História Revenge for Alexandria - CARL GRIMES - 10. A culpa é sua!

LIA MONROE

Chegamos no depósito de materiais e eles se separaram em duplas, eu preferi seguir sozinha. Fui para um lado e comecei a olhar nas caixas e ver se tinha algo para se aproveitar.

Senti uma explosão e meu corpo acabou indo para o chão. Me levantei e tinha fumaça para todo lado. Zumbis começaram a aparecer e se aproximar de nós. Tara havia batido a cabeça e estava apagada. 

一 SOCORRO! - ouvi meu tio gritando e fiquei desesperada. 

一 Vão ajudá-lo, eu cuido dela! - Eugene disse e sai junto de Noah, Nicolas e Glenn para onde meu tio estava. 

Seguimos seus gritos e encontramos ele com um ferro atravessado em seu ombro. Corri até ele e tentei ajudá-lo.

一 Nós vamos te ajudar, fique calmo! - Glenn também se aproximou e começou a me ajudar.

一 Eles estão vindo! - Noah avisou e começou a atirar nos zumbis.

一 Não me deixem aqui! - Aiden pediu com a voz fraca.

一 Desculpa cara, é isso que nós somos... - Nicolas disse e se aproximou do ouvido do meu tio, falando alguma coisa, depois saiu correndo.

一 Não... - comecei a forçar o corpo dele mas não adiantou.

一 Vai Lia! Cuida do Spencer e da minha mãe. Se cuida também pirralha... - meu tio disse com a voz falha e deu um sorriso fraco para mim. Noah me puxou para longe e pude ver os zumbis se aproximando e começando a devorar o corpo de Aiden.

Glenn nos guiou para longe dali e chegamos até um corredor sem saída, cheio de zumbis, onde Nicolas também estava. Nós quatro corremos e ficamos presos em uma porta giratória.

O idiota do Nicolas saiu e fez com que a porta girasse, levando Noah para onde os zumbis estavam. Glenn me puxou rapidamente e nós tivemos que ficar ali vendo o garoto sendo devorado vivo. 

Quando conseguimos por fim sair, encontramos Nicolas tentando roubar a van de Eugene. O coreano foi até ele e puxou para fora do banco e começou a socar sua cara. 

一 Nós vamos voltar! E você vai me explicar que merda foi aquela lá dentro! - encarei ele assim que Glenn o largou. 一 Você abandonou ele! - empurrei Nicolas com força. 一 SEU IDIOTA! VOCÊ NEM TENTOU SALVÁ-LO! É CULPA SUA! VOCÊ DEVERIA TER MORRIDO! - comecei a dar socos no peito dele e Glenn me afastou pelo ombro.

一 Calma... Vamos embora, em casa resolvemos isso. - ele me colocou dentro da van e foi para o banco do motorista e deu partida. Abracei as minhas pernas e comecei a chorar e me lembrar de todos os momentos bons que tive ao lado do meu tio.

"Sua mamãe está bem Lia, ela foi para um lugar melhor..." 

"Ei! Esse pedaço de pizza era meu!"

"Lia Monroe, se você não me devolver esse gibi eu juro que corto todos os cabelos das suas bonecas!"

"Você me irrita de mais!"

"Sempre vou estar lá para te irritar pirralha."

"Você tem que se equilibrar em cima da moto primeiro garota!"

"Não conta para seu pai que tô te ensinando a usar uma arma!"

"Eu nem sei porque ainda insisto em querer fazer as pazes com você, sendo que vamos brigar de novo!"

(...)

Acabei cochilando durante o caminho. Quando acordei, percebi que a van já havia parado, e que tínhamos chegado em Alexandria. Sai correndo do veículo e fui até minha casa. Entrei correndo e caí ajoelhada no meio da sala, voltando a chorar. Meu pai e minha avó me olharam assustados e vieram correndo até mim.

一 Lia... o que aconteceu?! - meu pai se agachou ao meu lado e me abraçou.

一 O... ele... Meu tio morreu! - disse por fim e minha avó colocou a mão na boca chorando. 一 Eu... tentei! - meu pai me abraçou mais apertado.

一 Tudo bem querida... tudo bem... - ele me levantou e fez com que eu me sentasse no sofá. 

Expliquei para eles o que tinha acontecido e minha avó me disse que não era minha culpa. Deixei os dois em casa e sai para a varanda. Me sentei nos degraus e Carl logo apareceu e se sentou ao meu lado, ficando em silêncio.

一 Sinto muito pelo o que aconteceu... Glenn nos contou. - ele quebrou o silêncio e sorri fraco para ele. 一 Vou deixar você sozinha. - ele ia se levantar mas eu segurei em sua mão.

一 Fica! - ele me olhou surpreso. 一 Por favor... Eu me sinto bem ao seu lado. - ele se sentou de volta ao meu lado e eu deitei em seu ombro e comecei a chorar. Carl passou o braço em meu ombro e me abraçou. 

一 Vai ficar tudo bem... Eu sempre vou estar aqui. - ele disse e eu o olhei enxugando o rosto com a blusa.

一 Promete?! - perguntei e mostrei meu dedinho. Ele olhou me olhou confuso e eu sorri de lado. 一 Essa é uma forma que uso para selar minhas promessas.

一 Prometo então! - ele colocou o seu dedo ali também e sorriu para mim.

× 2 dias depois ×

Passei esses últimos dias praticamente fora da comunidade durante o dia todo. Jony e Enid tentavam me animar e me acompanhavam até fora dos muros. Carl e eu ficamos mais próximos e nos tornamos amigos.

Minha avó conversou comigo, Nicolas e Glenn, ouviu as três versões sobre aquele dia. O coreano não está conversando comigo por achar que a culpa foi dele. Encontrei ele perto do coreto e decidi ir falar com ele.

一 Glenn! - o chamei e ele parou de costas para mim. 一 Só quero te falar que a culpa não foi sua. - ele virou o corpo e me olhou com um sorriso de canto.

一 Nicolas disse para Aiden, sobre algo deles ter deixado um grupo para trás a alguns anos... sabe o que isso significa? 

"Ficamos encurralados, vários zumbis apareceram e acabaram pegando um grupo. Eu e Nicolas corremos se não também morreriamos." - a primeira noite em Alexandria veio a minha cabeça, junto da fala do meu tio.

一 Lia... - Glenn balançou a mão enfrente ao meu rosto, fazendo com que eu voltasse a realidade. 一 Está tudo bem? - ele me olhou preocupado.

一 Err... está! - sorri para ele. Olhei mais adiante e vi Nicolas perto da antiga van do meu tio, limpando a mesma. Fechei os punhos e comecei a andar em direção a ele. 一 O que aconteceu naquele dia?! - empurrei ele na lataria e fiquei com o braço em seu pescoço.

一 Q-que noite garota?! - ele me olhou assustado e ao mesmo tempo se fez de desentendido.

一 A primeira noite em que, você o Aiden e mais quatro pessoas saíram para buscar suprimentos. - ele tentou sair, mas eu pressionei meu braço com mais força em seu pescoço. Glenn se aproximou e ficou pronto para avançar, caso fosse preciso. 一 FALA LOGO NICOLAS! - gritei e ele se assustou.

一 Tá... tá bom! Eu e Aiden deixamos os quatro para morrer! - ele disse e eu arregalei os olhos surpresa com isso, mas não o soltei. 一 Ficamos presos e os zumbis apareceram. Podíamos ter salvado eles, mas Aiden quis fugir. - olhei para ele e o soltei.

一 Essas pessoas são culpa sua... o Noah foi culpa sua! - apontei o dedo na cara dele. Nicolas me escutava sem nenhuma reação. 一 Vai ter que carregar isso para sua vida. - olhei para ele de novo e comecei a me afastar. 一 Pessoas igual você deveriam estar mortas! - joguei a frase e sai andando.

一 Você está bem? - Glenn me alcançou e começou a andar ao meu lado. 一 Não falou do seu tio... por que? - parei de andar e olhei para ele.

一 Aiden morreu porque ele quis fazer graça. E ele nunca foi um santo... aquelas mortes também foram culpa dele. A maior parte é dele. - abaixei o tom de voz e desviei o olhar para o chão. 

一 Olha... me des... - Glenn começou a falar, mas eu o interrompi.

一 Não é sua culpa Glenn. Eu também tentei ajudá -lo, mas também não consegui. - olhei para ele e sorri. 一 Você é um bom rapaz... eu confio em você. - ele sorriu de lado. Me despedi dele e voltei a andar, indo até minha casa.