãos. A mulher faltava saltitar tamanha empolgação.

Itachi puxou a cadeira para a mãe sentar e Sasuke já ia em direção a sua ao lado de Fugaku, que mantinha a expressão fechada sentado na cabeceira da mesa.

Sasuke sempre se sentia bem quando presenciava os olhares entre seus pais. Todas as vezes que os olhos ônix do patriarca desviavam em direção à Mikoto pareciam brilhar com um sentimento que o mais novo não conhecia, mas de certa forma invejava.

Estava entretido em observar o olhar raro e cheio de afeto que seu pai direcionava à sua mãe que nem percebeu a porta ser aberta com pouca delicadeza.

– Sasuke! – A voz estridente e tão conhecida pelo moreno ecoou pela sala e Sasuke fechou os olhos praguejando – Que saudades amor! – A ruiva praticamente pulou no pescoço do marido e o beijou de forma pouco apropriada para o ambiente familiar.

Itachi riu e Mikoto suspirou, enquanto Sasuke forçava Karin para trás acabando com o contato.

– O que faz aqui? – Questionou irritado. Se soubesse que a esposa estaria ali não teria aceitado o convite.

– Sou sua esposa! – Colocou as mãos na cintura e estufou o peito, orgulhosa da condição de senhora Uchiha – É um almoço de família e eu faço parte dela.

O rosto másculo de Sasuke se contraiu em uma careta e ele passou pela mulher a ignorando completamente. Sentou na mesa onde sua família já estava sem ao menos puxar a cadeira para que Karin sentasse, fazendo com que a ruiva fizesse isso irritada pela falta de cavalheirismo do marido.

– Que bom que foi possível nos acompanhar nesse almoço querida – Mikoto forçou um sorriso para a nora enquanto se servia do belíssimo assado. Durante esses momentos familiares ela dispensava os empregados para que pudessem ficar mais a vontade.

– Não perderia por nada, né Mikoto? – Riu de maneira exagerada. Não gostava nem um pouco da matriarca Uchiha e sabia que era reciproco. A relação das duas era totalmente trabalhada na falsidade – Ainda mais que eu estava morrendo de saudades do meu maridinho!

Sasuke revirou os olhos ignorando a conversa e praticamente ocupando todo o prato com a salada de tomates. Estava deliciosa, como tudo que sua mãe fazia. A única salada de tomates capaz de igualar com o sabor delicioso era a preparada por Sakura.

Mordeu uma fatia de tomate com mais força que o necessário ao perceber que novamente estava pensando nela. A mulher de cabelos rosados que virou sua droga particular e que nesse momento deveria estar ainda de pijama almoçando acompanhada de Fluffykins. Era o último dia dela de atestado médico e por isso sabia que a rosada curtiria a preguiça passando o dia todo de pijama e assistindo aquelas séries que ela tanto gostava.

– Sasuke não foi para casa ontem? – Mikoto franziu o cenho confusa olhando para o mais novo – Pensei que tivesse viajado com Itachi – Comentou alternando o olhar entre os filhos – Por acaso pegaram vôos diferentes?

Itachi se engasgou um pouco enquanto Sasuke se manteve indiferente, o rosto sempre sério não se alterou nem um pouco.

Já Karin começava a ficar vermelha de raiva e Fugaku apenas observava por cima da taça de vinho que bebia.

– Como assim Sasuke?! – Karin exclamou largando os talheres ruidosamente no prato – Onde você estava que não veio para casa ontem?! – Levantou de uma vez fazendo a cadeira se arrastar para trás e quase cair.

A mesa mergulhou em um silêncio tenso enquanto a ruiva bufava e Sasuke permanecia calado, o rosto agora mais rígido mostrando o descontentamento diante da cena que sua esposa armava na frente de seus pais.

– Sente-se Karin – Ordenou friamente voltando a se concentrar em seu prato. Não tinha paciência para os showzinhos da ruiva.

Quando percebeu que Karin não iria acatar sua ordem, e pior, retrucar, apenas levantou o rosto olhando no fundo dos olhos dela com todo seu ódio acumulado. O olhar que fazia seus inimigos o temerem e suas vitimas chorarem.

Foi instantâneo os olhos vermelhos se enxerem de água, enquanto ela comprimia os lábios em uma linha reta para reprimir os soluços. De cabeça baixa a ruiva puxou a cadeira e sentou novamente voltando a comer sem mais nada falar.

Fugaku maneou a cabeça como se aprovasse e Sasuke voltou a comer também, assim como todos os outros.

Os Uchihas são muito tradicionais e o mundo da Yakuza é demasiadamente machista, então se Karin tivesse ignorado uma ordem de Sasuke e o afrontado seria uma vergonha. Seu pai reprovaria a atitude o acusando de não saber impor respeito em casa e colocaria em cheque suas habilidades à frente da Sharingan, afinal, se não conseguia nem fazer com que sua esposa o obedecesse imagina seus subordinados.

O almoço prosseguiu de forma mais pacifica. Mikoto dissertou animada sobre um evento de caridade que estava organizando, onde deixou bem claro o amor pelas crianças do orfanato que ela ajudava a cuidar. Indiretas lamentosas e cômicas sobre querer ter tido mais filhos eram enviadas à Fugaku o tempo todo. Mikoto sonhava em ter a casa cheia, mas o patriarca Uchiha não achava prudente ter muitas crianças, já que não levava jeito com elas. Sasuke e Itachi que o digam.

– Sasuke – Fugaku chamou de repente quando Mikoto engatou uma discussão com Itachi sobre os projetos a respeito do orfanato – Não está na hora de ter um herdeiro? – Questionou como se perguntasse sobre o tempo. O rosto sério e os olhos concentrados em seu prato.

Com essas palavras a mesa mergulhou novamente em um silêncio constrangedor. Sasuke terminou de mastigar o tomate que tinha na boca, limpou os lábios com o guardanapo de pano e por fim suspirou enfadado, voltando os olhos para o pai.

– Não penso nisso no momento – Respondeu simplesmente. Apesar dos pesares tinha sim o desejo de ter um filho, ter alguém para carregar seu nome e à quem ensinar tudo que sabia. Mas, simplesmente não conseguia encaixar uma criança em sua relação com Karin. Era impossível para Sasuke se ver tendo um filho com a esposa. Ela não seria boa mãe e disso ele tinha certeza.

– Um netinho seria tão bom! – Mikoto comentou sonhadora. Imaginava sua casa cheia de crianças correndo e bagunçando tudo, de uma forma que ela não teve oportunidade de aproveitar devido a criação rígida de seus filhos por conta do pai. Mas com seus netos seria diferente e nem Fugaku a impediria.

– Na sua idade já tinha dois filhos – Fugaku falou finalmente olhando para Sasuke, os ônix rígidos e repreensores. Alternou o olhar também para Itachi que estava em situação pior por ser mais velho e ainda solteiro.

– Me deixe fora dessa – Itachi levantou as mãos sorrindo – Nem esposa tenho!

– Está na hora de arrumar uma querido – Pontuou Mikoto gentil e Itachi fez uma careta engraçada.

– Precisa garantir alguém para carregar o sobrenome Uchiha e assumir a Sharingan no futuro – Fugaku continuou antes de tomar mais um gole de vinho.

– Também acho isso – Karin falou de repente e todos voltaram sua atenção para ela. Sasuke virou a cabeça lentamente em direção a esposa desejando que ela simplesmente explodisse – Acho que já está na hora de tentar. Sabe, minhas amigas já estão grávidas e comprar o enxoval é uma atividade bem agradável.

– Karin, ter um filho não é apenas fazer compras – Itachi informou incomodado com a fala da cunhada.

– É o momento mais lindo da vida de uma mulher – Mikoto acrescentou com os olhos brilhando – Quando a barriga cresce e vem os primeiros chutes!

Nesse momento a ruiva fez uma careta. Havia se esquecido que engravidar implicava também em ganho de peso. Era muito orgulhosa do corpo que tinha e sabia que se o perdesse provavelmente Sasuke nem a olharia mais.

– Com a dieta certa e meu personal tenho certeza que não terei tanta barriga – Sorriu confiante imaginando que talvez até fizesse uma cirurgia depois. Achava que estava mais que na hora de aumentar as próteses que tinha nos seios e poderia aproveitar a ocasião para isso.

– Mas querida, durante a gravidez não é o momento para pensar em dietas e exercícios – A matriarca Uchiha suspirou pesarosa – O que importa é a saúde do bebê.

Karin revirou os olhos e suspirou baixo. Odiava aquela mulher e odiava crianças, só estava cogitando a gravidez por saber que era esse seu proposito na vida de Sasuke. Pagaria uma babá para a criança e poderia se preocupar em voltar a forma de antes.

– Não terá criança por enquanto – Sasuke se pronunciou, a voz séria e o rosto austero deixando claro que encerrava a discussão naquele momento.

Fugaku olhou de forma repreensiva para o filho e por fim deu o almoço por encerrado. Todos se levantaram e os empregados logo se aproximaram para arrumar a mesa, levando embora a louça suja e em poucos minutos nem parecia que havia existido um almoço por ali.

Karin deu um jeito de ir embora, alegando indisposição e Sasuke quase agradeceu em voz alta. Mais relaxado na ausência da esposa sentou no sofá para assistir um filme com o irmão. Foi inevitável não lembrar de quando eram mais novos e as vezes faziam isso nos raros momentos livres que tinham.

Mikoto apareceu com pipoca e refrescos, e por fim já havia escurecido quando Sasuke resolveu ir embora. Infelizmente voltaria para a mansão pois sabia que Karin já estava no limite e se não fosse era capaz dela invadir a Sharingan atrás dele.

Se despediu do irmão mais velho e foi em direção ao escritório do pai para avisar que já estava indo. Chegou perto da suntuosa porta dupla, mas antes que batesse escutou pela porta que estava entreaberta os pais conversando.

– Ele não é feliz Fugaku! – Mikoto tinha a voz angustiada. Estava parada em frente a mesa do marido com os braços cruzados – Você não se importa com a felicidade do seu filho?

– Claro que me importo – Ele respondeu depois de um tempo. Levantou da cadeira preta confortável e contornou a mesa, parando em frente a esposa – Mas tenho que levar em conta o clã.

– Sempre o clã em primeiro lugar – Suspirou chateada e Fugaku se sentiu mal por vê-la daquele jeito – Queria que você colocasse seus filhos em primeiro lugar.

– É complicado Mikoto – Respondeu levando a mão grande para o braço fino dela em um carinho singelo. Coisa muito rara de presenciar, já que o antigo Oyabun não era de demonstrava afeição.

– Não deveria ser – Apreciando o carinho, aproveitou para chegar mais perto e encostar a cabeça no peitoral forte de Fugaku, que mesmo com a idade chegando ainda tinha o corpo musculoso por conta dos treinamentos da yakuza – Não bastasse Sasuke, agora quer fazer Itachi infeliz também – Falou se referindo aos planos do marido para casar o filho mais velho com uma mulher de outro clã.

– Não acredito que Sasuke seja infeliz – Ponderou apoiando o queixo no topo da cabeça de Mikoto, olhando um ponto fixo na sala. Os ônix cravados no retrato da família tirado ainda quando os filhos eram crianças – Karin não é tão ruim.

– Ela é péssima! – Exclamou Mikoto indignada se afastando do marido e olhando nos olhos dele – Interesseira, fútil e vulgar! Onde já se viu uma esposa de Oyabun assim? – Perguntou cruzando os braços e batendo o pé no chão de forma impaciente – Ele não a ama e mal suporta estar perto dela!

– Com o tempo o amor vem – Retrucou com a voz calma.

– Conheço meu filho e ele nunca vai amar aquela mulher – Os olhos da matriarca se enxeram de lagrimas – Eu só queria que meu menininho fosse feliz – Admitiu já derramando algumas lágrimas – Ele já tem que lidar com tanta coisa.

– Sasuke... – Fugaku começou a falar mas parou como se procurasse as palavras. E tanto Mikoto quanto Sasuke sabiam que o mais velho tinha dificuldades em demonstrar o que sentia – ... É um bom garoto e sabe o que faz.

Mikoto sorriu pois naquelas palavras simples e frias enxergou o amor que Fugaku sentia pelo filho.

E Sasuke, do outro lado da porta, sorriu de canto também entendendo isso. Mesmo apreciando a preocupação de sua mãe e não amando Karin, manteria o casamento. Desejava escutar mais palavras como aquela vindas de seu pai e estar com a ruiva era algo que levaria à isso.

Resolvendo não escutar mais, Sasuke bateu na porta e quando recebeu a permissão do pai entrou, encontrando Mikoto de costas passando as mãos pelo rosto tirando os vestígios do choro e Fugaku já sentado em sua cadeira.

– Vim avisar que estou indo para casa – Informou da porta mesmo e Fugaku balançou a cabeça em despedida. Já Mikoto virou com um sorriso triste e correu para abraçar o filho de forma carinhosa.

– Vai com cuidado querido – Beijou a bochecha de Sasuke, que sorriu de canto para a mãe antes de sair.

"Espero que você seja feliz um dia", desejou observando as costas do filho sumindo pelo corredor.

•  •  •  •  •  •  •

– Estou ansiosa para saber o resultado – Sakura comentou quando sentou para almoçar com Ino em seu horário de intervalo do trabalho.

– Eu nem estou pensando nisso – Como sempre a loira tinha em sua frente um prato de salada – Estou mais preocupada no que usar hoje a noite – Se referia ao encontro que teria.

Pela grande janela de vidro do café Sakura observava a chuva cair e o transito um pouco caótico, como sempre acontecia quando o tempo estava daquela maneira. O movimento no café era quase inexistente naquela tarde chuvosa, e por conta disso as duas aproveitavam para estender o tempo livre.

– Queria ser tranquila como você – Sakura suspirou enquanto amarrava os cabelos em um coque bagunçado. Logo voltou sua atenção para os onigiris acomodados no bentô que trouxe de casa.

– Você precisa aprender a relaxar mais – Pontuou enquanto mastigava um alface – Você é tão certinha! Só não falo que é freira porque sei que se diverte muito com seu moreno misterioso.

– INO! – Sakura exclamou se engasgando com seu suco e ficando vermelha.

– Testuda querida – Ino começou a falar calmamente com um sorriso malicioso – Todo mundo transa, é absolutamente normal.

– Mas não é algo que precise ser falado em um local público – Retrucou limpando a boca suja de suco com um guardanapo – É algo particular, poxa.

– Ok – Riu da amiga envergonhada. Adorava atormentar a ingenua rosada e extrair detalhes sórdidos dos momentos que ela tinha com o namorado. Queria ser uma mosquinha para ver como ela se comportava entre quatro paredes. Sakura claramente era uma daquelas pessoas que você olha e pensa "Não é possível que caga e transa como todo mundo!" – Mas já decidiu se vai mesmo para Konoha ou ficar aqui?

– Ainda não – Sakura mordeu o lábio inferior um pouco nervosa – Tudo vai depender do resultado e bem, de Sasuke também – Falou e bebeu mais um gole do suco – Quando souber se fui aprovada vou conversar com ele.

– Vocês deviam morar juntos logo – Ponderou pensativa – Ele vive na sua casa mesmo. Só não falo para casarem porque ainda não fui apresentada ao digníssimo e nos sabemos que preciso averiguar o eleito antes de dar minha aprovação.

Sakura apenas riu do jeito da amiga. Por mais que Ino fosse meio maluca sabia que a melhor amiga se preocupava. Tinha intenção de apresenta-la para Sasuke e quem sabe marcar alguma coisa com ele e Naruto. Se ela conheceu o melhor amigo dele, ele também poderia conhecer a melhor amiga dela.

– Vou conversar sobre isso com ele depois – Respondeu gentil já imaginando os dois loiros tagarelando juntos e Sasuke irritado – Já te falei como ele é reservado.

– Esquisito, isso sim – Ino acusou e depois riu junto com Sakura. 

Sasuke de fato era bem peculiar as vezes.

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Sasuke saiu do banheiro com uma toalha enrolada na cintura e outra nas mãos, que usava para enxugar os cabelos. O cheiro másculo impregnou todo quarto e Karin mordeu os lábios analisando o corpo viril do marido de cima abaixo, era de fato muito sortuda por ter um homem daquele. Retirou os óculos de armação vermelha colocando no criado e deixou o robe de seda que usava por cima da camisola curta de mesmo tecido escorregar para o chão.

– Sasuke – O Uchiha escutou a esposa ronronar maliciosa e levantou o rosto vendo Karin se aproximar de maneira sensual. Suspirou cansado mas não recuou quando ela puxou a toalha que envolvia seu corpo e se abaixou envolvendo seu membro com a mão.

Fechou os olhos sentindo-a bombear algumas vezes e logo depois coloca-lo na boca iniciando as chupadas profundas. A ruiva não era ruim naquilo, mas era tão diferente de Sakura que ele já não conseguia sentir prazer com o ato. Sabia que não estava duro e que não demoraria para que ela estranhasse, mas nada podia fazer. Karin era sensual demais em comparação com a delicadeza da rosada.

– Chega – Ordenou afastando a cabeça da esposa do pênis flácido agora molhado de saliva.

Ignorando o olhar confuso de Karin voltou para o banheiro um pouco irritado. Entrou mais uma vez no chuveiro afim de retirar toda a saliva e aproveitou para pensar no que havia acabado de acontecer.

Era a primeira vez que não conseguia se excitar com a esposa. Sempre foi orgulhoso de sua virilidade e disposição com as duas mulheres, mas agora parecia que apenas uma era o suficiente.

E querendo ou não a escolhida já estava bem obvia.