História Rosa bebê e vermelho escarlate (abo) - Valeu, Naruto!

 _ Capítulo 1 _

Mudança novamente: Valeu, Naruto!

Mesmo depois de muito tempo, após uma sociedade com uma cabeça mais avançada com vista para o futuro, alguns ômegas ainda eram vítimas da sociedade, os betas esquecidos e os alfas no topo do mundo, eles nunca estavam satisfeitos com nada e para manter o mundo em um equilíbrio os ômegas se relacionavam com alfas e betas se relacionavam entre si.

Os ômegas eram a parte fragilizada, o que não era generalizado, haviam ômegas ainda mais fortes, valentes e lutadores  que muitos alfas por aí. Mas mesmo assim eles eram vistos como uma porcelana e os que não seguiam o modelo padrão eram taxados como “rebeldes”, o Naruto, o Menma e o Deidara se encaixavam nessa descrição.

A Kushina e o Minato tiveram quatro filhos, sim, isso mesmo que você está lendo. E todos eles eram ômegas, o alfa loiro até tentou fazer um alfa para que ele lhe ensinasse algo, mas o sangue da sua esposa era mais forte. O Konohamaru era o primogênito, certo que ele não era de sangue, porém era tratado como tal. Ele era filho da falecida irmã mais nova da Kushina, a Mei Uzumaki, infelizmente esta morreu no parto do pequeno ômega.

O Menma vinha depois do moreno, este não era adotado, tinha os olhos do Minato, porém mais claros um pouco, assim como o Naruto, eles eram quase gêmeos nascidos em tempos diferentes, só que o mais velho tingiu seus cabelos de preto, então ele também não podia dar muita lição de moral para cima dos seus outros irmãos, por mais que ele fosse quieto, era mal humorado. De qualquer forma ele nem podia e nem queria se meter na vida dos mais novos. Ele tinha uma tatuagem grande em suas costas, usava brincos e um piercing no nariz – uma argola –, por isso foi taxado de rebelde.

O Deidara e o Naruto eram gêmeos, entretanto o Deidara era mais velho por causa de dez minutos, pelo visto o loiro pirracento não queria sair, mas a Kushina era ainda mais teimosa que ele. Esse loiro por sua vez tinha os seus olhos no tom dos olhos de seu pai e desde pequeno nunca permitiu que ninguém cortasse seus cabelos, atualmente estes batiam em sua cintura e era algo que o ômega cuidava com gosto. Todavia o que chamava mais atenção era o seu visual. Ele era meio gótico e adorava andar cheio de joias, gargantilhas que mais pareciam coleiras, shorts curtos, meia calça, coturnos, sobretudo, mas também calças e blusas curtas, entre outras coisas tidas como bizarras.

Por fim o Naruto, o caçula da família e de longe o mais mimado. O Naruto era uma versão menor e mais fofa do Menma, ele manteve os seus cabelos dourados, mas não permitiu que esses crescessem que nem os do Deidara. Ele tinha marquinhas em suas bochechas que davam um ar bem felino nele, este aderiu a roupas afeminadas e o seu jeito também era delicado como o de uma ômega menina. Ele se vestia tão chamativo quanto o seu gêmeo, porém suas roupas eram em tons pastéis.

Ele não chegava a usar muitos shorts, porém saias curtas eram a sua especialidade, meia calça arrastão ou 7/8 de cores diversas, coturnos cor-de-rosa, azul bebê, branco, verde água, botas até a metade das coxas, gargantilhas, jaquetas holográficas, sapatos ao estilo all star, maquiagem leve, presilhas em seus cabelos e muito mais. Seu sorriso era radiante e ele era muito sociável, ao menos na maioria das vezes... ou não.

Mas voltando a sociedade: os alfas eram preparados para proverem a casa, trabalhar fora e tratar bem seus ômegas, além de dar-lhes filhos, todavia com a mudança de certas coisas alguns alfas optavam por fazer faculdade, treinarem seu cérebro ao invés de fazerem isso apenas com os seus músculos.

Quanto aos betas... bom, eles eram normais, sem graça, diriam. Eram necessários para trabalhos que envolviam cheiros já que eles não eram tão afetados pelos feromônios, então por mais que fossem quase que invisíveis, eles não eram indispensáveis.

O nó e a marca eram coisas que os betas não podiam fazer em ômegas e nenhum deles saciaria tanto um alfa quanto um ômega o saciaria e vice-versa. O que era bem triste, além dos chamados parceiros destinados, esses eram os piores, pois por mais que o par se odiasse era como se, pelo fato deles serem parceiros destinados, os seus sentimentos um pelo outro mudassem, isso era quase como algum tipo de hipnose e muitos cientistas estavam em busca, fazendo experiências para que pudessem acabar com isso.

Os Uzumakis tinham construído uma vida na Europa, na verdade eles eram europeus, entretanto viviam se mudando de um lado para o outro, por sorte o trabalho do casal era muito flexível e como o Minato era uma atleta ele vivia viajando naturalmente, não parava muito em casa então toda a família estava acostumada. A Kushina por sua vez era uma pianista famosa e com esses empregos distintos ela queria que os seus filhos fossem músicos e o Namikaze queria que eles fizessem algo relacionado a esportes.

Porém o Naruto sonhava em ser modelo, compositor e quem sabe um dia cantor, entretanto ele fazia faculdade de administração e um curso técnico de nutrição. O Deidara queria ser artista e por isso estava na faculdade de artes. O Menma almejava entrar em uma banda de rock e por um lado ele estava fazendo mais ou menos o que a ruiva queria, no entanto ela pensava em algo mais... clássico, como um violino ou ópera, todavia o  forte do garoto era bateria e guitarra, contudo, este fazia faculdade de medicina. O único que tentava agradar a todos era o Konohamaru, pobre Kono, ele fazia faculdade de gastronomia, participava de um clube de futebol americano e tocava saxofone, piano e violino.

Todos estavam satisfeitos com isso, até mesmo o primogênito, não era de seu feitio ser bagunceiro e arruaceiro, ele gostava de coisas calmas  e silenciosas, se encantava com o jeito que a sua mãe tocava e a forma como o seu pai corria nas pistas de atletismo. Eram a sua inspiração, ele os amava em demasia e por mais que tentasse agradá-los estava agradando a si mesmo também. Suas notas eram impecáveis – por mais que as de seus irmãos também fossem – e ele era bom em tudo que fazia, sonhava em algum dia se tornar um grande chefe de cozinha, mas não em ser conhecido apenas por isso.

Então, após toda essa explicação: eles estavam de mudança novamente. Já era a segunda vez no ano, por sorte estava prestes a começar o segundo semestre, não prejudicaria tanto seus irmãos. Sim, seus irmãos, pois o único motivo para que os Uzumakis não parassem quietos era o Naruto. Este tinha um problema com sua personalidade. Na verdade ele tinha duas e quando a sua pior personalidade se sobressaía eles tinham que se mudar.

O caçula era incontrolável. Suas personalidades eram muito distintas, ele era um doce, um ômega exemplar cujo qualquer pais desejavam para os seus filhos alfas, porém após um tempo as personalidades dele ficavam brigando internamente para ver quem iria liderar o corpo pequeno do loiro. O problema era que ninguém sabia ao certo qual era o verdadeiro Naruto então começar um tratamento era muito arriscado, pois a personalidade carrancuda poderia ser a verdadeira e ninguém estava preparado para aquele loiro.

Tanto que o Deidara nomeou as suas personalidades por cores, a doce era rosa bebê e a rebelde de língua afiada era vermelho escarlate. O mais interessante e intrigante eram os gostos do Uzumaki quando ele mudava de personalidade, o que ele fazia carinho em seu estado rosa bebê ele estava batendo e machucando em seu estado vermelho escarlate, além de ter um gosto bastante peculiar nesse estado e modo de tratar.

- Você está vendo o que estamos fazendo por culpa sua? – O Deidara se irritou falando alto para o caçula.

- Calado, chiuaua, você é a pior raça de cachorro que tem, por Rikudou. – O loiro retrucou fazendo pouco caso do irmão.

O gêmeo revirou os olhos e cruzou os braços, eles estavam em um carro com a Kushina enquanto os seus outros irmãos estavam em outro veículo com o Minato. A mudança já tinha sido deixada no condomínio e eles tinham chegado há pouco tempo no aeroporto, seus choferes estavam a sua espera, porém como eles estavam com a limousine a ruiva preferiu que eles dirigissem, até porque ela estava sentindo falta disso.

Ao contrário do que sempre faziam, que era se mudar para outro país da Europa, a família resolveu mudar de continente, mudar os ares, os ambientes, as pessoas, provavelmente faria bem ao caçula. Eles tinham costume de separar os seus filhos quando o Naruto estava daquele jeito, pois o Konohamaru era paciente demais e os mais velhos não queriam que ele perdesse esse dom, quanto ao Menma pedia para não se misturar, já o Deidara não se importava, ele e o gêmeo pareciam cão e gato brigando.

- Você não sabe como tratar as pessoas, a verdade é essa. Você é um falso mascarado que se passar muito tempo essa máscara cai, deveria se mostrar de uma vez, não acha? – Questionou ao mais novo ignorando a frase anterior dele.

- Sabe o que eu acho? – Perguntou retoricamente com uma voz debochada. Virou sua cabeça e olhou para o irmão de cima à baixo. – Eu acho que cachorros não falam, você não deveria estar latindo?

- Ora seu... – Já partira para puxar uma das orelhas do mais novo quando foi interrompido.

- Epa! – A mulher gritou chamando a atenção dos loiros para si. Os olhou feio pelo retrovisor. – Vocês vão se matar no meu carro mesmo? Eu lavei ele ontem, não quero sangue espalhado por ele não.

- Tsc. – Soaram em uníssono virando o rosto para o lado contrário de seu irmão.

O Naruto mirava o lado de fora da janela, podia até ser baixinho, mas não tanto ao ponto de não poder admirar aquela beleza ilustre das árvores locais. Estava encantado, ambos estavam e a Kushina podia ver isso pelo retrovisor do carro, os loiros não continham o sorriso largo.

- Águia mãe, por que viemos para o Japão? – O menor indagou sem tirar seus orbes azulados do lado de fora do veículo.

- Porque eu e o seu pai gostamos daqui, queríamos passar um tempo até você ter outro surto, gatinho. – Ela respondeu e o loiro deu de ombros, já estava acostumado com os seus próprios surtos.

- Se eu gostar daqui, Naruto, você vai ser um peixe pra mim e eu vou te pôr debaixo da água caso você surte de novo. – Ameaçou o que estava ao seu lado.

- Nunca fui um peixe, eu só sou um gato, eu acho... – Reclamou se voltando para o irmão que já o esperava com uma carranca. – chiuaua chato.

- Pois vai ter que virar, ou morrerá afogado, vermelho escarlate. – Finalizou jogando os seus longos e hidratados cabelos para o lado fazendo com que eles tocassem o rosto alheio.

Chegaram no grande privê com casas luxuosas, andaram por algumas ruas do local seguindo o carro do Minato que também já tinha chegado e estacionaram de frente a uma casa branca com detalhes verdes, no letreiro havia os sobrenomes “Uzumaki” e “Namikaze” em letras douradas. Os garotos se apressaram e saíram do carro, o caçula estava com muita sede e o mais velho não aguentava mais ficar sentado.

- O meu traseiro já estava doendo. – Ele se reclamou massageando a partezinha volumosa de seu corpo coberta por seu colete que ia até a metade de suas pernas.

- Miau! O gatinho precisa de água. – O Naruto falou aos pais se agarrando nas pernas da ruiva. – Águia mãe... – Dramatizou arrastando sua voz.

- Gatinho, não seja preguiçoso, entre e peça água a Shizune. – Ordenou apontando para a porta principal.

Todos os seus outros três filhos já adentravam pela mesma, mas o ômega mais novo se apressou e os ultrapassou, ele e o seu péssimo senso de competição falavam mais alto quando ele estava em vermelho escarlate. A ruiva balançou a cabeça negativamente vendo o seu vento impetuoso entrar na casa. Travou o seu carro e pôs-se a amarrar os seus cabelos vermelho sangue em um coque alto, estava muito calor.

- Como eles estão? – O Minato questionou quando saiu do carro de cor amarela e o travou, aproximando-se da mulher.

- Vivos... – Ela respondeu respirando fundo. – não sei como isso foi possível.

O loiro riu e a pegou pela mão assim que a mesma fez seu coque. – Vem, vamos ficar de olho neles e aproveitar a nossa moradia por aqui antes que o Naru surte novamente.

- Na verdade ele ainda está surtado, temos que acalmá-lo. – Ela salientou e o seguiu casa a dentro.

Passaram o resto das férias tentando acalmar o Naruto, ele continuava com o “água mãe”, “pai coruja”, “lobo solitário” para se referir ao Menma, “chiuaua”, e “pinguim imperador” para o Konohamaru, além de mandar e desmandar na pobre Shizune cujo ele chamava de “porca” por causa de sua falecida porquinha de estimação, a Tonton.

Por sorte eles conseguiram trazer o rosa bebê de volta ao corpo do loiro antes de começarem as aulas de segundo semestre na nova universidade. A Shizune os deixou no prédio da faculdade, tinham os cursos deles em um campus só, o que era ótimo para o casal, mas não tão bom para seus filhos. Com certeza o Konohamaru serviria de babá para o Naruto já que era o mais velho. O caçula ainda estava no segundo período, assim como o Deidara e o moreno no antepenúltimo.

Cada um foi para sua sala, por culpa do mais novo eles se atrasaram, todos já estavam em suas salas e os Uzumakis tiveram que se virar para procurarem seus cursos por si só. O loiro bateu na porta e logo a mesma foi atendida por um rapaz grisalho, esse lhe olhou de cima a baixo, estranhando todo aquele look para uma aula de administração, mas também encantado.

O Naruto usava um macaquinho de cor azul chamativo com uma estampa infantil com arco-íris, nuvens e outros desenhos, uma blusa de mangas curtas de cor branca por baixo, uma meia que ia até a metade de sua canela também de cor branca, gargantilha verde água com um coração de prata no meio e sapatos all star lilases. Sua mochila era rosa bebê e em seus olhos tinham lentes de contato, não mudando a cor de seus olhos azuis profundos, apenas acrescentando um coração à íris.

- Desculpe o atraso, professor, sou o aluno novato e esse fuso horário está me confundindo. – Mentiu descaradamente com a voz mais fofa e fina que pôde fazer, soltando um pouco de seus feromônios para que chegassem até as narinas do grisalho. Torcia para que ele fosse alfa.

O professor lhe deu espaço sem falar coisa alguma e o loiro caminhou até o pequeno palco cujo o professor ficava, como esperado, chamou atenção com aquelas roupas e aquele tamanho de short, não tinha como não chamar. Sorriu docemente olhando para cada um e falou:

- Eu me chamo Naruto Uzumaki, será um prazer ter aula com vocês. – Se apresentou e fez uma breve reverência, sua mãe tinha lhe ensinado um pouco como se portar naquele país.

Ninguém disse nada, ele apenas desceu do palquinho e seguiu até uma cadeira vazia ao lado de um ruivo estranho que não tinha sobrancelhas e muito menos vergonha na cara para ter feito uma tatuagem de cor vermelha em sua testa. O Naruto lhe lançou um sorriso fazendo com que esse corasse e desviasse o olhar.

- Posso me sentar aqui? – Questionou vendo que naquela sala eles sentavam em dupla e aquele garoto era um dos cinco que estava sem dupla, pelo visto ninguém queria se meter com ele.

- Claro... – Respondeu quase que inaudível.

O loiro pôs sua bolsa com cuidado sobre a mesa e se sentou na cadeira, todos ainda lhe olhavam, mas aquilo não lhe incomodava, se queria ser modelo teria que se acostumar com tantos olhares sobre si e sinceramente ele estava mais que acostumado.

[...]