História Rouge et Bleu - Capitulo 41

A primeira coisa que passou pela minha cabeça, foi: me lasquei. Estou sozinha em casa e se ela veio até aqui, vai me matar. Mas não morreria sem lutar. Antes, porém, em pensamento falei: “Thiago, meu amor, amo você, cuide de Hana e dê amor a ela. Diga aos nossos amigos que os amo. Diga aos meus pais que os amo”.

Ok! Isso foi um pouco de delírio, mas fiquei sem reação diante dela. Estava muito bem vestida e elegante, com um sorriso meio sarcástico nos lábios e a mão estendida enquanto olhava para dentro de casa procurando alguma coisa.

Estreitei o espaço da porta que havia escancarado e a cumprimentei:
- Sim, Isabelle! Sou Fleur!

Ela riu e falou:
- Será que posso entrar? Precisamos conversar.
- Me desculpe, Isabelle. Acho que não temos nada a falar.
- Engano seu. Temos muitos assuntos em comum.
- Ah, rs. Desculpe mesmo, não creio que seja comigo que você deve falar. Thiago é adulto e sabe das suas escolhas.
- Você vai mesmo me deixar aqui fora enquanto falamos sobre isso?

Pensei em um palavrão bem feio e olhei para dentro de casa olhando as saídas, rs.

- Tudo bem, entre!

Ela riu cinicamente e entrou. Olhando cada pedaço da sala e as caixas espalhadas.

- Quer se sentar?
- Sim! Obrigada!

Apontei a ela o sofá e ela se acomodou e ficou olhando tudo:
- Você me desculpe, mas eu realmente não sei o que poderíamos ter para falar, e como estou ocupada, gostaria que fosse direto ao assunto.

Ela riu de novo e já estava me dando nervoso daquilo.

- Então é aqui o novo “lar” de vocês?
- Isabelle, por favor, o que você quer?
- Poderia te dizer várias coisas que quero, mas se você fosse embora das nossas vidas já seria suficiente.
- Ah, me desculpe. Acho que isso não é uma opção.

Ela abaixou as vistas:
- Minha vida está despedaçada.
- Sinto muito por isso.
- Não creio que sinta algo de verdade. Você entrou nas nossas vidas para destruir.
- Não! Eu me apaixonei por ele, mas nunca desejei o seu mal. Casamentos são desfeitos todos os dias e nem sempre tem algum culpado.

Ela levantou as vistas. Era o retrato da tristeza:
- Está querendo me ensinar a como lidar com um casamento? Já foi casada? Já viveu uma vida inteira com alguém?

Meu Deus, o que ela queria com aquilo?

- Não! Realmente não tenho experiência em casamentos, mas isso não me tira a experiência com a vida.
- Muito engraçada.
- Bom, Isabelle, eu realmente acho que não temos mais o que dizer. Você me pede algo que não posso te dar, pois não é uma decisão minha. Sendo assim, me desculpe mais uma vez, mas preciso terminar de colocar minha casa em ordem.

Ela riu, olhou ao redor de novo e continuou:
- Casa? Você acha mesmo que pode ter uma casa ou um lar com ele?
- Não entendi!
- Thiago me largou para ficar com você. Quem te garante que não fará o mesmo com você?

Meu estômago revirou.

- Está bem, Isabelle! Já chega. Agradeço seus conselhos e até sua visita. Como eu disse, não desejo seu mal. Quero que seja feliz.
- Muito irônico desejar felicidade agora.
- Mas se me dá licença.

Ela me olhou e mais que raiva vi dor e sofrimento. Meu coração doeu por ela. E senti dó também. Mas não podia fazer nada por ela. 

A salvação para aquele clima, chegou em forma de amigos. A porta se abriu e Jean e Eve apareceram juntos e rindo. O sorriso morreu em seus lábios quando eles viram a cena. Perguntaram juntos:
- O que está acontecendo aqui?

O alívio de vê-los foi enorme.

- Isabelle veio para conversar, mas já está de saída.

Ela olhou para mim e para eles, secou uma lágrima, pegou a bolsa que estava no sofá e saiu.

Me deixei cair na cadeira que eu estava antes e suspirei. Jean e Eve correram até mim:
- Você está bem?

Sacudi a cabeça em afirmativa. Eve continuou:
- O que ela veio fazer aqui?
- Veio falar para eu largar Thiago.

Foi a vez de Jean:
- E por que você a deixou entrar?
- Ah, fiquei com medo de ela fazer escândalo na porta. Sei lá.
- Mas que horror. E você está bem mesmo?
- Sim!!! Tirando o susto, estou bem.

Soltei uma gargalhada que eles não entenderam:
- Tá maluca?
- Só comigo que acontece essas coisas.
- Tá precisando se benzer, amiga!
- Estou mesmo, mas coitada dela. E de Thiago.
- Pobre Capita!

Jean abaixou e balançou a cabeça. Tão dramático, rsrsrs.

- Bom, vamos à arrumação, aos queijos e vinhos? Espantar esse clima ruim.

Eles começaram a se movimentar enquanto eu ia trancar a porta, vai que ela voltasse.

Quando Thiago chegou, estávamos terminando de arrumar a cozinha.

- Oi, família!!!

Ele estava feliz e com um sorriso lindo nos lábios. Isso significava que não tinha estado com ela. Ufa, ainda bem. Eu não queria dizer a ele sobre ela ter ido lá, mas eles brigaram comigo dizendo que eu devia contar. Então concordei que falaria, em outra hora.

Eu estava no topo de uma escada de cozinha pegando umas taças quando ele adentrou a cozinha. Desci correndo e fui até ele o enchendo de beijos:
- Oi, amor!
- Oi, princesa. Tudo bem?
- Sim e você?
- Ótimo!

Me deu um beijo e Jean pigarreou. Eu ri:
- Desculpe atrapalhar, mas, ainda estamos aqui, né, Eve?
- É, se quiserem, podemos ir.
- KKK. Fiquem aí. Vou roubar ela de vocês só um momentinho. Prometo.

Jean gritou:
- AH, NÃO VAI, NÃO!

Evelyn engrossou o coro:
- É, NÃO MESMO!

Olhei para eles sem entender:
- Vocês estão loucos?
- Loucos, não, mas sabemos muito bem no que pode dar esse momentinho. De jeito nenhum.

Dei uma gargalhada quando lembrei o que eles falavam. Estavam falando do dia em que Eve foi jantar comigo e Thiago fez amor comigo com ela lá.

- Parem de ser idiotas.

Thiago estava sem entender:
- Alguém explica?
- Nada, amor! Vem!

Peguei sua mão e o puxei para a sala.

- O que foi?

Ele se sentou no sofá em que Isabelle havia estado, me deu vontade de rir e ele percebeu:
- O que foi?
- Nada! Tô pensando naqueles bobos lá dentro.
- E por que o surto?
- Estão lembrando o dia em que fizemos amor com Eve na sala, lembra? Acharam que ia acontecer de novo.

Ele deu uma gargalhada:
- Não acredito!
- É! Dois bobos. Mas fala, o que houve?
- Ah, agora quero fazer amor com eles lá dentro.
- kKK. Bobo. Teremos muito tempo e lugar para fazer isso. Quero fazer em cada cantinho. Mas agora, não. Eles podem nos interromper.
- Kkk. Tem razão.
- Fala. Estou curiosa.
- Conversei com os meninos. Expliquei tudo a eles e quero levar você para conhecê-los.

Tremi de nervoso por enfrentar as ferinhas e por lembrar que depois de hoje, a doida podia implicar com isso. Eu não queria dizer, mas diante da situação, não me restou alternativa.

Sentei ao lado dele e falei na lata:
- Isabelle esteve aqui.

Ele deu um pulo do sofá que me assustei:
- O QUÊ???