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História Retales de mi vida - Realidade paralela


Escrita por: didilicia

Capítulo 11 - Realidade paralela


POV ÁLVARO 

Peguei o celular revoltado, por um momento esquecido do vácuo em que fui deixado, e liguei para Pedro. 

“O que pensas que estás fazendo?!”

Ouvi a risada do outro lado da linha. “Ora! Apenas estreitando nossos laços de amizade”. 

“Nossos laços de amizade…”, repeti mais como um sussurro. A minha vontade era estreitar minha mão na cara dele, mas sou um pacifista e Pedro é como um irmão. “A sério… tu não sabes a merda que fez”. 

“Por que não me contas?” 

“Te contarei se vieres me salvar da vergonha de um encontro mal sucedido”

“Encontro!? Com nossa colega? Não me digas que resolvestes assumir o tombo que tens por ela!”

“Não Pedro! A intenção era sentar e conversar como adultos, mas ela não apareceu!” 

“Meu irmãozinho, sinto que a história é longa e já te imagino aí bebendo tua segunda taça de vinho com sua melhor cara de desgosto” 

“Terceira…”, o corrigi. 

“O caso me parece grave! Estou a caminho!” 

Agradeci ter um confidente com quem podia desabafar e esperei, agora paciente, que Pedro viesse ao meu encontro. Contaria tudo a ele, mas no meu íntimo eu já vislumbrava que estava num caminho sem volta. 

Dali a pouco ele chegou, com um sorriso debochado no rosto e os braços abertos em minha direção. “Tua salvação acaba de chegar!”, levantei para abraço-lo. Ele me deu três tapinhas nas costas. “Como estas?”

“Fodido”. 

“Isso se vê. O que estás bebendo?”, ele pegou minha taça que ainda estava semi-cheia e levou a boca. 

“Nos beijamos”, soltei a notícia de uma vez. Pedro quase cospe o vinho em cima de mim, me fazendo recuar e chamar atenção dele. “Ê! Ê! Ê! Cuidado aí!”

“O que dissestes? Eu ouvi bem!?”

“Ouvistes. Nos beijamos, e…”

“E pretendias levar o pacote completo: primeiro beijas, levas para jantar e depois….depois….”, ele levantou uma sobrancelha e deixou a insinuação no ar. 

“Não! Chamei ela aqui porque precisamos esclarecer o que se passa entre nós”

“Álvaro, irmãozinho meu, isto é meio óbvio e não é ficção. Não há um roteiro a seguir. Viva! E veja no que isto vai dar”, ele tomou um gole da bebida, suspendeu a taça em minha direção e brindou “sorria! Me tens a noite toda como companhia!”

 

POV ITZIAR 

Fui gravar no dia seguinte depois de me despedir de Roberto, que voltou para Basauri. Meus sentimentos tão contraditórios, minha cabeça uma confusão. Evitar Álvaro já não era possível, mas eu podia controlar meus impulsos e fazer apenas o meu trabalho como uma boa parceira de cena, ser apenas profissional. 

Fui ao camarim trocar o figurino, depois a maquiagem. Em pouco tempo eu estava pronta para ser Raquel. Caminhei em direção a salinha de espera a fim de aguardar minha vez de gravar; fui amaldiçoando aquele salto alto de bico fino. Seria mais fácil se tivessem aceitado minha sugestão de inserir tênis no figurino da inspetora. 

Abri a porta e para meu azar, Álvaro estava lá sentado em uma cadeira na cabeceira, com seus textos sobre a mesa a sua frente e os óculos, que não eram de seu personagem, escorados sobre o nariz. Virei-me para fechar a porta revirando os olhos, mas voltei a olhá-lo forçando um sorriso amigável. 

 

POV ÁLVARO 

Levantei da cadeira colocando os óculos sobre a mesa. “Porque não fostes ao meu encontro no bar?”. 

“Bom dia pra ti também”, ela respondeu e pegou uma garrafa d’água no frigobar. 

Fui até ela. “Me deixou plantado!”

“Porque estás zangado?”

Dei um riso engasgado tamanho o absurdo daquela pergunta. “Ora, porque? Tu dissestes que ia”.

“Não! Eu disse que te ligaria para dizer se ia…”, ela levou a garrafa a boca e tudo que eu fiz foi acompanhar os movimentos dela. Sua cabeça pendida para trás, os lábios semiabertos encaixados levemente na boca da garrafinha e o movimento de sua garganta enquanto engolia despertaram em mim o impulso a seguir. 

Enquanto ela terminava de beber a água e a depositava sobre o frigobar, segurei seu pulso e a arrastei para mais perto de mim, beijando seu pescoço com voracidade. Levei minhas mãos até seus braços e colei seu corpo ainda mais ao meu. Tentei beijá-la, tudo em uma fração de segundos, mas ela me empurrou, rechaçando qualquer avanço da minha parte. 

“Pára!”

“Porque? Não mintas sobre isso, não para mim”

“Não estou mentindo! Estou te afastando! Isto aqui…”, ela apontou para si mesmo, “…essas roupas, essa arma, este distintivo… isto não sou eu! É um personagem. Vês? Estás enganado, estás confundindo tudo”

“Eu estou confundindo!?”

“Sim! Tu!”

“Não Itziar, és tu quem engana a si mesma!”

Ela virou as costas e deixou a sala sem me responder, fugindo mais uma vez àquela realidade paralela que vivíamos. 

 

POV ITZIAR 

O dia havia sido difícil depois do incidente com Álvaro na salinha de descanso. Cruzamos outras vezes pelos estúdios e seu olhar me transpassava a alma. Ele, no entanto, não havia tido oportunidade de dizer mais nada. Se dependesse de mim continuaríamos sem tocar no assunto, seguindo em frente. 

Eu terminava de colocar minhas próprias roupas, incluindo um belo par de tênis nos pés, quando a assessora de marketing da série bateu a porta.  

“Boa tarde Itziar!”

“Boa tarde Gabriela, tudo bem?”

“Tudo. Vim avisar que tu vais gravar uma pequena entrevista para o programa Cara a Cara”. 

Estranhei. Eu já havia gravado uma com meu colega Fernando. 

“Outra? Com quem desta vez?”, meu coração temia ouvir a resposta mas eu precisava estar preparada.

“Álvaro. Ele já está nos estúdios esperando por ti”. 

Respirei fundo. Eu teria que encarar mais essa antes da noite chegar. 

 



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