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História Road of Avonlea - 5- Aways


Escrita por: CarolMirandaS2

Notas do Autor


Excepcionalmente, no fim do mês do orgulho, ( isso não foi intencional). Tenho o primeiro capítulo do meu primeiro mini conto "yaoi" como costumam chamar na plataforma. Ou envolvendo duas ou dois protagonistas do mesmo gênero.

É a primeira vez que faço isso, no caso escrevo sobre isso. Então estou insegura. 

Mas me disseram para confiar mais no que eu faço e é o que eu estou fazendo.

Diferente dos casais héteros que costumo escrever, resolvi entrar no enredo deles com o máximo de delicadeza possível.

A todos os arco- íris que lêem minhas histórias ( se vocês existem aí do outro lado) sintam-se homenageados.

Boa leitura a todos. ❤️

Capítulo 6 - 5- Aways


Fanfic / Fanfiction Road of Avonlea - 5- Aways







1


Por volta do segundo mês do verão, a rotina intensa de estudos em Redmond já era mais habitual do que Cole imaginou que seria. Os narcisos vinham florindo com mais frequência, os melões davam frutos e as ameixas claras e escuras despontavam dos pomares que cobriam os campos afastados.

Havia uma amoreira em plenitude de frente para a janela da sua sala, o qual se concentrava em pintar naquela manhã.  Os alunos de arte tinham recebido como tarefa um estudo básico de luz e sombra.

O propósito era pintar qualquer figura a partir de  um único ponto de luz, para isso podiam usar de meios geométricos como faziam os renascentistas, ou o próprio aspecto criativo.

Cole gostava de tarefas que não eram cem por cento técnicas, para dar um toque pessoal ao que estava fazendo. Mas por algum motivo, tinha tido pouca imaginação para criar uma cena na sua cabeça e decidiu naquele dia, fazer algo simples que estava ao seu redor.

Sua melhor amiga certamente ficaria decepcionada com ele por ter tido tal preguiça, só que nem todos tinham o mesmo fluxo inesgotável de pensamentos e idéias que Anne. A inspiração vinha em picos, e ultimamente os seus eram cada vez menores.

O rapaz pensava seriamente no que ou quem vinha roubando a sua concentração, e quando chegava a mesma conclusão de sempre terminava com o rosto vermelho como fruto maduro onde quer que estivesse. A verdade era que não encontrava solução para um conflito de meses.

Sim, meses. Mesmo que ele e Peter Leroy se conhecessem de outras datas e fossem amigos há mais de um ano.

Cole já tinha se surpreendido reparando na vida pessoal do amigo violinista, e tinha certeza de que ele era tal qual os outros caras da mesma idade. No caso, interessado no sexo oposto.

Isso o fazia sentir-se decepcionado, pois já tinha tido esperanças de que talvez um dia fosse conhecer mais pessoas iguais a si além dos amigos de  tia Josephine. Nessas horas, o colo materno da boa mulher fazia uma falta imensa. Pois para ela poderia ser sincero: A quem estava enganando?

Ele desejava que Peter fosse tal como ele também.

Era a primeira vez que sentia algo ainda que  puramente platônico por alguém e não sabia como conter ou disfarçar aquilo. 

Cole reparava a gentileza com o qual Peter tratava a maioria das mulheres, e não conseguia evitar ficar enciumado escutando comentários positivos e empolgados a respeito desse comportamento.

Mas jamais se sentiria na posição de se irritar por  algo que poderia ser apenas o seu jeito de se comunicar. Fora que:  além de não possuir direito sobre os pensamentos do amigo, o mesmo jamais tinha demonstrado nenhuma espécie de interesse para com ninguém.

Ambos agiam da mesma forma indiferente no campo amoroso, mas Cole não sabia se pelos mesmos motivos.

Terminando de aplicar o fundo com pinceladas suaves, ele trocou a mão com objetivo de criar um padrão nas nuvens, quando a aula terminou.

O professor passou por si com um sorriso de aprovação e dispensou a todos. Assim, foi obrigado a recolher a sujeira, o material e sair crendo que o tempo havia evaporado desde que começaram.

O clima havia esquentado consideravelmente do lado de fora, de forma que alguns fios do seu cabelo loiro grudaram nas têmporas e na testa.

Transpirando um pouco, desceu as escadas em caracol, e se encaminhou para o banco onde frequentemente fazia as suas refeições. Como de costume estava vazio, porém, assim que se acomodou avistou Anne ao longe correndo com empolgação para perto. Deveria ter acabado de ser liberada também.

Cole sorriu, ainda não havia reencontrado todos os seus colegas de Avonlea. A instituição era imensa e ele imaginava mesmo que alguns deveriam ter desistido no meio do caminho, as únicas com quem havia topado pelo prédio com certa frequência, foram ela e Diana Barry que não costumava aparecer no almoço mas fazia questão de conversar consigo quando tinham oportunidade.

A sua velha amiga se aproximou um pouco atribulada, parecendo com pressa, e sentou - se do seu lado.

Ele lhe olhou com afeição e ofereceu a água do cantil:

_ Tome, Anne. Creio que precisa, acertei?

Ela balançou a cabeça e virou o recipiente de uma vez evitando o gargalo, em seguida passou a ponta da língua pelos lábios vermelhos e devolveu agradecida:

_ Obrigada, Cole. Você não vai acreditar no que nos aconteceu essa semana!

_ Realmente, não faço idéia.

O rapaz retirou um apetitoso sanduíche de queijo do pacote de papel e ofereceu:

_ Está servida?

_ Mais uma vez, obrigada. Eu já comi o meu almoço e nem o terminei… _ ela riu.

Cole fez uma careta, pensando o quão contraditório era Anne reclamar da sua condição de magreza se nem mesmo comia adequadamente. 

_ Ah, onde eu estava? Sim, isso eu posso contar mais tarde. Tudo o que precisa saber é que está convidado para uma pequena recepção que eu e as meninas iremos organizar em casa no sábado. É claro; se não tiver nenhum outro compromisso.

Anne usou de certa ironia na última parte, desejando que o amigo não a pusesse à prova com a sua natureza anti- social e aceitasse de imediato.

Cole pareceu pensar, as recepções eram poucas entre os estudantes e bem concorridas como um lazer. Só que não estava nos seus planos mudar seu sábado preguiçoso para se arrumar e se enturmar entre gente desconhecida.

Quanto a isso, Anne fez questão de assegurar que não haveria ninguém de extraordinário entre os convidados. Logo ele concluiu que estariam entre amigos. 

No entanto fez uma última pergunta para ter alguma idéia do que vestir:

_ Suponhamos que eu apareça…

Anne juntou as mãos com os olhos brilhando feito duas piscinas de água cristalina, segurando uma comemoração triunfante.

_ Eu disse " suponhamos"! _ Cole a podou pela postura imediatamente. _ A que horas eu deveria ir?

Longe de parecer desmotivada com a falta de confirmação, ela se precipitou alegremente sobre o banco:

_ Eu sabia que você não iria me deixar a ver navios, Cole! Não sabe como eu o amo mais ainda por isso!

_ Anne…

_ Sim, sim, claro. Vamos começar às sete, mas está autorizado a vir próximo às oito horas quando tudo começa de verdade. É que até esse horário seremos " vigiados" pela senhora Susan, e ela é uma verdadeira tirana. Mas felizmente é uma religiosa assídua, então vai à missa aos sábados à noite, e aos domingos. 

Anne se virou, exibindo as pequenas borboletas azuis costuradas no ombro do vestido e explicou brevemente sobre Susan Baker. Situando-o a respeito da mulher contratada pela mãe de Prissy Andrews para tomar conta da filha em solo estrangeiro, explicou que era uma espécie de tutora que as visitava periodicamente em Patty 's Place para saber como estavam.

Por que segundo a senhora Andrews, não era de bom tom, que " Um bando de mocinhas universitárias estivessem sem supervisão e entregues à própria sorte". 

Anne discordava com fervor, mas era inútil, pois querendo ou não eram jovens de dezenove e vinte anos que possuíam uma babá pela simples injustiça de gêneros. Ela duvidava muito que Billy Andrews estivesse lá onde fosse nas mesmas condições que a irmã. Vivendo sob as regras de outro adulto.

Por fim, fez um último pedido:

_ Oh sim, se puder, pode por favor levar algumas garrafas? De qualquer coisa, não temos preferência. Vamos esconder todas no forro do armário e atrás dos quadros da lareira. E iremos abrir somente quando a senhora Susan for embora!

Cole cerrou os olhos com desconfiança para o pedido pensando muito. Mas não eram mais crianças, afinal, era normal e não encarado como um absurdo levar uma dose de bebida alcoólica onde se fosse consumir.

Embora não estivesse nos seus planos beber muito:

_  Posso ver o que consigo, mas isso não é uma promessa. 

_ Não tem problema _ ela respondeu. _ Não é obrigado a trazer algo se não quiser. Na verdade, o resto de nós está mais ansioso por isso do que eu ou Diana. Jane diz que tem uma surpresa, em todo caso, estamos prevenidos se for algo que precisemos brindar. Não consigo imaginar o que seja. Isso sim me deixa ansiosa.

Cole sem querer logo se recordou do momento em que esteve distraído a bordo do navio e surpreendeu Jane Andrews lhe encarando fixamente de forma assustadora. Quase como se desejasse lhe perguntar alguma coisa que não tinha coragem.

No mesmo instante fechou os olhos se livrando da lembrança incômoda e encerrou o assunto.

_ Tudo bem, obrigada pelo convite Anne.

_ Não há de que.

_ De que convite estão falando?

Os dois se viraram ao mesmo tempo sendo contemplados por um jovem de sorriso bonito que encostou-se no umbral de sustentação olhando com interesse e simpatia.

_ Como vai, Peter?

Anne o cumprimentou de forma educada.

_ Vou bem, obrigada. Desculpe se pareci intrometido, precisava apenas devolver esse livro ao Cole.

Ele pareceu a princípio sem muita reação. Mas no fundo estava acostumado a não saber o que fazer quando Peter surgia ou se aproximava de surpresa. Então estendeu a mão e pegou o livro, esbarrando nos seus dedos sem querer.

Anne inocente da pequena vibração que transpassou entre os dois, tratou de tranquilizá - lo:

_ Não seja por isso, já estávamos terminando.

_ Obrigada. _ Cole o agradeceu e guardou o objeto em uma das repartições na sua bolsa de couro. 

_ Eu é que agradeço. Eu precisava para a prova…

De repente, foi obrigado a olhar para o lado quando sentiu uma pequena cotovelada no antebraço.

Anne parecia acabado de ter uma idéia, a julgar pela sua expressão matreira e logo o puxou pela manga da camisa, e sugeriu baixinho:

_ Deveríamos chamá-lo.

Cole sacudiu freneticamente a cabeça como se dissesse um sonoro " Não!".

_ Sim, nós deveríamos e eu vou!

Imediatamente, Cole sentiu como se seus planos fossem previamente frustrados, e ao fundo uma ansiedade gigantesca por saber o que Peter responderia.

A sua amiga, munida da costumeira desinibição, olhou diretamente para o rapaz bronzeado que no momento fechava a capa do violino com empenho.

_ Peter?

_ Sim!

_ Vamos fazer uma pequena recepção em Paty 's Place esse fim de semana, Cole já está convidado, gostaria de ir também para garantir que ele não nos dará um bolo? Só pedimos que leve alguma coisa para beber se puder, se não, não há problema. O que acha?

Estava quase irritado, a julgar como dificilmente ficava bravo com Anne que tinha na mesma estima que uma irmã caçula muito querida. Ela possuía o pequeno defeito de tomar a frente em certos assuntos sem se importar com a opinião das pessoas.

Mas Peter não parecia se incomodar com isso, se levassem em conta o novo sorriso caloroso que iluminou seu rosto dando a entender que não declinaria o convite:

_ Eu agradeço. Até agora não tinha nada de interessante para ocupar meu tempo nos próximos dias. Se não se importar em me dizer o dia, eu ficaria feliz em fazer as senhoritas provarem o melhor licor de maçã da cidade. 

Anne riu e o envolveu em um aperto de mão satisfeito.

_ Perfeito, Cole sabe o caminho, não moramos muito longe. Vejo vocês no sábado.

Intencionalmente ou não, ela havia acabado de assinar um compromisso verbal de que ele estava responsável por levar Peter até Patty 's Place sábado a noite.

Assim sendo, Anne se afastou, correndo de volta para o prédio com o vento traiçoeiro espalhando seu cabelo ruivo atrás de si mesma.

Assim que ficaram sozinhos, Cole mordeu o lábio inferior numa tentativa de se acalmar e foi logo explicando:

_ Olhe, não se sinta obrigado a ir só porque eu fui convidado também. Eu sei que você não conhece a maioria das pessoas que vão estar lá.

Peter olhou- o no fundo dos olhos e colocou as mãos no bolso do casaco:

_ Então, pode ser a minha chance de conhecer. 

Ele se calou, então o amigo tornou a sorrir e passou um dos braços ao redor dos seus ombros enquanto andavam na direção do jardim onde ficava a estátua do fundador:

_ O que? Acha que sou muito metido para os seus amigos?

Cole arregalou os olhos e apertou a alça diagonal da bolsa contra o peito, não sabendo o quão sério o outro estava falando:

_ Não! Eu não quis dizer isso! Só...esqueça. Eu mostro o caminho.

Concluiu sem argumentos.

Como se desprovido de sensibilidade, Peter começou a rir:

_ Eu estava brincando, mas fico lisonjeado que se preocupe. Fique tranquilo, Cole. Eu vou porque é um bom convite e acho que Anne tem razão, você precisa sair mais.

Inconsistente disso, relaxou a postura aceitando a proximidade. 

_ Você acha?

_ Acho.

Eles pararam exatamente no meio do pátio vazio e olharam um para o outro pelo que pareceu tempo de mais. Ou tempo de menos. 

_ Vejo você por aí?

_ Sim. _ Cole pareceu sair de um curto transe.

Com um sorriso calmo, ele olhou para o chão contando os grãos de poeira imaginários nos próprios sapatos, e quando se deu conta já estava sozinho novamente.

O intervalo terminou, sem que soubesse o que esperar.  Os próximos dias, seriam uma pequena contagem regressiva…



Aways ( "Sempre") - Gavin Smith.



And this feels like drowning

Trouble sleeping

Restless dreaming



You're in my head

Always, always

I just got scared

Away, away

I'd rather choke on my bad decisions

Then just carry them to my grave

You're in my head

Always, always, always



E isto parece um afogamento

problemas para dormir

Sonhos inquietantes 

Você está na minha cabeça


Sempre, sempre

Eu só fiquei com medo 


Distante, distante

Eu preferia sufocar em minhas más decisões

Que carregá-las para a minha sepultura

Você está na minha cabeça

Sempre, sempre 







Notas Finais


O conto ainda não tem título. Mas já foi devidamente revisado.
Até mais ❤️


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