História Revenge - Corremos perigo.

Fiquei quieta pensando numa resposta pra não piorar a situação mas ele não deixou que eu falasse nada.

- Eu vim por que eu quis. – ele tomou a frente falando com um tom arrogante

- Justin, eu juro que eu não fiz nada. – ela disse se fazendo de inocente e em seguida pude ouvir a voz de Maddie

- Mamãe, eu to aqui.

Intercalei o meu olhar entre o carro e Lucy que se mantinha parada.

- Nem pense nisso. – ouvi a voz dela quando ousei dar um passo até o carro

- Lucy, por favor. – implorei me virando pra encara-la e ela tinha uma arma na mão, aquilo realmente me assustou

Olhei pra Justin suplicando por ajuda, em qualquer outra ocasião eu enfrentaria ela mas o fato de saber que minha filha estava ali só piorava tudo.

- Amor, vamos conversar. Só me diz o que você quer, mas abaixa isso primeiro.

- Amor? Justin não vem com esse papinho de amor. – ela apontou a arma pra ele – Você acha que eu não sei o que fizeram ontem enquanto todos dormiam?

Abaixei a cabeça encarando o chão. Por mais que ela seja uma pessoa insuportável as vezes ninguém merece ser traído. Justin se mantinha do mesmo jeito que eu.

- E o que você quer? – perguntei – Quer que eu me afaste de vocês? Eu faço isso, mas deixa eu tirar a Maddie daqui e eu sumo no mundo.

- Não Tracy, você não vai a lugar nenhum. – foi a vez de Justin se manifestar – A Maddie também é minha filha e eu já passei tempo demais longe dela, não vou me afastar dela nem que você queira.

- Sua filha? – Lucy gritou já em prantos – Ah, então quer dizer que a pivetinha é uma Bieber? – gesticulou apontando a arma pro carro e eu senti meu coração disparar – Ótimo, então eu acabo com dois coelhos em uma cajadada só. E logo não vai ter mais ninguém que me impeça de ficar com o Justin e o nosso bebê. – acariciou a barriga

Meu corpo estremeceu ao ouvir o barulho da arma sendo engatilhada e um sorriso diabólico se formou no rosto dela que secou as lágrimas com as costas da mão e apontou a arma pra mim.

- Lucy não! – Justin gritou me empurrando e pude ouvir o barulho da arma sendo disparada

Caímos no chão e eu corri até ele pra checar se ele não tinha se ferido, mas estava tudo bem. Por conta da queda eu havia me arranhado no asfalto mas nada grave.

- Tracy pega a Maddie. – ele sussurrou pra mim

Lucy estava transtornada e chorava o tempo todo, por sorte a lanchonete estava fechada e não tinha ninguém lá pra ver isso. Justin se levantou com calma e foi andando até ela. Ele conversava mantendo a calma e ela parecia desesperada. Aproveitei aquele momento e fui engatinhando até o carro, abri a porta de trás com cuidado e encontrei a Maddie presa numa cadeirinha, apesar de ser louca ela se preocupou com a segurança da minha filha.

- Oi meu amor, a mamãe tá aqui e a gente já vai embora tá bom? – tentei passar segurança pra ela que chorava

Ela apenas assentiu enquanto eu tentava abrir o sinto da cadeirinha. Mantinha meus olhos em Justin que conversava alto com Lucy e ela gesticulava com a arma ainda na mão.

- Vem! – peguei ela no colo e saí devagar dali

Caminhei lentamente com ela que soluçava em meu colo.

- Presta a atenção aqui. – a ergui um pouco no meu colo fazendo ela me olhar – Entra no carro do tio Justin e fica lá dentro, tampa os ouvidos e não saia por nada de lá. Ok?

- Tá bom.

Andei devagar pra que Lucy não me visse e quando cheguei perto do carro eu corri. A porta do lado do motorista tava aberta por isso foi mais fácil, a coloquei lá e pedi pra que ela fosse pro banco de trás e assim ela fez. Voltei até Lucy e ela ainda chorava descontroladamente e Justin falava coisas que eu não entendia por conta da distância. Quando me aproximei pude ter ciência do que falavam.

- Lucy eu juro que eu não queria ter feito aquilo. – ele estava de costas pra mim – Eu tinha bebido muito durante o jogo, e eu não sabia o que estava fazendo. Você sabe que eu te amo e essa noite com a Tracy não significou nada pra mim, eu juro.

Aquilo tinha me atingido como milhares de socos no estômago. Eu até poderia falar alguma coisa mas isso só pioraria a situação e eu prefiro deixar pra arrumar outra briga com ele depois.

- É Lucy, foi só um descuido nosso, ambos estávamos bêbados e...

- E nos arrependemos muito por isso. – Justin completou

- Eu não quero saber. Como você acha que eu me senti quando vi vocês dois transando naquele galpão? Justin, você devia ter mais respeito pela sua família.

Ela tinha visto tudo então, eis o motivo do surto.

- Vamos fazer assim, a gente sai daqui agora, vamos pra casa. E lá resolvemos isso, pode ser? – Justin perguntou e meu corpo relaxou mais quando ela guardou a arma na cintura novamente e assentiu – Você vai ficar bem? – perguntou pra mim enquanto ela encarava o chão meio que aérea

- Não se preocupa comigo, apenas com ela.

Respondi fria e voltei ao carro dele. Ele seguiu até o de Lucy com ela eu tratei logo de sair dali. Voltei até o acampamento mas não entrei lá, no meio do caminho eu parei e mandei mensagem pro Chaz.

“Peça para que Sarah arrume minhas coisas e venha me encontrar perto da placa onde diz Welcome to Bieber's camp.”

Maddie tinha apagado no banco de trás, ela tava muito assustada e seu rosto estava inchado de tanto que ela tinha chorado. Minutos depois ele respondeu.

“Todos estão preocupados, o que aconteceu?”

“Longa história, depois o Justin explica. Minhas coisas já estão prontas?”

Ele não respondeu mais. Fiquei esperando uns minutos e logo vi alguém vindo na direção do acampamento e essa pessoa não estava sozinha.

- Por que trouxe elas? – perguntei pro Chaz ao ver Pattie e Sarah

- Não tive outra escolha.

Elas fizeram um interrogatório pra saber o que tinha acontecido e a cada palavra dita por mim Pattie chorava mais por saber que o filho dela estava num carro com uma louca armada.

- E você vai ir embora assim? Do nada? –Pattie perguntou

- Não tenho mais ânimo pra ficar aqui e me sinto mais segura na minha casa. Obrigada por tudo o que fizeram mas eu tenho que ir.

- E vou com você.

- Não Sarah, eu prefiro ficar sozinha, depois te mando uma mensagem ou ligo. Mas agora eu acho melhor um tempo só pra mim e pra Maddie.

Ela assentiu compreensiva e se afastou. Entrei no carro e acenei. Pattie ainda chorava mas eu não podia fazer nada.

[...]

Já tinham se passado alguns dias e eu já tinha voltado pro meu apartamento. Pattie me visitava com frequência assim como os meninos que estavam preocupados comigo e quase toda hora ligavam pra saber se eu tava bem.

- Sim Ryan, eu to bem.

- Tem certeza? – bufei e ele entendeu como um sim – E a Maddie?

- Também. – a campainha tocou – Olha, vou ter que desligar agora. Chegou alguém aqui e eu te ligo depois. Tchau.

Desliguei e fui até a porta. Se o porteiro não avisou deveria ser alguém que eu já conheço, abri pensando ser Pattie mas me deparei com a figura de Justin ali. Ele estava de óculos, boné e ainda estava com o capuz do casaco na cabeça e isso fazia com que eu não conseguisse ver seu rosto direito.

- O que você quer aqui? – perguntei seca

- Não vai me convidar pra entrar?

- Você não é bem vindo aqui. Por isso dê a meia volta e saia daqui agora.

Tentei fechar a porta mas ele impediu.

- Qual é a sua? – empurrou com força entrando sem que eu pudesse fazer nada

- Qual é a minha? Eu é que deveria estar fazendo essa pergunta não acha?

Eu ainda estava magoada e estava com o orgulho ferido. O tempo tinha passado mas eu ainda estava triste e com raiva dele por ele ter dito que a noite comigo não significou nada pra ele.

- Justin é melhor você ir embora, cuida da sua vida que eu cuido da minha.

- Minha vida? – gritou – Minha vida tá acabada Tracy.

Ele tirou o óculos, o boné e o capuz e só aí eu pude ver os ematomas em seu rosto.

- Oh meu Deus! – coloquei a mão na boca espantada

Eu realmente não esperava por aquilo, e por mais que eu tivesse com raiva eu me preocupava com ele.

- Quem fez isso em você?

- Foram uns caras a mando do pai da Lucy. – ele abaixou a cabeça

- E ela sabe disso?

- Não.

- E o que você vai falar pra ela quando ela te ver nesse estado?

- Ela não vai. – se sentou derrotado no sofá escondendo o rosto nas mãos – Lembra na noite em que eu fui embora com ela? – assenti – Conversei com o pai dela sobre isso e ele disse um monte de coisas sobre a infância dela.

Justin’s POV

Flashback on

- Como isso foi acontecer? – ele exigia por uma resposta enquanto gritava comigo

- Isso não vem ao caso, eu só quero entender o que tem de tão importante pra me dizer que não pode falar pelo celular.

Ele respirou fundo tentando manter a calma e começou a falar.

- Quando tinha cinco anos de idade a Lucy tinha uma babá e ela passava a maior parte do tempo com ela já que eu e a mãe dela não tínhamos tempo pra ficar com ela. Ela as vezes até chamava-a de mãe. Depois de um tempo essa mulher morreu e Lucy não conseguia aceitar o fato de que tinha perdido a única pessoa na qual ela confiava e as vezes ela tinha umas crises de choro, passava horas chorando, não queria comer e sempre rejeitava qualquer babá nova.

- E o que isso tem a ver com o que aconteceu?

- Prosseguindo. – me repreendeu com o olhar – Mesmo depois de um tempo ela ainda não tinha superado isso tudo e ainda tinha crises. Na adolescência ela passou por algo parecido só que foi uma amiga da escola que teve que se mudar pra longe por conta de um câncer que ela ia tratar em outro país, e meses depois recebemos a notícia de que ela havia morrido. Lucy surtou e voltamos à estaca zero pois as crises eram piores e ela passou até a se cortar e decidimos procurar uma explicação mais aprofundada já que dizer que ela tava triste não se adequava ao estado dela na época. Ela acabou tendo que ficar internada por um tempo e logo voltou melhor mas tomando remédios controlados e indo a um grupo de apoio.

- Por que ela nunca me contou isso?

Eu tava meio confuso afinal ela nunca comentou nada disso comigo, acho que como minha mulher esse era o dever dela.

- Ela achava que você iria ignorá-la.

- E o que vamos fazer agora?

- Teremos que interná-la de novo.

- Foi apenas um surto, não tem necessidade pra isso. – contestei, isso já é exagero

- Justin ela pegou uma arma, isso já é o suficiente. Amanhã mando alguém vir busca-la pra começar o tratamento.

Ele saiu sem falar mais nada e eu cai derrotado na cadeira.

Flashback off

- E onde ela tá agora? – perguntou Tracy assustada com tudo isso

- Internada numa clínica psiquiátrica. – dizer essas palavras me doeram enquanto ela ficou paralizada

- E o que houve pra você levar uma surra dessa?

- O pai dela, ele descobriu sobre a gente Tracy. E disse que virá atrás de você também, por isso eu to aqui.