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História Retales de mi vida - Pulando de cabeça


Escrita por: didilicia

Notas do Autor


Favorita para acompanhar os próximos capítulos e comenta pra deixar a autora feliz :)

Capítulo 1 - Pulando de cabeça


Estou à caminho de Madri. O voo de Basauri até a capital é de aproximadamente quatro horas, mas já percorremos mais da metade. Tenho o roteiro dos primeiros três episódios em mãos. “La casa de papel”. Enquanto eu relia minhas “falas” e tentava visualizar os contornos do meu personagem, eu buscava forças para enfrentar o novo projeto. Era a primeira vez que eu me via obrigada a me afastar por tanto tempo de casa. Deixar minhas coisas, minha terra, minhas plantas e as pessoas que eu amava para pular de cabeça num trabalho que me exigiria meses de dedicação era loucura, mas eu sabia que se desse certo minha vida ia mudar. Enquanto o avião sobrevoava o território espanhol, eu pensava nisso tentando não criar muitas expectativas. Pensei nos colegas de trabalho que eu havia conhecido algumas semanas antes, na apresentação de elenco e sorri lembrando que, pelo menos, as companhias pareciam agradáveis. Fiz uma prece e lancei ao universo a minha sorte. 

Cheguei ao aeroporto, peguei minha mala e saí à procura de um táxi. Me sentia completamente perdida numa cidade grande onde eu não conhecia os caminhos, onde eu não conhecia ninguém. O motorista me deixou no hotel onde eu ficaria durante a primeira semana até encontrar um apartamento para alugar. 

Larguei as malas num canto do quarto e me joguei na cama, esgotada. Estava de olhos fechados quando ouvi meu celular avisar que havia uma nova mensagem. Eu já sabia quem era sem precisar olhar - Roberto.

“Chegou bem?”

Sorri. Como ele tinha essa precisão milimétrica de calcular o exato instante em que eu havia chegado? Ele sabia muitas coisas que eu não fazia ideia como. 

Digitei rapidamente. “Sim, nesse instante”.

As gravações começariam amanhã cedo, então decidi tomar um banho, comer alguma coisa, fazer alguns telefonemas para alguns locatários e finalmente dormir para estar descansada para o trabalho. 

...

Cheguei aos estúdios da Antena 3 e dei de cara com nosso diretor Alejandro Bazzano que me cumprimentou efusivamente com um abraço. 

“Itziar!!!! Estávamos esperando você! Venha! Estamos reunidos na sala da direção para trocar uma ideia e bater um papinho informal antes dos trabalhos do dia”

Me senti acolhida. Entramos na sala e meus colegas presentes vieram me cumprimentar com abraços e beijos de boa vinda. Álvaro estava pacientemente atrás de Pedro Alonso esperando para abraçar-me. Nossos olhares se cruzaram em silencio. Ele sorria. Pedro falava e falava até perceber o colega. “Este aqui parece estar esperando a vez”, disse e chegou para o lado dando espaço ao amigo. 

“Como você está? Como foi a viagem?”, Álvaro me abraçou e me beijou no rosto. 

“Ótima viagem! Quanto à cidade... ainda meio perdida, mas vou me encontrar”. 

“Conheço tudo! Se precisar de ajuda...”, ofereceu. 

Sorri agradecida. Eu com certeza faria bom uso de suas dicas. 

...

Os dias passavam e seguíamos gravando o piloto. Repetíamos muitas vezes, pois queríamos que fosse perfeito, sem falhas. É sexta-feira à noite, eu deveria estar voltando para casa em Basauri, mas eu havia conseguido alugar um apartamento num bairro boêmio perto dos estúdios e precisava organizar algumas coisas da mudança. 

 Eu estava ao portão de saída, distraída, tentando pedir um Uber. Ouvi a alguns metros de distancia de mim, Álvaro me chamando de dentro do seu carro. Fiz “olá” com as mãos e caminhei até ele. “Oi”, enfiei a cabeça dentro do carro e dei-lhe um beijo no rosto. 

“Oi. Tá indo pra onde?”

“Aluguei um apartamento em um bairro próximo daqui. Estava solicitando um Uber pra me levar até lá”. 

 “Entra aí. Eu te levo”.

“Sério? Não quero dá trabalho”. 

“Trabalho nenhum. Sou um ótimo guia turístico... pode vir comigo sem medo”, riu.

Sorri também e dei a volta no carro para entrar no passageiro. Ele se espichou para abrir a porta por dentro. “Obrigada”. 

Eu mexia no celular tentando cancelar o Uber. Estava falhando miseravelmente e o aplicativo ganhava de mim de 1 à 0. 

“Tá difícil aí?”

Achei graça e levantei uma sobrancelha entregando minha derrota. “Você me pegou! Sou uma negação com tecnologia”. 

“Tranquilo”. Ele se virou para mim e me apontou a direção para cancelar o pedido do serviço. “Clica aí”. Depois voltou sua atenção para o trânsito. “Prontinho. Agora deixa com o melhor motorista da cidade”.

“Você”, eu disse olhando para ele.

“Eu mesmo”, respondeu sorrindo sem tirar os olhos da rua. 

Naqueles breves segundos parei para analisar o meu colega de cena. Cabelos negros, a barba mal feita – caracterização do personagem – e um sorriso lindo. O sorriso dele mexia comigo. Nossos personagens ainda não haviam tido nenhum contato em cena, apenas por telefone, mas gravávamos separados, então ainda não tínhamos contracenado juntos.

“Pelos meus cálculos, chegamos no seu prédio”. 

“Muito bem senhor Álvaro! Você é mesmo um ótimo guia”.

Ele estacionou o carro no meio fio. “Está entregue! O que mais você precisa?”

“Uma cerveja gelada e minha cama... mas, algumas caixas me esperam para serem desempacotadas”. 

“Hum... Eu me juntaria a você nessa cerveja, mas os meninos estão me esperando”. Os filhos gêmeos de Álvaro eram lindos. Nas primeiras semanas de convivência nosso grupo havia conversado bastante, conversamos sobre nossas vidas e procuramos nos conhecer melhor. Eu sabia que ele era casado e tinha um casal de três anos. Sabia dos seus projetos profissionais e de alguns gostos pessoais. Ele sabia que eu tinha uma banda, que eu lutava pelos costumes do meu povo, que eu vivia em Basauri, sabia dos meus projetos, mas pouco da minha vida pessoal. 

“Não tem problema. Eu já te ocupei demais”, soltei o cinto de segurança e me inclinei para me despedir. 

“Hoje não dá, mas vamos marcar essa cerveja”.

Fiz um “hang loose” com a mão e agradeci a carona. “Marcamos”. 

Eu estava exausta. Deixei minha bolsa de lado, sentei no chão ao lado das caixas e suspirei. Eu realmente precisava dessa cerveja. O telefone tocou me obrigando a levantar. Atendi e aproveitei para pegar uma latinha na geladeira. 

“Gata, como está?”

Era Roberto.

Sentei-me novamente no chão com a latinha entre as pernas. O telefone pus no viva voz em cima de uma das caixas. 

“Cansada. Queria estar em casa”.

“Ainda gravando?”

“Não. Em casa, em Basauri, contigo”.

“Também queria, mas tens que estar aí” 

A ligação começou a ficar ruim e terminamos desligando depois de nos despedirmos. Eu tinha mais uma semana inteira antes de voltar pra casa, então decidi dar o meu melhor no trabalho e focar nisso. Afinal era esse o motivo de estar ali. 

Continuei tirando as coisas das caixas e empilhando ao lado. De vez em quando parava o que tava fazendo e bebia minha cerveja e checava o celular. Foi quando vi que Álvaro havia postado uma foto com a filha. “Bonitos”, comentei. Terminei a cerveja e me joguei na cama apagando completamente. 

 



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