História Right Choice Forever - Isso tudo é sobre você, é tudo em volta de você!

Sorri feito uma garotinha boba para o loiro ao meu lado, deixando o garoto também ao meu lado, mas esse moreno, totalmente sem graça. Olhei de volta para o cardápio tentando me lembrar do pedido que havia feito.

– Eu disse que vou querer uma macarronada a bolonhesa, com queijo fresco em cima, de sobremesa uma mousse de maracujá e para beber um vinho tinto. – Falei tudo o que havia me atraído no cardápio, mas desta vez devagar, não consigo esconder a vergonha que sinto deixando minhas bochechas ganhando um certo rubor.

– Certo. E você? – Sei Que Justin tem um incômodo ao ver outro cara comigo, outro cara que não seja Jay... Ou talvez ele.

– Eu vou querer o mesmo que a minha acompanhante, por favor.

– Tudo bem, já volto. – Antes de sair senti seu olhar percorrer por todo o meu corpo, olhei para seu rosto fazendo com que os nossos olhares se encontrassem. Seu corpo sofreu por um solavanco levando todo o seu eu para frente.

– Tem alguma coisa que você queira me contar, Sel? – Já se tornou tão constante ouvir as pessoas me chamando de Sel que eu nem me importo mais.

– Não. - não sou grossa, só sou direta o suficiente.

– Se precisar conversar comigo, sobre qualquer coi... – Cortei sua frase

– Eu não preciso, ele é só um amigo meu, não temos nada e provavelmente nunca vamos ter.

– Você acha que eu sou uma pedra no caminho de vocês? – Dou risada da sua forma de pensar, vejo seu corpo se aproximar mais da mesa e do meu corpo. Eu não acho que ele é uma “pedra” no caminho meu e do Justin, nós nem temos um caminho.

– Você não está atrapalhando em nada. – Sorrio tentando confortar seu acanhamento um tanto recíproco. Chego perto do seu rosto e ficamos perigosamente perto. – Eu estou em outra, tá legal?

– Tá ótimo. – Mais um sorriso nosso antes de sentir seus lábios molhados colados nos meus tão pouco diferente, me afundo mais no beijo me deixando levar a uma sensação profunda, diferente do que eu sentia quando estava com Jay. Nos separamos quando ouvimos alguém chamar meu nome.

– Está aqui, bom ape... – Sua voz falhou quando viu a nossa situação, voltou a tona tudo o que fiz com ele aquele dia na escola, me sinto um ser humano horrível. – É... me desculpem por atrapalhar, bom apetite. – Depois de falar colocou os pratos todos em cima da mesa.

– Obrigada. – Respondi em agradecimento,  e dessa vez foquei somente no prato que estava a minha frente.

– E de novo o clima ficou tenso, não quer mesmo me contar o que tem entre vocês dois?

– Não há nada entre nós dois Gregg, não se preocupe com isso.



           Sinto o cobertor que protegia o meu corpo do frio ser tirado bruscamente de lá, ouço as cortinas da sacada serem abertas e a claridade entrar nas minhas escleróticas incomodando externa e internamente os meus olhos. Sento o meu corpo e bocejo, vejo a mulher parada na minha frente.

– O que é? – Olho para as suas mãos e depois para ela, olho de novo para as suas mãos colocando no meu sub consciente que o que eu estou vendo não é algo da minha imaginação. – Não, não, não, não. MÃE! – Dou pulos em cima da minha cama não conseguindo parar de sorrir. – AI MEU DEUS VOCÊ ME DEU UM CARRO. – Ela arremessa a chave na minha direção e eu observo o desenho tentando decifrar a marca. – É uma mercedes, você é literalmente a melhor mãe do mundo todo. – Esbravejo mas eu não vejo sua feição mudar, sempre séria, ela não sorriu em nenhum momento pela minha felicidade.

– Eu fico contente que esteja feliz, mas tudo tem um preço querida. – Toda  a minha felicidade vai embora quando a ouço falar disso.

– Eu, não entendi.

– Vai ter mais presentes como estes se você nunca mais falar com Justin. Ontem vocês dois conversaram e eu disse que não queria mais isso. – Minha garganta incha e meus olhos ficam marejados, não só por Justin, mas por ela estar me comprando.

– Mas mãe,  você não pode simplesmente me comprar. – Digo sincera recebendo um olhar de pena, as vezes eu só queria ser uma pessoa normal, sem regras, sem ser superficial. Eu não queria ser mandada por uma mulher horrível que hoje eu chamei de melhor mãe do mundo. – Eu não conversei com Justin, quem te disse isso? – Seu olhar desce para baixo tentando conter os nomes. Solto uma risada seca que me machuca por dentro. – Gregg? Foi ele não foi?

– Eu só quero o seu bem filha, quero o nosso bem.

– Meu bem? Nosso bem? Isso tudo é sobre você, é tudo em volta de você!

– CHEGA! Você não vai mais falar com ele. Não vai chegar perto dele, não quero saber se vocês só conversam sobre matéria, não chegue perto desse garoto.

– Tá! – Tentei segurar a minha ironia e falhei, mas graças aos deuses ela não me ouviu.

Entrei dentro do chuveiro tomando um banho rápido para não me atrasar para a aula. Sai enrolada na toalha me olhando no espelho, peguei meu secador, separei mecha por mecha e fui secando. Troquei de roupa e desci as escadas.

Peguei uma maçã na fruteira e sentei na cadeira. Observei minha mãe tentando fazer panquecas e falhando, se fossemos uma família unida eu estaria rindo e a ajudando. Mas como não somos, eu só fiquei a olhando até ela desistir.

– Parece que eu não sirvo para essas coisas. – Ela fala e se senta a minha frente na mesa, não respondo. Levanto da cadeira pego as chaves e anda em direção a porta. – Me ignorar não vai ser a solução dos seus problemas.

– Eu sei. – Passo pela porta e a bato com força sentido toda a extremidade tremer.

Destravo a Mercedes preta estacionada em frente a minha casa, abro a porta sentindo o cheiro de carro novo e sorrio, mesmo sabendo que não é certo.

Estaciono no meu carro na vaga disponível. Saio dele e ando em direção a entrada colocando as chaves no meu sutiã tentando ser o mais discreta possível.

Chaz e Chris estão na entrada, paro para os cumprimentar, uma coisa que de certo eu nunca faria, mas quero conversar com Justin. Mesmo com minha mãe me proibindo.

– Oi. – Me acanho em dizer.

– Selena! – Chaz afirma.

– Gomez! – Chris também afirma, uma cena bem engraçada.

– Em carne e osso, como estão? – Pergunto tentando parecer o mais normal possível.

– Bem. – Eles se entreolharam. – E você?

– Melhor impossível, sabem onde está Justin?

– Atrás de você,  olhe. – Ele diz e eu me viro vendo Justin andando calmamente com algumas garotas o olhando como se fosse a oitava maravilha do mundo.

– Algo de errado aqui? – Ele pergunta quando me vê ao lado dos seus fiéis companheiros.

– Tudo mais certo que gelatina. – Respondo e ouço a risada de ambas as partes.

– Concreto.

– O que?

– O certo é “ tudo mais concreto que gelatina” – Me avisa me deixando sem graça, e talvez com as bochechas ruborizadas.

– Enfim, eu estava te procurando. – Mudo o assunto, seus amigos fazem um sinal estranho com as mãos e saem das minhas vistas.

– Vi que comprou um carro! – Diz apontando para o lugar que minha Mercedes está estacionada. – É linda. – Não deveria mas fiquei envergonhada com seu comentário. 

– Oh, obrigada. – Ele desvia o olhar do carro para o meu rosto, foi uma situação um tanto cômica, eu achei que ele tivesse falado de mim, não do carro. – Ah sim, o carro, obrigada.

             – Você também é. – Ri e comecei a caminhar para dentro da escola. – Muito linda.

– Foi minha mãe quem me deu, mas como ela diz, tudo sempre tem um preço.

– Ela te deu o carro e em troca...? – Ele deixou a frase no ar.

– Tenho que parar de falar com uma pessoa. – Reviro os meus olhos lembrando da nossa conversa de mais cedo.

– Jay? – Anuo com a cabeça, deixando evidente que não é de Jay que tenho de manter distância. – Hailey? – Ano novamente. – Eu? Tem que parar de falar comigo?– Fiquei em silêncio

             – Eu sinto muito, Justin.

– Mas, por que? – Não sei o que responder para não deixar ele magoado.

– Ela só é uma péssima mãe, e eu uma péssima filha, pois não vou obedecer ela.

– Não sei se é bom ou ruim ela não gostar de mim. – Enlaço o seu braço no meu e rio.

– A partir de agora você será o meu melhor amigo gay. – Ele se engasga depois de ouvir a minha afirmação.

             – Mas eu não sou gay.

– Não me importo, agora irei te tratar como um. – Sua risada baixa e rouca invade meus ouvidos me deixando um pouco mais alegre do que eu estava antes. – Então, melhor amigo gay, você teria coragem de fugir? 

          – Hoje eu não estou afim de matar aula.  – Sua inocência me causa risos, não sei quantas vezes já sorri sem ele perceber nesta manhã.

– Fugir de verdade, comigo.

– Não daria certo, você sabe, eu amo meus pais. – Meu sorriso murcha tão rápido  quanto a maneira que a Ashley chega até nós.

A vontade de fugir deste lugar está na minha mente há dias, e eu realmente não sei se é uma boa ideia. Apesar de eu não estar mais suportando a presença da minha mãe na mesma casa que eu.

– Selena, precisamos conversar. – Sua voz meiguinha chega fluindo no ar, ela desce os seus olhos no meu braço grudado com o meu novo melhor amigo e sorri ainda mais. – O que significa isso?

– Dois braços encaixados, eu normalmente faço isso com você.

            – Tudo bem, talvez hoje você não esteja em um dos seus melhores dias.

          Olho para a loira reparando na roupa que ela usa hoje, é sempre algo chamativo, não que eu ache ela vulgar, mas ela sempre está querendo atenção, como se as vezes nós estivéssemos competindo sobre algo. Mas nunca estamos.

Puxo seu braço magrelo junto ao meu e os grupo também recebendo um sorriso em troca. Conversamos sobre assuntos aleatórios até chegarmos na escada da escola. Toda a atenção está voltada para nós, eles olham para Ashley, outrora pra mim, mas na maioria das vezes para Justin.

– Selena. – Ouço sua voz como um sussurro atrás de mim e me viro para o olhar, ele parece preocupado o que acaba me preocupando também. – Ele está nos olhando. – Olho para o lugar que ele olha e vejo Jay olhando nós dois de uma forma nada contente. Sinto seu braço tentar ser tirado de mim mas eu impeço.

– Não se atreva a fazer isso, ele vai pensar que você tem medo dele, você não tem, certo? – Ele anui com a cabeça e volta a participar do que conversamos, eu, ele e Ash.



             – Você tem certeza de que quer que eu vá ? – Pergunto para ter certeza.

– Sim, se você não for eu ficarei sozinho, e nós somos amigos gays. – Dou risada da sua forma de pensar, ele é igual a mim.

– Tudo bem, qual desses é seu carro? – Pergunto.

– Carro? Oh não, eu tenho uma moto velha. – Sorrio ainda mais por ele ter vergonha de dizer isso a mim.

– Eu amo motos.

Sigo seus passos até onde ele estacionou sua moto, aos poucos vou me lembrando de já ter estado aqui hoje mais cedo. Droga, meu carro.

– Justin, mas e meu carro? Não vai dar, eu sinto muito. – Como se tivesse suas falas gravadas em sua cabeça ele me responde:

– Confie em mim, e dará tudo certo. Você confia?

– Sim. – Respondo olhando seus olhos castanhos claros, talvez eu esteja hipnotizada por eles.

– Certo, me dê as chaves. – Anuo em um gesto rápido. – Vamos Selena, eu não irei roubar você. – “Tudo Bem” penso, enfio a mão dentro do meu sutiã e pego as chaves um tanto mornas, entrego para ele. – Até as cinco ele estará estacionado na sua garagem. Vem, vamos.

Sentei  na garupa de sua moto enquanto arrumava meus cabelos no capacete.

Ele pegou nas minhas mãos e as colocou na sua cintura, me monitorando, já que eu nunca montei em uma.

Começamos a andar e eu senti uma ótima adrenalina apossar meu corpo, quanto mais rápido ele ia, mais eu gostava e mais minha barriga gelava, apertei sua barriga com ambas as mãos quando descemos uma rua. E até agora, passando por isso tudo, eu não acredito que aceitei ir a casa de Justin em um jantar de família.




   Ora, vamos, ora, vamos
Não sonhe que é o fim
Ora, vamos, ora, vamos
Quando o mundo interfere
Eles vêm, eles vêm
Levantar um muro entre nós
  Sabemos que eles não ganharão - Don't Dream It's Over