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História Revenge Girl - Everything comes back to you


Escrita por: MandsChan

Notas do Autor


Amorecos, Mands Noel SUPER ATRASADA!
Tava guardando esse capítulo para o Natal, mas né NÃO DEU! Queria muito presentear vocês com esse cap. super grande e com um conteúdo que vocês vem pedindo faz tempo! Antes tarde do que nunca, certo?
Não se desesperem que antes de 2018 chegar, posto mais!
Enjoy =)

Capítulo 79 - Everything comes back to you


Entramos no apartamento e todos nos olharam em absoluto silêncio. Eriol, Tomoyo e Shaoran já estavam lá e pude ver nos olhos deles um certo alívio, porém o olhar da chinesa no centro, era marejado e carregava surpresa e ressentimento.

Pude sentir meu primo enrijecer-se ao meu lado. Apertei seu braço como incentivo para que continuasse a dar passos em direção a todos.

- Mei... – Hiro quebrou o silêncio com uma voz baixa.

- Como você pôde? – Meiling respondeu entredentes.

- Eu sei que não devia, eu só...-

- No começo eu fiquei desesperada. – continuou a chinesa o interrompendo. – Admito que corri atrás de você, queria me explicar... Mas depois que todos chegaram e foram atrás de você e eu fiquei sozinha, parei para pensar: me explicar de quê? Fiz algo errado? Ou melhor, sou responsável por algo? Que eu saiba, você viu uma caixa na mesa da sala e saiu correndo, ignorando qualquer resposta que eu pudesse te dar e pior, ignorando a sua responsabilidade perante a isso tudo.

Ouch.

Ninguém nem piscava e com certeza todos sentiram, mesmo que de leve, o tapa na cara figurativo que Hiro acabara de tomar. Ele foi um irresponsável mesmo, Meiling estava completamente certa, e o pior era que ele também concordava com isso.

- Erm... Vamos indo gente, deixem eles a sós... – Tomoyo sugeriu baixinho com a voz doce de costume. Todos assentimos calmamente e quando ameaçamos nos movimentar para sair, Meiling estendeu o braço na frente do corpo, cessando nossos movimentos.

- Não. Fiquem todos! Ou não estão curiosos para ouvir o que nosso ilustríssimo Hiro tem a dizer sobre essa confusão toda? – a ironia escorria em suas palavras, da mesma maneira que Shaoran fazia quando se dirigia a mim. A acidez parecia ser de família.

- Mei, é melhor terem privacidade...

- Não Eriol, ela tem razão. O que tenho a dizer, todos vocês podem ouvir. – meu primo então olhou rapidamente para mim, como que pedindo apoio. Assenti com a cabeça em resposta e ele virou-se novamente para a chinesa, dando mais passos em sua direção. – Eu fui um idiota. – Meiling revirou os olhos.

- E?

- E eu não poderia ter surtado daquela maneira. – ele então tomou as mãos da chinesa com as suas e aproximou mais os seus corpos, olhando-a profundamente nos olhos. – Não tem justificativa sair correndo e te deixar sozinha, tomar conclusões precipitadas e sumir, preocupar a todos e te deixar para trás, tendo que enfrentar todo este momento turbulento sem o meu apoio. E por ser um imbecil, eu peço perdão. – todos assistiam a cena compenetrados, os olhos de Meiling já deixavam que as primeiras lágrimas rolassem pelo seu rosto.

- Eu nem sei se estou grávida e já me sinto tão sozinha... – ela lamentou. – E se eu estiver? Você vai fugir de novo? – meu primo passou a mão pelo rosto da chinesa, limpando uma lágrima com seu polegar.

- Eu nunca mais vou fugir, de nada. Vamos enfrentar tudo juntos. – ele deu um meio sorriso. – Não vou mentir, eu não quero ser pai, pelo menos não agora. Não me sinto maduro o suficiente ainda, para cuidar da vida de outro ser humano, que vai depender inteiramente de mim. – Meiling soltou uma risada de escárnio.

- Não se preocupe, nesse quesito, todos concordam com você. – todos demos uma risada baixa.

- Mas a questão é: se fosse para eu escolher qualquer mulher do mundo para dividir a vida comigo, construir uma família, um futuro, ter filhos... Pode ter certeza, que essa mulher incrível é você meu amor. – Meiling desabou em lágrimas e eu não pude me segurar em chorar também. Malditos hormônios.

Os dois se abraçaram longamente e enquanto isso, eu tentava me recompor, para que ninguém notasse esse meu descontrole repentino, mas é claro que alguém percebeu. Shaoran me olhou assustado, afinal eu não era uma pessoa de chorar na frente dos outros. Confesso que com a emoção tomando conta de meu peito, por um milésimo de segundo enquanto seus olhos cravavam em meu rosto, esqueci de todo o drama que estávamos vivendo e voltei a me lembrar que ele tinha me beijado no carro e nós não tínhamos mais tocado no assunto.

- E-eu ainda não vi o resultado. Vamos ver juntos? – Meiling sugeriu, separando-se do abraço. Meu primo assentiu e os dois foram para o banheiro. Começamos a nos olhar apreensivos na sala.

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Hiro gritou e veio correndo com a haste de plástico nas mãos.

- E aí? O que deu? – perguntei ansiosa.

- Eu não sei! O que esses pauzinhos significam? – reviramos os olhos. Como assim ele faz esse escândalo e nem sabe a resposta?

- Um traço negativo, dois traços positivo. – eu e Shaoran respondemos em uníssono e claro que a situação não poderia ser mais estranha. Como sabíamos disso? Será que porque fizemos dezenas destes testes nos últimos meses que vivemos juntos?

Olhei para ele rapidamente e voltei minha atenção para meu primo. Tomoyo tinha um sorrisinho irritantemente malicioso nos lábios.

- NEGATIVO! NEGATIVO! – Hiro berrou animado e pegou Meiling no colo que sorria e o abraçava fortemente.

- Não vamos ter um bebê! – ela gritou e todos começaram a rir. Eram um casal às avessas, realmente.

Tomoyo cruzou a sala rapidamente para vir cochichar algo em meu ouvido.

- Ainda bem. Imagina eu cuidar de duas grávidas? Que morte terrível. – não contive uma risada.

- Vamos comemorar! – Hiro disse correndo para a cozinha e logo voltando com várias garrafas de cerveja nas mãos. Foi passando as garrafas para cada pessoa e quando chegou na minha frente, peguei a cerveja meio sem jeito.

- Ela não. – Eriol disse rapidamente. Todos o olharam com curiosidade, mas pude perceber que Shaoran era o mais curioso de todos, estava estranhando demais todo aquele cuidado.

- Ué, e por que não? Qual é pequena, uma a mais, uma a menos... – Hiro brincou.

- E-ela não pode... Ela tá com... – Tomoyo tentava enrolar.

- Virose / Disenteria! – o casal de japoneses disse junto, confundindo a todos.

- Disenteria / Virose! – eles repetiram tentando falar a mesma coisa, mas se atrapalharam de novo.

- É virose, ou caganeira? – Meiling perguntou. Revirei os olhos.

- Nem um, nem outro. – me pronunciei por fim. – É ressaca mesmo. Bebi todas ontem e tô enjoada ainda. Um suquinho vai bem. – respondi na maior naturalidade e logo Hiro substituiu a garrafa da minha mão por um copo de suco de laranja.

- Se as esquisitices já acabaram, será que podemos brindar? – meu primo questionou. Todos assentimos e nos aproximamos um dos outros, unindo nossas bebidas no alto. – UM BRINDE A NÃO FERTILIDADE E REPRODUÇÃO HUMANA! – todos começamos a rir e bebemos um gole. De repente um perfume muito conhecido tomou conta das minhas narinas e percebi que lábios macios roçavam em minhas orelhas.

- Não pode andar sozinha, nem beber. Eu vou descobrir o que está acontecendo. – Shaoran disse num sussurro que me arrepiou até a espinha.

1 mês depois

Shaoran Narrando

- Eu nunca transei no shopping! – Hiro disse animado e novamente eu virei outro shot de vodka goela a baixo. Argh. – Ah! Qual é Li! Onde foi que você não transou?

- Eu já falei pra parar de perguntar isso. Ele tava tentando ter um filho Kinomoto e não estava economizando no processo. – Eriol disse revirando os olhos.

- Se quiser me embebedar, o caminho é esse. – e dei uma piscada para o japonês que bufou.

Estávamos reunidos na casa de Eriol passando o tempo, ou melhor, perdendo tempo porque Hiro é preguiçoso e não queria ajudar em nada. Hoje era aniversário de Tomoyo e Eriol estava organizando uma reuniãozinha surpresa para a namorada enquanto ela estava no trabalho, mas Hiro resolveu sentar a bunda no sofá e dar uma desculpa pra acabar com todas as bebidas da festa. A surpresa foi Eriol aceitar brincar de “eu nunca”.

- Minha vez agora. – disse. – Eu nunca brochei. – disse com um sorriso malicioso nos lábios. Hiro encarou-me com fúria e virou o shot bruscamente.

- Foi só uma vez! Achei que as piadas tinham acabado!

- As piadas nunca vão acabar com isso, meu caro. – Eriol deu risada. – Vamos separar os meninos dos homens agora. Quero só ver. Eu nunca traí minha namorada. – nos encaramos intensamente por segundos, ninguém aproximava a mão da bebida, até que bufei, revirei os olhos e me obriguei a sentir o gosto da vodka descer pela garganta novamente. Os dois estavam incrédulos na minha frente.

- QUÊ?

- Como você pôde?

- QUÊ? – Hiro estava aparentemente gago.

- Não dá pra acreditar numa merda dessas!

- A SAKURA NÃO MERECIA! – revirei os olhos.

- Não foi ela Kinomoto. Não foi ela. – eles me olharam confusos.

- Então foi quem? – suspirei.

- Foi... A Amanda. – um segundo de silêncio tomou a sala até que os dois explodissem em risadas escandalosas.

- Ahhhh, então quer dizer que a traidora também foi traída? – Hiro disse enquanto estava jogado no chão, gargalhando como se fosse sufocar.

- Então... Finalmente vai contar pra gente o que rolou no seu carro? – Eriol, que também ria, olhou-me sugestivo, levantando uma das sobrancelhas.

- Pera aí! Você sabe? – perguntei ao médico, indignado. Ele revirou os olhos.

- Acha mesmo que eu ia ficar sem saber? – bufei. Hiro pareceu se recompor e começou a prestar atenção na nossa conversa, enquanto enxugava as lágrimas que saíam do canto de seus olhos.

- O que é que eu tô perdendo?

- Nada demais, a não ser o fato do nosso amigo Li aqui ter agarrado a Sakura no carro dele, no dia do seu sumiço. – Eriol disse com pompa, ao mesmo tempo em que os lábios do japonês espevitado formavam um grande “O”.

- Então quando ela me achou no terraço do prédio...

- Tinha acabado de sair do maior amasso com esse aqui. – Eriol ironizou, apontando teatralmente para mim.

- Então... Vocês voltaram em segredo?! – Hiro perguntou contente.

- Que? Não! – neguei como se aquela ideia fosse absurda.  E bem, era.

- Então por que a beijou? Já não basta tudo o que ela está passando? Quer confundi-la ainda mais? – o japonês de olhos verdes iguais aos da prima começou a se alterar.

- Eu só queria calar a boca dela, tá legal? Não teve sentimento envolvido, nem nada com que precisem se preocupar. Ela estava falando merda e eu não queria mais ouvir.

- Pelo o que eu soube, a história é um tanto diferente. – Eriol me interrompeu. – Ela estava falando bem de Josh, você ficou puto e agarrou ela. Fim. – revirei os olhos.

- Acreditem no que quiser! Só digo uma coisa: não beijei sozinho, portanto a Amanda não é corna sozinha! – abri um sorriso irônico, mas Eriol continuou me olhando desafiador.

- Que eu saiba, Sakura não tem nenhum relacionamento sério com Josh, apesar da vontade dele, ela não se sente preparada para se unir tão intimamente com alguém agora. – slap. Foi o som que ouvi na minha cabeça, pois de maneira figurada, tinha tomado um tapa na cara. Como assim eles não namoravam? – Mas mesmo sem ter nada com ele, no mesmo dia ela contou toda a história para Josh, que apesar de chateado, entendeu e apreciou muito a sinceridade dela. – Eriol então aproximou-se mais de mim, me olhando tão profundamente que parecia penetrar na minha alma – E você? Contou para sua namorada? – engoli seco. – Pois é, foi o que pensei.

Um silêncio tomou conta do local e a diversão da brincadeira de minutos atrás tinha se esvaído.

- Cara. – Hiro chamou minha atenção. – Você nem consegue dormir com Amanda. Toda vez que tentou, a imagem da Sakura apareceu na sua frente e você interrompeu tudo. Já está três meses na seca. Vale à pena todo esse esforço pra ficar longe da minha prima?

Essa era a pergunta que eu me fazia todos os dias.

A mágoa que parecia tão forte e infinita, conforme o passar nos dias, ficou mais fraca que a saudade que eu sentia da minha flor. A primeira vez que a vi, depois de tudo, na porta do Times, meu coração parou. Apesar do semblante abatido, dos cabelos bagunçados, olhos baixos... Ela estava linda, como sempre. Até pensei em me aproximar e não citar nada sobre o tapa que Amanda tinha tomado, pensei em chegar perto e apenas desejar um feliz aniversário. Mas então vi que ela estava com Josh. Meu sangue ferveu e tudo foi por água a baixo.

A segunda vez que a vi, achei que estava mais linda ainda, se isso era possível. E notar que estava usando uma camiseta minha, esquentou meu coração por dentro. Fiquei realmente preocupado com toda aquela precaução que Eriol e Tomoyo estavam tendo com a sua saúde, e até tentei descobrir algo neste meio tempo, porém não consegui chegar a nenhuma conclusão, ainda.

Apesar da raiva, mágoa e tristeza aparecerem quando olho em seu rosto e lembro de todas as palavras daquele maldito caderno, não consigo me conter em sentir atração, desejo, carinho, e claro, amor, toda vez que olho este mesmo rosto.

Por isso o beijo aconteceu. Por isso, desde que nos separamos nunca dormi com Amanda. Por isso não suporto vê-la seguindo em frente com Josh.

Por isso estou tão confuso.

Os dois continuavam me encarando, esperando minha resposta. Levantei-me rapidamente e saí do apartamento de Eriol, entrando na porta da frente, o meu apartamento. Minutos depois já estava de volta e os dois continuavam na mesma posição, confusos.

- Eu não sei se vale a pena fazer todo este esforço, porém, tem algo que está me segurando, como uma âncora, e não me deixa seguir em frente. – disse jogando o fatídico caderno preto na mesinha de centro a frente deles.

- Não acredito que ainda tem isso. – Eriol disse me repreendendo enquanto Hiro começou a folhear o caderno.

- Queria que fizesse o que? Jogasse fora? Acha que jogar no lixo vai mudar alguma coisa que está escrita aí?

- Mentiras. A maioria, mentiras.

- Você não enxerga o que está na sua frente? Ela escreveu tudo isso, enganou a todos nós. Por mais que eu admita, ok, ainda não consigo tira-la da minha cabeça, eu vou conseguir! Porque é a única alternativa que tenho. – suspirei. – Minha vida não tem mais espaço para tantas mentiras. – Eriol então, engoliu seco, e naquele momento eu sabia que ele me escondia algo.

- Coração... – Hiro disse baixinho, enquanto olhava atentamente as páginas do caderno.

- Do que está falando? – o japonês ficou de pé, de repente, e começou a apontar para as linhas do caderno.

- Aqui! A prova que precisava! – aproximei-me curioso. – Os corações!

- Dá pra fazer um pouco mais de sentido? – Eriol questionou.

- Eu devia ter visto essa merda antes... Burro, burro, burro! – Hiro lamentava. – Desde pequena, Sakura criou uma mania de colocar corações nos pingos dos i’s.

- E o que isso tem a ver...-

- Cala a boca e olha. – comecei a encarar as páginas. – Veja que no começo, todos os i’s tem corações, olha, não falta nenhum. Mas do meio pro final, não tem essa constância. Tem páginas que têm, e outras não, como se ela tivesse esquecido de colocar o coração no pingo do i. – consegui identificar o que o japonês explicava, mas aquilo não fazia o menor sentido.

- Tá legal, e isso quer dizer o que afinal?

- Isso prova que é uma falsificação! A pessoa que falsificou a letra de Sakura não foi cuidadosa e se esqueceu deste detalhe em algumas páginas! – Hiro estava animadíssimo com a descoberta e eu só conseguia encará-lo indignado.

- Você realmente é maluco. – ele revirou os olhos.

- A prova está aqui na sua cara, você que não quer enxergar! – virei a cabeça em negação e bati os olho no relógio da parede.

- Outra coisa que está na minha cara é o horário. Preciso ir ao centro comprar algo pra Tomoyo antes da festa. Tchau pra vocês. – disse pegando meu casaco e me dirigindo para a porta. Peguei o caderno da mão de Hiro e passei em casa primeiro, para guarda-lo.

Mas admito. Essa história de pingos nos i’s conseguiu entrar na minha cabeça.

Sakura Narrando

- Não acredito que está fazendo as primeiras compras do bebê sem mim! – Tomoyo exclamava do outro lado da linha.

- Eu só estava aqui no centro comprando umas coisinhas...-

- Meu presente de aniversário. – revirei os olhos.

- Tá bom, seu presente de aniversário! Passei na frente de uma loja de bebês e não resisti.

- Você é uma traidora. Como faz uma coisa dessas no meu aniversário?

- Para de drama! Comprei cada coisa linda, quero te mostrar logo! – ouvi um gritinho do outro lado da linha.

- Tá legal, você venceu. Espero que não seja tudo laranja. Só porque ainda não sabe o sexo do bebê ele não precisa se vestir com essa cor horrorosa. – dei uma risada alta chamando a atenção das pessoas que passavam por mim na rua. - Só me diz uma coisinha. Que roupa tá usando hoje? – revirei os olhos.

- Tomy...

- Qual é, não te dei um banho de loja pra você continuar usando aquelas coisas largonas que mais parecem sacos!

- Você sabe que ninguém pode saber da gravidez.

- Deixa eu perguntar, tá com alguém aí? Ou tá sozinha?

- Sozinha.

- Então pronto, ninguém vai ver! – soltei um sorrisinho.

- Só pra sua informação, tô usando o vestidinho listrado que me deu...

- Ah! Ele fica tão lindo, marca bem a barriguinha!

- Mas... Com um casaco por cima!

- A Sakur-

- Beijo, tchau! – e desliguei. Caso contrário, ela ia me convencer que eu estava errada, pois com Tomoyo Daidouji, você nunca tem razão.

O mês de junho era sempre brindado com dias quentes, já que o verão se aproximava. Aquele vestido que Tomy tinha me dado era realmente confortável e arejado, o casaco que vestia por cima estava me dando um certo calor, mas não queria tirá-lo. E se encontrasse alguém na rua? Como explicar? Desabotoei os botões mostrando levemente minha barriga, que não estava tão grande, mas já era perceptível. Para tapá-la, comecei a carregar as várias sacolas de compras na frente do meu corpo.

Passando pelo meio de uma praça arborizada, a brisa fina do final da primavera se aliou a uma melodia de violão que chamou a minha atenção. Era um jovem rapaz, com um violão e a caixa do instrumento aberta a sua frente, tocando por dinheiro. Logo sua doce voz acompanhou a música e eu congelei com a letra que foi cantada.

“Waking up to kiss you and nobody's there

The smell of your perfume still stuck in the air

It's hard”

Aquela música... A música do meu noivado. A que dancei com Shaoran depois que recebi o anel. A música que ele prometeu dançar comigo todas as vezes que a escutássemos, para relembrarmos da felicidade que sentimos naquele dia.

“Yesterday I thought I saw your shadow running round

It's funny how things never change in this old town

So far from the stars”

Lágrimas começaram a se formar em meus olhos, enquanto eu estava ali, agarrada em minhas sacolas, completamente congelada no meio da praça, ouvindo aquela melodia e me perdendo em lembranças. Fechei meus olhos tentando conter a ardência neles e respirei fundo. Aquilo não era possível. Minha imaginação era assim tão fértil? Como poderia estar sentindo o perfume dele invadir minhas narinas?

- Dance comigo. – a voz rouca de Shaoran invadiu meus ouvidos e eu arregalei os olhos rapidamente.

“And I want to tell you everything

The words I never got to say the first time around

And I remember everything

From when we were the children playing in this fairground

Wish I was there with you now”

- O que está fazendo aqui? – perguntei incrédula ao vê-lo tão perto, tão repentinamente. Agarrei-me mais as minhas sacolas.

- Apenas... Cumprindo uma promessa. – ele disse pegando as sacolas de minhas mãos e jogando-as no chão, sem tirar seus olhos dos meus.

- Achei que também tinha prometido me amar pra sempre. – disse melancólica, enquanto me deixava ser puxada por ele para uma dança. Shao colocou meus braços ao redor de seu pescoço e se apossou de minha cintura, mas eu não permiti que nossos corpos se encostassem.

- E quem disse que eu também não estou cumprindo essa promessa? – ele cochichou em meus ouvidos.

“If the whole world was watching I'd still dance with you

Drive highways and byways to be there with you

Over and over the only truth

Everything comes back to you”

Ele me guiava por uma verdadeira dança das lembranças. A cada giro, cada passo, minha mente era inundada de recordações dos nossos momentos juntos, tanto os bons, quanto os ruins.

“I saw that you moved on with someone new

In the pub that we met he's got his arms around you

It's so hard

So hard”

- So hard. – eu disse baixinho, mas tendo certeza de que ele escutou. Era realmente muito difícil vê-lo seguindo em frente com outra pessoa, ainda mais esta pessoa sendo Amanda.

- Eu sei. – ele concordou e por um segundo pensei que ele se referia a Josh. Ele ainda pensa que temos algo, nunca neguei o relacionamento que não temos.

“As if the whole world was watching I'd still dance with you

Drive highways and byways to be there with you

Over and over the only truth

Everything comes back to you

You still make me nervous when you walk in the room

Them butterflies they come alive when I'm next to you

Over and over the only truth

Everything comes back to you”

Só estávamos eu, ele e o músico na praça, mas eu só enxergava nós dois. Apesar de estar completamente entregue ao momento, ainda conseguia me conter e não permitir que meu corpo encostasse totalmente com o dele, ele perceberia minha barriga que estava maior que um mês atrás.

Shao então passou a mão pelo meu rosto, afagando meus cabelos e olhando-me profundamente nos olhos.

- And I know that it's wrong, that I can't move on, but there's something about you... – ele cantou aproximando seu rosto do meu e colando a ponta de nossos narizes.

Não resisti.

Beijei-o.

“If the whole world was watching I'd still dance with you

Drive highways and byways to be there with you

Over and over the only truth

Everything comes back to you”

Toda aquela distância segura entre nossos corpos foi pro espaço e o agarrei tão fortemente que parecia querer nos unir em um só. Suas mãos ávidas acariciavam minhas costas e cintura, enquanto eu emaranhava meus dedos em seu cabelo.

Aquele beijo estava sendo melhor que o último que trocamos em seu carro. Não sei se é porque não estávamos discutindo, e sim, dançando, ainda mais esta música cheia de significados... Ele só era melhor, mais completo, mais gostoso.

“You still make me nervous when you walk in the room

Them butterflies they come alive when I'm next to you

Over and over the only truth”

Shaoran então colocou as mãos para dentro de meu casaco e seus polegares apoiaram-se na minha barriga, acariciando-a. Um frio então percorreu a minha espinha com o seu toque e o estranho foi que ele também pareceu ser atingido pelo meu calafrio, já que separou o beijo abruptamente.

“Everything comes back to you”

Shao então encarou-me mais uma vez fundo nos olhos, antes de se afastar um pouco e encarar minha barriga. Seus olhos então passaram pelas minhas sacolas no chão e pude perceber que demoraram um pouco mais na embalagem “Dressing babies”. Suas mãos então foram para as bordas de meu casaco, abrindo-o completamente e revelando minha gravidez.

- I-Isso não pode ser... Você está...

“Everything comes back to you”

- Grávida. – respondi séria, encarando-a apreensiva.

Os últimos acordes foram tocados e a música terminou.

O silêncio tomou a praça e tudo o que eu conseguia ouvir eram as batidas fortes de meu coração.


Notas Finais


Finalmente! <3
E aí? O que acharam?


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