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História Retales de mi vida - Contigo (Zeugaz)


Escrita por: didilicia

Notas do Autor


Obrigada pelos comentários no capítulo anterior! Fiquei bem feliz!!! =)
Era para este capítulo ser maior, mas aí eu demoraria um pouco mais escrevendo, então decidi postar logo e continuar o planejado no próximo capítulo.

Não deixem de ver as notas no final do capítulo.
E comentem! beijoooo!

Capítulo 51 - Contigo (Zeugaz)


POV ITZIAR

Chegamos no nosso pequeno estúdio de ensaios trazendo uma parte dos equipamentos. Pretendíamos repassar algumas músicas e realinhar alguns pontos no nosso repertório para os próximos shows. Entretanto, tivemos que esperar alguns bons minutos do lado de fora enquanto Juanpe chegava com as chaves do portão e, com sua voz alta e jeito alegre, se desculpava pelo atraso.

“Não há problema”. Eu disse com um sorriso e olhei de relance para Roberto que reclamava qualquer coisa ininteligível.

Quando já montávamos os instrumentos, Figueira chegou nos trazendo algumas bebidas. “Bom dia companheiros! ”.

“Bom dia!”.

Eu gostava muito daqueles rapazes. Cada um com seu jeito, eram do tipo que se podia contar.

Depois de montar tudo e enquanto eu me distraia testando o equipamento de som, Roberto havia ligado a câmera do celular para transmitir ao vivo nosso ensaio. Àquela altura, de alguma forma, os fãs que eu parecia ter já se inteiravam de que tínhamos uma banda (INGOT) e aos poucos começaram a surgir para acompanhar a Live.

Eu já me posicionara ao microfone quando só então me dei conta que já havia iniciado a gravação! “Aupa!”, dei tchau para a câmera sorrindo. Estava tão distraída e empolgada de começar a cantar que pisei sem querer ao pé de Juanpe que reagiu com um grito exagerado. Achei graça e comentei: “Deem as boas vindas as pessoas”.    

“Desculpa”, sussurrei ao meu amigo em decorrência do pequeno incidente.

Depois de marcar o ritmo abrimos o repertório, mas, obviamente, após os acordes iniciais eu me atrapalhei toda e errei a tempo da letra. Pulei feito uma criança ao redor de mim mesma e reiniciamos.

Cantar me alegrava a alma e naquele momento eu me sentia leve.

Depois da primeira música, escolhemos a próxima e continuamos o ensaio com uma de minhas composições mais conhecida. “zeugaz”.

(Andarei por cidades estranhas

Me afogarei em mares perdidos

Os espelhos não reconhecerão meu rosto

E meu nome não será meu nome

Mas hoje ao amanhecer estarei CONTIGO).

A música é assim. Ela tem esse poder de nos transportar para outro momento de nossa vida. Enquanto eu cantava e dançava, minha mente me levou de volta para uma época onde algumas coisas faziam um sentido diferente para mim. Uma realidade que parecia tão distante da que agora eu vivia e das coisas que eu sentia.

(O cheiro dessas montanhas vai crescendo dentro de mim

O coração se encherá de flores e ovelhas

De peixes e pássaros)

Um tempo em que eu gostava de retornar à minha terra e a minha casa pois ali sempre foi o meu lugar e era ali que me despia dos personagens e voltava a encontrar os rostos que tanto amava.

Agora alguns versos não tinham mais o mesmo significado de antes.

(O último beijo

Guardado nos lábios

Dentro dos pulmões, o último respiro)

Eram outros os beijos que eu guardava na memória. Era de outro os lábios que eu desejava ter junto aos meus e era para aquela cidade estranha (Madri) que meu coração me impelia a voltar.

(Meu nome não será meu nome

E ao voltar para o meu povo

Não me reconhecerá...)

Demos um intervalo. Bebi água e Roberto levantou-se para pegar o celular que gravava.

POV ROBERTO

Continuei filmando por algum tempo, depois voltei o celular para mim para ver o que tinham dito enquanto a live acontecia.

As pessoas, em sua maioria brasileiros, espanhóis e argentinos, haviam enviado mensagens em massa para Itziar. Eram completamente exagerados, assim eu os julgava. Alguns pareciam com uma espécie de obsessão sem limites. Não me agradava nada! Éramos um maldito grupo e toda a gente só enxergava ITZIAR, ITZIAR, ITZIAR.

Comecei a responder algumas dessas pessoas, dando preferência para aquelas que exaltavam a banda e ignorando as que traziam demonstrações de fanatismo para ela. Sim, porque para mim aquilo nada mais era que FANATISMO e me dava vontade de arrancar suas cabeças vazias.

Identifiquei Jéssica no meio de toda aquela gente e iniciei um papo com ela ali cheio de brincadeiras e coisas que eu sabia que as demais pessoas não iriam captar. A garota era uma fã, e apesar do meu pé atrás, sempre marcava presença em nossas redes sociais deixando mensagens de incentivo ao grupo. Eu simpatizava com ela e de pronto, me vi entrando em suas brincadeiras.

Depois de um tempo, encerrei a transmissão e agradeci a presença. “Abraços! Eskerrik asko!”

“Muita gente assistindo?”, Itziar perguntou animada.

“Alguns”. Decidi não mencionar os fãs. A realidade é que sua repentina fama não me passava pela garganta. A ideia de dividi-la com uma multidão de gente que pretensiosamente pensava conhecer a mulher que eu passara anos descobrindo, era completamente absurda para mim.

POV ITZIAR

Eu tinha acabado de tomar banho e amarrado o cabelo molhado em um coque no alto da cabeça. Vesti uma blusa confortável e fui até a cozinha pegar alguns biscoitos para beliscar antes de deitar. Estava cansada. Fazia um tempo que tínhamos chegado do ensaio e desde então Roberto havia se enfiado no escritório com o computador ligado à sua frente. Por vezes ele passava horas assim, editando e mexendo em programas que eu não entendia e nem fazia questão de entender.

Me escorei na porta e o observei levando a boca mais um copo de cerveja. Havia uma garrafa de pisco peruano sobre a mesa que havíamos trazido da viagem ao Peru e o pequeno ambiente estava carregado de fumaça do cigarrinho que ele fumava.

“Não achas que estás bebendo demais? Não parastes desde a hora que chegamos..”,comentei enfiando um biscoito na boca.

“Vais me controlar com a bebida agora?”, ele respondeu.

Levantei as mãos ao alto. “Fazes o que quiser. Quem sou eu pra isso!”

Já ia dando as costas quando meu telefone tocou e atendi ali mesmo. Era alguém da Argentina me convidando para uma entrevista via Skype. Aliás, era o terceiro convite que eu recebia só naquela semana. A visibilidade estava aumentando e era uma coisa boa para a divulgação da série e, porque não, do meu trabalho também. Fazia parte.

Depois de desligar aceitando o convite, Roberto, que nesse meio tempo tinha acendido mais um cigarro, soltou um comentário ferino. “Agora não param de encher o saco com esses convites! Não respeitam mais nem as horas!”

Eu não dei importância a hora da ligação já que havia uma diferença de fuso horário que algumas vezes as pessoas não se davam conta e, além do mais, eu estava acordada. Não me custava nada atender.

“Ficarás controlando a frequência das ligações que recebo?”  Confesso que soltei a resposta no mesmo tom com que ele havia me respondido anteriormente e ele notou pois não disse mais nada, voltando-se para o computador e pedindo que eu encostasse a porta quando saísse. Atendi o pedindo prontamente e me retirei dali.

POV ROBERTO

Tomei outro gole de cerveja e abri a tela de computador na página de edição de som. Me escorei para a frente sobre meus cotovelos e cocei a cabeça. A cinza do cigarro entre meus dedos caiu sobre o teclado antes que eu pudesse bater ao lado. Assoprei para longe e então observei meu celular dar sinal. Era uma mensagem de Jéssica.

ROBERTO - Não dormes, niña?

JÉSSICA - Não tenho sono. O que estas fazendo?

ROBERTO - Editando...bebendo...tu?

JÉSSICA - Deitada, olhando o instagram.

ROBERTO – Não saes disso....

JÉSSICA -  Há coisas interessantes para ver...

ROBERTO – Se está interessante fica lá. Que queres de mim? Vais perguntar de Itziar, não?

Indaguei já de saco cheio.

JÉSSICA – Tranquilo, que se eu quisesse tinha mandado mensagem a ela, não a ti.

Dali alguns instantes um convite de chamada de vídeo me foi enviado. Atendi. Ela apareceu de camisola, cabelos soltos e um sorriso nos lábios.

JÉSSICA – Viu? Falando com a pessoa certa.

Me escorei na cadeira e suspendi a bebida em direção à câmera.

ROBERTO – Queres?

Ela balançou a cabeça positivamente. Brindei à ela.

ROBERTO – Beberei à ti.

Virei o copo e puxei o cigarro, soltando a fumaça para o lado. Meus olhos, no entanto, não dispersavam dela.

JÉSSICA – Isso cairia bem agora.

ROBERTO – Que?

Ela soltou uma gargalhada, suspendeu os cabelos enrolando-os no alto da cabeça mas eles não se prenderam e cairam de novo sobre seus ombros desnudos. Ela ajeitou a alça da camisola que caia.

JÉSSICA – Beber. Claro, pois me gostaria estar bem bêbada agora.

ROBERTO – Estou muito chapado agora mesmo, se queres saber e tu devias ser uma boa menina e desligar isso já.

JÉSSICA – Sou uma boa menina. Não queres falar comigo?

ROBERTO – Pois anda... conta então a tua vida. Preciso distrair a mente. Anda.

POV ITZIAR

Entrei no quarto e fechei a porta. Havia coisas em Roberto que, claro, não me agradavam, como em qualquer relacionamento. A diferença é que antes o meu coração batia só por ele e essas coisas eram relevadas.

Peguei o celular e decidi me distrair lendo o que as pessoas andavam comentando em minhas postagens no Instagram. Haviam caras conhecidas. Perfis que eu sempre identificava marcando presença em minhas fotos.

JESSICA - 50 sombras de Sérgio.

Era uma referência lógica ao filme 50 tons de cinza, pensei.

50 SOMBRAS DE RAQUEL, QUE A IDEIA DE AMARRA-LO FOI DELA. Respondi.

Imediatamente ela replicou: POIS TE SAÍSTES UM POUCO MAL COM A IDEIA DE AMARRA-LO. VEJA COMO ACABOU. HAHAHA. LINDA.

A seguir, achei um comentário da Naia, minha filhinha Paula, e respondi com carinho. Abaixo, uma senhora que devia vender sabonetes escrevera sobre a posição de minhas mãos na cintura de Alvaro. Que observadora. Achei engraçado e com risadas respondi. Me demorei um tempo analisando a imagem. O jeito que Alvaro  me olhava fez meu coração doer de saudades.

Procurei em minha galeria de fotos por imagens dos episódios e fiz uma pequena montagem minha, quer dizer, de Raquel apontando sua arma para o professor. Então postei em meu Instagram com a legenda “ATÉ A MINHA BOLSA ELE LEVOU, OLHA SÓ…”.

Sorri. Eu esperava que Alvaro respondesse. Eu já tinha visto que ele estava online no WhatsApp. E bem como previsto, recebi a notificação do comentário dele.

ÁLVARO - MAS SE TU NÃO ME DÁ NEM UM BEIJINHO, PORRA! PELO MENOS LEVO A BOLSA (emoji sorrindo)

Enfiei o rosto no travesseiro e dei um gritinho abafado de excitação. Achei graça sozinha. Meu coração parecia dar pulos. Eu sentia ele contente no meu peito.

Eu estava mexida.

Imediatamente respondi: BEIJINHO? SE ACABAS DE ME DA UMA CHAVE DE KONG FU QUE ME DEIXOU DURA, FUGISTES COM MEU CARRO, MINHA BOLSA, O TELEFONE… O CARTÃO DE CREDITO, OS LENCINHOS… JÁ VERÁS COMO TE PEGO E QUE BEIJINHO TE VOU DA  (emoji diabinho) 

Acrescentei alguns beijinhos em outro comentário.

Dali alguns minutos, vejo ele me chamar na janela do WhatsApp.

ÁLVARO - assim me deixas com ganas de me enfiar num avião para ver que beijo iras me dá.

ITZIAR – então é isso? Queres apenas alguns beijinhos?

Eu conseguia imaginar o rosto dele e suas reações.

ÁLVARO - precisas mesmo que eu diga o que quero de ti?

ITZIAR - pois diga. quero ouvir.

O celular começou a tocar e atendi imediatamente. A voz dele, rouca do outro lado da linha, foi direto ao assunto.

ÁLVARO - Te quero pra mim. Teus beijos, teu corpo inteiro, o jeito que fazes amor comigo. Tenho na memória cada detalhe teu.

ITZIAR: Também tenho pensado em ti.  

Confessei.

ALVARO – A sério?

ITZIAR – Por que não acreditas se te digo que sim. Tenho pensado em tudo que vivemos até aqui, tenho contado os dias para te ver outra vez, mesmo sabendo que não teremos um momento a sós com tantos jornalistas por perto.

ALVARO – Por um momento achei que te perderia... que já tinhas me esquecido. Mas se queres, eu criarei o momento. Somente tu e eu. O beijinho e tudo o mais, porra! E o que quiseres me da aceito!

ITZIAR – Crias o momento então e veremos o que recebes.

Depois que desligamos, reli o comentário de Alvaro na foto e sorri. Continuei olhando o que as pessoas haviam escrito e observei a mesma senhora dos sabonetes outra vez.

-AS MULHERES ENTREGAM SUA INTELIGENCIA POR AMOR!!!! ATIRA NAS RODAS!!! NÃO ACREDITO QUE NÃO FEZ ISSO...OU ESTAVAS PENSANDO NAS FILIPINAS? HAHAHAHA

Parei para refletir naquela mensagem. A verdade era que tal qual Raquel, eu me sentia tonta de amor. Qualquer julgamento racional que me fizesse avaliar os riscos de marcar um encontro em plena coletiva com Alvaro havia sido completamente esquecido pela simples vontade de ter outro momento a sós com ele. 

Sem pestanejar, respondi: NÃO HÁ QUEM ENTENDA A RAQUEL...DEVE SER QUE O AMOR ATONTA. OU QUE NA REALIDADE NÃO O QUERIA DETER...SOBRE AS RODAS FOI O PRIMEIRO QUE ME OCORREU.

Guardei o celular e virei de lado. Queria dormir, mas minha mente estava a mil por horas. A verdade é que não queria estar acordada quando Roberto voltasse para o quarto.

POV CRISTINA

Bem se vê que não negas nada - Foi a primeira coisa que pensei ao ver a resposta da atriz ao meu questionamento. Eu havia acabado de entrar em seu perfil e notei o comentário do meu genro. O profissionalismo entre colegas substituído por uma brincadeira nada inocente. Ela não deve mesmo fazer ideia de quem sou eu, estou segura quanto a isso ou não estaria me respondendo. Digitei minha resposta: ‘Deve ser’ NÃO. Está demonstrado. Hahaha. Bom, por favor, pensa novamente e perdoa ele, mesmo que seja superficialmente...tu serás mais feliz.

A seguir escrevi no perfil de Alvaro, em uma foto deles dois: GRANDE ALVARO! E GRANDE SÉRIE!

E emendei: E FANTÁSTICO TODO O ELENCO! QUE ATORES!!!

...


Notas Finais


Obs: todos os comentários existem de verdade.
Obs2: trechos da música zeugaz (contigo) - banda INGOT: link https://www.youtube.com/watch?v=CuX0PXqwt9Y


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