No avião, a quietude dos passageiros dava espaço ao barulho singelo das turbinas da aeronave. Os olhares perdidos se focavam nas janelas e na noite escura do lado de fora, alguns outros olhares estavam fechados pelo sono da viagem. A única certeza naquele silêncio era a preocupação de Jimin com o moreno do seu lado, uma inquietação era a diferença que se fazia em seu peito.
Jungkook estava diferente, diferente no sentido de não ser ele mesmo, parecia que o agente havia criado uma casca sobre si durante esse um ano que esteve fora. Não sabia o que aquilo queria dizer, mas estava lhe dando nos nervos. A incapacidade de decifrar o agente, como sempre, assustava-lhe. Queria ter o dom do Min de saber até mesmo o que o outro estava pensando, mesmo que não conseguisse ouvir seus pensamentos. O problema era esse, ele conseguia, mas não havia sentido nenhum nos pensamentos alheios, como se nada estivesse organizado e os pensamentos apenas fluissem de um lado para o outro, como memórias perdidas sem direção. As íris perdidas do outro eram a grande preocupação de Park Jimin, era na verdade a principal.
--- Jungkook.- chamou e o agente lhe olhou de lado.- Você está diferente.
--- Eu sei.- concordou para a surpresa do menor.- O que acha que está diferente em mim?
O loirinho pensou, encostando a cabeça no travesseiro de seu assento.
--- Parece que você tem uma casca ao seu redor.- foi sincero e o Jeon escutou atento.- Você fica distante as vezes, desfocado, triste, preso dentro de si mesmo. Sua personalidade está mais medrosa, parece que tem medo de tudo e eu nunca te vi assim. Algo te assola, e não é de hoje. Eu diria que seria preocupação, mas quando eu tento saber qual é, aparecem tantas opções que eu mesmo fico perdido.
--- Quais são as preocupações que você acha?- perguntou baixo, fazendo inconscientemente o menor franzir o cenho. O moreno riu fraco, achando aquilo adorável.
--- Todas. Você está se preocupando com tudo. O justiceiro, o que ele pode fazer com as pessoas ao seu redor; Taehyung e sua perseguição; Hiro e seu sumiço; O fato de todos estarmos em uma corda bamba o tempo todo; A sua responsabilidade de ter que cuidar de tudo; Seus problemas com a agência; Seu futuro... Tudo te preocupa. Mas o problema, é que está mostrando isso. Você não é assim. Você nunca foi tão transparente, não que ser uma pessoa com segredos seja algo bom, mas uma pessoa que mostra sentimentos extremos não é seu feitio.
--- Tem razão.- afirmou e respirou fundo.- Não sou eu.
--- Estou preocupado com você. - falou firme e de forma baixa.- Eu estou preocupado com sua sanidade, ela nunca foi um problema para você. Então por que eu sinto que você está perdendo seu próprio controle? Eu não te entendo, isso me assusta. Eu sinto você indo embora e esse novo personagem tomar conta. - olhou nos olhos do moreno e fitou o breve azul ao redor as íris.
--- Se eu dissesse... que tudo isso é efeito colateral... Você acreditaria?- perguntou e Jimin ficou em silêncio.
O Park não era burro, não ao ponto de não ligar algo tão óbvio à uma situação delicada.
--- Você não está errado... Eu estou mudando e acredite, nada do que disse me preocupa de verdade. Não que nada disse não seja importante, pelo contrário, é questão de algo pessoal. Mas... imagine como se eu estivesse sendo arrastado o tempo todo, preso por mãos invisíveis e que te forçam a tomar medidas que você não quer... O efeito colateral é piorar minha pouca sanidade que resta.
--- Jungkook, eu já tive que fazer essa escolha antes e a melhor forma é aceitar. Olhe nos olhos.- falou firme e o Jeon lhe fitou.- Ela te ajuda, quer o melhor para você. Acredite, ela não quer seu controle, é como uma mãe super-protetora que faz seus filhos sofrerem pelo seu bem. Graças a ela, eu não estaria aqui hoje, graças a ela, você não estaria aqui.- lembrou fazendo Jungkook desviar de seus olhos.- Não desvie dos meus olhos. - mandou observando o moreno com olhos marejados.- Kookie, apenas aceite e ignore os efeitos dessa substância e foque no que você é.
--- Você está certo, mas...
--- Kookie...- chamou mais uma vez observando o desespero nos olhos alheios.- Eu 'tô aqui, eu prometi a mim mesmo que manteria você do meu lado.- o agente olhou para si de forma intensa.- Se você estiver indo embora, eu vou atrás de você para te arrastar pelos cabelos se preciso, entende? Você já fez demais por mim... ao ponto de te considerar alguém da minha família... Não estou pedindo que dê valor ao que eu faço, mas que não se preocupe tanto em se perder pois eu estou aqui. E eu vou não sair... - o moreno apertou sua mão, esta com a aliança que ainda mantinha em deu dedo.- Estou disposto à passar por cima de todos os meus problemas, de toda minha insegurança por você. Eu quero que seja egoísta pelo menos uma vez e confie em mim. Esqueça que tem alguém para proteger quando o alvo é você. Eu vou estar lá, está mais que provado que eu sou duro na queda...- finalmente fez o Jeon rir ao lembrar do que Namjoon dissera sobre ele.- Você não se livrará tão fácil de mim, seu insuportável.- brincou arrancando um sorriso ainda maior do agente.
--- A cada dia eu fico mais apaixonado por você, seu pirralho insistente!- pegou o rosto de Jimin e beijou sua testa com devoção.
--- Eu não sou um pirralho!- reclamou debochado.- É muita petulância sua me chamar desta forma quando já completei dezoito.
--- Com altura de quinze.- adicionou fazendo o Park ranger os dentes.
--- Seu teimoso!- começou.
--- Seu anão.- respondeu.
--- Inconsequente!
--- Idiota!
--- Imbecil! Pinoquio!
--- Zangado.
--- Diabete...
--- Hulk amarelo...- apertou os olhos sabendo que Jimin odiava ser comparado ao herói.
--- Narigudo!- também apertou os seus sabendo que o agente odiava ser xingado pelo nariz.
Ambos se olharam com ódio e logo sorriram e riram consigo mesmos.
--- Sabia que o antigo Jeon ainda estava aí, e ele não escapa de uma surra quando chegar em casa depois dessa confusão.- falou cruzando os braços e sorrindo para o moreno.
--- Park Jimin também não escapa de uma vingança quando chegar em casa depois dessa confusão.- falou cruzando os braços do mesmo jeito.- Senti sua falta, bebê... de verdade... A cada palavra sua me sinto cada vez mais aliviado. Obrigado, eu te amo muito, sabia?
Jimin sorriu e encostou a cabeça no ombro do agente.
--- Eu te amo muito, kook... desculpa ter sumido, nunca mais isso vai acontecer...
--- Eu espero que não, você longe me deixa atordoado.- falou fechando os olhos.
--- Não se preocupe, eu não vou sumir. Pode deixar que eu faço questão de não sair daqui de seu peito tão cedo.- falou enlaçando seus braços nos do Jeon.
--- Para de me seduzir, vou acabar mais viciado do que imagina.
--- A intenção é essa, você faz isso comigo o tempo todo. Nada mais justo do que revidar.- confessou ganhando um riso e um aperto nas mãos.
--- Eu te seduzo como, ein?- perguntou e Jimin riu cúmplice.
--- Acreditaria que seu olhar é tóxico? Você é profundo demais para eu nadar aí, eu tento não me afogar, mas você me puxa sempre. Eu me engasgo com seu veneno.
--- Então eu não olharia para cima.- murmurou fazendo de ímpeto, o loiro olhar.
Os olhos do Park paralisaram, fixaram nos do Jeon como ele fazia sempre que lhe olhava daquela forma intensa, afiada, profunda. A sensação de imersão novamente lhe invadia e o frio na barriga já se transformava em excitação. Aquelas íris exalavam perigo e segurança, amor e garra, perdição e sufocamento, medo e coragem, astúcia e petulância, audácia e inteligência, raiva e calor. Engoliu a seco, não conseguindo desviar dos olhos alheios, estimulado a não abandonar aqueles mares instigantes.
--- Se não fosse tão tarde, eu diria que sua perdição é perigosa, Park Jimin. - falou rouco com o olhar vidrado do menor.- Cuidado para não se afogar.
--- Tarde demais.
*
México| Cidade do México
O ruivo andava de um lado para o outro com o taco de beisaboll na mão, cheio de pregos e alguns rabiscos artísticos que ele mesmo fez. Mordia o lábio nervoso com a sentença do marido e - principalmente nesse ponto, deve-se ressaltar- na frente de sua gangue inteira. Queria gritar com ele, mas sabia que o mesmo não perderia o tempo de ir até o México para lhe falar asneiras. Suspirou sabendo que não sabia dizer não à um dos Park, mesmo que não fosse do feitio dos Byun. Olhou para o seu pai que se sentava em sua cadeira de madeira e segurava uma bengala de prata, esperando uma objeção. O problema era que o velho amava o Park e sua falta de vergonha.
--- Então... Vamos, amor?- perguntou já sabendo a resposta pelo simples sorriso do velho.
--- Padre, ¿está usted de acuerdo con esta idea? - perguntou em espanhol já que seu pai era natural de lá.
--- Si hijo. Se estás con mi yerno, puedes hacer lo que quieras en este mundo. - respondeu sorridente por ver o esposo de seu filho.
--- Aigoo, appa... ainda cai na imagem desse idiota?- perguntou indignado e virou-se para o Park.- Tem muita sorte de te amar muito, mi amor.
--- Eu amo esse seu falatório raivoso, mi cariño.- falou Chanyeol. - Pronto para viajar comigo, meu pêssego?
--- Aí como você é meloso, pegajoso.- falou sotaque mexicano que deixava o esposo enlouquecido. - Estou dentro.
--- Vaya con el dios, hijo. Recuerde honrar su casa con su vida y nunca dudar de quién usted és.- falou recebendo um sorriso do filho.
--- Nunca, papá.- respondeu apertando seu taco e jogando pelo ombro com o visual descolado.- É bom me entreter, Chan, sabe que sou bastante exigente.
--- Oh, sei sim... Y muy caliente también.
--- Mais respeito... seu porco. - falou com um sorriso safado.
*
Seul| Coréia do Sul
O tatuado olhava entediado para o teto naquela agência sem graça. Haviam pessoas indo e voltando, mas nada que lhe chamasse à atenção mais do que seus pensamentos confusos. Todos rondavam uma certa garota de cabelos negros como a noite e sorriso divertidamente sexy com uma roupa colada e um casaco largado por cima. Fechou os olhos sorrindo por pensar na sua futura mulher, e que mulher. Daehyun tinha ultrapassado suas expectativas, nossa e como. Difícil, marrenta, bonita, bom gosto, teimosa e sem papas na língua. Amava aquele tipo de garota, não precisava ser um príncipe o tempo todo por ela, ela mesma sabia se defender muito bem. Aish, além de curiosa... odiava pessoas curiosas, mas a deixava ainda mais atraente. Porra, ele estava fodido por uma garota. Por um ano, somente um ano aquele anseio já lhe atordoava. Precisava daqueles lábios nos seus, precisava da Kim urgentemente.
Porém, não era certo, não era correto. Não que ele fosse, também. Mas... poxa... faria de tudo por ela. Isso fazia sentido? Ele deveria ser malvado e ir embora, mas estava ali correndo atrás de uma linda garota que é um agente secreto. Esta que deveria estar lhe caçando e não passeando consigo pelas ruas de Seul, vagabundando em uma noite num prédio abandonado e gritando no último andar. Somente aquela lembrança do encontro deles já fazia um suspiro endiabrado sair de seus lábios.
--- Entediado, Will? - perguntou uma voz melodiosa que sabia perfeitamente de quem era.
Abriu os olhos deparando-se com cabelos negros até o final do pescoço em um Chanel bonito e fofo, franja aparada e bem desenhada sobre os olhos, pirulito de cereja na boca e uma leve maquiagem nos lábios e olhos. Estes que infelizmente, eram encantadoramente iguais aos do pai. Sim, era Kim Daehyun.
--- Um pouco, princesa.- falou sorrindo, observando a garota pular o sofá e sentar ao seu lado.
--- Achei que estivesse fazendo algo de útil, como... sei lá... coisas que criminosos fazem.- falou dando de ombros e deitando sua cabeça no colo alheio.
Como aquilo o afetava, nossa, fazia seu sangue borbulhar.
--- Cortou o cabelo, por quê?- perguntou e a Kim apenas assentiu.
--- Houve um pequeno incidente em uma das minhas missões. Acabei cortando meu cabelo com meu canivete por ser puxado por um canalha. Todo o meu encanto foi embora.- falou teatralmente, fazendo o tatuado rir.- Além de terem aumentado meu decote, disseram que seria bom ter uma "distração" extra.
O garoto realmente não queria ter reparado naquilo, mas seus olhos baixaram para o decote um pouco mais avantajado da Kim. Sentia-se ridículo por ter caído nos encantos da morena de novo. Se antes a roupa colada era bonita, aquele uniforme de agente secreto ficava espetacular nela.
--- Está de bom tamanho.- falou e observou o rosto da morena corar.
--- Você falou nos dois sentidos...- resmungou e o tatuado apenas assentiu.- Babaca.
--- Você ficou bonita de cabelo curto, na verdade, fica bonita de todo jeito.- falou sincero e levou as mãos até os cabelos macios. Uma parte de si, querendo correr de alguma agressão da menina.- Linda...- murmurou.
--- Obrigado, gosto da sua sinceridade as vezes Will... - sorriu gostando do carinho nos cabelos.- Você é um grande amigo.
--- Já me colocando na friendzone?- perguntou hipnotizado com o sorriso da Kim e no pirulito de cereja.
Daehyun sorriu sincera e levantou o tronco de leve, tirando o pirulito da boca e dando um selinho nos lábios alheios. O tatuado rosnou de frustração ao ouvir a risada da garota.
--- Eu nunca disse que você não era apenas meu amigo, Will... Eu só vou te dar uma chance, se me falar algo de você.
Levantou já se afastando e deixando o tatuado estagnado no sofá daquele salão de agentes. A Kim apenas virou e sorriu.
--- Eu tenho todo o tempo do mundo.- falou ela antes de ir para fora a agência, para uma nova missão.
--- Eu estou ferrado.- bufou mordendo os próprios lábios e consequentemente o piercing.- Droga, tem gostoso de cereja...- sorriu para si mesmo.
*
Japão| Tóquio
--- Hiro está na fábrica nos esperando.- Jimin abriu os olhos soltando a mão do Jeon e limpando o pequeno filete de sangue que escorreu de seu nariz.- Não pensei que iria funcionar de novo.
O agente apenas suspirou, não gostava quando o loiro usava o seu dom de localização para procurar outras pessoas. Sabia que o menor havia lembrado de tudo, mas não queria que ele usasse o tal dom pelo fato de o ferir fisicamente. Aquele sangramento no nariz parecia inofensivo para o Park, mas para o outro era um sinal de perigo e um aviso para não usar e abusar daquele poder. Mesmo que fosse realmente surpreendente.
--- Queria que não funcionasse.- falou o Jeon ganhando um bico do Park.
--- Jeon, isso não vai me matar. Namjoon disse que era apenas um efeito colateral, não significa nenhum risco à minha saúde.- contestou sorrindo e observando o ambiente pela janela.
Nunca tinha visitado Tóquio e estava encantado com o visual da cidade. Haviam várias lojas de variedades, restaurantes, prédios bonitos e iluminados, além, é claro, de muitas pessoas trafegando pelas calçadas e estudantes voltando para casa. Não mudava muito de Seul, mas ainda sim era bastante bonita aos seus olhos.
--- Mesmo assim, não quero você usando esse seu poder o tempo todo. Pode não ser um risco agora, mas no futuro pode ser. Sangramentos nunca foram um bom sinal...- observou, fixando seu olhar no caminho a qual iam no táxi.
--- Isso é exagero...- resmungou observando agora os veículos que passavam.
--- Não, não é... - respondeu atento ao sinal e também no ônibus que ultrapassou a faixa.- Esse ônibus está muito rápido.
--- Que ônibus?- perguntou o Park olhando também para frente.
--- Acho que ele está descontrolado, vamos passar em outro sinal mais a frente.- falou incerto observando o ônibus novamente ultrapassar o sinal e a faixa, assustando alguns pedestres.- Está.- deu alguns tapinhas no ombro do motorista.- Poderia seguir aquele ônibus, com ele aqui?- destravou seu cinto, saindo do carro quando o motorista parou no sinal.
--- Jungkook! Ei, volta aqui, para onde você vai?- chamou Jimin confuso, enquanto o noivo saia do carro e roubava a moto de uma das pessoas no sinal.- JUNGKOOK!
Seu chamado não foi ouvido pois assim que o moreno pegou a moto, subiu nela e acelerou no sinal atrás do ônibus em movimento descontrolado. O Park sem saber o que fazer, fechou a porta do carro e pulou para o banco da frente.
--- Segue ele.- mandou fazendo o motorista ficar nervoso.- Vai, rápido!
O pobre homem apenas obedeceu, atravessando o sinal que não havia aberto, derrapando o pneu. Jimin observava a moto ultrapassar os carros e ficar lado a lado do ônibus.
Jungkook estava seguindo aquele veículo com velocidade e assim que parou na porta do ônibus, pulou da moto e entrou pela porta que era aberta pelo motorista assustado. O agente olhava os passageiros e percebeu que quase todos eram crianças, deduzindo que provavelmente era um passeio escolar. Praguejou internamente, prevendo o que iria acontecer com o automóvel.
--- Coloquem os cintos!- mandou e os meninos, assustados, correram para colocar os cintos rapidamente, principalmente os dois professores que seguravam as argolas de ferro para vigiar os alunos.- O que aconteceu?- perguntou ao motorista que estava no volante, desviando de alguns carros para não baterem em ninguém.
--- O freio não funciona e a marcha está emperrada, o freio de mão está quebrado.- o motorista falou desesperado.
--- Ok, foi armação. - Jeon afirmou pensando rapidamente.- Tem uma ponte à quinze quilômetros daqui certo?
O coitado esbranqueceu de nervoso, não havia como desviar da curva da ponte sem o freio, estavam tendo sorte de que não haviam curvas naquela avenida.
--- Não precisa responder. Quero que segure esse volante e coloque seu cinto, deixa que eu resolvo isso.- avisou firme indo para a parte de trás do ônibus. - Se segurem crianças, não olhem para frente!
Subiu em um banco e levantou a jaqueta, deixando a mostra seu bracelete. Puxou a corda de aço com um pequeno gancho e deu para um garoto que sentava na ponta. Passou para o outro lado e abriu a janela, passando seu corpo enquanto ainda puxava a corda com o bracelete. Com jeito, sentou na janela e subiu para cima do ônibus, segurando-se para não cair no asfalto. Andou por cima do ônibus e abriu a outra janela com a ajuda do menino que ainda segurava o gancho. Agarrou este da mão do garoto, amarrando-os um no outro. Puxou sua outra manga e olhou para frente, observando que estavam perto da curva da ponte. Um pequeno pingo de suor escorreu de sua testa, mesmo que houvesse neve e estivesse fazendo frio naquele dia no Japão. Apontou para um poste com seu braço e apertou um botão em seu bracelete para que a corda com o gancho fosse direto para o poste, agarrando-o fortemente. Tirou o objeto de seu braço e prendeu no outro que já abarcava a traseira do ônibus. Quando menos percebeu, sentiu o veículo curvar e o som horrível das grades da ponte romperem. Caiu para trás junto com a queda e bolou pelo teto do ônibus até se segurar no parabrisas.
Fechou os olhos esperando que seu plano desse certo. Teve a certeza quando sentiu o ônibus parar de cair e ficar suspenso pelas cordas de aço dos braceletes. Sorriu, mesmo que estivesse prestes a cair na água do rio abaixo.
Do outro lado, Jimin estava com a corda de aço em mãos, puxando com força e empurrando o poste com o pé para ter mais apoio. O táxi estava de lado na avenida, impedindo os carros de atravessarem e dando espaço para as pessoas verem o loiro usando toda sua força para segurar um ônibus escolar com as mãos.
Foi rápido quando desceu do carro do táxi e correu até a corda de aço, enquanto gelava a espinha ao ver o Jeon bolar para o outro lado e o ônibus destruir as grades de ferro da ponte. Puxou de uma vez a corda ouvindo o ônibus se mexer, tendo como única solução, puxar o mesmo pela corda até que este esteja na estada novamente. Começou a andar para trás enquanto enrolava o cabo em suas mãos cobertas pelas luvas macias, já sentindo o peso diminuir e seu corpo começar a andar mais rapidamente. Ouviu pessoas tirando foto e outras filmando e gritando de surpresas, afoitas com a cena surpreende que estavam vivenciando. Não se importou já que estava de capuz e máscara, havia colocado antes de sair do táxi. Deu um último puxão forte e finalmente havia colocado o ônibus na estrada. Soltou a corda, ouvindo as crianças chorarem e saírem devagar do transporte escolar, em fila pela organização dos professores.
Olhou ao redor e nada do agente. Onde ele estava?
--- Jeon? Jeon, você está bem?- gritou preocupado e andando até o ônibus, observando o motorista sair com cuidado e branco de nervoso.- Ajusshi, você viu um homem...
--- Estou aqui!- ouviu a voz do agente sair de cima do carro. Jimin o olhou e suspirou aliviado.
--- Você é maluco?- gritou com o moreno que pegava seus braceletes e colocava nos pulsos novamente.
--- Eu não sou maluco.- respondeu pulando do teto do ônibus e caindo em pé ao lado de Jimin.- Só não iria deixar essas crianças morrerem de forma tão trágica.
--- Deveria ter me avisado seu plano! Fiz o táxi ganhar umas quatro multas somente com sinal e excesso de velocidade! Além de...- olhou o sorriso orgulhoso do outro e corou.- Você sabia que isso ia acontecer! Deveria ter me falado!
--- Não acha que tudo fica mais emocionante com surpresas?- perguntou ganhando um tapa no braço.- Aí!
--- E se eu não conseguisse? Jeon isso foi loucura!- falou nervoso e o agente respirou fundo.
--- Você iria conseguir, eu acredito em você, confio em você, Jimin. - olha nos olhos do loiro que ficou calado e surpreso.- Eu confio em você.- repetiu ganhando um olhar envergonhado do menor e um desviar das íris castanhas.- Achou que eu não ia levar a sério quando disse que eu confiasse em você?
O loiro abaixou a cabeça, segurando um sorriso.
--- Não importa se é loucura, eu tenho você do meu lado, isso foi fichinha do que nós dois juntos somos capazes. Você disse que iria me manter do seu lado, então eu confio minha vida a você.- foi sincero dando um pequeno soco de leve no braço alheio.- Não me bata, eu sou quase imortal, mas não sou de ferro.- riu ganhando um riso fraco do outro.
--- Você é um idiota, Kook.- falou olhando bobo para o moreno.
--- Você ama esse idiota.- falou dando um pequeno toque de mão com o outro.- Mandou bem, pirralho.
--- Obrigado, gênio pirado.- revidou cruzando os braços.
--- Moços, Moços, Moços!- ouviram um dos professores chamarem junto com o motorista. Ambos olharam para trás, encarando as crianças que agradeciam ainda meio chorosas e nervosas.- Obrigado!
Acenaram ganhando alguns poucos sorrisos e logo várias pessoas tiravam fotos e filmava-os como se fossem famosos ou super-heróis. Jimin se escondeu mais no casaco que usava e Jeon sorriu para o gesto.
--- Vamos, Jimin.- chamou puxando a mão do menor.- Nosso trabalho aqui ainda não terminou.
*
--- É aqui.- o menor parou olhando a fábrica antiga e com portão enferrujado.- Eu estava certo, não sei como Hiro entrou sem pegar tétano.
Jeon riu da fala do noivo e colocou as mãos nos bolsos da jaqueta.
--- Tenta chutar esse portão, vamos embora assim que buscarmos ele.- aconselhou o agente olhando a fábrica e sua periferia.
--- Só espero que ele esteja bem.- comentou Jimin se aproximando do portão.
A fábrica era enorme e havia um pequeno estacionamento para caminhões de carga. Supôs que fossem para levar o saquê as lojas de bebida. Havia um muro com cerca elétrica enferrujada e também algumas garrafas de bebida quebrada ao lado de maços de cigarro apagados e desgastados no chão. Respirou fundo e deu um chute no portão de ferro, ouvindo as trincas que o prendiam quebrarem e o mesmo pender para o lado. Deu outro chute - um pouco mais forte, confessava- e observou o metal enferrujado cair com um estrondo. Jungkook olhou aquilo com surpresa, afinal o portão tinha uma espessura considerável e as trincas quebradas eram fortemente pregadas.
A cada dia, Jimin e o domínio de sua força ainda o surpreendia demais.
--- Você ainda fica surpreso, Kook?- o loirinho perguntou rindo dos pensamentos do agente.
--- Esqueci que você também lê meus pensamentos.- falou com falsa frustração e riu com o sorriso debochado do noivo.
--- Aish, você me subestima.- reclamou sorrindo enquanto adentrava a fábrica, seguido o moreno.
--- Acredite, a única coisa que eu não subestimo é você.
--- Baba ovo.- zombou o outro enquanto olhava ao redor.
--- Ei, não sou baba ovo.
--- É sim, baba ovo, puxa saco.- brincou sendo segurado pela mão enquanto o outro se aproximava e lhe dava selinhos leves.- 'Tá vendo? Puxa saco!- devolveu os selinhos ganhando um riso entre um beijo leve.
--- Não sou puxa saco, pirralho.- mordeu os lábios carnudos do Park e deu novamente um selo demorado e carinhoso.- Eu só falo a verdade sobre você.
--- Está muito mais animado, gosto disso. Vamos achar logo Hiro, faz tempo que não o vejo.- falou se afastando do Jeon que lhe olhou enciumado.
--- Nossa, e de mim? - perguntou ouvindo um riso baixo.- 'Tá bom.- falou corroendo de ciúmes e Jimin lhe olhou incrédulo.
--- Está realmente morrendo de ciúmes? Do Hiro?- perguntou rindo e Jeon virou o rosto emburrado.- Fala sério! Acha mesmo que eu te trocaria por alguém?
O agente ficou calado e engoliu saliva quando sentiu seu rosto esquentar de vergonha. Ele odiava ficar ruborizado, tanto que raramente era pego daquele jeito. O menor vendo aquilo sorriu achando uma graça, Jeon era fofo quando menos percebia.
--- Aigoo, que fofo! Jungkookie fica coradinho com ciumes.- correu para apertar as bochechas alheias recebendo uma careta e um escudo de mãos.- Não seja chato.
--- Sai, Jiminnie, não quero conversa...- falou magoado e Jimin achou aquilo ainda mais adorável.
--- Jeon, deixa eu aproveitar esse momento onde você fica fofo, você raramente fica assim.- conseguiu apertar as bochechas que queria.Parou o aperto quando ouviu algo estranho e não estava muito longe.- Tem mais alguém.
Jeon afastou as mãos do Park com cuidado, atento.
--- O que ouviu?- perguntou fazendo Jimin ficar em silêncio.
--- Há três pessoas... Não, quatro pessoas aqui. Hiro é um deles.- falou apenas pelo pequeno falatório que ouvia de alguns metros a frente.- Eles estão ocupados demais para nos ouvir.
--- Venha.- puxou Jimin pelo punho e andou devagar pela fábrica.
Ambos estavam silenciosos, atentos à qualquer barulho ou conversa. A fábrica era dividida em setores e haviam algumas máquinas que estavam aposentadas e abandonadas, cobertas de poeira e teias de aranha.
A cada passo que davam ficavam aflitos pelas vozes e gemidos doloridos. Jimin sabia de quem era e Jungkook também, infelizmente. Apressaram o passo e ficaram diante de uma porta, estava meio aberta e o agente decidiu olhar primeiro, fixando seu olhar no amigo amarrado e também lhe fitando, piscando apenas uma vez com os dois olhos para dizer que estava tudo bem. Os olhos do amigo recaíram um pouco mais abaixo, específicamente para o Park que via tudo aquilo com olhos arregalados e marejados. Jeon percebendo, cubriu estes enquanto sentia o outro soluçar internamente, segurando o choro.
Hiro estava sendo torturado na sua frente, mas não podia fazer nada. Haviam três homens ali. Um segurava uma arma de choque, outro uma estaca em brasa e o último com um soco inglês de ferro. Batiam nele, queimavam sua pele e lhe davam inúmeros choques. Jeon sabia que ele aguentava, mas ver aquilo era doloroso, doloroso demais para uma pessoa normal ver.
Seus olhos recaíram em Jimin que tremia, e sabia de certa forma o porquê. " Eu estou aqui, não fique com medo" falou em seu pensamento e percebeu o outro assentir e encolher em seus braços. " Vai ficar tudo bem, espere só mais um pouco..." pediu também fechando seus olhos, não queria sequer que o menor tivesse o vislumbre do que acontecia, nem visualmente, nem telepaticamente. Contou até dez e fez o que seu coração mandou. " Quando eu contar até três, você corre." Jimin paralisou sem entender e ouviu a contagem. " Um... dois... três, pega o Hiro."
Jeon abriu a porta e tirou as mãos do noivo, gritando para os três homens que estavam armados. Os três lhe olharam surpresos e Jimin correu em direção a Hiro graças a distração, puxou a corrente que prendia o agente e percebeu que o mesmo estava meio mole, levando a colocá-lo nos braços com um pouco de dificuldade pelo tamanho.
--- Peguem o garoto!- ouviu sentindo um choque em suas costas, contudo não lhe afetou.
Infelizmente, ou não, estava acostumado.
Somente virou e arrancou aqueles ganchos da arma de choque, jogando no chão e correndo para fora com o outro nos braços. Apenas teve o vislumbre do Jeon com expressão séria e mãos formadas em punho. Não deu mais atenção àquela imagem, tendo em sua mente que precisava achar um lugar seguro para o agente em seus braços. Parou num canto para ajeita-lo em suas costas e sem muito esforço, levantou começando a correr entre as máquinas. Parou subitamente seus passos quando percebeu que vários homens entravam na indústria, era uma gangue.
--- Achem o garoto, nosso chefe disse que ele estava aqui.- ouviu de um deles e engoliu a seco, procurando com a vista um lugar para se esconder.
--- Lá em cima, Jimin.- ouviu a voz de Hiro, sonolenta.
O Park levantou o olhar para a parte superior da indústria e havia algumas escadas que chegavam até lá. Marletou em sua cabeça um plano seguro e a única opção era deixar o agente em segurança, ele sim, precisava de ajuda. Correu para a escada mais próxima e subiu antes que todos o vissem, abaixou para deixar o agente em um canto um pouco mais escuro e tocou um pequeno armário de ferro. Estava com cadeado, contudo, apenas puxou a tranca sem dificuldade, abrindo o armário e tirando algumas ferramentas e produtos velhos, tentando achar algo, acabando por perceber que aquelas coisas seriam inúteis. Levantou o armário pesado sem fazer muito barulho e colocou em frente ao agente para que não chegassem perto caso o achassem. Teve um susto quando sentiu seu corpo ser puxado para trás e um homem com uma faca prestes a lhe perfurar. Segurou suas mãos e o empurrou com os pés, distanciando-o radicalmente, fazendo-o ficar no final daquele pequeno corredor da escada. Infelizmente, com aquele barulho, os outros membros já corriam para perto dele.
Sem saber o que fazer e inseguro de deixar o agente ali, resolveu ficar e esperar. Ele tinha força, poderia pelo menos atrasá-los. Outros dois vinham com duas facas enormes em mãos avançando em sua direção completamente enraivecidos. O primeiro veio com a lâmina em direção à sua barriga e por instinto a pegou com a mão, apenas prendendo-a com força e parando o movimento alheio. Surpreendeu-se por não sentir qualquer ardência de corte ou sangue escorrer entre os dedos, lembrando então das luvas que usava. Aproveitou que tinha essa sorte e empurrou a lâmina contra a barriga do gangster, ouvindo um grunhido de dor e uma tosse imediata, o pegou pela gola e o jogou para longe com força, arremessando-o contra a parede. O outro vinha com força total, com a faca em direção ao seu pescoço. Pegou a faca caída no chão e bloqueou a faca do outro gangster, ganhando tempo para apertar seu pulso e ouvir o som de ossos quebrando. Fez o mesmo que fez com o anterior e jogou-lhe na mesma direção, fazendo uma pequena rachadura na parede.
--- Lá está ele!- gritaram os que ainda estavam no andar debaixo da fábrica. - Atirem!
Arregalou os olhos, correndo para trás do armário junto com Hiro, nervoso com as balas batendo contra o metal e algumas atravessando e ficando na parede. O agente ainda meio molenga, apertou a mão do Park e mexeu-se para pegar algo do bolso.
--- Use isso, tenho certeza que acerta.- sorriu colocando um pequeno disco de ferro.- Vai ser divertido, acredite em mim.
Jimin mesmo confuso, levantou e saiu de seu esconderijo, jogando para o andar debaixo o disco e observando uma nuvem de fumaça se espalhar e logo os gangsters começaram a se coçar compulsivamente. Jogaram todas as armas no chão e pulavam pela sensação horrível de coceira, Jimin segurou o riso com aquela cena e recebeu xingamentos por parte de alguns.
Resolveu descer apenas observando a fumaça baixar e a coceira ainda prevalecer naquele meio. Estavam tão ocupados com a própria pele irritada que sequer tiveram tempo de agir quando o loiro pegou a mão de cada um e girou como se estivesse dançando e jogou-os contra as máquinas antigas. Pegou as armas e chutava para longe quando a coceira de alguns começava a passar, dando tapas na nuca quando passava por cada um.
--- O que estão fazendo?- gritou outros que vinham pela entrada e o Park ficou em alerta, um pouco mais confiante.
--- Chefe, o garoto está...- Jimin tampou sua boca, escondendo-se atrás de uma das máquinas e segurando o gangster afoito.
--- Onde está o garoto?- perguntou um dos que entraram procurando entre as máquinas.
Jimin sorriu com sua idéia e respirou fundo, soltando o gangster e arrancando uma peça, como se fosse uma alavanca de uma das máquinas. Percebeu que ela era pesada e bem grossa, por isso jogou para cima para medir seu peso. Perfeito. Saiu de seu esconderijo e preparou-se para ser o que o Jeon sempre disse, um pirralho irritante.
--- Está me procurando?- gritou acenando e escondendo com uma mão e escondendo a alavanca nas costas.- Estou aqui!
--- Peguem ele, agora!- gritaram um com os outros e correram até o Park.
Sem se mover, apenas esperou eles ficarem um pouco mais próximos e sorriu.
--- Segura 'pra mim!- pediu jogando a alavanca e tendo uma reação afoita dos outros por ver o metal pesado voando em direção a eles.- Vamos, brinquem comigo!- a alavanca caiu no chão fazendo um estrondo alto e um afastamento engraçado dos gangsters.
Pegou outra peça pesada, uma tampa de ferro que mais parecia um disco e sorriu quando alguns deles lhe olharam com olhos arregalados.
--- O que foi? Nunca jogaram com um disco?- preparou se para arremessar e soltou observando alguns deles correrem e outros desviando com medo e tremendo com o estrondo da tampa contra outra máquina.- Que tal pega-pega?
Os que desviaram, raivosos, correram em sua direção e puxaram as armas e facas que tinham. O loiro apenas sorriu dando passos rápidos para trás e sabendo que atrás havia uma grande porta de metal grosso, que dava acesso ao outro lado, o lado onde não havia ninguém. Deu mais alguns passos e segurou o portão com a mão, puxando para o lado e protegendo-se de alguns tiros que vinham. Correu para pegar uma nova peça, dessa vez uma grande grade de ferro que protegia um painel de botões. Separou um pedaço e esperou os tiros cessarem, apenas para ouvir os passos. Agradeceu quando o que previa aconteceu e ficou quieto ao lado do portão, um dos gangsters passou ao lado e ganhou um golpe na barriga com um pedaço da grade e na nuca fazendo-o cair. Percebendo que ele estava ali, o outros foram juntos em sua direção, encurralando-o.
--- Agora você não escapa.- falou o que estava mais próximo.
--- Você que pensa seu gordo!- deu língua.
--- Você me chamou de que seu pestin...- parou sua fala quando ganhou um chute no meio das pernas e um soco no rosto, arremessando-o para o lado e contra uma máquina completa de poeira.
--- Você tem sorte de eu ter sido bondoso.- avisou ganhando olhares assustados dos outros.- Tão olhando o que? Querem brincar também?- estralou os punhos. Era isso que queria, todo mundo junto.
--- Você!- sentia a nostalgia invadir seu peito. Apontou para um deles, puxando sua mão.- Quer rodar um pouquinho?- pegou a outra mão do gangster e girou fazendo-o levantar do chão e jogou contra uma parte dos criminosos dali, derrubando-os.- Quem é o próximo?
Sorriu sapeca ganhando alguns deles correndo, porém impedidos por Jeon com um sorriso perverso.
--- Para onde vão? A brincadeira está apenas começando.- falou pegando-os pela gola, jogou um para Jimin que o pegou e jogou contra uma das máquinas.- Agora que vai ficar divertido! Certo, pirralho?
Jogou outro para Jimin que o pegou e girou, dando um cuecão no final e empurrando-o com o pé contra a parede.
--- Vamos cair fora!- gritou um deles amedrontado e Jeon o deixou ir, junto aos outros que se depararam com os reforços no chão e grunhindo doloridos. - Eles são loucos!
Jungkook riu cruzando os braços enquanto Jimin o olhava curioso.
--- Você se vira bem sozinho.- falou olhando para o homem que tinha o rosto inchado e olhava para o Park assustado e raivoso.
--- Onde estava?- perguntou fazendo o Jeon desmanchar o riso devagar e lamber o lábio machucado pelo soco inglês.
--- Eu descobri o que está acontecendo e porque estamos no Japão. Vamos cuidar de Hyuk primeiro, e eu te digo o que está havendo.- falou sério.
O Park apenas o olhou e assentiu.
*
--- O que?...- perguntou Jimin afoito e preocupado.- Ele me quer de volta?
--- Eu também não entendo, mas o desgraçado quer você com ele. Seja vivo ou morto, ele quer você e por isso estou apreensivo sobre te deixar comigo no meio dessa situação.- Jungkook falou tudo da gravação que ouviu dos gangsters.
Quando Jimin saiu daquela sala com o agente nos braços, ficou olhando para os três gangsters que pareciam estar lhe esperando. Não hesitaram em colocar a gravação onde o Justiceiro falava a sua mensagem macabra e chamava seu noivo de arcanjo, ele queria Jimin de volta e disse que o teria. Somente aquele pensamento fez seu sangue esquentar e não mediu esforços em quebrar o aparelho de onde vinha a gravações, descontando tudo nos três que avançaram em si instantaneamente. Perder o Park de novo era pura e completa sacanagem.
--- Mas para que? Para ele brincar comigo também como se eu fosse um...- Jimin parou suas palavras e ficou quieto, seus olhos se perderam por qualquer coisa a sua frente e o brilho que antes tinha no olhar, apagava aos poucos.
--- Bebê, o que houve?- perguntou pegando o rosto do loirinho, agora afim de esquecer o que lembrou.
--- Nada... só... esquece. Besteira.- falou rouco e afastou devagar as mãos do agente que achou estranho o ato.
--- Lembrou de alguma coisa ruim?- perguntou fazendo o Park respirar fundo e negar com a cabeça.- Você é um péssimo mentiroso.
O Park só sorriu triste e suspirou.
--- Eu só preciso de ar.
Saiu pela porta do quarto fazendo o agente lhe olhar triste, preocupado. Correu para a varanda do motel em que residiam e agachou-se cobrindo o rosto com as mãos.
--- Por que não me escutou e desistiu? Eu não sou a Kang...- murmurou consigo mesmo de forma cansada.- Eu não sou o anjo que você quer, por que não entende isso? - tremeu com as lembranças.- Eu não sou o que você quer... me deixa em paz...
Sentiu uma sombra a sua frente e não precisou abrir os olhos para sabem quem era. O mascarado apenas pegou o aparelho e estendeu ao Park, a tela estava ligada em uma chamada de vídeo e na tela estava o Justiceiro, insano.
" Venha, agora."
--- Vai 'pro inferno.- mandou ouvindo um rosnado de raiva.- Eu não vou com você, acorde e desista, você sabe como acaba assim como eu.
" Arcanjo." Repreendeu fazendo Jimin sorrir.
--- Eu não sou seu anjo protetor.- falou levantando e ficando em frente ao mascarado, ajudante do Justiceiro.- JUNGKOOK!- gritou.
Jungkook apareceu em segundos afoito, tirou a arma do cos e deu um disparo na perna do mascarado, este que tentou fugir pela varanda. Jimin o segurou pela gola para não cair da varanda e arrancou o celular agora desligado do ferido. O mascarado debatia-se.
--- Desculpe por isso.- Jimin falou quando ergueu a mão e bateu na nuca do mascarado, apagando-o na hora.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.