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História Rogue Saver II - King


Escrita por: Soil_1987 e HanaChoi

Notas do Autor


Olha só, pra quem está acompanhando essa fic poderá conferir daqui a alguns dias um esboço que eu mandei fazer do Wolf. Assim vocês vão poder ter uma noção de como eu o imagino XDDDD

Eu confesso que já passou pela minha cabeça matar ele mas, eu senti que ia ficar muito dramático então eu descartei essa hipótese.

No mais segue mais um capítulo

Capítulo 4 - King


Fanfic / Fanfiction Rogue Saver II - King

Wolf ficou em casa enquanto a diva foi cuidar dos assuntos que precisava resolver. Philip Wolf havia deixado um recado na porta da geladeira dizendo que saiu com uma amiga, que na verdade, era quase sua namorada.

 

O sniper então ficou praticamente sozinho naquela enorme mansão. Só não estava totalmente sozinho pois haviam os criados, que sempre estavam de prontidão para atendê-lo.

 

Por falta do que fazer Wolf foi para a sala. Sempre ficava lá na verdade, com a diva ali ou não. Ligou a TV e passava um anime qualquer naquele momento. Foi mudando de canal até achar um que estava passando Magnum Force, com Clint Eastwood. E lá sei foi Wolf a assistir o filme clássico quando, alguns minutos depois, apareceu uma criada.

 

- Bom dia, Senhor Wolf! O senhor precisa de alguma coisa? - perguntou a moça que vestia um uniforme impecável que claro, foi pensado por Mana sama.

 

- Primeiro, pare de me chamar de senhor. - disse o lobo

 

- Me desculpe mas são apenas formalidades. E então? O senhor quer alguma coisa?

 

Wolf revirou os olhos mas deixou passar.

 

- Quero um charuto. Cubano, de preferência.

 

- Sinto muito mas não poderei atender seu pedido. Meu mestre proibiu expressamente que o senhor fumasse.

 

- Tá tá tá, depois eu vejo o que vou querer - Wolf respondeu e dispensou a criada e voltou a prestar atenção na TV.

 

- Claro, senhor. Com licença. - e então a moça se retirou.

 

Wolf ficou ali assistindo o filme, olhou para os lados e se impressionava com o tamanho daquela casa. É enorme. Era como se Wolf nunca tivesse ali antes. Mas estava morando ali fazia nove ou dez anos.

 

Horas depois o filme que assistia terminou, zapeou por outros canais mas não achou nada que preste. Então resolveu explorar alguns cômodos que até então nunca tinha entrado. Mas antes disso, preferiu conhecer um pouco melhor a criadagem de Mana sama.

 

Passou pela cozinha. O chef estava lá enquanto dois criados checavam as louças. Observava com curiosidade o que faziam, mas lhe faltou coragem para puxar papo e então saiu.

 

Foi aos jardins, parte da propriedade que a diva mais gostava. Por inúmeras vezes tirava fotos ali, principalmente no verão quando as flores desabrochavam.

 

Lá encontrou o jardineiro, que podava um arbusto no momento. O sniper se aproximou do funcionário, mas este nem lhe deu bola.

 

- Hi! - cumprimentou Wolf.

 

O jardineiro parou por um momento para ver o que Wolf pretendia com aquele cumprimento. Cabe aqui uma breve descrição do tal jardineiro. É um jovem de rosto fino com cabelos que vão até os cotovelos que Manabu contratou há cinco anos atrás. Tentou sem sucesso montar uma banda de jrock, se frustrou e fez curso de jardinagem. Foi até numa audição promovida pela diva para guitarrista de um projeto que Mana gerenciava, mas não rolou.

 

Manabu acha ele um cara talentoso. O contratou para ser jardineiro depois que este desistiu de tudo. O estilista queria pessoas com ele por perto, tocando guitarra ou não, pois são pessoas que o inspiram. O jovem funcionário cuida daqueles jardins como se fosse um santuário sagrado. E tudo era feito com maestria e nos mínimos detalhes. Atende pelo nome Kojiro Hashimoto.

 

- Pois não? - perguntou Kojiro estranhando tal aproximação.

 

- Eu estava vendo você podando esse arbusto e eu vim ver como você trabalha. - argumentou o sniper.

 

O jovem jardineiro então voltou a sua tarefa.

 

- Fique a vontade Senhor Wolf. - disse Kojiro.

 

Ali permaneceu o silêncio. Wolf observa em como o jardineiro cortava alguns galhos. Ele pode sua vez fingia que Wolf não estava ali. Detestava ser incomodado.

 

- Er….qual seu nome? - perguntou Wolf

 

- Kojiro. - respondeu sem fitá-lo.

 

- E você trabalha aqui por quanto tempo?

 

- Cinco anos.

 

- O Mana sama adora esse jardim.

 

- Hai.

 

- Então eu queria te…. - Wolf foi interrompido pelo jovem que o fitava sério.

 

- Senhor Wolf. Eu sou o único encarregado desses jardins e sou bem remunerado para deixá-lo impecável. Sei que será doloroso você ouvir o que lhe direi agora mas, nós, servos do Mestre Mana sama não somos pagos para conversar com você. Me desculpe. - respondeu Kojiro de forma fria.

 

Wolf ficou encabulado com aquela resposta.

 

- Com licença. - Kojiro pôs a tesoura de poda num carrinho de mão a sua frente, deu as costas para o ex-Seal e foi embora.

 

Wolf ficou ali, estático, sem saber o que dizer. Observava o jardineiro indo embora. Pensou, talvez, ter sido rude demais com ele e cogitou lhe pedir desculpas. Mas o cara só queria distância mesmo.

 

- Japoneses são estranhos. Eu hein.

 

O ex-Seal voltou para mansão, passou reto pela sala e foi para os cômodos que não havia entrado ainda. Abriu uma porta a esquerda. Nada demais. Apenas um quarto de hóspedes. Logo ao lado havia uma outra porta e um outro quarto de hóspedes.

 

O sniper continuou caminhando pelo corredor até chegar numa outra porta já quase no final.

 

Ao abrir se deparou com algo extraordinário.

 

- Wow! - exclamou Wolf

 

Era o guarda roupa de Manabu. E tem um monte de coisa e tudo categorizado. Os figurinos que vestia na época do Malice Mizer, os que usou no Moi Dix Mois, vestidos e mais vestidos. Estava tudo lá. Isso sem contar os sapatos, as botas de cano longo com fivelas que não acabavam mais, acessórios em geral e bolsas também.

 

Wolf entrou no cômodo e fechou a porta. Pegava um figurino e outro, mas colocava no lugar de volta. Havia ali também os visuais masculinos que Manabu costuma usar de vez em quando.

 

Pegou um gothic bibble que pelo que Wolf leu ali, parecia ser umas das primeiras criações da diva. Olhava para aquela saia volumosa e pensava em algumas coisas que nada combinavam com o estilo requintado de uma gothic lolita.

 

- Dá pra carregar um AK74U por debaixo dessa saia o qualquer PDW que queira. - disse o lobo

 

Wolf é um soldado e sempre será, querendo ou não. Já foi o tempo em que já havia se vestido assim e que dessa forma carregava uma arma por debaixo da saia, como naquela vez que fingiu ser casal com Gackt para se infiltrar na seita. Sabe do que está falando.

 

Passou a manhã inteira naquele cômodo vendo cada figurino e quando deu por si já era hora do almoço. Estava tão entretido ali que nem percebeu que o mais velho havia chegado. Quando Wolf se virou ficou cara a cara com Manabu e tomou um susto tão grande que chegou a dar um grito.

 

- Er….oi Mana. Eu nem percebi que você havia chegado. - disse o lobo espantado enquanto guardava um vestido.

 

O estilista, aproveitando que estava sozinho com Wolf, falou daquele mesmo jeito num tom que só o sniper poderia ouvir.

 

- Você…..nunca entrou aqui? - perguntou Manabu.

 

- Nop.

 

A diva o pegou pela mão e o levou para lhe mostrar um vestido negro longo enorme.

 

- Uma das minhas…...primeiras criações….. - disse Manabu e que fique bem claro que, ele não está falando em alto e bom som. E precisa de uma combinação de fatores para isso acontecer. Por exemplo, apenas quando está sozinho com Wolf numa ocasião bem rara e, como dito anteriormente, num tom que só o sniper poderia ouvir. - fiz esse vestido para usar…….nas últimas apresentações com Malice Mizer…….antes do Gackt sair…...sem me dar explicações……..

 

As falas de Manabu vinham com pausas bem longas e sua voz quase não saía.

 

- Nossa ele é bem grande. Você não passa calor com um vestido desses?

 

A diva meneou. Era extremamente raro Mana sama tocar no assunto acerca da saída abrupta do Gackt do Malice Mizer e, sempre que falava sobre isso ou pensava, ficava muito chateado e triste. Quando Wolf foi recrutado por ele em 2013, Gackt havia tentado uma aproximação que até funcionou quando o sniper estava ali. Depois que ele voltou para o Rio de Janeiro, o cantor resolveu cortar relações com Mana sama de vez.

 

Wolf voltou para o Japão e até então seu contato com Gackt rareou de vez. Não fala com ele desde 2015. Já são quase dez anos sem se falar. Querendo ou não, esse problema mal resolvido entre Manabu e Kamui interferiu na amizade do ex-Seal com ele.

 

Talvez se Wolf tivesse ficado no Rio de Janeiro naquela época, estaria falando com Gackt até hoje.

 

- Há um problema mal resolvido entre você e o Gackt por causa da saída dele do Malice Mizer, i presume. - disse o sniper.

 

- Hai…..tem sim. - confirmou Manabu.

 

- Eu lamento por isso, Mana.

 

A diva deu por ombros fingindo que aquele assunto não lhe machucava. Mas machuca muito. Por outro lado, Mana sama não se sente culpado por Kamui ter saído da banda. Pensou, certa vez, ter errado com ele mas, chegou a conclusão de que não o fez.

 

- Listen Mana…..bem…...a nossa comunicação…… - Wolf estava tentando tocar num assunto que até então não teria coragem de dizer.

 

Manabu parou para prestar atenção no que ele queria dizer. O sniper não queria falar nada que o desagradasse, mas é que quando ouvia Mana sama, lhe despertava um certo encantamento. 

 

- Nada Mana. Deixa para lá….. - Wolf não conseguiu dizer o que queria.

 

Foi saindo daquele armário gigante e, ao passar pela diva, foi agarrado pela mão.

 

O que será que Wolf queria lhe dizer?

 

-

 

Albergue Metropolitano de Tokyo
Sul de Tokyo | Japão
28 de Dezembro

12:45PM

 

Os dois psicopatas chegaram ontem de Osaka. Mamoru e Sakai estavam sentados à mesa do refeitório comunitário daquele albergue que servia de moradia para pessoas vulneráveis.

 

- Seu carro é uma merda, Sakai. - disse Mamoru.

 

- É melhor do que nada.

 

- Mas quebrou duas vezes na estrada.

 

Os dois se estranharam por causa do carro velho de Sakai. Mas o mais velho não ligava para isso.

 

- Temos que seguir o planejado, Mamoru. E não podemos ser pegos.

 

- Se fomos pegos, seremos executados. Mas isso pra mim não importa. Já que é espetáculo que essa gente suja quer, vamos proporcionar. - disse o jovem. - Conseguiu entrar em contato com coreano?

 

- Sim. Ele está no esperando lá em Ooi. - respondeu Sakai.

 

- Ótimo…..ótimo. Muito bom - disse Mamoru sorrindo de forma perversa. - Chegando lá temos que pegar as armas que iremos usar nos ataques. Eu vou pro show do Malice Mizer e você pro Metrô.

 

- Conseguiu o ingresso?

 

- Hai. Consegui com uma pessoa que desistiu de ir.

 

- Falando em armas, olha essa Daniel Defense M4 com um bump stock. Ela cai como uma luva para o nosso propósito. - Sakai se referiu a uma variante norte americana do M4 padrão, mas só que fabricada por uma empresa privada.

 

- Não vai haver policiamento no show do Malice Mizer. Confirmei isso. Então posso entrar com uma mochila lá. Olha o que eu vou pegar.

 

Mamoru mostrou uma imagem de um fuzil compacto Patriot Ordinance P416 PDW que cabia perfeitamente dentro de uma mochila de pequeno porte.

 

Sakai deu risada.

 

- Sugoi! - disse ele.

 

- Munição 5.56 milímetros com magazine de 33 tiros. Vamos terminar de comer para irmos para Ooi o mais rápido possível. - ordenou o jovem incel.

 

Eles têm dinheiro suficiente para pagar alguém para matar Wolf e para comprar armas. Só deus sabe o que esses dois podem fazer com armas de grosso calibre em mãos. 

 

-

 

Mana sama fitava-o confuso. Wolf realmente não sabia o que dizer. A diva tinha um semblante de dúvida, pois o lobo deixou o que ia dizer em aberto.

 

- Eu…..é que me encanta toda vez que você fala. Só isso. Mas eu respeito o seu espaço e não quero forçar você a fazer algo que não goste. - disse o lobo.

 

Então a diva lhe abraçou e o sniper retribuiu.

 

- E sobre o Gackt, eu sei que um dia vocês vão se resolver. Nem que eu tenha me meter nisso sabendo que não é assunto meu.

 

Eles se entreolharam.

 

- Eu….só queria…..que ele fosse…..honesto comigo……. - disse a diva mais uma vez.

 

- I see Mana. E sobre você falar eu…….

 

Manabu fitou o chão com tristeza. Pegou seu celular e digitou.

 

“Eu sinto muito.”

 

- Não se sinta obrigado a nada. - disse o sniper saindo daquele armário enorme.

 

Wolf começava a suspeitar que Mana sama não falava em público por uma questão psicológica, algum trauma que passou em sua vida anos atrás talvez. Mas ele não é médico e não pode ficar de achismos por aí. Mas que Manabu sabe tirar proveito do silêncio de forma única, isso não restava dúvida.

 

Os dois então saíram e a diva aproveitou para lhe mostrar os outros cômodos. Ao final do corredor havia uma escada que dava acesso ao andar de cima. Subiram as escadas e então Mana sama abriu uma porta relativamente grande.

 

Ali ficava um estúdio que a diva mantinha. E é enorme e completo. Tudo que é preciso para fazer mixagens e gravações em geral. As paredes são todas vedadas, isto é, a prova de som.

 

A diva guarda todas as suas guitarras ali desde a primeira que havia ganhado dos seu pais até a Jeune Fille, que são guitarras personalizadas dele usadas no Moi Dix Mois. Isso sem contar os outros instrumentos, como um violino que, quando estava entediado, tocava lindamente.

 

- Dá para fazer bastante coisa por aqui. - disse Wolf olhando ao redor.

 

Manabu pegou a Jeune Fille azul e ligou a mesma no cubo amplificador de tamanho médio. Foi afinando ela cada vez que tocava as cordas. Wolf sentou no sofá de frente para o mais velho.

 

Por sua vez o estilista tocou um solo bem complexo como se fosse a coisa mais fácil do mundo. Dedos precisos, cirúrgicos e nas posições certas. Mana sentia a melodia, mas não tirava os olhos das suas mãos. Wolf ficou impressionado com a perícia dele. Nesses dez anos de convivência, o sniper não tinha visto Mana sama tocar ao vivo.

 

- Awesome sweetie! - disse Wolf batendo palmas. - Não lembro de ter visto você tocar.

 

Manabu alcançou o celular e digitou:

 

“Não me viu tocando nem naquela vez que eu fui pro Rio de Janeiro me apresentar com o Kamijo?”, mostrou a mensagem para Wolf.

 

- Tá falando daquela vez que você me atropelou com um Gol ano 89 todo velho numa tentativa de fugir dos fãs que o perseguiam? Não. - respondeu o sniper - Eu tava fugindo de uns cara que, advinha, estavam tentando me matar. Lembro que o show foi no RioCentro.

 

“Rio de Janeiro é tão quente daquele jeito? Eu lembro que desmaiei na entrevista de tão mal que eu estava por causa do calor.”, digitou a diva.

 

- É assim mesmo. Rio de Janeiro costuma ser bem quente praticamente o ano todo.

 

“É uma cidade muito bonita, aliás. Eu nunca me imaginei indo pra lá pra me apresentar.”

 

- Não existe uma pessoa que não tenha pelo menos acesso a uma de suas músicas. Você é bem conhecido pelo mundo underground de lá, principalmente nos grupos nerds e otakus. - disse o lobo

 

A diva sentou ao lado do Wolf. Tocava umas cordas à toa e tal e Wolf prosseguia a falar, mas foi interrompido por uma pergunta do mais velho.

 

“Gosta de Nirvana?”

 

- Yeah sweetie! I like. - disse o sniper

 

Manabu então tocou a introdução de Smells Like Teen Spirit, música que marcou gerações quando foi lançada no álbum Nevermind, de 1991. Wolf era só encanto. Parecia uma criança ao ver Mana sama tocando guitarra daquela forma. Daí a diva passou a tocar a introdução de Breed, música do tal álbum lendário já citado.

 

A diva parou de tocar e passou a digitar no seu celular.

 

“Eu aprendi a tocar essas duas músicas do Nirvana quando estava a toa em casa num dia quente de verão de 1993. Nós íamos fazer um show em Kyoto, mas peguei uma gripe e o Kami também, então tivemos que adiar a apresentação. Fui no médico e ele me pediu para ficar em casa, de repouso.”

 

- Dá pra perceber que você sabe muita coisa. - comentou o lobo.

 

“Aprendi e me dediquei muito cedo, querido lobo. Eu gosto de ouvir muitas coisas. O primeiro vinil que comprei foi um do Black Sabbath. Eu tinha que escutar escondido dos meus pais ou quando eles não estavam em casa. Depois fui ouvindo outras coisas como Kiss, David Bowie, Motley Crüe, Metallica. Do Sepultura peguei desde o início da carreira deles. Sabe, eu gosto muito do gothic rock e tals, mas não fico preso a um subgênero apenas. Ah e claro, gosto muito de Nightwish, Evanescence, Epica, Tristania e por aí vai.”

 

- Eu não sei tocar nada. - disse o sniper meio sem graça - Eu tentei alguma coisa quando vivia na vibe do grunge lá em Seattle, mas não deu certo e então eu me contentava em assistir só os shows mesmo.

 

Mana sama acariciou o rosto do outro e continuou digitando.

 

“Posso te ensinar se você quiser. Um dia você pode ter a sua banda de grunge, embora esse estilo não faça mais sucesso comercial como naquela época. Mas com certeza poderá lançar algum single pela minha gravadora.”

 

- I would like to learn, sweetie. - disse o lobo. A diva assentiu e quando iria tocar algo foi interrompido pelo mais jovem.

 

- Sabe, como eu ia dizendo, naquela época quando você foi pra lá com o Kamijo eu trabalhava para uma família. A filha do chefe foi no seu show.

 

“Tá falando da fofa da Pâmela?”, perguntou o estilista usando o celular.

 

- Yep. Tinha uns caras do exército lá atrás de mim. Nem lembro que treta que era. - Wolf sorriu de canto e meneava sua cabeça - Eu tava muito puto com você ainda. Então eu nem dei moral pro teu show e, francamente, ver você com o Kamijo não foi lá uma experiência muito boa, sabe? Kamijo foi muito burro! Se ele não tivesse surtado, hoje ele estava vivo. Preso, mas ainda vivo.

 

A diva assentiu.

 

- E você viu que tentamos negociar, não é?

 

“Ele me chantageava o tempo todo. Disse que ia jogar na mídia local que eu estava me envolvendo com você. Ele disse que ia arruinar a minha carreira.”

 

- É, eu tô sabendo. - disse o lobo. - Ele se achava demais. Aqueles caras que foram comigo te resgatar não brincam em serviço. Foram bem treinados para agir numa situação crítica como aquela que você passou.

 

Manabu assentiu em tudo que ele falava. Se lembrou de tudo que passou anos atrás. Mas ele não gosta de viver de passado, seja lembrando das chantagens do Kamijo ou o problema mal resolvido que ele tem com o Gackt. Wolf por outro lado sofria quando lembrava do seu passado e Mana sama sabe muito bem disso. É por isso que ele procura distrair o lobo atirador com qualquer coisa que o valha, com coisas bem triviais ou bem banais como assistir TV juntos por exemplo.

 

- Eu não queria ter uma memória fotográfica, Mana. - Wolf falava chateado. - É horrível. Quando você se dá conta, está lembrando de uns acontecimentos na sua vida tão ruins que chegam a acabar com o seu dia.

 

Eram apenas os dois ali se lembrando de uma coisa aqui ou ali, trocando experiências, se aproximando ainda mais. Mana sama se sentia mais vivo do que nunca pois, pela primeira vez em sua vida, tinha alguém para cuidar. Seu afilhado era motivo de orgulho e Wolf, para ele, é uma excelente pessoa que sofreu muito com as circunstâncias.

 

Ele dá espaço para Wolf e sempre ajuda-o com o que ele precisa. Paga o tratamento psicológico para o lobo, sempre saem tomando cuidado para não serem vistos juntos ou viajam por aí. Quando não tinha consulta e que Wolf resolvia querer falar mesmo assim, se deitava no divã enquanto Mana ficava ao seu lado anotando tudo que ele lhe falava e depois lhe fazia perguntas, é claro, do seu jeito.

 

Era assim que iam se conhecendo. Mana conhece muito bem o Wolf e ele idem. A diva concluiu os trabalhos pendentes mais rápido que podia para ficar com ele. O resto do ano ele quer aproveitar para ficar do lado do lobo.

 

“Quer que eu toque mais alguma outra coisa?”, perguntou a diva pelo celular e que sabia muito bem que Wolf não conhecia as suas músicas.

 

Wolf deu uma risada, pensou por um momento e achou que seu pedido não seria atendido.

 

- Sabe tocar Blind Dogs, do Soundgarden? - perguntou o lobo meio querendo não perguntar.

 

Mana sama meneou. Já ouviu falar do Soundgarden mas nunca parou para ouvir.

 

“Conheço Soundgarden mas não conheço suas músicas.”, mostrou seu celular a Wolf.

 

O sniper tirou o celular do bolso e colocou alguns segundos da música para tocar. Manabu prestava atenção na introdução da música que, para ele, era bem fácil de ser executada. Musicalmente, Wolf e Mana sama são bem distantes. Enquanto o estilista transformava suas apresentações em grandes espetáculos teatrais cheias de glamour e elegância e com músicas cheias de poesia, Wolf gosta mesmo é de música com letras raivosas e descontentes cheias de microfonia, sem compromisso nenhum com estética alguma.

 

- Consegue? - perguntou o lobo

 

A diva assentiu. Tocou os primeiros acordes e foi embora. Era a primeira vez que tocava aquela música tão pesada e densa. Tirou toda a introdução dela.

 

- Great! - parabenizou Wolf.

 

“Conheço uma artista daqui que gravou um disco com eles antes do Chris Cornell falecer. O nome dela é Aya e o som dela é muito bom.”

 

- Disso eu não sabia. Ouço Soundgarden desde quando me entendo por gente. Quando era moleque e morava em Seattle eu fui num show deles certa vez. Tocaram num bar bem precário onde a luz piscava o tempo todo. O pessoal tava ali para curtir a música que era muito boa por sinal. Mas agora que o Chris Cornell morreu é mais uma banda grunge extinta. Se continuar nesse ritmo, o grunge vai sumir de vez.

 

Manabu discordou pois para ele a música, em qualquer forma que seja, nunca vai morrer. E então ele resolveu deixar isso bem claro para o sniper.

 

“A música que você gosta nunca vai morrer pois, ela sempre estará em seu coração. Por favor, não pense assim.”, a diva mostrava seu celular para ele e fitava-o.

 

- É, pode ser. É que sei lá, sweetie, todos os meus ídolos morreram sabe? Chris Cornell, Kurt Cobain, Layne Staley, Scott Weiland, Andrew Wood, Ben Mcmillan….As vezes sinto que só eu quem lembra deles. - argumentou o lobo

 

“Isso não importa. O que importa é que você sempre os lembrará de forma carinhosa e com orgulho por terem contribuído com o homem que vocè é hoje.”, a diva colocou sua guitarra de lado, mostrou a mensagem para Wolf e o abraçou.

 

- Thanks, sweetie.

 

- Tudo bem….. - Manabu sussurrou bem baixinho no ouvido do outro.

 

Kurt Cobain, um dos ídolos de Wolf, não suportava a fama. Não queria ter feito sucesso. Morreu em abril de 1994 por sentir não pertencer a esse mundo. No mesmo ano Mana sama e o Malice Mizer começavam a fazer sucesso no Japão. A diva soube e ainda sabe lidar com a fama que, por sinal, sempre almejou.

 

Após o almoço eles estavam na sala. Mana sama anotava alguma coisa num caderno e Wolf voltava a ficar preocupado com as mensagens que havia lido dois dias atrás. Torcia para que aquilo fosse um blefe. Afinal era um chan, fórum onde só sai porcarias de qualquer tipo e memes toscos.

 

Selecionou o telefone do Gackt nos contatos mas hesitou em tentar falar com ele. Estava ao lado da diva que, muito provavelmente, não queria ter contato algum com o cantor.

 

Mas Wolf achava necessário voltar a falar com o amigo. Fazia tanto tempo e o sniper tinha tanta coisa para falar com ele. Foi então que Kojiro, o jardineiro, adentrou a sala. Tinha um assunto para falar com Mana sama. Passou reto pelo Wolf.

 

- Com licença mestre. - Kojiro pediu a atenção do mais velho.

 

A diva então parou por um momento para dar atenção ao funcionário. Wolf fitava-o discretamente.

 

- Eu terminei de fazer a poda que o senhor me pediu e restaurei o canteiro das flores. Recebi o orçamento do pergolado que o senhor quer instalar. - disse o jovem entregando um papel para Manabu.

 

Mana sama por sua vez examinava os números, checava as informações sobre o material a ser usado e o prazo de instalação do pergolado. Nada que Manabu não pudesse pagar mas as informações deveriam ser checadas para não haver nenhum problema futuro.

 

O estilista fez um sinal com a mão querendo dizer “agora saia”. Kojiro assentiu e se retirou da sala. Wolf esperou o jovem funcionário sair para falar sobre ele com a diva.

 

- Mana, esse cara aí é muito esquisito. Eu fui falar com ele e ver o que ele fazia mas ele me disse que não é pago para conversar comigo. - comentou o ex-Seal.

 

A diva revirou os olhos e escreveu naquele caderno mesmo.

 

“A criadagem não é paga para conversar com você, querido lobo. E o Kojiro é assim mesmo. Ele faz tudo que peço, mas é um cara muito fechado. Ele é guitarrista e tentou ter uma banda de jrock. Só que ele tinha um gênio muito forte e a banda dele acabou se desfazendo. Trocou sua guitarra por um curso de jardinagem e hoje ele está aqui trabalhando comigo. Todo dia acorda as 3 horas da manhã para trabalhar.”

 

- “A criadagem não é paga para conversar com você”? Mas, mas…..como assim? - perguntou Wolf sem entender aquilo - Quer dizer então que não sou digno de atenção?

 

“Não Wolf, só estou dizendo que existe uma barreira entre eles e nós que os impedem de serem íntimos. Eles devem manter o profissionalismo ao máximo para nos atender e ganham muito bem para isso.”, a diva continuou escrevendo.

 

A diva cutucou Wolf para mostrar seu argumento. Ele o leu, fez uma cara de conformidade e a conversa parou por aì. O sniper estava pensando longe. Na verdade estava naquela mensagem que não parava de martelar a sua cabeça. Wolf sem perceber estava sendo observado pela diva, que tentava adivinhar o que Wolf estava pensando.

 

- Que foi? - perguntou o sniper.

 

“Não sei. Me diz você.”, escreveu o mais velho.

 

- Eu só tô pensando longe. - o lobo começava a suar, ironicamente, em meio ao frio. Fora da mansão fazia nove graus.

 

“Cadê o lobinho?”

 

- Ah ele saiu. Deixou um recado colado na geladeira.

 

Não demorou muito e Philip Wolf apareceu. Chegou a sala cumprimentou seu pai e deu um abraço na diva.

 

- Eu quero apresentar para vocês a minha namorada. - disse o lobinho todo feliz.

 

Mana sama bateu palminhas pediu para ele chamar a menina.

 

- Yoshi-chan, pode vir. Não tenha medo. - disse o menino da porta da sala.

 

Manabu e Wolf estavam ansiosos, sentados no sofá olhando para a porta da sala. A menina entrou com semblante envergonhado. É branca com uma face bem delicada e, naquele momento, usava um vestido decora e um casaquinho cor de rosa. Tinha em mãos uma bolsa branca e um copo de milkshake. Tinha luvas nas mãos e anéis com desenhos fofos nos dedos. 

 

Quando ela viu Manabu, ficou paralisada. Deixou o copo de milkshake se espatifar no chão.

 

- O Mana sama é a sua mãe? - perguntou a menina para seu namorado.

 

- Sim! - respondeu Philip Wolf abrindo um sorriso. - Quer dizer, me adotou né. A minha verdadeira mãe morreu faz uns anos.

 

A menina se encheu de amor e alegria e pulou em cima de Mana sama. Agarrou nele feito um carrapato e berrava sem parar.

 

- MANA BOKU WA AISHITERU TOTEMO DESU! EU FUI NOS SEUS SHOWS QUATRO VEZES! EU TENHO TRÊS VESTIDOS SEUS! EU SEMPRE QUIS TE CONHECER! POR FAVOR ME ADOTA! - disse a menina falando tão rápido que parecia estar xingando.

 

- For God sake! - disse Wolf com a mão no rosto achando aquela cena ridícula.

 

A menina estava histérica e não queria largar Manabu de forma alguma. Ela estava deixando a saia negra de Mana sama toda amarrotada. A diva olhava para a menina e para Wolf.

 

- Tá! tá! tá! Chega viu! - disse Wolf separando a menina do mais velho. - Aí o que você fez! Deixou ele todo ferrado!

 

- Gomenasai Mana sama - disse a menina enquanto se recompunha.

 

- O nome dela é Rie Yoshihara. - disse o menino que se divertia com aquela cena.

 

- Prazer! - disse Wolf enquanto ajudava Mana a se recompor.

 

Rie Yoshihara é um ano mais velha que Philip Wolf e estudam na mesma escola. A mais cara de Tokyo, por sinal. Manabu é quem banca os estudos do lobinho na tal instituição. 

 

Wolf mexia em seu celular meio disfarçado, na tentativa de falar com Gackt. Não conseguiu muita coisa mas, descobriu através do Instagram um lugar onde o cantor frequenta sempre e que posta vídeos e fotos.

 

Era uma academia basicamente. E então o sniper foi até o quarto para pegar as chaves de seu BNR32 para ir atrás do amigo que há tanto tempo não falava com ele. Abriu o criado mudo ao lado da cama e não achou chave nenhuma. Olhou para debaixo da cama e não encontrou nada, revirou o bolso de suas calças guardadas no armário. Sem sucesso.

 

Wolf voltou para a sala e lá estava os três. Philip Wolf, sua namorada Rie toda encantada e a diva, lendo um livro como se nada tivesse acontecido.

 

- Sweetie, você sabe onde está a chave do meu carro? - perguntou Wolf para Mana sama

 

A diva por sua vez pegou seu celular meio que não desgrudando da sua atenção no livro e digitou.

 

“Sei”

 

- Beleza! Você pode me dar?

 

“Não”

 

Wolf não gostou muito da tal resposta.

 

- Ahn!? Mas porque?

 

Manabu respirou fundo, fitou Wolf e pôs-se a digitar em seu celular novamente.

 

“Porque as chaves do seu carro estão confiscadas. Achou mesmo que eu ia deixar você sair por aí depois do que você aprontou? Pode insistir o quanto quiser. Pode até mesmo ficar de joelhos, mas eu não vou te dar as chaves do carro. E ai de você se fizer ligação direta.”

 

Wolf ficou possesso, mas não quis demonstrar sua ira na frente de seu filho e sua namorada, que ali estavam trocando carinhos.

 

- Thats is fucking unfair Mana! - disse Wolf demonstrando raiva enquanto Mana sama era sempre o mesmo. - Não vai me restar alternativa a não ser roubar um dos seus carros!

 

A diva fitou com tédio, meneou, deu um sorrisinho sarcástico, disfarçadamente sem ninguém ver e digitou pelo celular.

 

“Isso, Wolf! Vá em frente! Daí eu te denuncio para a polícia e eles vão te prender por roubo de carros qualificado e, pelo que pouco sei de leis, você deve pegar mais ou menos por cima uns cinco anos de cadeia e sem direito a fiança. Será uma pena ver meu querido lobo sniper preso por uma babaquice mas, fazer o que né!?”

 

O lobo ranzinza leu aquilo e ficou mais puto ainda. Não queria acreditar que Manabu estava falando sério.

 

“Quer andar por aí? Ande de ônibus, metrô ou o que você preferir. Há um ponto de ônibus bem em frente a minha casa.”

 

- Você não teria coragem de fazer isso! Está blefando! - disse Wolf

 

Manabu meneou enquanto fitava-o. Wolf caiu em si e saiu da sala todo resmungando. Mas saiu. Foi até o ponto de ônibus e não demorou nem dez minutos e já tinha embarcado. Checava o celular para ver onde era a tal academia. Tinha certeza de que Gackt estava lá nesse exato momento por causa da última postagem dele. Fazia cinco minutos que havia postado um vídeo onde amigos dele faziam um exercício de forma sofrível e que Kamui conseguia fazê-lo sem problema nenhum.

 

Wolf chegou um pouco tempo depois, mesmo com as longas paradas do ônibus ponto a ponto e por causa do trânsito.

 

- Boa noite. Posso ajudar? - disse o atendente.

 

- Preciso falar com o Gackt. - disse o ex-Seal

 

- Tá bem ali. Pode entrar. - disse o rapaz apontando para o cantor que quase estava a sua frente.

 

O lobo então adentrou ao recinto. Passou por vários aparelhos de ginástica até chegar no Gackt, que estava levantando peso naquele momento.

 

Quando Gackt viu Wolf tomou um baita susto.

 

- Wolf? O que você está fazendo aqui? - disse o cantor enquanto colocava o peso de volta numa espécie de base.

 

- How long Gackt! - disse o lobo.

 

- Hai, faz tempo mesmo. Mas o que você quer? - Gackt perguntou para Wolf de forma meio fria.

 

- Temos uma parada para resolver e preciso da sua ajuda.

 

- Acho que não temos não, Wolf.

 

- Ue! Como assim?

 

Gackt se levantou, ficou frente a frente com Wolf, pegou uma toalha pequena e se secou.

 

- Já faz tempo, Wolf, que não temos mais nada a ver com o outro.

 

- Eu não tô entendendo, Gackt.

 

- Ah não? Voltou para cá e nem me procurou mais. Seria melhor você ter ficado no Rio de Janeiro.

 

- Eu tinha perdido seu contato, Gakuto. Não lembra daquela vez que fomos ao aeroporto e joguei o celular no lixo porque o Mana sama não parava de me ligar depois daquela treta toda?

 

- Daí você voltou para cá e não se deu mais ao trabalho de me procurar porque um CERTO ALGUÉM não deixou mais você me ver. - disse o cantor enquanto tomava um gole de Gatorade.

 

- Gackt, seja direto! - disse Wolf visivelmente irritado.

 

Kamui foi até um desses armários cheios de portas. Tirou sua mochila, pegou seu celular, selecionou uma mensagem que Manabu havia lhe enviado em 2015 e mostrou para o lobo.

 

“ORDENO QUE VOCÊ FIQUE LONGE DO MEU LOBO. VOCÊ É UMA PÉSSIMA INFLUÊNCIA PARA ELE. NUNCA MAIS QUERO TE VER.”

 

- Olha a data, Wolf.

 

O sniper ficou estarrecido com o que acabou de ler.

 

- Mana sama na sua forma original. Manipulador e autoritário. - disse o cantor.

 

- ARE YOU FUCKING KIDDING ME GACKT? - Wolf rosnava de raiva.

 

- Ow ow ow! Não é comigo que você tem que gritar. Ele criou uma parede entre nós. Se se importasse com seu bem estar, ainda estaríamos conversando. E isso porque você já tomou um tiro por ele, já ficou de coma por ele, já foi açoitado e humilhado por ele.

 

- Gackt….eu não tenho culpa. - disse Wolf com tristeza.

 

- A realidade, Wolf, é que Mana sama sempre foi assim. Você não sabe o que passei por causa dele quando fui vocalista do Malice Mizer.

 

- Você está sendo injusto comigo, cara. Eu vim te procurar…..porque sinto a sua falta.

 

- É mesmo, Wolf? Então porque você demorou tanto para vir até mim?

 

Ambos sentaram num banco encostado numa parede.

 

- Eu…..fiquei tão ocupado em tentar dispersar a minha mente. Aquela seita, a Guerra no Irã, destruíram o meu psicológico. Nesses anos todos o Mana sempre faz algo para tentar reverter essa situação. Vivi uma subvida por anos e só agora que estou começando a enxergar as coisas com clareza. - argumento o lobo - E você, o que andou fazendo?

 

Gackt suspirou, olhou para os lados e começou a falar.

 

- Eu voltei a malhar, a dirigir meus musicais por aí. Comprei um outro carro.

 

- Mana sama comprou um Nissan Skyline GTR V-Spec ano 1994 pra mim e eu tunei ele.

 

- Isso é bom Wolf.

 

- Whatever. Olha, temos uma parada para resolver. Se não fizemos nada, pode acontecer uma tragédia. Gakuto… - Wolf olhava nos olhos do cantor - Somos uma dupla imbatível, igual o Mel Gibson e o Danny Glover em Máquina Mortífera, ou como James Crockett e Ricardo Tubbs do Miami Vice, lembra?

 

Gackt deu um pequeno sorriso.

 

- É verdade. Passamos por tanta coisa juntos naquela época.

 

- Yep. Eu não esqueço de nada. Tipo aquela vez que nos disfarçamos de casal para se infiltrar na seita. Aquela vez que nos levaram para aquela ilha e quando nós fomos obrigados a…...bem…...você sabe, Gakuto.

 

- Eu fiz de uma forma que não te machucasse, Wolf. Nós fomos obrigados a fazer, se não morreríamos. - disse o cantor.

 

- I see.

 

Depois do diálogo pairou um silêncio, mas depois Wolf voltou tornou a falar.

 

- Pode pensar no assunto pelo menos?

 

- Hai. Vou pensar. - disse o cantor.

 

- Pega meu numero e me manda mensagem. Eu fico com o celular na mão o tempo todo.

 

- Hai - disse Kamui.

 

- Eu tenho que voltar para casa agora. Vou esperar a sua mensagem, Kamui.

 

- Claro, Wolf.

 

Wolf, meio com vergonha, deu um abraço no Gackt, que retribuiu quase da mesma forma. Foi para fora da academia e pediu um táxi. Foi atendido prontamente.

 

Entrou no táxi e pediu para se levado para a mansão do Mana sama em Ginza. O lobo então foi na frente, ao lado do motorista. Pelo caminho o sniper via o lado de fora com certa estranheza. O contato que teve com Gackt não era a mesma coisa do foi antes.

 

- Dia díficil, amigo? - perguntou o taxista

 

- Yep. Um pouco. - respondeu o lobo.

 

- Sempre existirão dias difíceis mas, logo passam feito água nas correntezas. - disse o taxista.

 

- É, eu acho que sim. Aliás você é daqui? - perguntou o sniper

 

- Não, senhor. Sou de São Paulo. - respondeu o taxista que é brasileiro - Sou casado e tenho dois filhos. Vim para cá faz vinte anos.

 

- Legal. Eu morei no Rio de Janeiro, mas eu sou americano. Nasci em Seattle.

 

- Meu pai é de Niterói e minha mãe de Recife. Que mistura, não é? - brincou o motorista.

 

- Sim. 

 

- Que bom. Você faz o que?

 

- Sou guarda costas de um artista bem famoso aqui. - disse o lobo que, na verdade, era algo a mais que guarda costas para Mana sama. - Eu pinto quadros também. Esses dias consegui vender um dos meus quadros por 35 mil dólares.

 

- Você deve ser um rapaz bem talentoso. - comentou o motorista.

 

Papo vai, papo vem, chegaram no destino sem nenhum problema. Wolf pagou a corrida, agradeceu a companhia e desceu do carro. 

 

- Obrigado e Deus lhe abençoe. - disse o motorista.

 

- A ti também. - se despediu Wolf.

 

Parou na guarita para ser reconhecido pelo segurança e entrou. Por mais estranho que pareça morar numa casa que tenha um segurança num dos países mais seguros do mundo, a diva gosta e muito de manter a sua privacidade. Tinha segurança não para evitar roubo mas, era por causa dos fãs.

 

Certa vez contou ao Wolf que, quando morava no centro de Tokyo isso em meados da metade dos anos 90, alguém espalhou para seu fãs o seu endereço. Chegou a ponto de um indivíduo jogar pedras na janela de sua casa desesperado por atenção e tudo para lhe mostrar uma faixa de “Eu te amo Mana sama! Casa comigo!”.

 

Não que ele não goste de seu fãs. Muito pelo contrário. É até mesmo carinhoso com eles mas, prefere manter a distância.

 

Wolf foi direto para a garagem. Ainda estava digerindo o decreto do estilista por ter confiscado seu carro. Deu uma volta ao redor de seu BNR32. É um carro de 1994 e dificilmente tem alarme. Pensava num jeito de entrar nele sem precisar socar o vidro. Foi aí que se lembrou:

 

- Tem uma chave reserva no porta luvas! - exclamou Wolf.

 

O ex-Seal deu uma revirada naquela garagem a procura de algo fino e resistente que possa entrar naquele espaço entre a janela a porta. Achou um objeto e começou a mexer na porta do carro. Com os movimentos certos, conseguia, aos poucos, fazer a janela descer. Conseguiu colocar a mão na fresta e forçava o vidro para baixo até  fazê-lo descer com tudo.

 

Destravou a porta e entrou no carro.

 

Abriu o porta luvas e achou a tal chave reserva. Pôs o carro no ponto morto e quando ia ligá-lo….

 

….apareceu alguém para estragar a sua festa.

 

Não é preciso dizer quem.

 

Wolf olhou para o lado e viu Mana sama bem ali, como se tivesse ressurgido das sombras e tomou um susto tremendo.

 

Rapidamente Wolf escondeu as chaves reserva para que elas não fossem confiscadas também.

 

“Sai do carro!”, mostrou a diva o seu celular com a mensagem.

 

Wolf não disse nada. Não reagiu. Apenas obedeceu. Ficaram frente a frente.

 

Se encararam.

 

Wolf ainda lembrava da tal mensagem que o mais velho havia mandado para Gackt em 2015. Manabu estava de braços cruzados, batia com o celular no seu queixo levemente, dava uma volta ao redor do Wolf e o fitava de baixo para cima.

 

Wolf ficava ali estático feito um poste.

 

“Então quer dizer que agora você arromba carros?”, digitou a diva

 

Wolf olhava para um lado e para o outro.

 

- Tenho um bom motivo para isso.

 

Manabu olhava para Wolf com um certo espanto bem sarcástico.

 

“Ah é? Então diga.”

 

- Eu não tenho que dar satisfações para você. - Wolf foi tentar sair mas Mana sama entrou na frente.

 

“Você tem muita coisa para me explicar Wolf. Então desembucha!”

 

- Eu? Desembuchar? Negativo! É você quem tem que se explicar para mim! Lembra daquela mensagem que você mandou para o Gackt depois que voltamos do Rio de Janeiro?

 

Manabu se fez de desentendido. Olhava para os cantos como se não soubesse do que Wolf estava falando. Mas ficou mais possesso ainda ao saber que o lupino saiu para ver o Gackt.

 

“Não sei do que está falando. E além de você tentar roubar um carro você saiu para ver aquele cara?”

 

- Olha Manabu, eu vou ser bem didático com você. Eu tô POUCO ME FUDENDO para sua treta com ele e não vai ser você e nem ninguém que vai mais impedir de eu e ele sermos amigos. E eu tô puto com você porque fez algo que eu não aprovaria nunca! Eu sempre me abri para você a nunca escondi nada…. - Wolf falava, falava e falava.

 

Manabu só prestava atenção, enquanto virava um de seu anéis para baixo discretamente.

 

Foi quando Mana sama deu lhe um tapa tão forte e tão doloroso que o anel que atingiu o rosto do mais jovem acabou rasgando a sua face.

 

Wolf percebeu o sangue saindo de seu rosto. A dor era latente e não deu muito tempo para reagir.

 

Mana sama pegou Wolf pelos braços e o encarou.

 

- Eu só estou……..tentando te proteger……...de gente nociva. - disse a diva para Wolf.

 

Ele largou Wolf, pegou seu celular e saiu dali. Wolf estava assustado com aquele tapa que tomou. Estava sem reação.

 

Mana sama voltou para sala, sentou-se no sofá, pegou seu livro e tentava voltar a ler. Ainda estava bravo com o lobo por uma suposta impertinência. Se perguntava se aquele tapa foi realmente necessário, mas ao mesmo tempo pensava estar certo.

 

A diva nunca iria pensar que ele foi injusto com Wolf por uma série de fatores.

 

Wolf entrou no carro e fechou a porta com violência. Queria sair dali de qualquer jeito. Seu celular vibrou. Era uma mensagem de Gackt.

 

“ME ENCONTRE NO PARQUE YOYOGI AGORA, SE POSSÍVEL. RESPONDA CONFIRMANDO.”

 

Wolf ligou o carro e deu uma generosa pisada no acelerador. Abriu o portão da garagem e foi saindo. O lobo confirmou mandando uma mensagem de “Ok, im coming”.

 

O sniper acelerava com raiva, roznava, enxuga as lágrimas via tudo ao seu redor se transformando em borrões coloridos a medida que seu carro ficava mais rápido.

 

- Ninguém faz isso comigo! - disse o ex-Seal enquanto enxugava seus olhos.

 

Aplicava potência no motor de seu BNR32 e o carro chegou facilmente aos 250 quilômetros por hora. Isso, é claro, correndo por uma via expressa para chegar em Shibuya. Wolf diminuiu a velocidade rapidamente ao chegar no Parque Yoyogi. Estacionou seu carro atrás do Lamborghini Aventador LP 750 roxo do cantor.

 

O lupino sentou-se num banco. Via poucas pessoas bem ali. Suspirava, suspirava mais ainda....

 

Pensava em tanta coisa. A ansiedade voltava a incomodar. Os pensamentos pessimistas, aquela vontade de sumir e deixar Mana sama e seu filho para trás, as vozes….

 

Foi quando Gackt apareceu.

 

- E ai Wolf! - recepcionou o cantor. De cara, percebeu que Wolf não estava bem.

 

Wolf apenas acenou.

 

- Seu rosto está sangrando.

 

- Eu sei - disse Wolf enquanto fitava o nada.

 

- Aconteceu alguma coisa? - perguntou o cantor.

 

- Mana sama me deu um tapa que rasgou a pele do meu rosto.

 

- Vocês brigaram?

 

- Eu contei para ele que eu fui te ver e ele ficou possesso.

 

O cantor não sabia que Manabu seria capaz de agredir alguém. Pensava que ele entendia apenas de fazer música e de criar vestidos, mas não era exatamente assim.

 

- Mana sama tem algum problema. Ele não pode fazer isso com você.

 

- Eu também acho. Mas nós estamos aqui novamente para livrar a pele dele, mesmo que ele não mereça isso. Aliás….sei lá, ninguém merece tomar um tiro. A não ser os nazifascistas. Com esses o diálogo só funciona na ponta do fuzil.

 

- Isso é verdade mas, qual é a fita? - perguntou o cantor.

 

- Descobri que tem um psicopata por aí planejando um ataque no show de reunião do Malice Mizer.

 

- E como descobriu isso?

 

- Eu estava num cyber esperando meu carro ficar pronto daí eu por acaso acessei um channel e vi as postagens. O cara postou um vídeo de um moleque atirando com um Remington R4 e dizia que ia matar alguém do Malice Mizer no dia 4 de janeiro.

 

- Caralho que bizarro.

 

- É pois é. Agora precisamos saber quem é e se tem alguma coisa a mais nessas ameaças.

 

- Mas é o Mana sama o alvo de novo?

 

- I dunno mas, acho que pode ser qualquer um deles.

 

Gackt passava a mão no rosto por duas razões. A primeira é que ele vai ter que bater de frente com seu passado revendo todos aqueles que já foram seus companheiros de banda no Malice Mizer e a segunda, não menos importante, as ameaças.

 

- Eu suspeito que o cara já pode até mesmo ter conseguido as armas. Pode ter comprado algum fuzil com a Yakuza ou com os russos ou até mesmo os iranianos. Sabe, embora o Mana sama seja um cara babaca e autoritário, ele não merece tomar um tiro. - disse o lobo - Ah cara, quem eu tô tentando enganar…..ele não é um babaca. É que….eu não tenho direito de falar dele assim.

 

- Mas ele fez uma coisa errada Wolf. não deveria ter te batido.

 

- Eu sei, eu sei mas, ele já fez e faz tanta coisa por mim que…..eu confesso que não consigo ficar bravo com ele.

 

Kamui meneava. Não queria ver ninguém do Malice Mizer, mas chegou a conclusão de que uma hora ou outra, vai ter que partir para o enfrentamento.

 

- Ok, Wolf. Por onde começamos?

 

- Precisamos de armas. Não vamos resolver tudo isso na conversa e no diálogo. Mas não sei onde comprá-las. Aliás, até sei mas, estou sem grana no momento. O dinheiro dos quadros que pintei não caiu ainda. O cliente não depositou o valor.

 

- Sei quem pode nos ajudar - disse o cantor.

 

- Quem?

 

- Um amigo meu. O Hyde. Mas ele está se apresentando com a banda dele em Jacarta e só volta amanhã.

 

- Right. Então amanhã a gente se encontra de novo.

 

Ambos se levantaram prontos para tomar rumos diferentes.

 

- Para onde você vai agora Wolf?

 

- Vou pra Kasumigaseki fazer uma grana correndo.

 

- Beleza man. Nos vemos amanhã.

 

E lá se foram os dois. Quando já estavam meio distantes, Wolf chamou pelo cantor. Este parou para ver o que o lobo queria.

 

- Hey Gakuto! Somos amigos ainda? - perguntou o sniper

 

Gackt abriu um sorriso e fez um coração com as mãos.

 

- Sempre Wolf! Sempre seremos!

 

Wolf abriu um sorriso, foi correndo para ir de encontro com Kamui e ambos se abraçaram.

 

- Eu estava com tanta saudade brother! - disse o lobo

 

- Eu também man. - disse o cantor.


Notas Finais


Até a próxima ;D


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