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História Royal High Academy - O abusador merece a morte!


Escrita por: chaootics

Capítulo 10 - O abusador merece a morte!


— Ou você larga ela nesse instante, ou eu publico esse vídeo agora mesmo. 

Cash olhou para o celular e depois para ele e esbravejou, dessa vez não teria escolha. Sunghoon já estava no seu pé desde o ano passado, daquela vez as coisas se resolveram fácil, mas tinha a impressão de que o loiro não deixaria barato. Se postasse aquele vídeo, sua carreira iria por água abaixo, então ele se afastou contra a sua vontade, empurrou o outro com o ombro e saiu pisando forte para mostrar sua raiva. O Park apenas revirou os olhos e resmungou consigo mesmo, para depois caminhar até a garota. Yunjin ainda estava deitada na cama, parecia confusa e muito embriagada, ele tinha certeza de que Cash colocava alguma coisa na bebida de suas vítimas. O pior era que ele tinha rasgado o vestido que ela usava, de forma que nem dava para vestir de novo. Sunghoon resmungou mais uma vez, tirou o casaco caríssimo que vestia e a sentou na cama para vesti-la pelo menos em cima. Yunjin nem sequer conseguia andar pela embriaguês, então ele a pegou nos braços e saiu com ela dali o mais rápido possível.

Do lado de fora não havia nem sinal de Cash.

Ele colocou a garota deitada no banco de trás do carro e ordenou ao motorista que o levasse para casa. A cabeça de Yunjin estava escorada em suas coxas e agora ela dormia profundamente, sem qualquer noção de seus arredores. Sunghoon apenas balançava a cabeça, sentia que merecia um lugar no céu pelo que estava fazendo por aquela bolsista que ele considerava extremamente burra.

Seus pais estavam na sala assistindo televisão quando ele entrou. Não era uma cena usual ver o filho chegando com uma garota seminua desmaiada nos braços, por isso seus olhos se arregalaram.

— O que é isso? — sua mãe perguntou.

— Eu só vou dizer uma palavra, Cash — ele respondeu.

As empregadas tinham aparecido ali, então ele ordenou que conseguissem alguma roupa para vesti-la para dormir, Yunjin não acordaria tão cedo. Enquanto isso, ele foi carregá-la até o quarto de hóspedes.

— Mas o que ele fez? — sua mãe o seguiu preocupada.

— O mesmo da outra vez. Eu filmei tudo, mas não deixei que ele a tocasse de forma privada. 

Dito isso, ele a largou em cima da cama e bateu as mãos uma na outra.

— Meu filho é tão bondoso — Jihyo o acariciou no rosto. 

— Eu devia ser santificado! — ele esbravejou — Agora deixa eu ir tomar um banho, estou fedendo a bolsista. 

Assim que ele saiu, as empregadas vieram com um pijama e um cobertor. A inconsciente Yunjin foi vestida e colocada confortavelmente para dormir. A mãe de Sunghoon ainda ficou algum tempo observando, parecia que a juventude dos dias de hoje estava cada vez pior, no seu tempo as coisas não eram assim...

Yunjin dormiu a noite inteira e só acordou quando já passava das dez da manhã. Assim que abriu os olhos, sentiu uma dor forte na cabeça, parecia que tinha dado uma cabeçada em uma pedra ou algo assim. Foi então que percebeu que não estava em sua cama, mas sim em um local que não conhecia. Seus instintos logo a despertaram e ela sentou um tanto confusa. Foi quando percebeu que estava vestindo um pijama de mangas compridas que nunca tinha visto antes, onde diabos tinha vindo parar? O que tinha acontecido na noite passada?

Para sua sorte, seu celular estava na mesinha ao lado da cama. Ela o pegou confusa e viu que havia uma mensagem de um número desconhecido:

“Responda aqui quando acordar”.

Ela mandou um “quem é você?” e estava prestes a levantar para descobrir onde tinha vindo parar quando alguém deu uma batida na porta e entrou. Para sua surpresa, aquela pessoa era Park Sunghoon. 

— Você? — ela não entendeu.

— Pior momento para você ficar desmemoriada, bolsista — ele resmungou — Eu salvei a sua vida, esqueceu?

Yunjin tentou se lembrar, mas as memórias da noite passada estavam nubladas. Ela lembrava de ter ido até a festa havaiana, tinha dançado bastante com Cash, também bebeu mais do que devia. Mas em certo ponto, era como se sua mente estivesse em branco. Quando ela negou com a cabeça, o outro sentou em sua frente e começou a falar.

— Aquele babaca que eu avisei a você sobre, o que você acha que ele fez? Ele te drogou com alguma coisa, depois te carregou até uma casa isolada e tentou abusar de você, ele até mesmo rasgou todo o seu vestido. Se eu não tivesse ficado de olho e seguido vocês, você estaria ferrada. 

A Sim arregalou os olhos e balançou a cabeça, aquilo não fazia o menor sentido. Cash não era esse tipo de pessoa, não tinha sido ele mesmo que disse que Sunghoon que era assim?

— Você está brincando comigo? — ela fechou a cara — Não tem graça.

O loiro revirou os olhos até que ficassem completamente brancos, então pegou o celular no bolso do casaco, procurou por algo e mostrou a ela. Quando Yunjin viu a cena, seu rosto se tornou a imagem do horror. Lá estava ela, se debatendo enquanto Cash arrancava sua roupa sem piedade. Seu corpo inteiro começou a tremer, ela cobriu a boca com as mãos e virou o rosto, não queria mais ver aquilo.

— Ele fez... ele fez aquilo comigo? — perguntou e seus olhos estavam marejados agora.

— É claro que não, eu nem deixei ele tirar a sua roupa íntima. 

Sunghoon achava que não era grande coisa porque nada tinha de fato acontecido, mas quando Yunjin viu aquele vídeo se sentiu tão frágil e indefesa, tão assustada... ela nem sequer conseguiu segurar as lágrimas enquanto apertava o próprio corpo. Se Sunghoon não estivesse lá, o que teria acontecido? Aquela pessoa na qual ela confiou cegamente tinha tentado se aproveitar dela daquele jeito, como podia ter sido tão inocente?

— Da próxima vez, acredite em mim — o loiro continuou — Você foi uma burra.

Ela sabia que aquilo era verdade, mas não queria ouvir essas palavras. Seu corpo se enrugou enquanto tampava os ouvidos, as lágrimas desciam incansáveis por suas bochechas. O Park não esperava que ela fosse reagir assim, então ele ficou confuso.

— Ei bolsista, não precisa chorar desse jeito, nada aconteceu. Achei que você iria ficar irritada e correr para dar um chute naquele idiota, por que está chorando?

Mas Sunghoon não entendia, ele não entendia o que era ser mulher, o que era se sentir violada e incapaz como ela estava se sentindo agora. Também nem teria como entender, não quando era um garoto rico e privilegiado. Yunjin nunca tinha passado por nada do tipo antes, então estava assustada, aterrorizada. Mesmo que ele de fato não tivesse a machucado, só de ter visto aquele vídeo, a forma como arrancava sua roupa e não ligava para seus pedidos para que parasse, ela achava que iria vomitar.

Para a sorte de Sunghoon, seu irmão mais novo havia sido informado do ocorrido e imaginou que ele não saberia lidar com a situação. Por isso, bateu na porta e entrou trazendo uma xícara de chá em mãos, que colocou na mesinha ao lado da cama. 

— Yunjin, fiquei sabendo do que aconteceu, eu sinto muito. Espero que meu irmão não tenha sido duro com você, ele é um idiota com as palavras.

— Ei — o loiro o fulminou com o olhar.

A garota tentou secar as lágrimas, mas não sabia o que dizer. Não era culpa de Sunghoon, ele a tinha salvado, aquilo era quase inacreditável. Aquele garoto era a última pessoa no mundo que esperava que fosse salvar a sua vida desse jeito. 

Ela então agradeceu ao mais novo e pegou o chá para beber e se acalmar. Foi preciso algumas palavras doces de Jungwon para que suas lágrimas parassem de descer compulsivamente, mas ela ainda se sentia vazia naquele momento.

— Isso é muito estranho, Cash falou que era você que fazia essas coisas, que ele te pegou abusando de uma garota no banheiro no ano passado... — ela confessou.

— ELE DISSE O QUÊ??? — Sunghoon deu um salto no colchão — Miserável desgraçado, ele inverteu a história! Foi ele que abusou de uma garota no banheiro da escola e eu que vi e denunciei para o meu pai! Por isso que ele pegou implicância comigo desde então. Não acredito que você acreditou nele.

— Ela deveria acreditar em você? — Jungwon o julgou com o olhar — Você atirou uma bola na cabeça dela.

Ao ouvir aquilo, o loiro não respondeu.

— Cash sempre foi bom comigo, ao contrário de você. Por que eu não acreditaria nele? 

— Ele é um bom mentiroso — Jungwon acrescentou — Posso garantir que você e a garota do banheiro não são as únicas vítimas dele.

Ao ouvir aquilo, Yunjin se sentiu desconfortável. Aquele nojento devia estar por aí abusando de jovens inocentes o tempo todo, ele era assustadoramente bom em enganar até mesmo alguém como ela que nunca tinha se considerado uma “cabeça de vento”. Sua mãe sempre a ensinou a saber se defender e decifrar ambientes estranhos, como pôde se enganar desse jeito? O mundo era mesmo um lugar assustador e qualquer um podia ser um criminoso. 

— Não se preocupe, de hoje em diante você está protegida — Jungwon continuou — Eu não posso fazer muito nessa situação, mas posso passar com a minha cadeira em cima do pé dele. 

A forma como ele disse isso foi tão fofa que Yunjin quase conseguiu esboçar um sorriso.

— Sunghoon vai proteger você também.

— Eu nada! — o loiro resmungou.

— Vai sim! — Jungwon ordenou.

Por fim, o mais novo se retirou desejando que ela ficasse bem, ele era mesmo um amor, o total oposto do outro Park. Sunghoon ainda estava com cara de que iria implicar com ela por qualquer coisa, mas por algum milagre decidiu respeitar o momento dela. Ele perguntou se ela queria comer alguma coisa, mas seu estômago estava revirado, não tinha vontade de nada. A única coisa que queria era sua mãe, queria se sentir protegida nos braços dela, então ele disse que a levaria para casa. 

Sunghoon saiu por um momento e voltou logo com algo de seu guarda-roupa. Ela era claramente mais baixa do que ele, mas não tinha jeito, sua mãe era a única mulher na casa e ela só vestia terninhos. Era um conjunto de calça e moletom, ambos ficariam grandes, mas ela estava grata. Antes que ele saísse para deixá-la trocar de roupa, Yunjin se aproximou por impulso e o abraçou. Park Sunghoon podia ser um chato que a infernizava, um riquinho metido que ela tinha vontade de dar uns tapas, mas ele tinha salvado sua vida quando mais precisou, então seu coração estava cheio de gratidão. Ao sentir os braços dela ao seu redor, o loiro arregalou os olhos e congelou no lugar, sem saber o que fazer.

— Obrigada — ela disse e o apertou — Eu sei que não temos uma boa relação, então obrigada por ter feito isso. Você salvou a minha vida, eu sempre serei grata. Tudo bem se você quiser brigar comigo todo dia na escola, eu não vou mais me importar.

Ela não estava vendo, mas o rosto dele estava um pouco vermelho, suas orelhas um tanto rosadas. Sunghoon limpou a garganta e deu uma batidinha sem jeito nas costas dela, a afastando logo depois. Ele nem sequer sabia o que responder, então apenas se retirou correndo do quarto.

No carro, os dois estavam sentados lado a lado, mas Yunjin estava com a cabeça baixa, apertando as mangas do moletom que quase cobriam suas mãos. Sunghoon não estava acostumado com isso, preferia quando ela brigava e lhe batia do que a ver desse jeito. Ele então colocou a mão no bolso do casaco que vestia e puxou lá de dentro uma bala diet. Era a coisa menos animadora que podia encontrar ali, provavelmente tinha sido Wonyoung que colocou, mas era o que tinha. Num segundo, a bala tinha pulado para o colo da garota, que o encarou confusa.

— Coma isso.

Ela olhou para a bala, abriu a embalagem e colocou na boca. Nem sequer era doce, mas nada hoje seria. 

O carro parou em frente à sua casa, ela agradeceu a ele por tudo, desceu e foi até a porta. Sunghoon ficou olhando até ela entrar, depois pediu para o motorista dirigir de volta para casa. O clima pesado parecia ter ficado dentro do carro. 

Assim que pisou dentro de casa, Yunjin viu sua mãe e desabou no choro, assustando a mulher. Ela correu para abraçá-la perguntando o que tinha acontecido, mas a garota nem sequer conseguia falar. Seu pai tinha percebido a situação, assim como seus irmãos, então logo eles estavam em um abraço de cinco pessoas. Cercada pela família, Yunjin finalmente se sentiu segura.

Jake ainda estava lutando contra o que aconteceu no dia anterior, então quando ouviu a história da irmã se sentiu ainda pior. Parecia que desde que entraram naquela escola apenas coisas horríveis tinham acontecido. Nenhum deles era do tipo que desistia fácil, mas quando Yunjin olhou para Jake, parecia que ambos queriam a mesma coisa: deixar aquela escola para sempre.


 


 

Jiah acordou com o barulho de seu celular vibrando na mesinha ao lado da cama. Ela abriu os olhos e esticou o braço para pegá-lo, estava tão sonolenta que só queria ignorar aquilo, mas quando viu que era um e-mail ficou interessada. Ao ver quem era o remetente, sentou na cama para ler e tão logo já estava estapeando uma adormecida Xiaoting para que ela acordasse. 

— Você precisa ver isso, acabei de receber uma resposta chocante.

A ruiva resmungou e tentou dormir novamente, mas a outra continuou insistindo.

— Lembra quando você me pediu para investigar aquele Cash? Acho que descobri algo muito interessante.

Foi só quando ouviu o nome de Cash que a outra despertou, erguendo o rosto para saber o que era. Jiah tinha recebido o e-mail de uma modelo que tinha contatado recentemente, ela encontrou uma história estranha na internet sobre essa modelo ter trabalhado com Cash e depois ter subitamente perdido o emprego. Ela não tinha nem metade da fama dele, não era conhecida, logo ninguém ligou. Mas seu faro jornalístico achou aquilo estranho, por isso decidiu fazer contato. Como resposta, descobriu que Cash tinha destruído a vida dela e que estava disposta a marcar um encontro presencial para lhe contar tudo o que tinha acontecido. 

— Então Cash é possivelmente um perigo mesmo — Xiaoting balançou a cabeça — Nós nunca nos enganamos sobre homem, né?

— Realmente não… olha isso agora — Jiah mostrou a ela a conta do Instagram de fofocas da escola.

A ruiva arregalou os olhos quando viu que o último vídeo postado era um que mostrava Yunjin saindo da casa noturna com Cash. Já havia um monte de curtidas e vários comentários de pessoas que tinham deduzido o que aconteceu depois: aqueles dois tinham dormido juntos. 

— Estou farejando problemas — a mais velha estava desconfiada.

— Sabe o quê? Vou dar uma chegada no Brooklyn e tentar descobrir o que aconteceu — Xiaoting levantou da cama e começou a vestir suas roupas que estavam pelo chão.

— Está preocupada com a bolsista?

A ruiva pensou sobre isso e por fim deu um longo suspiro.

— O pior é que estou.

Depois de descobrir o endereço no perfil dela da escola, a Shen foi o caminho todo olhando aquele vídeo no Instagram e quanto mais o analisava, mais sentia que algo não estava certo. Assim que desceu no bairro simples, ela deu uma olhada para os lados antes de parar diante da porta da casa e tocar a campainha, destoava horrores ali com aquela roupa elegante e a bolsa que custava fortunas. Depois de alguns segundos, uma mulher atendeu do outro lado da porta:

— Oi — ela começou um pouco sem jeito — Yunjin está? 

— Ela está, quem é você?

— Shen Xiaoting — ela estendeu a mão com a manicure perfeita.

Como Yejin trabalhava na limpeza do prédio administrativo da escola, ela ouvia alguns sobrenomes populares de vez em quando, por isso sabia que os Shen eram uma família importante dentro da escola. Será que sua filha tinha feito amizade com pessoas tão importantes? Quando foi perguntar se Yunjin poderia recebê-la, a filha ficou um tanto confusa com a presença inesperada, porém logo lembrou que tinha confidenciado à Xiaoting as mentiras que Cash contou sobre Sunghoon, sendo assim ela estava meio por dentro da situação, então queria falar com ela. 

Quando a ruiva entrou no quarto, a encontrou sentada na cama com o rosto inchado e um monte de papel higiênico ao seu redor onde estava secando suas lágrimas. Só por aquela cena já podia deduzir que tinha razão sobre tudo o que tinha imaginado.

— Então ele te pegou a força? 

— É… ele me embebedou e me levou para uma casa, não sei onde era… Se Sunghoon não tivesse aparecido e me salvado, o pior teria acontecido…

— Sunghoon? Park Sunghoon? 

— É — Yunjin estava tão chocada quanto ela — Ele percebeu que tinha algo errado, nos perseguiu e entrou na casa para me salvar, isso é surpreendente… 

— E bota surpreendente nisso… — ela caiu sentada na cama diante da outra — Escuta, hoje mesmo eu consegui contato com uma modelo que o Cash acabou com a carreira. Ela é apenas a primeira de muitas que devem existir por aí.

Yunjin sentiu um arrepio e então lembrou de algo.

— Tem a garota do banheiro também. A história que Cash me contou dizendo que era sobre Sunghoon, na verdade era sobre ele. Ele abusou de uma garota no banheiro da escola ano passado.

— Ele é um belo mentiroso, me pergunto como ele conseguiu encobrir todas essas coisas… Foi o Sunghoon que te contou isso, né? — perguntou e a outra assentiu — Então vamos falar com ele amanhã, eu quero o contato dessa garota. 

Yunjin achou que aquilo era o melhor que podiam fazer, agora que tinha sido envolvida nessa confusão, não iria descansar até que o modelo fosse desmascarado. De pouco em pouco, sua tristeza e medo estavam se transformando em raiva.

— Xiaoting… você acha que eu fui burra? Que eu fui ingênua de ter acreditado nele?

A ruiva pensou sobre isso e deu um longo suspiro.

— Ele é o errado da história, Yunjin, não você. Mas sim, você não devia acreditar em ninguém daquela escola, nem sequer uma única pessoa.

Ao ouvir aquelas palavras, a Sim finalmente sentiu que entendia. Não fazia nem um mês que estava na Royal High e sua vida já tinha virado de ponta-cabeça. Parecia que todas aquelas pessoas estavam dispostas a acabar com a vida um do outro naquela escola, ninguém mesmo devia ser confiável… 

Enquanto as duas conversavam no quarto, Yeonjun chegou para visitar trazendo sua nova receita. Por causa de Wonyoung, ele estava entusiasmado com a ideia de vender saladas como uma opção mais natural em seu food truck, e a senhora Sim era como uma mãe para ele, então sempre pedia conselhos para ela. A mulher provou e disse que o molho estava bom, mas deu algumas sugestões para melhorar a salada, que ele tomou nota com atenção. No entanto, aquele encontro que parecia caloroso logo se tornou complicado quando ele ouviu o que tinha acontecido com Yunjin.

As duas ainda conversavam no quarto quando ele bateu na porta e entrou parecendo apavorado, tanto que a garota se assustou. Yeonjun a encarava como se ela tivesse perdido um braço ou uma perna, tamanha era sua preocupação.

— Ele te machucou? Aquele desgraçado te fez alguma coisa???

— Yeonjun... — ela tentou acalmá-lo — Está tudo bem, Sunghoon não deixou que ele me machucasse.

Xiaoting estava olhando para ele um pouco assustada, enquanto ele andava de um lado para o outro do quarto parecendo alucinado.

— Eu vou matá-lo! — declarou.

— Vai nada, se acalma — Yunjin pediu.

— Matar ele? Que nada, vamos fazer muito pior — a ruiva deu um sorrisinho malicioso.

Yeonjun olhou de uma para a outra, mas sua raiva estava no limite. Ninguém mexia com Yunjin e ficava por isso mesmo, era a garota mais importante do mundo para ele. Cash iria pagar, ele só não sabia como faria isso.


 


 

Jay tinha levado Jungwon até o parque no domingo à tarde, ele também tinha trazido consigo um livro para ler para o outro. Fazia uma tarde calorosa, uma brisa confortável soprava e havia folhas secas espalhadas pelo chão. O livro era uma história sobre mistério, ambos tinham interesse nisso, por isso quando Jay o viu na livraria no outro dia, soube que devia comprá-lo para tal finalidade. 

Ele estava lendo por algum tempo, sentado no banco ao lado do outro em sua cadeira. Jungwon estava com aquele gato preto de pelúcia no colo, ele o carregava para todo canto agora e Jay tinha desistido de implicar sobre isso. Parecia que estava tudo bem, até que ele ergueu o rosto em um momento e viu que a expressão do outro parecia tensa.

— Está tudo bem? — Jay perguntou.

Jungwon começou a puxar seu lábio inferior com a mão, como se estivesse nervoso.

— Eu só estava pensando... 

— Sobre?

— Isso... isso agora, parece uma ilusão. 

Jay não entendeu.

— Eu amo isso, amo esse momento, mas eu sei que não é real. Eu sei que em algum momento você vai estar com outra pessoa e na verdade eu gostaria que você estivesse com outra pessoa... com alguém normal.

Assim que percebeu onde aquilo ia parar — vulgo, na mesma discussão de sempre — foi como se as palavras tivessem escapado desgovernadas dos lábios do mais velho, sem que nem ao menos pensasse antes.

— Eu estou apaixonado por você.

Jungwon foi pego de surpresa com a súbita confissão e ficou mudo. Ele não estava esperando que o outro fosse ser tão direto, já tinha feito algumas suposições sobre suas intenções e sentimentos, mas não tinha certeza até então. 

— Eu não quero estar com outra pessoa — Jay continuou — Eu quero estar com você. 

No entanto, ao invés de ficar feliz ao ouvir isso, o mais novo ficou nervoso. 

— Não diga isso, não fale essas coisas... 

— Mas são os meus sentimentos!

— Você não devia sentir essas coisas.

— Por que não? Pelo que percebo, você se sente da mesma forma.

Jungwon balançou a cabeça, mas ele não podia negar seus sentimentos, por mais que quisesse. Aquela situação estava lhe dando tanta ansiedade que tudo o que mais queria era fugir para longe disso e não precisar lidar com seus sentimentos, com os sentimentos do outro e todos os desdobramentos disso. 

— Pare de gostar de mim, é melhor se você não gostar de mim.

— Por quê? Porque você está em uma cadeira de rodas? Acredite, eu sei disso. Eu me apaixonei por você quando você já estava nessa cadeira, inclusive. 

— Você não sabe o que está dizendo, não faz ideia do que é, não pensou em nenhuma das consequências disso.

O mais velho o encarou e estava se sentindo irritado. Ele tinha acabado de reunir coragem e declarar seus sentimentos, mas agora eles estavam discutindo sobre isso. Como Jungwon não conseguia ver que ele gostava dele de qualquer jeito? Que suas limitações físicas não eram um problema?

— Eu não ligo — disse por fim.

O mais novo balançou a cabeça e disse que não queria mais falar sobre isso, pediu para que ele não o seguisse e se afastou o mais rápido possível. Jay ainda ficou algum tempo lá se sentindo ferido, rejeitado. Por que Jungwon tinha que ser assim? Se os dois se gostavam, não era o bastante?

Quando chegou em casa mais tarde, ele estava bravo e descontando nos eletrodomésticos da cozinha, batendo a porta da geladeira, batendo o copo d’água no balcão. Jongsuk estava em seu atelier desenhando quando ouviu aquela barulheira, então levantou para ver o que estava acontecendo. Jay podia estar mais irritado do que tudo, mas assim que viu seu pai, ele subitamente sentiu vontade de chorar como um bebê. O homem abriu os braços para acolhê-lo e ele ficou chorando até que conseguisse falar o que tinha acontecido.

Não era fácil. Jay era filho de dois homens gays, mas mesmo assim falar sobre sua sexualidade nunca era fácil. Sempre pensou que gostasse de garotas até que um dia se viu encantado pelo Park mais novo, seu sorriso caloroso com covinhas nas bochechas, os olhinhos esculpidos que tinha herdado da avó. Ele sabia o que tinha feito, sabia que Jungwon se tornou paraplégico por sua culpa, mas nem isso o impediu de se apaixonar. E agora estava ali, assustado e confuso por ter sido rejeitado por alguém que teoricamente se sentia da mesma forma. 

Seu pai ouviu toda a história com atenção e cuidado, até mesmo ele estava surpreso porque não imaginava que os sentimentos do filho por Jungwon fossem desse jeito. No entanto, apesar de entender sua dor, também entendia o lado do outro.

— Eu vou te dizer uma coisa que talvez seja dura, mas é a verdade — pegou nos ombros do filho — Isso não é só sobre você, Jay.

O outro não entendeu, então ele tentou explicar.

— Jungwon é um garoto maduro para a idade dele, e ele é o único que sabe como é difícil a situação em que está. Não é porque ele sorri ou parece positivo que não seja uma luta todos os dias. Talvez ele tenha pensamentos e sentimentos internos que ele esconde do mundo.

— Eu sei disso, pai.

— Não, você não sabe. E nem eu. Isso é sobre ele e sobre as dificuldades que ele vê nessa relação. Jungwon provavelmente está pensando no cenário como um todo, você está empolgado com o seu sentimento e eu entendo isso, mas eu também o entendo por pensar em coisas que nem estão passando na sua cabeça nesse momento.

— Como o quê?

O homem respirou fundo, não era um tópico muito agradável de conversar com o filho, mas não tinha jeito.

— Você já pensou que, por exemplo, fazer sexo tem algumas limitações? 

Ao ouvir aquilo, os olhos do mais novo  se arregalaram e seu rosto ficou um pouco quente.

— Vê? Você não tinha pensado nisso, mas Jungwon provavelmente já pensou.

— Mas isso não importa — Jay falou um pouco sem jeito — Eu não ligo para isso.

— Mas talvez ele ligue, talvez ele queira fazer isso — o pai explicou — Vê? Isso não é só sobre você, Jay. Acredite em mim, eu sei muito bem que precisa muita coragem para admitir a si mesmo que você está apaixonado por alguém do mesmo sexo, mas Jungwon está lidando com isso também e com todo o resto no qual você nem está pensando agora. Enquanto você não perceber que os sentimentos dele têm grande importância nisso, eu não acho que vocês dois devam ficar juntos, desculpe.

Aquelas palavras foram um tanto pesadas, Jay sentiu como se tivesse um quilo em cima de cada ombro seu agora. Seu pai tinha mostrado a ele um caminho totalmente novo, uma linha de pensamento que nunca tinha passado por sua cabeça. E quando se deu conta disso, a realidade lhe atingiu como um baque.

No fundo de sua mente, Jay sempre se viu como alguém corajoso e especial, ele estava tomando coragem de se apaixonar por um homem e ainda por cima paraplégico, estava abrindo mão de muitas coisas por aquele relacionamento, fazendo sacrifícios. No entanto, durante todo esse tempo, ele realmente nunca tinha considerado como Jungwon se sentiria com isso. Ao perceber que até então estava sendo egoísta, ele se sentiu miserável.

Jay ficou um longo tempo deitado naquela noite olhando para o teto do quarto. Talvez ele realmente fosse imaturo demais para aquele relacionamento, talvez seu pai estivesse certo em achar que eles não deviam ficar juntos agora. Seus sentimentos eram sinceros, mas aquele relacionamento não era um conto de fadas, tampouco estar com Jungwon seria um ato de bondade e coragem da parte dele. Ele estava apaixonado, mas entendia agora que aquele sentimento teria que vir de um lugar mais genuíno. E em primeiro lugar, devia dar mais atenção ao que Jungwon sente e reconhecer as preocupações dele como importantes. Só assim então quem sabe um dia poderiam ficar juntos.

Ele afundou o rosto no travesseiro e choramingou. Será que em algum momento esse dia chegaria?


 

 

 

Wonyoung prendeu o cabelo em um rabo de cavalo e estava carregando livros nas mãos e o notebook na mochila quando o motorista a largou em seu lugar favorito naquela tarde de domingo. O food truck não estava muito cheio por causa do horário, tinha apenas um homem com seu labrador preso na corrente e uma família. Yeonjun estava limpando uma mesa quando a viu se aproximar.

— Se não é a minha cliente número um — sorriu.

A garota deu uma rodadinha.

— Vim estudar.

— Estudar? — Yeonjun pensou sobre a música que sempre tocava ali — Não seria melhor ir até uma biblioteca?

— Tudo bem, eu posso me adaptar a qualquer local — ela foi até sua mesa de sempre, espalhou os livros e ligou o notebook. 

Enquanto isso, ele foi até o food truck pegar algo e voltou com uma salada. 

— É bom que você tenha vindo, gostaria de experimentar a minha nova salada? Recebi algumas dicas hoje e aprimorei.

Wonyoung assentiu, a salada parecia bonita e colorida, então deu uma garfada. Logo em seguida, seus olhos se arregalaram e ela sorriu.

— Uau, é a melhor até agora, você está se tornando um especialista.

Yeonjun agradeceu convencido e depois se retirou para ela poder estudar. Wonyoung estava lendo algo em seu livro enquanto comia a salada, estava tão concentrada que demorou a perceber que o outro tinha desligado a música. Ela não achava que fosse necessário, mas ficou pensando que era gentil da parte dele, então havia um sorriso bobo em seus lábios.

No entanto, logo notou que havia algo de errado hoje, Yeonjun parecia tenso, como se estivesse preocupado com algo. Mas não parecia que ele iria falar sobre e ela não se sentia próxima o suficiente para perguntar, por isso acabou ficando por isso mesmo. 

Na hora de ir embora, ela perguntou se poderia voltar para estudar mais vezes ali, ao que o garoto aprovou. Ela até mesmo ganhou um carinho na cabeça, então quando voltou para casa, estava com um sorriso enorme novamente.


 


 

Era uma típica manhã na Royal High, depois dos acontecimentos do final de semana, todos os olhares estavam em Yunjin. Ela estava se sentindo péssima, podia ouvir os cochichos sobre ela ter “dormido com Cash” em todos os cantos. Nenhuma daquelas pessoas fazia ideia do que tinha acontecido, mas tampouco ela queria falar sobre isso, então Xiaoting a aconselhou a apenas ignorar. Quanto menos reagisse, mais rápido as pessoas iriam esquecer. 

As duas estavam paradas perto da entrada quando viram Sunghoon sair do carro. Como sempre, ele estava de óculos escuros — mesmo que estivesse nublado naquela manhã — e vestia um casaco de marca por cima do uniforme. Assim que saiu do veículo, ele passou a mão pelos cabelos e sorriu para as garotas histéricas que o aguardavam. Yunjin apenas balançou a cabeça e a outra não perdeu tempo:

— Ei Park — ela se aproximou e o interrompeu no meio de sua caminhada majestosa — Precisamos conversar.

O loiro tirou os óculos e a espiou confuso.

— Sobre?

— Acredite em mim, é do seu interesse.

Dito isso, ela o carregou consigo até uma sala vazia no prédio administrativo. Yunjin também estava com eles, mas hoje estava mais quieta do que de costume. Quando a porta foi fechada atrás deles, Sunghoon estava curioso.

— Estou por dentro do que aconteceu no final de semana — Xiaoting não fez rodeios — Yunjin me contou que você pegou Cash abusando de uma garota no banheiro no ano passado e estou curiosa sobre isso.

O loiro ergueu as sobrancelhas de leve e cruzou os braços para ouvi-la. 

— Nunca imaginei que dentre tantas pessoas nessa escola seria você a ter interesse nesse assunto.

— Você sabe quem é essa garota? — a ruiva o ignorou.

— O que você pretende? — ele respondeu com outra pergunta.

— Por que isso te interessa?

— Você está ajudando uma bolsista.

— Estou ajudando uma mulher.

Yunjin olhava de um para o outro e não sabia o que dizer, parecia que nenhum deles ia dar o braço a torcer naquela discussão, até que por fim o loiro se rendeu.

— Que seja — ele deu de ombros — Se você quer acabar com aquele modelo idiota, estou mais do que satisfeito.

— Então você está do nosso lado?

O loiro olhou para as duas, pensou por um momento e por fim assentiu.

— Não tenho nada a perder com isso e muito rancor pelo braço que ele deslocou na semana passada, então sim.

— Ótimo — Xiaoting deu um sorrisinho — Então nos diga o que você sabe sobre aquela garota.

— Não sei muito, era uma garota do segundo ano, não lembro o nome dela, mas podemos procurar nos documentos do meu pai. Eu estava passando quando ouvi vozes vindo do banheiro feminino, era horário de aula e o som parecia estranho, então fui bisbilhotar — ele explicou com um pouco de tédio — Não me chamem de fofoqueiro.

— Eu nunca pensaria isso de você, Park Sunghoon — o tom da ruiva soou debochado.

O outro limpou a garganta e continuou.

— Ele estava abusando da garota, tinha ido mais longe do que com você — apontou para Yunjin, que tremeu no lugar — Eu gravei com a câmera e falei que ia levar ao meu pai, o que realmente fiz. Cash ficou furioso, ele já era popular naquela época e claro que eu só queria uma oportunidade para fazer ele sair do foco que devia ser meu — ele bateu no peito como se aquilo fosse motivo de orgulho — A família dele foi chamada na escola, eles deram um monte de dinheiro para o meu pai para comprar seu silêncio, tanto que toda a área da piscina foi reformada com essa grana... eles também calaram a família da garota com muito dinheiro, ela foi transferida para outra escola e ninguém nunca ficou sabendo disso porque meu pai ameaçou cortar a minha mesada — ele concluiu — Satisfeitas? A minha mesada ainda está em risco, inclusive.

— Não se preocupe, eu vou proteger o dinheiro fácil que você recebe todo mês apenas por existir — Xiaoting respondeu irônica de novo.

— Como se os seus vestidos de marca se comprassem com o seu salário, senhorita Shen.

Yunjin olhou para os dois e apenas balançou a cabeça. 

— De qualquer forma — a ruiva limpou a garganta — Você acha que consegue o nome dela? Depois disso eu faço o resto do trabalho sozinha.

— Posso ir lá no escritório do meu pai na hora do almoço dele.

— Obrigada senhor Park — a ruiva concluiu.

— Obrigada — Yunjin sorriu e agradeceu.

— Credo, não sorria e me agradeça, isso me dá calafrios. Eu prefiro quando você me bate — o loiro foi sincero.

— Você tem problemas, sente tanta saudade assim do dia que eu te chutei no meio das pernas?

— Só estou dizendo que você parece mais natural assim.

Yunjin ergueu o joelho e fez menção de chutá-lo, mas ele se esquivou assustado. Park Sunghoon era certamente a pessoa mais esquisita que já tinha conhecido, ele era um chato, mas talvez um chato que tivesse salvação. E ela continuava grata a ele, com aquela ajuda extra seria ainda mais fácil desmascarar aquele idiota de uma vez por todas. 


 


 

Bahiyyih estava sentada com seus amigos na hora do almoço quando viu Niki perto dali. Ela acenou para ele e o chamou com a mão, que se aproximou um pouco sem jeito. 

— Quer sentar com a gente? 

O garoto olhou para Sunoo, que olhou para ele também, e então sentou no lugar vazio um pouco deslocado. Foi então que lembrou de algo e tirou umas notas de dinheiro do bolso, entregando nas mãos da loira.

— É metade do dinheiro que a vizinha nos deu por ter dado banho no cachorro dela — explicou — Esqueci de te dar a sua parte naquele dia.

Ao ouvirem aquilo, tanto Wonyoung quanto Sunoo ergueram as sobrancelhas.

— Ah — Bahiyyih pareceu confusa — Não precisa, tudo bem! Pode ficar com a minha parte.

— Nada disso, você ajudou, você merece — ele colocou na mão dela. 

A loira pensou sobre isso e sorriu, aquele dinheiro não era nada para alguém de família rica como ela, mas estava grata pela gentileza dele. 

— Vamos usá-lo para sair juntos da próxima vez então — sugeriu — Podemos ir ao parque de diversões. 

— Pode ser! — Niki sorriu também, mas logo seu olhar se cruzou ao de Sunoo de novo e ele se sentiu desconfortável — Quer dar uma volta?

A garota assentiu, disse aos amigos que já voltava e partiu ao lado dele. Sunoo os acompanhou com o olhar por algum tempo e havia certa melancolia ali, uma que nem conseguia esconder. Wonyoung percebeu aquilo, ela já andava um pouco desconfiada, então quis saber de toda a verdade. Não era como se Sunoo precisasse esconder isso dela, contanto que Bahiyyih não ficasse sabendo não tinha problema.

A Park estava chocada ao descobrir que os dois trocaram até mesmo um beijo. Mas mais do que ninguém, sabia que o pai de Sunoo era um homem ruim e que tinha espantado todos os seus ex-namorados. O amigo estava sendo cuidadoso dessa vez, parecia que gostava de verdade daquele bolsista, então o coração dela estava doendo pela situação.

— Bahi merece ser feliz e eles ficam bem juntos — Sunoo se forçou a dizer — Não é como se eu não quisesse a felicidade da minha amiga e Niki com certeza está muito mais seguro com ela. 

— Mas isso está te machucando — a garota fez um grande bico e acariciou a mão dele.

— Vai passar — ele forçou um sorriso — Eu já sei que não posso namorar quem eu quero, não sei porque insisto em me iludir e ficar me apaixonando desse jeito... eu só vou me casar com alguma garota que meu pai me arranjar e tudo bem.

— Tudo bem nada, Kim Sunoo — ela deu uma batida na mesa — Eu odeio o seu pai!

O garoto a abraçou e ela fez o mesmo, o apertando em seus braços. Nos últimos anos, tinha acompanhado todo o sofrimento dele por conta de seus ex-namorados, tudo o que queria era que ele pudesse ser feliz. No entanto, não sabia se isso seria possível, não com o pai horripilante que ele tinha...


 


 

Jake estava ciente de que Heeseung estava de olho nele na aula e aquilo fazia seu pescoço se arrepiar. Só de olhar para ele se recordava de tudo o que aconteceu e sentia enjoo, não queria mais ver aquela pessoa, mas era um maldito colega de turma, então claro que teria que se acostumar com ele. Sair da Royal High infelizmente também estava fora de cogitação, ainda mais agora com o que tinha acontecido com sua irmã, ela queria ficar e lutar. Ele não havia contado para ninguém o que passou, estava fingindo estar bem, então apenas iria manter aquela dor em segredo e tentar esquecer. A única coisa que esperava era que Heeseung saísse de seu pé e lhe deixasse em paz, que fosse atormentar outra pessoa. No entanto, o Lee estava confuso demais com o comportamento dele para deixá-lo tão fácil.

Quando Jake estava finalmente sozinho indo até a biblioteca, ele aproveitou para abordá-lo. 

— Ei! Jake, quero falar com você.

Ao ouvir aquela voz, o outro congelou no lugar e então se virou devagar para olhá-lo nos olhos.

— O que você quer comigo? — perguntou em um tom um tanto indiferente.

— Quero saber qual é o seu problema, pela forma como me olha parece até que eu fiz algo errado.

— Eu nem estou olhando para você — revidou — Acaso é a sua consciência que está pesado?

— Por que ela pesaria? 

Jake deixou a pergunta no ar e não respondeu, mas parecia que Heeseung sabia a resposta.

— Você pode me deixar em paz agora? Eu não quero mais sair com você, o que você tanto queria já aconteceu, então pronto, fim.

Ele virou as costas e saiu andando, mas Heeseung correu atrás dele e segurou seu braço. Assim que sentiu seu toque, Jake se arrepiou e se esquivou rápido, seus olhos estavam arregalados e o coração batia acelerado.

— Me deixa em paz! — gritou.

O Lee olhou para os lados, nervoso.

— Pare de gritar.

— Então me deixa em paz, eu não quero mais te ver! 

— Por quê? 

— Porque eu odiei! Odiei dormir com você! — Jake explodiu — Eu odiei cada segundo daquilo, estou enojado, arrependido e irritado comigo mesmo por ter feito isso! Satisfeito?

Ao ouvir aquelas palavras, Heeseung ficou irritado, ele não era acostumado a ser rejeitado assim, sempre tinha a ideia de que estava fazendo um favor para as pessoas ao dormir com elas. Por que Jake não tinha gostado? Ele próprio tinha adorado a experiência. 

Como seu ego estava afetado, apenas resmungou alguma coisa, deu as costas e saiu andando. Quando ele finalmente estava longe, as pernas de Jake cederam e ele caiu sentado no chão, o coração lhe martelando nos ouvidos. Ele estava aterrorizado e só esperava nunca mais ter que falar com aquela pessoa de novo.

Ele estava tão envolvido naquilo que não viu que tinha alguém parado atrás dele. Quando se virou no susto, viu que era aquela garota, a que ele tinha acompanhado no baile. Ele quase nunca a via na escola, estavam em turmas diferentes. O que ela fazia ali?

— Parece que eu já vi esse filme antes — Sakura disse.

Ela se agachou e sentou ao lado dele no chão mesmo, de um jeito meio preguiçoso embora estivesse de saia, parecia que não se importava. Ela então o encarou, estava igual da última vez em que se viram, a maquiagem escura nos olhos, o cabelo preto com a mecha roxa — que hoje estava preso em um rabo de cavalo. 

— Então, qual é a sua história, Jake? — parecia que agora ela tinha finalmente aprendido o nome dele — Você queria muito dormir com ele e descobriu a infeliz verdade de que ele é ruim de cama? Essa é a minha história, pelo menos.

— Sua??? — Jake a encarou confuso — Então você e o Heeseung...?

— É, eu dormi com ele, foi porque eu quis mesmo — ela suspirou — Me arrependi amargamente, mas tem coisas que perdemos e não podemos recuperar, tipo o meu hímen no caso. 

O Sim arregalou os olhos, ele estava chocado com a descoberta que tinha feito. Então ele não era o único que tinha odiado dormir com aquela pessoa?

— Sinto muito — disse com sinceridade.

— É, eu sinto por você também, bolsista. Se soubesse que estava envolvido com esse tipo, teria te avisado antes. 

— E como você se livrou dele? 

— O jeito como eu dormi com ele... foi por um método diferente — ela explicou — Não posso dizer muito, mas digamos que ele não fez porque queria, então ele não me procurou mais depois.

Jake ficou olhando para ela sem entender, não conseguia imaginar que alguém como Heeseung pudesse ser forçado a fazer algo que não queria, não era exatamente o contrário?

— Mas se você quiser se vingar dele, eu conheço um jeito — Sakura olhou para ele e deu um sorrisinho malicioso. 

Jake não sabia se queria se vingar, mas por algum motivo estava interessado no assunto.

— Que jeito?

— Você já ouviu falar de algo chamado The Outsiders Club?

Ele negou com a cabeça, estava a pouco tempo naquela escola para conhecer todas aquelas coisas. No entanto, tinha a impressão de que estava prestes a descobrir algo muito interessante… 


 


 

Cash parecia um fantasma naquela manhã na escola, ele não tinha tentado ir atrás de Yunjin para não colocar sua reputação em risco, estava com ódio porque Sunghoon tinha aquele vídeo e podia publicá-lo a qualquer momento, então preferiu não chamar a atenção de ninguém, quem sabe assim aquela história fosse morrer logo.

No fim das aulas, ele tinha passado pelas catracas do portão e estava indo até o carro de seu motorista quando seu braço foi puxado para trás e segurado com força. Para piorar, havia uma faca afiada na direção de seu pescoço.

— Não se mexa ou eu te mato.

Aquilo foi tão súbito que ele não conseguiu mesmo se mexer. Quem diabos era aquela pessoa e o que estava acontecendo ali?

Logo um burburinho se formou e vários alunos se juntaram para ver o que era aquela comoção. Yunjin estava saindo ao lado de Xiaoting quando viu aquela aglomeração e ficou curiosa. Ao chegar mais perto, seus olhos quase saltaram do rosto ao perceber que Cash estava sendo ameaçado por alguém, mas não era qualquer pessoa... era seu melhor amigo!

— Yeonjun! — ela gritou e correu até eles.

— Finalmente! — ele firmou a faca no pescoço do outro — Yunjin está aqui para assistir enquanto eu corto o seu pescoço. 

Cash arregalou os olhos e não disse nada, no fim das contas ele era apenas um covarde e estava apavorado. Seu motorista já tinha lido a situação e chamou a polícia, mas a polícia de Nova York conseguia ser mais lenta do que uma tartaruga... 

— Yeonjun... — ela pediu apavorada — Não faça isso, você não precisa... está tudo bem.

— Não está nada bem! Esse cara te machucou e ele merece morrer!

Sunghoon tinha chegado ali também e estava de braços cruzados enquanto assistia ao “show”. Vez ou outra, seus olhos se reviravam por conta do dramalhão, mas na maior parte do tempo estava achando divertido. Se aquele maluco cortasse mesmo o pescoço de Cash ele nem iria reclamar.

— Yeonjun... não vale a pena — Yunjin suplicou.

A faca no pescoço de Cash estava ainda mais firme do que antes, não parecia que ele iria ceder. Ele até falou que não se importaria de ir para a cadeia, contanto que aquele garoto fosse pagar por seus pecados no inferno. Yunjin não sabia o que fazer, nem mesmo Xiaoting tinha alguma ideia de como pará-lo, era como se Yeonjun tivesse pensado muito sobre isso e estivesse decidido a matá-lo.

Naquele momento, Wonyoung apareceu. Ela viu o que estava acontecendo e não conseguiu acreditar, então foi empurrando as pessoas do caminho até chegar na frente da cena. Assim que o viu ali, ela o encarou um tanto nervosa e confusa.

— Yeonjun?

Quando ouviu sua voz, foi como se o garoto tivesse saído do transe em que estava. Seus olhos desfocados finalmente criaram vida e ele encarou direto na direção dela. Yunjin, Xiaoting e especialmente Sunghoon também tinham virado suas cabeças para olhar para ela, o loiro olhava de um para o outro sem entender o que estava acontecendo.

— Não faça isso — ela deu um passo à frente e pediu — Por favor, você não pode ir preso.

Embora ela estivesse dizendo a mesma coisa que Yunjin tinha acabado de falar, parecia que ele estava mesmo prestando atenção dessa vez.

— Se você for preso, eu nunca mais vou poder comer o seu cachorro-quente! — Wonyoung fez um bico — É o melhor cachorro-quente do mundo, então você não pode ir para a cadeia!

Por algum motivo, aquele apelo sincero que ninguém esperava ouvir tocou direto no coração de Yeonjun!



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