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História Rising Tide - Culpa


Escrita por: Orbis

Notas do Autor


Gente, a minha internet odeia vocês HUEHUEHEUHEUHE' sério.
Eu respondi aos comentários ontem de madrugada, né? Então, até falei pra algumas leitoras "postarei daqui a pouco" pois isso era o que eu planejava, postar assim que terminasse de responder a todos os comentários, e assim que o fiz... A internet caiu e só voltou agora. #choremos. Parece até pegadinha do meu servidor, vou até ligar pra central daqui a pouco e xingar uns caralhos. Opa, enfim...
Trouxe o capítulo 13, UHUL!
ESSE CAPÍTULO É DEDICADO À ~Videsa, PELO SEU ANIVERSÁRIO QUE É HOJE! FELIZ ANIVERSÁRIO! <3
Boa leitura, cheirosas! <3 ^^

Capítulo 13 - Culpa


CULPA

 

POV Rapunzel

Minutos antes do início da primeira aula, eu seguia em direção ao meu armário a passos lentos enquanto dava uma última checada no meu portfólio.

Ia verificando as três planilhas – com os trabalhos que eu iria apresentar na próxima aula – quando senti uma pressão em meu braço, me puxando para o corredor ao lado.

Arquejei devido ao susto. A pessoa – que logo concluí ser alguém bem forte pela intensidade com a qual me puxara – pressionou-me contra a parede, me segurando pelos antebraços.

- Mas o que é isso? Quer me matar de susto?! – vociferei, com o coração a pulos.

- Essa é a intenção. – ele murmurou baixo e tão próximo que senti sua respiração em meus lábios.

Flynn parecia tentar conter o cenho franzido, estreitando os olhos castanhos. Se eu o conhecesse bem, diria que estava bravo.

- O que é agora? – fiz-me de desentendida, arqueando uma sobrancelha.

- Seja sincera. Eu fiz alguma coisa pra você? – indagou ele e foi aí que não entendi mais nada.

- Era só o que me faltava, fui abordada por um louco, fazendo comentários sem o menor cabimento. – falei pra mim mesma.

- Rapunzel, não testa minha paciência.

- Mas eu não sei do que você está falando!

- Eu tenho plena certeza de que nunca estraguei sequer um esquema seu, ainda que tenha cogitado. – sua última sentença me deixou pensativa, mas não tive tempo de provoca-lo. – Porque, sendo bem franco, sou adepto a ideia de não fazer com os outros o que não gostaria que fizesse comigo.

Eu achava que seria impossível presenciar Flynn mais sério do que ele sempre é. Mas estava acontecendo.

Aos poucos, fui repassando todas as merdas que fiz na vida, tentando saber onde eu me encaixava nesse discurso dele. Mas, realmente, continuei sem entender nada.

- Fred, você não é esfinge pra ficar lançando enigmas. Explica isso ou reformula!

- Ruffnut Thorston. – ele falou no mesmo instante. – Reformulei o suficiente pra você agora?

Tudo fez sentido no mesmo segundo.

Ruffnut não havia revelado a identidade do phoenix por quem ela estava apaixonada, mas é inacreditavelmente desconcertante a forma como deixei isso passar pelo meu radar.

Eu deveria ter suspeitado, principalmente levando em consideração suas alegações sobre o, até então, rapaz misterioso: a voz provocadora com a qual ele a seduzia, o sorriso perverso e sacana, o olhar meticuloso e intenso quando ele a encarava, suas provocações excitantes, a pegada certeira, a forma calculista com a qual ele a induzia a querer sempre mais. Isso tudo soava tão Flynn Rider.

Fora que tenho uma memória péssima, que vez ou outra se faz presente em lampejos – como agora, por exemplo. Recordei-me que a moça no The House que pagara uma bebida para ele era Ruff e que também, no mesmo dia, ela estava no camarote dos phoenix beijando uma outra moça depois de Flynn sair do bar para resolver uns assuntos, no entanto, sem dar-lhe a devida atenção.

Santa Rihanna Fenty. Estava tudo na minha cara, como não enxerguei?

Eu não sabia que se tratava dele – fiz tudo pelo bem de Ruff. Mas não posso negar que sinto uma satisfação cruel em saber disso. Foi como acertar dois coelhos com uma cajadada só – ajudei Ruff a abrir os olhos e acabei com um dos inúmeros esquemas de Flynn.

Eu não deveria estar satisfeita, mas estou. Af.

- Olha, não estou entendendo o porquê dessa sua reação exagerada. Era uma entre mil contatinhos teu, então menos, Fred.

Ele deu aquele sorriso de quem pretende fazer as coisas mais sórdidas. Por dentro, senti um medinho. Por fora, ergui ambas as sobrancelhas numa calma irônica.

- Sabe o seu lance com o Mike? – minha calma irônica se desfez na mesma hora e eu desviei o olhar, sem jeito. – Pois é, eu tô bem ciente. Mantive distância, porque não é da minha conta. Mas agora, Punzie, você acabou de mudar essa condição.

- Você tá louco?!

- Eu sou louco, Rapunzel. – murmurou firme, bem próximo ao meu rosto, fazendo-me estremecer com o comentário, mas só por dentro. Por fora, mantive o rosto indiferente. – Principalmente quando conseguem me irritar

- Mas eu não fiz de propósito!

- Não insulte a minha inteligência. – expôs com os olhos em fendas.

- Se você sequer tem uma inteligência a ser insultada, deveria imaginar que eu não ganharia nada estragando o seu esquema com Ruffnut, Fred, principalmente se isso significa ter meu lance com Mike na sua mira. – ele ergueu o queixo, ainda me encarando com desconfiança. – Eu não fiz de propósito. – firmei mais uma vez. – Eu nem sabia que era você o “moreno gostoso” a quem ela tanto se referia. – ele não pareceu surpreso ou lisonjeado com o comentário, na verdade, parecia acostumado e indiferente.

- Mesmo sabendo que era ela quem me mandara o shot no The House? – arqueou uma sobrancelha.

- E-eu lembrei disso bem depois de tê-la aconselhado, ok? – tentei disfarçar a falha imprevisível na minha voz. – Tenho péssima memória, fazer o que.

Ele suspirou, afrouxando o aperto em meus braços e se afastando minimamente.

- É inegavelmente difícil acreditar em você agora. – embora sua voz estivesse mais calma, não estava menos séria.

- Fred, faz favor, eu não tenho que te dar satisfações. – ele crispou os olhos castanhos. – Tudo o que fiz foi em prol de Ruff. Meu objetivo era ao menos tentar fazê-la se valorizar, a garota corria atrás de você que nem Merida corre atrás de Anna com o último cupcake da cantina.

- Espera aí. – ele piscou algumas vezes. – Agora sou eu quem está confuso.

- Não faz o sonso, fofo.

- Explique.

Revirei os olhos. – Eu não tô entendendo você hoje. – expus, exasperada, o que não o afetou em absolutamente nada. Ele mantinha o olhar calmo, as sobrancelhas erguidas, apenas esperando. Dei um suspiro em desagrado. – Pare de fingir que não iludia a moça, isso é vil até mesmo pra você.

- Opa, vamos com calma que eu não estou entendendo mais porra nenhuma. – ele afirmou de repente. – Ruffnut disse que eu iludia ela?

A forma como ele se indignou tão profundamente sugeria que eu havia falado merda. Levei longos segundos para responder.

- Ela não disse... – dei um sorriso amarelo. – Mas eu presumi.

Ele riu sem humor, me soltando no mesmo instante e cruzando os braços.

- Típico.

- Nem vem. Você esperava o que? Ela estava apaixonada e você dando esperanças!

- Primeiro que eu nem sabia que ela sentia algo tão sério, porra. A gente só estava transando!

- Poupe-me dos detalhes sórdidos. – revirei os olhos, irritada.

- E segundo, eu nunca dei esperanças a ela. – ele gesticulava exasperado ao dizer. Ai, droga. Estou quase acreditando, só que não. – Se tem uma coisa que eu sempre deixei claro a todas é que eu realmente não quero esse tipo de relação.

Cruzei os braços, dando de ombros. – Bom, é a sua palavra contra a dela.

- Mas não há palavra dela, afinal, você presumiu tudo. – seu tom era de acusação. Me senti acuada por meio segundo, desviando o olhar, sem jeito. – Tirou conclusões precipitadas e com base em quê?

- Na fama que você tem.

- Oh, sério? – ele sorriu, sem humor.

Não gostei do seu deboche. Eu sou a debochada aqui, não ele. Grr! O miserável conseguia ser um tesão até debochando da minha cara.

Espera aí, quê?

- Como eu esperava, se baseou em nada. Engraçado que quando fiz o mesmo com você, ficou ofendida por semanas. Mas tô satisfeito em ficar ciente do seu conceito sobre mim. – ele deu de ombros. – Se quer saber, nem me surpreende. Mas me ofende pra caralho. Eu sou sujeito homem, Rapunzel. Não preciso fingir para conseguir o que quero.

- Sua reputação diz o contrário. – mantive-me firme ao dizer, mas minha voz era um murmuro incerto.

- Você não sabe de nada, pelo visto. – retrucou na mesma hora, aproximando-se sem me tocar, os olhos fixos nos meus. – Eu não sou considerado um filho da puta por mentir. Sou considerado um filho da puta por falar a verdade.

Eu sentia uma desconfortável vergonha a cada palavra dele, vendo-me culpada por tê-lo julgado dessa forma. Não sou assim, mas principalmente, queria a todo custo acreditar que estava certa.

Tudo o que fiz foi aconselhar Ruff a se valorizar e enxergar que não merecia migalhas. Mas parando pra pensar, em nenhum momento ela mencionou nada que ele pudesse dizer que a daria esperanças. Até chegara a afirmar que tinha certeza que ele não queria nada com ela, pois o próprio havia dito, mas que não conseguia deixar de querê-lo.

Mas... eu tinha certeza.

Sua idiota, tu não tinha certeza de nada. Você queria que fosse verdade, porque certamente seria mais fácil odiá-lo se fosse verdade.

- Me irrita o fato de eu precisar te agradecer. – ele murmurou, visivelmente a contragosto. Seus olhos estavam escuros e sua voz muito séria. Ele fitou minha boca, mas logo desviou para os meus olhos novamente. Eu não tinha voz e me vi surpresa até ele continuar. – Obrigado por tê-la feito desencanar. Foi um favor que você me fez.

Pisquei seguidas vezes, sem entender, preparando-me para xinga-lo.

- Como é que é, Fred?!

- Gosto de Ruff como pessoa e faço uma ideia do quão doloroso é ter sentimentos por alguém como eu. Não desejo isso a ela.

Minha cara foi ao chão.

Toda a irritação e xingamentos iminentes voltaram para dentro do meu estoque. Eu realmente imaginei que ele insinuaria que a afeição de Ruff era um fardo. Meu Deus.  Mais uma vez me vi drasticamente equivocada a seu respeito.

Ele não pareceu notar, ou ao menos fingiu não ter percebido, meu constrangimento. Ajeitei os cabelos para disfarçar e ergui o queixo.

- Disponha. – falei por fim.

Eu tentava engolir meu orgulho, na esperança de liberar um esforçado “me desculpe”. Mas simplesmente, travou na minha garganta.

De qualquer forma, ele não permitiu que eu falasse mais nada.

Flynn segurou um de meus braços e me puxou para perto repentinamente, fazendo com que meu corpo fosse de encontro ao seu. Arquejei, me apoiando em seu peito e fitando seus olhos, atordoada.

Ele estava ainda mais sério. Com os olhos em fendas, encarava minha feição pasma, sem esboçar um pingo de sensibilidade. Seu olhar era intimidador e o castanho das suas írises parecia ainda mais escuro.

Quando falou, falou baixo, rouco e com um tom ameaçador que por um momento fez minhas pernas tremerem.

- Nosso assunto ainda não acabou, Rapunzel.

Mais uma vez, encarou minha boca com intensidade, semicerrando os lábios antes de se afastar repentinamente, seguindo rumo ao corredor a passos firmes, tomando distância tão rápido que por um momento até cogitei ter imaginado sua presença tão próxima.

Mas o calor que eu sentia e a fina camada de suor sobre as maçãs de meu rosto deixava claro que a situação de agora pouco havia sido real.

Eu estava me sentindo mal, ainda que me doesse admitir. Estava chateada comigo mesma por tê-lo julgado de forma tão injusta.

E também, não podia negar que me vi espantada por presencia-lo fazendo tanta questão assim de um esquema seu. Me senti surpresa e mais um outro sentimento desagradável que não sei rotular.

No entanto, não me arrependo do que fiz pela Ruff – meu conselho seria o mesmo, independente de quem fosse o cara.

Mas, ok... acabei acreditando demais em disse-me-disse e me tornei o que mais desprezei: leitores de site de fofocas que saem acreditando em tudo o que lê sem buscar saber da veracidade do assunto.

E pensar que já passei por isso – digo, ser julgada pelo que dizem a meu respeito por pessoas que sequer me conhecem.

Percebi estar terrivelmente desapontada comigo mesma.

- Ei... – ouvi alguém chamar e torci internamente para que não fosse Flynn. Eu estava envergonhada demais para encara-lo mais uma vez. Olhei para trás lentamente, não sem antes suspirar. – Pensei que só fosse te ver no intervalo, acho que estou com sorte.

Era Mike, que aproximava-se enquanto sorria para mim.

- Oi, gato... – dei um sorrisinho forçado.

Mike já estava bem próximo. Enlaçou minha cintura com as mãos, me puxando para um abraço. Sorri com o gesto e retribui.

- Eu quero te fazer um convite... – ele começou, me fitando.

- Um convite?

- Sim, para uma festa.

- Ok, venha. Vamos conversar lá fora.

O puxei pelo braço, procurando ir para o pátio para tomar um ar, e Mike veio sem relutâncias.

Ele falava distraidamente algo comigo, enquanto eu não prestava atenção, incapaz de tirar Flynn da minha cabeça e a forma como fui injusta com ele.  

Na verdade, eu não queria admitir que o que mais me deixara nervosa nessa situação toda foi sua última frase.

“Nosso assunto ainda não acabou, Rapunzel.”

 

POV Elsa

Respirei fundo e sacudi a cabeça afim de afastar pensamento relacionados a Jack. Era o que mais me preocupava no momento.

Por enquanto, ao que parece, ele não se descuidou com o meu segredo, mas isso poderia mudar partir do dia da festa, caso eu não desse o que ele precisava – e eu sei bem do que se trata.

Mas que homenzinho desgraçado, viu?

Ele poderia até ter me colocado numa saia justa, mas eu não iria permitir que ele roubasse todo o meu foco durante a semana, se tornando o motivo de meus pensamentos. Não mesmo!

Passando pelo corredor para seguir rumo à sala da minha primeira aula, notei o coordenador Hans folheando umas páginas de um livro de anatomia ao lado de uma moça mais ou menos da minha estatura. Parecia estar terminando de ajudá-la a sanar uma dúvida e, a julgar pela expressão dela, ele havia explicado bem. Ele deu dois tapinhas leves em suas costas e lhe dirigiu um sorriso amável antes da garota agradecer e sair.

A moça já estava indo embora quando ele desviou seu olhar e pousou-o em mim, flagrando-me. Seu sorriso se abriu ainda mais e então ele retirou os óculos de leitura, dobrando-os na gola de sua camisa polo.

- Srta. Snow, a tempos não paramos para conversar. – disse ele, ao se aproximar.

- Tempo o suficiente para você tornar a usar as formalidades comigo, coordenador Hans. – alfinetei sorrindo e ele deu uma risadinha.

- Apenas Hans.

- E pra você, apenas Elsa.

- Acho justo. – ele anuiu com um sorriso. – É a primeira vez que te pego vagueando pelos corredores de bobeira, já que está sempre ocupada. – ele me encarou com ar de sermão e preocupação.

A realidade é que eu vinha enchendo os meus dias e minha agenda para estar sempre com a mente ocupada. Me distrair é o que eu faço para evitar pensar na vida – minha mãe e seu processo, Phillip e as possibilidades que me assombravam, etc. Mas o jeito como eu vinha me ocupando demais estava me cansando, tanto que até o próprio coordenador percebeu. A minha mente pode trabalhar de boas, mas tem vezes que o corpo não aguenta.

- Aconteceu alguma coisa ou está apenas se dando um merecido descanso?

Dei de ombros. – Apenas preparando meu psicológico.

- Vindo de uma futura psicóloga, não sei dizer se isso é irônico ou não. – tentei conter a risada, mas foi impossível. – O que seria? Apresentação de seminário? Não fique nervosa. Nos primeiros períodos, eu sempre combinava com os meus colegas de simular um desmaio caso desse algum vexame. Pegue a dica.

- O seminário eu apresentei ontem mesmo, mas anotei a dica para futuras necessidades, muito obrigada. – ele anuiu prontamente enquanto eu ria.

- Então, para o que está se preparando?

- Para uma festa que eu me arrependi de aceitar ir.

- Deixa eu adivinhar. – ele estreitou os olhos verdes. – The Phoenix Club.

Fiz uma careta. – Bingo.

- Não estou surpreso. Não há uma só mulher que não tenha sido convidada para a festa semanal dos ovelhas-negras do campus. – ele deu de ombros. – Mas você não é obrigada a ir, sabia?

- Ah, eu combinei com as minhas amigas. – retorci o nariz com a ideia. – Odeio faltar em meus compromissos. Mas não posso negar que estou torcendo para que elas desistam.

Ele riu. – Os gavs também estão preparando uma choppada esse fim de semana, para comemorar o fim das provas.

- Eu não sabia. Nem fui convidada.

- Está sendo convidada agora.

- Perdão, mas o que é “gavs”?

Ele sorriu ao arquear uma sobrancelha. – Você é bem diferente da sua amiga Rapunzel. Aquela ali conhece todos os secret clubs de Oxford.

- E eu só conheço os que ela menciona. – dei uma risadinha constrangida.

- Então, ela já deve ter mencionado o Pier Gaveston Society. – anuí em concordância. Lembro-me de já ter ouvido esse nome. – É o clube a qual sou membro e “gav” é como chamam os integrantes. – deu de ombros. – Os outros gavs são bem seletivos e conservadores quanto a convites, mas eu acho isso uma palhaçada. Por isso, gostaria da sua presença. Se sentir-se confortável para ir, é só avisar. – ele evitava me fitar ao dizer, parecendo sem jeito, e eu sorri, achando graça. – Você pode levar suas amigas também, se quiser.

Parei pra pensar por um segundo e anuí com um sorriso. – Vou pensar no assunto.

- Tudo bem. Uma pena a data não ser a mesma da festa dos phoenix, fosse o caso, teríamos desculpas prontas para não comparecer.

- Você também foi convidado? – ele assentiu. – Uau. Achei que houvesse rivalidades entre os clubs.

- E há, mas só pra quem leva isso bastante a sério, o que não é o meu caso e o de Hiccup.

- Ah, também fui convidada por ele.

- Hiccup é o que mais tenho afinidade, daquele quarteto. – ele admitiu. – Também converso muito com Jack e Flynn.

Achei estranho ele não mencionar Kristoff, mas resolvi deixar pra lá.

- Então... você pretende ir à festa? – indaguei, tentando soar indiferente.

- Vou ser bem franco. Isso só depende de você, Elsa. – ele fitou ao longe, pôs as mãos nos bolsos e indagou. – Você irá? – e então me fitou. Daquele mesmo modo em que me fitou no dia em que estive em seu escritório.

Hans tem um hábito que costumo apreciar nas pessoas. Em todo momento durante uma conversa, ele te olha nos olhos, concentrado. Mas, em certas vezes, seu olhar passa de concentrado para... alguma outra coisa que não sei pôr em palavras.

Eu lhe sorri e respondi depois de uns segundos.

- Ao que tudo indica, irei.

- Então, eu também vou. Assim, faremos companhia um ao outro, enquanto desejamos internamente estar em casa.

- Fechado.

E para selar o acordo, apertamos as mãos cordialmente. Hans era um homem divertido ao tempo que sério, chegava a ser uma graça.

- Bom, tenho que ir. Vá para aula, se não quiser levar uma advertência. – disse, dando uma piscadela e seguindo seu caminho.

- Sim, senhor. – pude ouvir sua risada antes de ele virar o corredor. 

Sorri fazendo meu caminho oposto ao dele.

Gosto de Hans, admito. Mas prefiro não pensar na forma como ele me encara de vez em quando. Deve ser coisa da minha cabeça e, além do mais, tenho mais o que fazer a ficar remoendo pensamentos fúteis. 

Merida odeia quando uso essa palavra: fútil. Pois, segundo ela, quando proferida por mim está associada a assuntos amorosos. Não que eu ache fútil os derivados desse assunto, só não me imagino pondo como prioridade na vida. Tenho minhas amigas pra cuidar, meus estudos pra terminar... Tanta coisa mais importante pra me preocupar.

Dando graças a Deus por estar sozinha no corredor – ninguém poderia dizer que sou maluca, afinal de contas, gesticulando e sorrindo feito uma retardada – fiz meu caminho em direção a minha sala. Distraída até então, percebo enfim alguém parado no meio do meu caminho.

Phillip estava com as mãos nos bolsos e me fitava com o semblante sério.

Meus deuses.

Eu paralisei no mesmo instante.

Não sabia se seguia meu caminho ou recuava. Tive medo de passar e ele... ele... Engoli seco, forçando-me a respirar fundo. Eu devia estar pálida, pois por um momento senti o sangue fugir de meu rosto.

Tornou-se difícil respirar, de repente. A simples noção de estar acontecendo mais uma vez fazia-me querer gritar.

Urgentemente, busquei em minha mente a última lembrança que me fornecia amparo.

Elsa, olhe pra mim. Respire fundo e concentre-se nos meus olhos.

Meu coração ainda estava acelerado enquanto a frase era proferida pela voz calma de Jack, em algum lugar na minha memória.

Ergui meu queixo, dando um suspiro entrecortado e tentando retomar meus passos. Ainda que sentisse minhas pernas vacilantes, forcei-as a continuar.

O que você fez no último verão?

- Fui visitar a minha mãe. – sussurrei, respondendo à pergunta mental que na verdade era uma lembrança.

Uma lembrança que me acalmava, na medida do possível. Gostava da ideia de ele ter se preocupado e agido para contornar a situação, a forma que se esforçara para me ajudar.

Continuei aproximando-me de Phillip a cada passo, mas obrigando-me a ignorar sua presença.

Qual a sua cor favorita, Elsa?

- Minha cor favorita é azul. – sussurrei mais uma vez, concentrando-me na voz calma de Jack.

Recordando-me de sua feição compreensiva, os gestos amenos, o olhar zeloso para comigo.

Phillip estava poucos passos adiante.

E o que te fez hiperventilar?

Dessa vez, não respondi. Phillip estava bem a minha frente.

Controlei-me e desviei meu caminho. Sentindo um arrepio subir minha espinha ao passar por ele, sem encara-lo.

Continuei andando.

Mas meu coração quase parou de bater quando noto um movimento seu com a visão periférica.

- Elsa, eu... – escuto-o dizer, mas o interrompo.

- Fique longe de mim.

Em momento algum, cessei meus passos, no entanto sinto sua presença caminhando ao meu lado.

- Elsa, por favor. – parou a minha frente, impedindo minha passagem. Travei a respiração, sentindo meus olhos arderem. – Me escute... – sua voz parecia longe, ele tinha as mãos parcialmente erguidas em sinal de calma. – Eu não quero... te causar isso. Eu só quero conversar com você.

Hesitante, fez menção de tocar-me. Eu me retraí no mesmo instante, sentindo uma angústia imensa. O simples lampejo do toque de sua mão na minha pele me deu leves calafrios, trazendo à tona as lembranças, não só daquela noite.

Quis pedir ajuda.

Mas minha voz simplesmente não saía.

Estávamos sozinhos no corredor e eu respirei fundo, ou tentei. Eu não queria ter que suplicar para que ele se afastasse, como fiz naquele dia.

Mas não foi preciso.

- Elsa Snow?

- S-sim? – respondi imediatamente, antes mesmo de virar-me para encarar o dono daquela voz grave e familiar.

Tratava-se do amigo de Jack – o moreno sedutor que provoca Punzie todas as manhãs. Ele não me fitava ao falar, encarava diretamente o rosto de Phillip com a feição tranquila ao tempo que dispunha de um olhar mordaz, ameaçando-o sem precisar fazer o uso de palavras.

- Poderia me acompanhar, por favor?

- C-claro. – depressa, quase corri para o seu lado, agradecendo internamente por ele ter aparecido.

Eu respirava ofegante, tentando compassar aos poucos. Não me virei para fitar Phillip e ele não protestou quanto a minha escolha, mas eu conseguia sentir seu olhar enquanto nos afastávamos.

Continuamos caminhando até chegar no pátio, durante todo esse tempo, sem dizer uma única palavra – Flynn soube respeitar meu silêncio, apenas acompanhando-me a passos calmos. Não fez perguntas, não tentou puxar assunto, esperando pacientemente enquanto eu me recompunha.

- Obrigada. – falei ao chegarmos ao gramado.

Ele não me fitou ao responder. – Disponha. – seguiu-se uns segundos até que ouvi. – Você está bem? – anuí lentamente ao encarar-lhe o rosto. – Ótimo.

- Você e seu amigo combinaram de bancar meus heróis até quando? Estou começando a ficar mal-acostumada. – me senti meio idiota após a piadinha sem graça, mas supreendentemente ele sorriu.

- Dê os devidos créditos a Jack. – ele admitiu. – Provavelmente rasgaria nosso contrato de sociedade caso soubesse que não fiz nada para te ajudar quando tive chance.

- Gosto da sua sinceridade.

- A sua amiga, nem tanto. – ele deu de ombros, mas se eu o conhecesse bem, diria que estava aborrecido com Rapunzel.

Flynn observou em volta com o olhar meticuloso. Em suas atitudes, havia muito do que já presenciei de seu comportamento na boate, quando estava trabalhando. Ele verificava a sua volta de forma analítica, notando a travessia de alguns alunos, checando o terreno, avaliando se poderia deixar-me sozinha antes de enfim decidir seguir seu caminho, despedindo-se com um aceno de cabeça.

Segundos depois, quando Merida aparecera em meu encalço, percebi que ele só havia decidido deixar-me após reconhecer minha segurança na aproximação de minha amiga.

Por fora, eu mantinha uma conversa descontraída com Meri. Por dentro, ainda pensava em Phillip.

E na forma com a qual ele se esforçou para que eu o ouvisse.

*


Notas Finais


MUITA COISA VAI ACONTECER NESSA FESTA, TÔ SÓ AVISANDO, TÁ?
Tá, parei de gritar. HUEHEUEHU'
Gente, eu já escrevi várias cenas da festa. Vai ser muito louco, tem até Merida bêbada. HUEHEUHEUHEUE'
Gente, acho que essa fanfic vai ser beeeem longa. Sério. Não tá nem na metade de tudo o que já planejei. Não contei nem a metade da metade da historia dos personagens. Oloco, viu.
Vou tentar acelerar as coisas, caso vocês estejam se entediando...
Confesso que no dia em que postei o capítulo 12, quase não conversei com vocês pelas notas - se bem que aqui não é lugar pra se conversar, né *cof cof* - pois eu estava morrendo de sono, mas hoje to aqui falando pelos cotovelos HEUHEUEHUEH'
Enfim, mais uma vez, feliz aniversário ~Videsa! <3
Comentem, opinem, falem comigo. Ok?
Até o próximo capítulo ^^

[REVISADO: 26/07/2019]


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