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História Roses are RED - Mentiras


Escrita por: Hina107

Notas do Autor


Oi, amores! Como vocês estão? Resolvi atualizar em horário diferente hoje. Espero que gostem do capítulo e queria dedicá-lo a @_SraBru, obbrigada por me acompanhar!

Capítulo 15 - Mentiras


Fanfic / Fanfiction Roses are RED - Mentiras

- Eu não sei, Raikiri! Só estou dizendo que ela estava fazendo perguntas estranhas, minha irmã não é disso. - Kakashi assentiu e tomou mais um gole de sua cerveja.

- Pelo o que me contou, ela está fazendo muitas coisas fora do costume ultimamente. - Aquelas palavras me fizeram ficar pensativo. O que Sakura estava tramando? - Qual foi a última mensagem dela mesmo?

- Foi a que dizia "precisamos conversar". Eu detesto essa frase! - Meu amigo riu, movendo a garrafa de líquido amarelado.

- Quem não detesta? Mas, pelo menos, é vindo da sua irmã e não de uma namorada. - O olhei com tédio e bufei, tomando minha água. Não me dava a liberdade de tomar cerveja ao longo da semana e, ainda mais, estava com meu preparador físico do lado. Tudo bem que ele estava bebendo sua quarta cerveja, mas, para mim, funcionava um pouco diferente. Kakashi não me deixava beber para não atrapalhar nas lutas.

- Claro, eu não tenho nenhuma namorada. - Aquilo era mais do que nítido, continuaria solteiro para o resto de minha vida, pois a garota que gostava, sequer notava minha presença. Ou não notava da forma que eu queria.

- Não é o que a Ino tem dito por aí. - Ele movia a cabeça em negação enquanto ria, a loira se chacoalhava agitada de um lado para o outro, dançando algum ritmo desconhecido. Naquele dia, as lutas aconteceram na parte da tarde, me deixando livre para desfrutar da parte boate da ANBU.

- O que ela diz por aí pouco me importa. Só ficamos algumas vezes e Ino acha que se casará comigo.

- Sabe que precisa fazer algo a respeito, não é? - Suspirei. Eu juro que tentava.

- Eu sempre falo com ela, digo que merece mais do que alguém que só quer tê-la na cama. Porém, ela diz que estou escondendo meus sentimentos e acredita fielmente nisso. - Levei minhas mãos até as têmporas, tentando fazer uma massagem.

- Você está lotado de problemas, cara. Não queria estar na sua pele. - O platinado riu e bateu a garrafa sobre o balcão, pedindo mais uma ao barman.

- Obrigado, amigo! Sua motivação me comove. Aliás, por que está bebendo tanto? Não pareço o único com problemas para resolver. - Percebi quando sua testa formou um vinco entre as sobrancelhas.

- Está tão nítido assim? - Assenti.

- É a quinta cerveja que você pede. O que há de errado? - Ele suspirou, parecendo pensar um pouco antes de falar.

- É com a Rin. Brigamos ontem de madrugada, ela disse que se sente muito sozinha e caí na besteira de dizer que ficava fora por muito tempo para sustentar a casa, já que ela não trabalha. - Eu não era muito experiente com relacionamentos, mas a situação era clara, Kakashi estava ferrado.

- Então quer dizer que nem deu tempo de comemorar a grana com ela? - Perguntei me referindo a bolada que ganhamos com a penúltima luta.

- É isso aí! Cheguei em casa todo contente e ela me recebeu com a pior expressão possível. - Meu amigo trabalhava bastante, assim como eu. Porém, ele ficava nos bastidores das lutas, o que talvez fosse um pouquinho mais fácil.

- Eu sinto muito por vocês, sei como idolatra essa mulher. - O clima ficou um pouco mais leve com o seu sorriso sem mostrar os dentes.

- Porque ela é incrível! Vou pensar em algo para me desculpar. - Tive uma ideia e o mais velho já estava marcando bobeira.

- Por que não leva ela para sair agora? Aproveita que nos liberaram mais cedo, cara. - E aquela frase pareceu ter iluminado todo o seu mundo. Seus olhos se arregalaram e ele pareceu gostar muito do que eu disse.

- Eu te amo para o resto da minha vida, Sharingan! Vou para casa, tenho pendências a resolver. - Ele deixou a cerveja que havia pedido intacta, desceu da banqueta.

- Para de palhaçada, só estou dizendo o óbvio. Até porque, sou ótimo com as mulheres! - Fiz a melhor expressão de sacana, eu tinha lábia e as garotas adoravam, porém, só tinha olhos para uma, então sabia o que Hatake estava sentindo.

- Ótimo e continua solteiro.  - Essa foi certeira, direto no meu coração, mas não dei o braço a torcer.

- Por opção! - Terminei de beber todo o conteúdo da minha garrafa d'água.

- Sei. - Disse um pouco desconfiado. - Bom, já deu minha hora, preciso me resolver com a Rin, tentar. - Como Kakashi já estava de pé, apenas me deu um tapinha no ombro antes de caminhar até a grande porta vermelha e sair de minhas vistas.

Suspirei, talvez fosse melhor eu ir embora também. Saí da banqueta em que estava sentado e caminhei por um dos corredores mal iluminados da casa noturna. Cada lutador possuía um armário na penúltima sala, e comigo não seria diferente. O cômodo tinha uma energia negativa, pelo o que contaram, já havia sido palco de morte.

Coloquei a sequência de números 5-4-5-5 no cadeado, podendo abrir a velha e enferrujada porta de metal. Tive acesso a minha mochila, porém, algo estava diferente. Em cima da minha mala tinha um papelzinho preso, peguei e li a caligrafia mal escrita.

"A maldição do ódio é um veneno poderoso. Tenha cuidado!".

Olhei ao meu redor, alguém deveria estar de palhaçada com a minha cara? Primeiro, um quase acidente e, segundo, bilhetinhos. Mas, naquele momento, me dei conta. Uma situação poderia ter relação com a outra, mas o conteúdo escrito era uma ameaça ou um aviso? Alguém estava querendo me alertar ou me colocar medo? Talvez fosse o novo cara, aquele com o codinome Byakugan. Ele poderia estar querendo me assustar para ficar com meu posto? Ou eu estava indo longe demais? E se erraram o armário? Eram tantos iguais.

Porém, nada parecia fazer sentido. Me sentia exausto, meu corpo estava cansado e minha mente ainda mais, viver sob pressão é tão complicado, preciso ficar atento a todo segundo. Meu pai me ensinou isso, manter sempre a guarda alta, mas somos diferentes, ele foi um covarde.

Espremi a folha entre meus dedos, a jogando no chão. Peguei minha mochila e bati com força a porta do armário, queria só um momento de paz.

- Está irritado, Sharingan? As lutas não estão mais dando conta de amenizar sua raiva? - Olhei com tédio para o homem de cabelos alaranjados, ele estava encostado no batente da porta, me lançando aquele sorriso dissimulado.

- Não é da sua conta. Está sem nada melhor para fazer, Pain? O chefe não deu nenhuma ordem para o seu cachorrinho de estimação? - Sua expressão presunçosa mudou.

- Cala sua boca! Vim buscar a parcela. - Era claro, precisava devolver uma parte do dinheiro para o líder da ANBU. Seria bem mais fácil se ele descontasse diretamente do meu pagamento, mas, em um lugar como aquele, éramos testados sempre. Fazendo daquela forma, o chefe pensava que poderia me atentar com tanto dinheiro e, se eu tivesse apenas o sangue de meu pai em minhas veias, poderia cair. Seu intuito era me deixar vislumbrado com tantas cédulas, me fazendo gastar tudo com as coisas boas da vida, para eu atrasar uma parcela e ele poder cobrar ainda mais juros. Porém, eu não era conhecido como prodígio à toa.

Eles precisariam de muito mais para acabar com Itachi Uchiha, nunca tive medo da morte. A única pessoa que ainda me mantinha naquele esquema, era a minha irmã. Eu faria tudo por ela, para lhe proporcionar uma vida descente.

As coisas estavam mais fáceis com Madara, ele era mais consciente e responsável, pagava todas as contas de casa. Na noite da morte de meus pais, já havíamos combinado de como faríamos. O que me surpreendeu um pouco, pois nunca o vi trabalhando, me perguntava de onde ele arrumava tanta grana.

Entretanto, aquela situação me deixava mais aliviado, poderia aumentar o valor de pagamento das minhas parcelas, pois antigamente, com meus pais, eu arcava com todas as contas de casa, inclusive a faculdade de Sakura, que não era uma das mais baratas.

Nunca deixei a rosada se preocupar com dinheiro e nem precisava, faria o que fosse preciso para a deixar confortável. Mas era bom ter com quem dividir a responsabilidade e meu tio fazia isso muito bem, agia como um adulto.

Não sabia se minha mãe tinha ideia da dívida de Fugaku ou apenas fingia que não. Mikoto era uma mulher muito doce e discreta, então nunca soube se fazia-se de desentendida ou sequer suspeitava realmente de seu marido.

Peguei o envelope recheado de cédulas em minha mochila preta e entreguei nas mãos de Pain. Ele abriu o lacre e passou o olho, contando mentalmente, apenas para me provocar, o mais velho sabia que eu honrava meus compromissos.

- É, parece que está tudo certo. - Soltei um riso nasal.

- É claro que está, você sabe que nunca deixo faltar nada. - Ele desencostou do batente e caminhou em minha direção, parando a alguns centímetros de mim.

- Você não é louco de deixar faltar nada. - Aquele comentário somado a sua arrogância, me fez perder a linha. Não era de usar a violência fora dos ringues, mas estava em meu limite e descontei tudo no rosto de Pain. Meus punhos o atingiam repetidas vezes, enquanto o mais velho tentava revidar. Se nem lutadores experientes conseguiam, ele menos ainda.

O de fios alaranjados percebeu que o ataque não era a melhor opção, então partiu para a defesa. Colocar os braços na frente não iria fazê-lo apanhar menos. Talvez quando chegasse em casa, me arrependeria, mas, naquele momento, eu só queria extravasar a fúria que me consumia.

Pensava em Fugako, pensava no chefe da ANBU, pensava em todos do meio que já tentaram me passar a perna. Tudo me entorpecia, fui acostumado a reprimir meu ódio, mas quando ele vinha, não tinha como escapar.

Estávamos no chão, eu o empurrei e só parei quando senti dois pares de mãos me puxando para trás. Eu tentei continuar, mas Katsu e Zabuza me levavam para o lado oposto. Assim como meus oponentes, Pain estava caído, sangrando e com o rosto todo marcado, eu não tinha o título de invencível por nada, era bom no que fazia. Porém, não me orgulhava de levar aquele estilo de vida, preferia estar na faculdade e não envolvido em lutas clandestinas para sanar uma dívida de apostas.

- Está doido, cara? Você desconfigurou a cara dele! - O loiro de olhos azuis percebeu que eu já estava mais calmo, então deixou apenas Zabuza me segurando e foi aferir a pressão do corpo desfalecido no chão. - Ainda tem pulso, mais um pouco e você o mataria, Sharingan! O que te deu?

- Estou cansado do Pain abusando da autoridade! - Zabuza me soltou, ainda ficando próximo de mim, prevenindo se eu tivesse mais um ataque.

- Todos sabem que ele merece uma lição, mas logo você? - Foi o moreno de cabelos curtos que disse. Sua voz era mais imponente e grave, talvez pela idade avançada.

- Vocês abusam da minha paciência por acharem que sou muito calmo, mas não me conhecem. - Quando fui me aproximar de Pain, os outros dois homens foram em minha direção, levantei meus braços e abaixei devagar, mostrando que só queria pegar algo. Apanhei o envelope onde tinha o pagamento de mais uma parcela e entreguei para Zabuza, ele era honesto, se é que podemos chamar assim alguém que está metido na ANBU. - Entrega para o chefe ou para algum de seus cachorros de estimação, diz que é o pagamento do Sharingan.

- Espera aí! E o que fazemos com ele? - Katsu se referia ao homem machucado que estava tentando abrir os olhos.

- O que sempre fazem, cuidem dos ferimentos. Não há novidades nisso. - Voltei a pegar minha mochila, na hora da briga, nem percebi que havia deixado jogada no banco de madeira antigo.

- Olha o estado dele! Precisamos de uma ambulância! - Eu ri, mas sem qualquer humor. Percebi Zabuza revirando os olhos.

- Faça isso! Aproveite e chame a polícia também, explique o que está fazendo dentro de um galpão ilegal. - Eu disse com escárnio.

- Você tem muito o que aprender, Katsu. - Zabuza ditou, se aproximando do outro e levantando o corpo de Pain, logo o deixando estendido sobre o banco.

Foi a última coisa que vi, pois não queria mais presenciar aquela cena e, como Pain ficaria, não era problema meu. Não é como se estivesse com dó, ele merecia por tudo o que já me disse, por todos os xingamentos que já havia me lançado em todos os meses que repassava o dinheiro para ele. O ruivo era apenas um tipo de mensageiro, mas diziam que nem ele conhecia a verdadeira face do dono da ANBU, eram apenas encontros onde o chefe usava uma máscara cobrindo seu rosto.

Não entendia o motivo de todo aquele mistério, tudo bem, o galpão era ilegal, as lutas também. Mas ele não tinha ninguém de confiança? Essa ideia ia e vinha em minha mente algumas vezes e confesso que me deixava um pouco instigado.

Andei pelos corredores sentindo minha respiração pesada, assim como a energia daquele ambiente. Por sorte, não demorei muito para chegar ao lado de fora, sentindo os últimos raios solares atingindo meu rosto. A tarde já estava dando lugar para a noite.

De manhã, passei na oficina e, graças a todos os deuses, meu carro ficou pronto poucas horas depois, pelo visto, a batida não foi muito forte e o mecânico conseguiu desamassar sem muita dificuldade. Entrei no automóvel esportivo, deixando minha mochila no banco do passageiro e colocando a chave na ignição, ouvindo o ronco do motor em seguida.

As palavras de minha irmã ainda martelavam minha mente, estava apreensivo e ansioso para nossa conversa, se fosse o que estava pensando, ficaria muito feliz. Mas, por outro lado, ainda existiam mil e uma outras possibilidades.

Resolvi parar no mercado e comprar um fardo do refrigerante de framboesa que ela mais gostava, se fosse uma conversa difícil, pelo menos ganharia alguns pontos.

Depois de alguns minutos, consegui vislumbrar a entrada do comércio, deixei meu carro estacionado na rua mesmo, pois não ia demorar. Desci e caminhei em direção as luzes que iluminavam o outdoor com o nome do lugar.

Adentrei o ambiente, pegando uma cesta, poderia pegar um carrinho, mas não ia comprar muita coisa. O interessante de ir ao mercado é perceber que nunca você traz só o que pensou. Parece que as prateleiras te atraem e os sacos de salgadinhos ainda mais. Claro, eu sou um lutador e preciso manter minha forma, porém, o Kakashi não ia ver e o que os olhos não vêem, o coração não sente.

Peguei algumas embalagens coloridas e algumas latas do refrigerante predileto de Sakura, já estava começando a faltar espaço na cesta e talvez fosse melhor ir buscar um carrinho. Foi quando senti alguém trombar em mim, larguei o que estava em minhas mãos para segurar o corpo menor, o impedindo de cair no chão.

- Ops, me desculpa! - O ruivo segurou em minha camisa, mas logo estava de pé em segurança.

- Relaxa! Você se machucou? - Sabia que não, mas era educado perguntar.

- Hm, eu não cheguei a cair, então não! - Como eu imaginava.

- Amor, peguei a... - Olhei para o lado, reconhecendo o dono daquela voz. Suas palavras morreram no caminho, assim como o seu sorriso. Levantei uma de minhas sobrancelhas, entendendo o que estava acontecendo.

- Itachi? - Não sei o motivo, mas o loiro me parecia assustado.

- Naruto. - Respondi em tom de afirmação, diferente dele.

- Vocês se conhecem? - O ruivo perguntou, alternando seu olhar entre nós dois.

- Naruto é o melhor amigo da minha irmã. - O Uzumaki estava sem fala, então sua companhia resolveu tomar a frente.

- Você é irmão da Sakura? - Os olhinhos dele carregavam um brilho diferente, parecendo surpreso de descobrir aquilo.

- Sim! Itachi Uchiha, muito prazer! - Estendi minha mão e ele logo segurou em um aperto.

- Gaara Sabaku, o prazer é todo meu! - Ele me lançou um sorriso e eu correspondi.

- Itachi, sobre isso... - O menor de nós olhou para o loiro e seu semblante mudou. Naruto pareceu notar e parou. Suspirou. Entrelaçou sua destra com a canhota de Gaara e voltou a falar. - O Gaara é... Ele é... - O olhei com expectativa, esperando ele parar de guaguejar.

- Seu namorado, Naruto? - Eu indaguei, tentando ajudar.

- Sim! O Gaara é meu namorado, Itachi. - O ruivo sorriu e eu também, não tinha problema com a sexualidade de ninguém, afinal, não era da minha conta mesmo.

- Não posso deixar de demonstrar minha surpresa. Encontrou alguém que te aguente, isso sim é doidera! - Todos rimos e o loiro entendeu que era brincadeira. Peguei minha cesta do chão. - Vocês estão de carro? Precisam de carona?

- Não, cara! Viemos com meu carro. Está indo para casa? - Ele olhou para minha cesta e notou os refrigerantes. Naruto era o melhor amigo de Sakura desde o ensino médio, então ele conhecia seus gostos.

- Estou sim! A Saky me mandou uma mensagem e quer falar comigo. Tem alguma ideia do que seja? - O loiro negou.

- Não tenho, hoje nos falamos rapidinho no horário da aula pelo telefone, ela faltou.

- Pelo o que entendi, meu tio achou ela pela parte da manhã, mas ainda não fiquei sabendo onde. - Mais uma coisa que eu teria que perguntar quando chegasse em casa.

- Chegou o momento da Saky dar trabalho! - Ele disse animado e deu risada junto a Gaara.

- Nem inventa, Uzumaki! Você não tem nenhuma relação com isso, não é? - Me aproximei de si e ele recuou.

- Juro juradinho que não, Ita.

- Hm, sei. Tudo bem, eu já vou indo. Gaara, adorei te conhecer, aparece lá em casa qualquer dia com o Naruto. - O ruivo murmurou um "pode deixar", enquanto o loiro pegou uma embalagem vermelha de salgadinho e colocou na minha cesta.

- Eu gosto desse.

- Você é um cara de pau, Naruto! - Dei risada e saí andando em direção ao caixa. O melhor amigo da minha irmã era uma boa pessoa e tenho certeza que não mediria esforços para ajudá-la se fosse preciso. Eu confiava em Naruto como se ele fosse meu irmão mais novo.

Coloquei todos os produtos em cima da esteira do caixa, dando um "boa noite" para a atendente e esperando ela passar a compra. Paguei e fui em direção ao meu carro, apertei o passo quando percebi uma fina garoa começar a cair, era indício que logo viria a chuva forte. As noites de Konoha eram assim.

××××

Entrei em casa, sentindo o aroma característico de lavanda, parecia tudo em ordem até eu acender a luz. A sala estava um caos, era vidro espalhado por todo lado, vasos que antes enfeitavam o cômodo, eram apenas cacos no chão.

- Mas que merda... - Estava com um ponto de interrogação em minha cabeça, mas tinha algo mais importante do que entender toda aquela situação. Sakura.

Deixei as compras sobre a mesa e subi apressado até seu quarto, me deparando com a porta trancada. Dei três toques afoitos, precisava saber se ela estava bem e protegida.

- Sakura? - Ouvi apenas um som abafado escapar por seus lábios, aquilo me deixou ainda mais em alerta. - Sakura, está tudo bem? A sala está uma zona, estou preocupado!

- E-eu... - A voz dela falhou. Será que minha irmã estava passando mal? Tentei forçar a maçaneta mais uma vez. - Estou quase...

- Quase o que? - Falei uma oitava mais alto, minha última opção seria arrombar aquela porta. Depois de alguns longos segundos, consegui a escutar de forma mais clara. 

- Quase terminando de me trocar, irmão. Espera um pouco. - Será que ela havia saído do banho? Quando ela abriu a porta, adentrei sem esperar por convite.

- Que demora! - Senti a diferença de temperatura do quarto. - Aqui está muito quente! Você está suando. Tem algo errado?

- Nada de errado, Ita. Eu estava apenas dançando. - E precisava trancar a porta para dançar? Sakura estava agindo estranho. Na verdade, ela estava assim há algumas semanas.

- Hm, sei. Bom, vamos direto ao ponto, pois estou cansado. - Decidi ser breve, mas, na verdade, estava curioso e não queria deixar transparecer.

- Que ponto? - Ela perguntou confusa e eu fiquei da mesma forma.

- Como assim? Você me mandou uma mensagem dizendo que queria conversar comigo. Em que mundo você está, Sakura? - Mesmo esperando sua resposta, minha atenção foi desviada para a porta do banheiro que foi aberta.

- Ela está bem avoada ultimamente mesmo. - Espera! Por que Madara estava no banheiro? Olhei entre ele e a rosada com o cenho franzido, então resolvi perguntar

- O que você está fazendo aqui, tio? - Minha voz deixava evidente minha incredulidade.

- Ah, sobrinho! Você nem imagina. - Ele olhou para ela e minha irmã parecia prestes a desmaiar. - Sua irmã quebrou tudo lá embaixo hoje, teve uma crise e foi difícil contê-la.

- Certo. Isso explica a bagunça na sala, mas e o que faz no banheiro da suíte dela? - Era essa resposta que estava querendo, a sala ficava em segundo plano, mesmo eu detestando aquela zona.

- Sobre isso, estava aqui com ela, tentando deixá-la calma e fiquei com vontade de ir ao banheiro. - Ele disse com calma.

- O que é isso, Sakura? Madara estava aqui e você estava sem roupa? - Ela se assustou.

- O-o que? Co-como assim sem roupa?

- Você não disse que estava se trocando? - Eu indaguei e Madara se intrometeu logo em seguida.

- Desde quando estamos em um interrogatório, Itachi?

- Eu aproveitei que o tio Madara entrou no banheiro para poder trocar a roupa suja. Estava com ela desde ontem e agora que me acalmei, preciso descansar. - Seu olhar pareceu encontrar o do moreno ao seu lado.

- Certo. Você ainda quer conversar comigo? Porque me deve algumas explicações, Saky. - Meu tio levantou os braços e interrompeu mais uma vez.

- Bom, sobrinhos, irei deixá-los a sós. Vou descer e arrumar aquela bagunça, se precisar de qualquer coisa, Sakura, pode me chamar.

- Não será necessário, eu já estou aqui. - Por mais que me sentisse distante de minha irmã, ela havia convivido muito mais tempo comigo do que com o Uchicha mais velho, esse que deu as costas e saiu do quarto.

- Onde você se meteu ontem, Sakura? Quer me matar do coração? - Disse com a voz baixa.

- Não, Ita. Eu só precisava respirar um pouco. Fui para a casa de uma amiga. - Uma amiga? Minha irmã só tinha o Naruto como amigo. Parecendo ler meus pensamentos, ela continuou. - Karin é nova na faculdade. Só precisava de um tempo.

- E não podia ter avisado? Ficamos preocupados. - Ela assentiu.

- Me desculpa por isso, eu não lembrei de avisar. - Não sei o motivo, mas ela parecia inquieta, quase como se estivesse mentindo. Porém, Sakura não mentiria para mim.

- Certo! - A garota de cabelos rosados pareceu se lembrar de algo e começou a procurar um objeto em sua bolsa, o celular. Ficou algum tempo para desbloquear e encontrar a imagem que queria.

- Aqui! Não sou a única que deve explicações. Pode me explicar isso, Itachi? - Fiquei embasbacado, uma foto minha e de Kakashi quando negociamos com Kabuto. Tinha alguém nos vigiando, o acidente e o bilhete não eram mais coincidência. O que me deixou extremamente puto foi descobrir que o cuidado de tantos anos que tive para manter Sakura longe, foi por água abaixo.

Alguém a conhecia e sabia quem eu era. Aquilo era mau, muito mau.

- É claro que posso! Eu e Kakashi iremos reformar essa casa, esse é um cliente da nossa empreiteira. Eu prefiro receber em dinheiro para não ter que declarar no imposto de renda, irmã. - Ela pareceu pensativa, poxa, minha desculpa foi muito boa.

- Convincente, Ita. Porém, eu fui até o prédio em que trabalha e você não estava lá, na verdade, é um edifício de dentistas. Você mudou de profissão? - Foi sarcástica.

- Você está duvidando de mim? Está me seguindo? - Enquanto eu rebatia, tentava bolar outra desculpa.

- Não, eu só quis conferir. - Sakura pareceu um pouco ofendida.

- Por isso me fez aquelas perguntas, não é? Sakura, eu mudei de prédio, não pensei que teria que comunicá-la. Fomos tranferidos, o dia em que Kakashi veio aqui, a reunião foi para tratar dessa mudança. - Sua expressão foi suavizando e sua próxima pergunta me deu um xeque-mate.

- Você não mentiria para mim, não é, Ita?

- Jamais! - Ainda bem que resposta com os dedos cruzados não valia.

 

 

 

 

 

 

 


"Completamente sozinho                                              Nesse jardim florido
Coberto de espinhos
Eu me tranquei nesse castelo de areia

Qual é o seu nome?
Você tem para onde ir?
Oh, você poderia me dizer?
Eu vi você se escondendo neste jardim

E eu sei
Todo o seu calor é real
Eu seguro sua mão enquanto pego
Aquela flor azul

Esta é a minha maldição
Não sorria para mim
Me ilumine
Porque eu não consigo chegar até você
Não há nome pelo qual você possa me chamar

Você sabe que eu não consigo
Me mostrar para você
Me entregar à você
Eu não posso te mostrar esse meu lado corrompido
Então coloco uma máscara e vou te encontrar
Mas eu ainda quero você

Floresceu no jardim da solidão
Uma flor que se parece com você
Eu queria dá-la para você
Depois de me livrar dessa máscara idiota

Mas eu sei
Que eu nunca vou conseguir
Eu preciso me esconder
Porque eu sou feio

Estou assustado
Sou tão patético
Estou com tanto medo
Tenho medo de você me abandonar no final mais uma vez
Então coloco uma máscara para ir te encontrar mais uma vez

O que eu posso fazer é aqui
Nesse jardim
E nesse mundo
Eu floresço uma flor que se parece com você
E respira como aquele "eu" que você conheceu
Mas eu ainda quero você
Eu ainda quero você

Talvez antes
Um pouco antes
Só um pouco
Se eu tivesse coragem de ficar te encarar
Será que tudo teria sido diferente?

Continuo chorando
Nesse castelo
De areia
Que está se desfazendo aos poucos
Enquanto olho para esta máscara quebrada
E eu ainda quero você

Mas eu ainda quero você
Mas eu ainda quero você
E eu ainda quero você".

- The Truth Untold - BTS (feat. Steve Aoki)














 


Notas Finais


Até o próximo, gatinhas! Mas me respondam algo, vocês já prometeram algo cruzando os dedos?


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