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História Royal High Academy - A verdade sobre o dia em que Park Jungwon ficou paraplégico


Escrita por: chaootics

Notas do Autor


Aviso: tentativa de suicídio

Capítulo 40 - A verdade sobre o dia em que Park Jungwon ficou paraplégico


Daeshim nunca sentiu que era uma pessoa com ansiedade, ele podia lidar bem com os problemas da escola, estava acostumado a essa vida frenética. Ele podia ter os seus defeitos, mas era verdade que poucas pessoas teriam tanta coragem para assumir uma escola como aquela. Assim como um bom político, ele sabia como esconder o que devia ser escondido debaixo do tapete, tinha um sorriso convincente quando algum milionário entrava em sua sala e manifestava o desejo de matricular seu filho naquela escola. 

Podres? É claro que a Royal High não tinha nada disso, todos os alunos eram bem-educados e responsáveis, os professores eram os melhores do país e as chances de que seus filhos fossem para uma universidade de prestígio era enorme. Assim, diretor, pais e alunos viviam em uma constante mentira, onde fingiam que aquela escola era tudo o que ela não era: um local pacífico.

Havia duas coisas que Daeshim amava mais do que tudo, uma delas era obviamente a Royal High, a outra era seu futuro cargo como prefeito de Nova York. Ele estava fazendo campanha desde o ano passado e as eleições seriam em três meses. Todos podiam jurar que ele seria o escolhido, era o candidato mais bem preparado. Ele sabia que teria o dobro de trabalho como prefeito, já tinha pensado que precisaria colocar alguém para lhe ajudar a tomar conta da escola, tinha até mesmo cogitado ligar para seu irmão mais novo. Aquele homem não podia ser mais despreparado para o cargo, odiava crianças, adolescentes, qualquer um com menos de trinta anos. Nunca quis ajudá-lo justamente por isso, porém talvez não fosse ter escolha. Se havia uma coisa que precisava acontecer, essa coisa era que a Royal High ficasse sempre em posse da família Park.

Ele tinha todos esses pensamentos corriqueiros na cabeça, alguns planejamentos aqui e ali, e então de repente tudo mudou. De repente ele estava parado no canto do jardim vendo o professor de educação física fazer tudo aquilo que ele sempre quis, se livrar para sempre daqueles adolescentes que o infernizavam. Daeshim odiava o The Outsiders Club, se sentia fraco, incapaz e ridículo que tivesse que ceder aos caprichos deles, que tivesse que agir como se não fizesse ideia de que aquele clube existia dentro de sua escola, envenenando alunos uns contra os outros, como se eles estivessem acima da lei. Tudo porque estava preso a eles por aquele vídeo, aquele maldito vídeo do qual morria de medo. Era um segredo que estava guardando há muito tempo, se viesse à tona as coisas ficariam difíceis. Não era exatamente sobre o conteúdo do vídeo, talvez aquilo não fosse o afetar tanto, era sobre o que tinha feito, se o The Outsiders Club decidisse contar ao mundo todos os favores que havia cedido a eles, nunca mais pisaria na Royal High, seria queimado vivo por aqueles pais, teria que desistir da política e morreria na cadeia. Um diretor que deixa que coisas horríveis aconteçam debaixo do teto de uma escola? Não tem perdão.

E foi assim que a bola de neve se formou.

— Você simplesmente não entende, professor — ele apoiou o rosto nas mãos — Você acha que esses pais vão me deixar viver? Alguns desses adolescentes foram realmente machucados e eu fechei meus olhos para isso...

— Você não pode continuar nessa posição, diretor — o mais novo o aconselhou — Nunca vai ter fim, você entende? Eles sempre terão novos membros.

Daeshim sacudiu a cabeça, ele sabia disso, sabia de tudo isso. O The Outsiders Club era um clube que existia há muitos anos, mas foi só há dois que conseguiram colocá-lo dentro dele. Antes disso, eles viviam nas sombras e era difícil encontrá-los. Foi só depois que passaram a subornar o diretor que ganharam uma sala dentro da escola e todas aquelas regalias. No entanto, talvez tenham sido gananciosos demais...

— Eu sou um covarde, ok? — revidou — Não quero lidar com isso, não quero perder o que eu construí, prefiro viver sendo um escravo de um grupo de jovens.

O professor balançou a cabeça, sabia que não tinha como revidar, então apenas assentiu. Claro que o diretor não estava na mesma posição do que a dele, então não dava para comparar. No entanto, estava se sentindo tão livre agora que tudo estava resolvido que só queria que Daeshim pudesse se livrar desse sentimento ruim também. Seu caso tinha sido concluído e ele acabou inocentado, a polícia chegou à conclusão de que aquilo era apenas uma brincadeira de adolescentes e nem se preocupou em investigar. Pelo menos ele estava feliz que não tinha perdido o emprego. Seu sonho era que o The Outsiders club pudesse deixar de existir, porém sabia que Daeshim era o único que poderia acabar com esse clube de uma vez por todas.


 


 

Naquele sábado, Jake tinha saído para trabalhar com seu pai. Agora já era final de fevereiro e os dias não estavam mais tão frios, em breve chegaria a primavera. Por isso, ajudá-lo ao ar livre não era mais uma tarefa árdua. 

Quando seu pai começou um novo desenho, ele se candidatou a ir buscar um café e foi até um Starbucks que havia ali perto, Jake não era muito fã dos cafés de lá, porém no momento era o que tinha. Ele estava parado na fila esperando a sua vez de ser atendido quando reconheceu alguém que estava mais à frente. Assim que se aproximou mais um pouco, viu que se tratava mesmo do professor de educação física.

— Ei, professor — o chamou.

O mais velho se virou e arregalou os olhos quando o viu.

— Essa cidade é muito pequena ou eu que sempre acabo encontrando meus alunos em todo o lugar? — deu uma risadinha.

— É porque você é famoso, professor — Jake riu também.

— Não pelas razões que eu queria... — suspirou.

Para deixar o clima menos pesado, o Sim tentou puxar assunto sobre outras coisas como o gosto dos cafés dali, a decoração, o clima… mas nada resolveu. Por fim, falou algo que sabia que precisava tirar de seu coração:

— Professor, eu sou um membro do The Outsiders Club — confessou.

O mais velho virou o rosto e o encarou surpreso.

— Eu entrei não faz muito tempo. Tinha uma pessoa da qual eu queria me vingar, mas foi um erro... estamos bem agora.

— Você está bem com essa pessoa? Então isso é bom.

Ele assentiu.

— Eu quero sair de lá, eu só... só não fiz isso porque queria te ajudar, mas no fim não consegui fazer nada, não tive poder para isso. A coisa é que... essa pessoa é quem gravou o seu vídeo e o entregou ao clube em troca de liberdade.

O professor parou de caminhar e ficou em silêncio por um instante enquanto processava o que tinha acabado de ouvir. Aquilo não era algo que esperava...

— Então a pessoa que gravou o meu vídeo era um daqueles alvos? E me entregando ele iria se livrar do clube?

Jake assentiu, ele tinha entendido perfeitamente.

— Você está bravo?

O professor pensou por um instante e logo negou com a cabeça.

— Se eu fosse um adolescente e tivessem me colocado nesse clube assustador, eu também faria qualquer coisa para sair dele — contou seus pensamentos — Mesmo sendo um adulto eu quase aceitei fazer parte disso... acho que não devíamos julgar quem é colocado como alvo nesse clube, sei que essas pessoas estão lá porque fizeram algo errado, mas brincar de Deus é perigoso, Jake. E também não é justo. 

O mais novo não esperava ouvir aquilo, então ficou bastante surpreso com aquelas palavras tão calmas e maduras. Parecia que quando você se tornava adulto, adquiria a habilidade de ver as coisas por um ângulo menos nervoso e dramático.

— Você está bravo com esse amigo? 

Jake assentiu envergonhado e o outro deu uma risadinha.

— Não fique, eu não estou bravo, ele fez o que precisava para sobreviver. Mesmo que minha vida tivesse acabado, ainda não seria culpa dele, a culpa é do clube em primeiro lugar. 

Dito isso, ele deu uma batidinha nas costas do mais novo e disse que precisava correr, senão aquele café ficaria gelado. Jake agradeceu pelo conselho e depois que o professor se foi, seu coração estava um tanto mais leve.


 


 

— Isso é inacreditável.

— É sua culpa, bolsista — ele resmungou — Você me deixou viciado em McDonald’s. 

Yunjin e Sunghoon estavam sentados em uma mesa isolada no segundo piso de uma loja da rede de fast food no Brooklyn. Tinha sido o Park quem escolheu o lugar e agora estava ali devorando o lanche “de pobre” com Coca-Cola. Suas bochechas estavam estufadas e ela estendeu o braço para limpar um pouco de maionese que tinha ficado em sua bochecha.

— Então, além de apreciar a culinária local, por qual motivo você me chamou aqui? — foi direto ao ponto.

O pão desceu com certa dificuldade e Sunghoon precisou beber um gole de refrigerante enquanto tentava não se engasgar. Aquele não era um assunto fácil.

— O que você acha que é o tópico? É você, é sempre você, você me deixou maluco — resmungou.

— O quê? Vai dizer que foi dormir com alguma velha e falou o meu nome ao invés do dela? — ela provocou.

— Pior do que isso, não consegui fazer nada — ele revidou envergonhado — Não consegui por sua culpa! — apontou para ela.

— Uau, então você foi mesmo para a cama com alguém? Nossa, não perde tempo...

— Acaso está com ciúmes? — ele provocou de volta.

— Tsc — ela virou o rosto.

Sunghoon deu uma risadinha e então segurou o queixo dela, fazendo-a virar o rosto novamente para encará-lo.

— Yunjin, eu quero fazer dar certo. Eu gosto de você demais para apenas te deixar ir, mesmo que não seja fácil, mesmo que seja estranho... eu quero ser o cara que te faz feliz.

A Sim não esperava ouvir palavras como aquelas, seu coração logo ficou balançado.

— Ai, o que há com você ultimamente? Tudo o que você faz me deixa abalada — ela abanou as bochechas avermelhadas — Não fale coisas assim.

— Estou sendo sincero — ele apoiou o rosto nas mãos e a encarou — Eu quero ser o cara que te entende, que te ajuda e que não vai te deixar ir por isso. Eu quero ser aquele que vai fazer dar certo e então isso nunca mais vai ser um problema porque a gente vai achar uma solução juntos.

De todas as coisas que já tinha ouvido Park Sunghoon falar na vida, aquela tinha sido a mais madura e bonita, era quase inacreditável que estivesse saindo de seus lábios. Quando percebeu, uma lágrima tinha escorrido pelo canto de sua bochecha e ela limpou rapidamente com a mão.

— Eu não sabia que eu precisava tanto ouvir isso. É a primeira vez na vida que estou me sentindo aceita.

Depois disso, ela derramou mais algumas lágrimas e agradeceu baixinho. Sunghoon sorriu e bagunçou o cabelo dela com a mão.

— Eu sei que eu sou o namorado perfeito, o homem mais compreensivo do mundo, eu realmente merecia o prêmio de namorado do ano, é sério, como pode um homem ser tão incrível?

Logo depois disso ele levou um chute nas canelas.

— Convencido!

— Cavalona! — ele choramingou.

Yunjin grudou a mão no cabelo dele e o puxou, ao que ele começou a reclamar.

— Não acredito que eu amo você, Park Sunghoon — confessou — Amo você e essa sua arrogância e esse seu jeito absurdo de ser, que ódio.

— Eu amo você também mesmo você sendo uma brutamontes maluca — ele enfiou uma batata-frita na boca dela — Vamos, coma bastante para ter energia porque eu quero te encher de beijos e te abraçar até você não me aguentar mais e me chutar para longe, eu vou grudar em você igual a um coala e nunca mais te deixar em paz pelo resto da sua vida!

Assim que ouviu aquilo, Yunjin arregalou os olhos e saiu correndo assustada. Sunghoon correu atrás dela gritando que nunca mais iria sair de seu pé e naquele momento ela estava pensando se tinha mesmo ficado maluca por estar tão apaixonada por aquela pessoa. Mas saber que ele estava disposto a fazer aquilo funcionar, e mais do que isso, a respeitar suas diferenças, tinha sido fundamental. Enquanto pulava nos braços dele e se rendia aos seus lábios, sabia que aquilo finalmente iria dar certo. 


 


 

Jay e Jungwon estavam juntos naquela tarde de sábado, assim como em todas as outras. O mais velho estava deitado passando os canais da televisão enquanto o mais novo terminava sua lição de casa.

— Você não acha que as coisas estão calmas demais? — Jay perguntou do nada — Além do mesmo de sempre, como as importunações na escola, não há nada acontecendo.

— Que pensamentos são esses? — Jungwon riu — Acaso quer que algo aconteça? Está ótimo assim.

— É só que é estranho, as coisas não costumam ficar calmas por tanto tempo naquela escola... tudo bem que teve a questão do professor de educação física, mas fora isso...

O Park fechou o caderno, levou sua cadeira até ele na cama e tirou o controle de sua mão, desligando aquilo que ele nem via ali.

— Para de falar isso, você vai agourar.

Jay riu.

— Você acha que já estamos próximos o suficiente para que eu te peça em casamento quando eu acabar a escola?

Aquela era uma mudança de tópico tão extrema que Jungwon levou um susto e ficou um tanto confuso.

— Por que você está falando sobre casamento do nada?

— Estou um pouco invejoso porque minha irmã tem sua própria casa agora... não sobre a parte do bebê, é claro — frisou — O que você acha se formos morar juntos nas férias? Podemos nos casar no ano que vem.

O Park piscou duas vezes.

— Isso é sério?

— Por que não seria? — Jay sorriu.

— Porque somos menores de idade e eu sou cadeirante — disse o óbvio.

— É claro que vamos equipar a casa inteira para você e eu vou poder te ajudar a tomar banho todo dia — propôs — E podemos fazer outras coisas também.

Jungwon atirou uma almofada nele.

— Você é maluco, Park Jay — riu — Tenha um pouco de juízo, não podemos ir morar juntos agora, somos bebês.

— Bebês não fazem isso — ele se inclinou para a frente e roubou um beijo. 

— Podemos conversar sobre isso daqui há dois anos — Jungwon sugeriu por fim.

— Um ano.

— Um ano e meio.

— Um ano e meio, mas vamos criar um cachorro.

— Você quer? — Jungwon ficou surpreso.

— Claro, será eu, você e um cachorro — Jay sorriu — Ah, mal posso esperar.

O Park não podia negar que ficava emocionado ao ouvir essas coisas, tinha sido ele o primeiro a se apaixonar e a nutrir um amor platônico por muitos e muitos anos, até que finalmente foi correspondido. E agora parecia que a situação tinha se invertido, enquanto ele estava sendo cauteloso com a relação, Jay já queria casar, morar junto e até ter um cachorro. Não era como se ele não quisesse essas coisas, mas achava que era muito cedo ainda. Não estava pronto para sair de casa, tinha todas as comodidades ali, uma equipe para tomar conta dele, era o mais confortável que poderia viver em sua condição. No entanto, também tinha curiosidade por sua independência, teria que viver sua vida inteira naquela cadeira de rodas, o melhor que podia fazer era se adaptar a isso. 

Em momentos como esse, ele nem conseguia acreditar que o que tinha juntado os dois foi o fato de que Jay estava dirigindo o carro na noite em que ele ficou paraplégico. Todos os dias em que viu Jay sofrer ao seu lado, todos os pedidos suplicantes de desculpas, os meses infernais em que ele não sabia o que sentir, quando seu coração estava partido... Eles tinham vivido todas aquelas coisas, da decepção ao amor, e agora estavam ali cultivando uma relação que ia muito além de todas aquelas coisas. E enquanto pensava sobre isso, Jungwon sentia que eles já tinham passado pelo pior que poderiam, não havia mais nada no mundo que pudesse separá-los. 

Pelo visto, em um ano e meio provavelmente estaria se mudando para viver com Jay e um cachorro no primeiro lar de suas vidas. 


 


 

Xiaoting parou diante da elegante mesa de jantar na cobertura onde vivia com os pais, e trajando um conjuntinho caríssimo, pegou na mão da namorada e em alto e bom som, a apresentou aos pais:

— Mãe, pai, essa é Miyawaki Sakura, minha namorada — falou com um sorriso nos lábios.

Sakura os cumprimentou um pouco sem jeito e apertou a mão dela, estava muito nervosa com a situação. Aquilo tudo tinha sido ideia de Xiaoting, obviamente. Parecia que ela estava fazendo pequenos progressos com os pais, eles tinham cedido depois de muita luta e não queriam mais expulsá-la de casa, ao invés disso estavam se esforçando para entender a única filha que tinham. Quando percebeu que tinha espaço para crescer, a primeira coisa que fez foi querer apresentar a namorada a eles. Sakura não estava muito segura disso, mas ela garantiu que tudo sairia bem.

Os Shen a cumprimentaram de volta um pouco sem jeito e então todos sentaram para jantar. Enquanto os empregados começavam a encher a mesa com as comidas mais caras, o senhor Shen tentou puxar assunto com Sakura, queria saber com o que os pais dela trabalhavam e coisas assim, provavelmente iria querer aproveitar a oportunidade para fazer negócios se fosse possível. O fato de Sakura ser rica contava alguns pontos a seu favor ali, pelo menos ela estava se relacionando com alguém “de classe”. Não poderia nem imaginar se seus pais descobrissem que namorou uma mulher mais velha que além de tudo era uma jornalista. Nesse caso, teria ficado careca com toda a certeza.

Sakura foi aos poucos se soltando, ela era alguém que normalmente era cortês, adorava bancar a rebelde na escola, porém tinha sido educada por seus pais para entender a etiqueta à mesa, sabia o que falar e como se portar. Tinha até escolhido um vestido em tons pasteis para a ocasião e colocou uma maquiagem bem leve, não queria impressionar os sogros para o lado negativo, já bastava que o primeiro que viram dela tinha sido aquele vídeo...

Por incrível que pareça, o jantar transcorreu bem. Em todas as oportunidades que um assunto desconfortável tentou acontecer, Xiaoting soube contornar. Ela sabia que seus pais podiam ser muitas coisas, mas não eram mal-educados, então trataram Sakura bem. No fim do dia, ela estava satisfeita. Sabia que o caminho até a aceitação não seria fácil, mas estavam dando os primeiros passos. Dali em diante, seguiria trilhando sua liberdade, e acima de tudo, teria paz em seu coração. 


 


 

Heeseung tinha acabado de sair de uma reunião tediosa de trabalho quando recebeu uma mensagem de Jake. Os dois não tinham mais conversado pelo resto da semana, então ele não sabia se aquilo era bom ou ruim. No entanto, estava tão desesperado para vê-lo que iria atrás dele no mesmo instante.

— Pai, vou à casa do Sunghoon — mentiu — Vamos jogar videogame.

— A essa hora? — o senhor Lee resmungou — Lembre que amanhã cedo temos um compromisso importante.

Ele sabia exatamente o que era aquele “compromisso importante”, iriam ao aeroporto buscar sua futura nova noiva. Heeseung não podia estar mais aborrecido por isso, mas precisava fingir na frente do pai, então apenas assentiu e saiu dali o mais rápido possível.

Já tinha anoitecido quando ele tocou a campainha na casa de Jake, apenas alguns segundos depois e o próprio veio atender. Ele tinha comprado alguns chocolates para dar de presente aos Sim, então foi até a sala para presenteá-los. O casal estava assistindo a um filme na televisão e agradeceram simpáticos ao receber aquele pequeno mimo. Depois disso, Jake avisou que eles iriam conversar no quarto e sua mãe pediu o de sempre — para que a porta ficasse aberta.

— E os seus irmãos? — Heeseung perguntou enquanto eles caminhavam pelo corredor silencioso.

— Niki foi a uma festa e Yunjin está com o Sunghoon.

— Hum? Eles voltaram?

— Parece que sim.

Os dois sentaram frente a frente na cama e aquilo pareceu um pouco estranho depois de não terem conversado a semana inteira. Jake havia tido uma mudança de pensamentos com a conversa com o professor de educação física e tinha decidido que precisava colocar seus sentimentos em palavras.

— Você não me chamou aqui para terminar comigo, né? — Heeseung o encarou — Eu trouxe chocolates para os seus pais, você não pode fazer isso.

— Então foi tudo um plano para me chantagear?

— Talvez...

Jake balançou a cabeça.

— Não vou terminar com você, eu só... só estava pensando sobre uma porção de coisas.

— Quais coisas?

— Você não se sente culpado pelo que você fez ao professor? Se fosse comigo, eu estaria me sentindo muito mal...

Heeseung pensou por um segundo e então negou.

— Honestamente, se você não tivesse se importado tanto com isso, eu já até teria esquecido.

Jake baixou a cabeça e deu um longo suspiro.

— Sabe, meus pais me ensinaram desde criança que não podemos fazer mal aos outros e que temos sempre que ser gentis e bondosos... antes de ir para a Royal High, eu achava que a vida era assim, que todas as pessoas tinham que viver desse jeito, mas agora eu percebo que as pessoas não podem ser divididas apenas em boas ou más, alguém pode ser bom e ruim ao mesmo tempo...

— Você acha que eu sou ruim? Eu não quis propositalmente machucar o professor — Heeseung se explicou — Eu só queria me salvar, e eu não dou a mínima para o que vai acontecer com os outros, exceto por você e meus amigos.

Aquela resposta ia de encontro ao que o professor tinha dito mais cedo, sobre ter sido apenas uma tentativa de se tirar de uma situação ruim. Jake entendia isso agora, ele entendia todas essas coisas, mas havia algo que ainda era muito estranho em seu coração.

— Então se o professor tivesse ido parar na cadeia por conta do que aconteceu, você realmente não sentiria nada?

— Por que eu deveria? — ele deu de ombros.

Jake refletiu sobre aquela resposta e sentiu que algo tinha se aberto em sua mente, algo sobre o qual nunca tinha pensado antes.

— Você já pensou em ir a um psicólogo? — perguntou genuinamente.

— Por que, você acha que eu sou maluco?

— Ir a um psicólogo não tem nada a ver com ser maluco — resmungou — Eu acho que tem alguma coisa de diferente com você, se você fosse ao psicólogo poderíamos descobrir...

— Não tem nada de diferente comigo, é apenas o jeito que eu sou, ok? — Heeseung tentou levantar, mas o outro o segurou — Achei que você gostava de mim desse jeito, mas claramente estava enganado. 

— Heeseung, se eu não gostasse de você eu já teria te mandado pro inferno — revidou — Justamente porque eu gosto muito de você, eu quero te entender. Você é tão bom pra mim e me trata com tanto amor e carinho, eu realmente não acho que seja sua culpa, você deve ter nascido desse jeito e eu só quero entender...

Depois de ouvir aquelas palavras, o Lee se acalmou um pouco.

— Você acha que eu sou um psicopata?

Ao ouvir aquilo, Jake riu.

— Besta — o puxou para um abraço — É claro que não é isso.

— Então você não vai me deixar? Mesmo eu sendo assim, você ainda vai ficar comigo?

— Eu não vou desistir de você — Jake o segurou com as duas mãos na lateral de seu rosto — Eu quero entender você, Lee Heeseung. Eu quero entender o seu coração.

Ele nunca pensou que fosse uma pessoa emotiva, Heeseung cresceu achando que seus sentimentos estavam enterrados dentro de si, raramente se afetava com alguma coisa. E ali não tinha acontecido nada, mas talvez fosse algo naquelas palavras, talvez sempre tivesse querido ouvir aquele tipo de pessoa. 

E então de repente ele estava chorando.

Jake não esperava ver aquelas lágrimas confusas, por isso o abraçou apertado. Claramente havia algo ali, algo que nenhum dos dois entendia, mas não iria desistir. Se conseguisse entender o coração de Heeseung, não o deixaria ir por ser diferente dele, iria lutar para fazer aquilo dar certo, estava disposto a encarar qualquer coisa por aquela pessoa. Do outro lado, o Lee se sentia estranhamente confortável, como se um temor que nem sabia que existia tivesse sido confortado em seu coração. Naquele momento, ele também queria entender a si, queria se tornar alguém que Jake seria capaz de compreender e aceitar, faria qualquer coisa para que aquele relacionamento pudesse dar certo.

Na próxima semana, ele iria procurar um psicólogo.


 


 

Daeshim havia sido atormentado a semana inteira por aqueles pensamentos, nem sequer conseguia dormir direito. Por fim, quando sentiu que não aguentava mais aquilo, fez uma ligação. Era sábado à noite, a escola estava vazia e escura e lá estava ele sentado em sua cadeira olhando para a porta. Um pouco depois do horário combinado, uma pessoa entrou.

Ele conhecia muito bem aquele jovem, tinha um rostinho inocente e qualquer pessoa que o visse diria que ele é uma pessoa calorosa e simpática, jamais imaginariam o grande segredo que escondia. Há alguns anos, tinha sido o membro mais importante do The Outsiders Club, se destacou tanto que quando se graduou na escola acabou assumindo a posição de líder, para alguns anos depois virar o líder máximo, aquele por trás de tudo o que acontecia na escola. As ideias geralmente vinham dele, era ele quem postava os vídeos, ele quem escolhia os líderes que assumiriam da escola, ele que aceitava ou não novos membros. Resumindo, tudo estava no controle dele, os demais apenas passavam adiante suas ordens.

O garoto sentou na cadeira em sua frente e em seus lábios estava o sorrisinho que Daeshim mais odiava na vida.

— Boa noite, diretor, a que devo a honra de ser chamado na escola?

O diretor resmungou, odiava a arrogância dele.

— Faz tempo que não nos vemos, mas nessa semana você passou dos limites.

— Limites? — ele riu — Acho que quem fez isso foi o seu professor...

— Não seja engraçadinho, estou cansado das confusões do seu clube.

— Confusões? Agora colocar pessoas ruins no lugar delas virou confusão?

O diretor suspirou e balançou a cabeça.

— Você não é Deus.

— E você é o demônio — agora ele não ria mais — Um diretor e político corrupto que só favorece os ricos, aceita dinheiro por trás dos panos e desgraça a vida de alguém para proteger o filho mimado e arrogante — o expôs — Você acha que tem algum direito de falar de mim ou do meu clube? Se você come na minha mão é porque mereceu.

Daeshim cerrou os punhos e respirou fundo.

— Se você me fez vir aqui perder o meu tempo para achar que pode me dizer o que fazer, eu já estou indo — levantou — Tente me encher o saco mais uma vez e eu posto o seu maldito vídeo.

— Então faça isso!!! — Daeshim deu uma batida forte na mesa, tinha perdido o que restava de sua paciência — Esse clube miserável acabou! Eu não vou tolerar mais esse tipo de coisa dentro da minha escola, poste o que você quiser, faça o que quiser, eu não vou mais abaixar a minha cabeça para um jovem arrogante como você!

O líder máximo não esperava ouvir aquelas palavras, então tentou se controlar. Se perdesse o apoio do diretor, seu clube estaria perdido.

— Pense no que está falando, se eu postar aquele vídeo, não apenas a sua família estará arruinada, como deixarei bem claro tudo o que você vem acobertando para o The Outsiders nesses anos, você não apenas perderá seu posto como diretor, como irá parar atrás das grades — pressionou — Você não quer isso Daeshim, quer? Três meses antes das eleições?

Ele sabia disso, tinha pensado em cada pequena coisa nos últimos dias. No entanto, não poderia viver o resto de sua vida assim preso ao medo e as ameaças, colocando a vida de seus alunos em perigo. Aquela era a decisão mais corajosa que já tinha tomado, sabia que depois disso iria perder tudo, mas não aguentava mais viver desse jeito. Ele precisava se ver livre disso de uma vez por todas.

— Pense sobre isso — finalizou — Pense muito bem no que você vai fazer.

Dito isso, ele saiu batendo a porta. Daeshim afundou em sua cadeira, preso em uma porção de emoções negativas. Ele não podia, simplesmente não podia deixar aquele garoto vencer.


 


 

Depois que foi encontrado no meio de uma balada gay, Sunoo foi carregado para casa como se fosse um saco de lixo, ouvindo os maiores absurdos do mundo dentro do carro, naquela noite realmente achou que seu pai fosse matá-lo. Ele foi jogado dentro do quarto com a ameaça de que nunca mais sairia de lá, nunca mais iria para a escola, passaria o resto da vida preso ali. Do lado de fora, ouvia seu pai histérico dizendo que ligaria para a escola para cancelar sua matrícula amanhã mesmo, seria um prisioneiro de hoje em diante. 

Ele estava de joelhos no chão do quarto, apesar do pai não ter lhe batido, seu pulso estava vermelho pela força com a qual o puxou mais cedo. Seu rosto era um misto feio de lágrimas e aquela bandeirinha colorida na bochecha que agora estava toda borrada. Seu pai tinha lhe tirado o celular e o computador, ele estava incomunicável, não poderia falar com Niki, não poderia explicar nada, era provável que nunca mais pudesse vê-lo. Pelo menos seu pai não o tinha visto na festa, então estava em paz sobre isso sabendo que o outro não iria sofrer.

Ele levantou, apagou a luz e voltou para o chão, sentando ali novamente. Por um bom tempo, apenas ouviu os gritos absurdos do pai enquanto derramava algumas lágrimas, até que aquilo acabou e a casa se tornou silenciosa. Sunoo refletiu muito ali sobre a vida que vivia, as escolhas que tinha feito e o futuro que não teria. Era miserável, o pobre garoto rico que estava fadado a sofrer nas mãos daquele pai abusivo e intolerante. Quando pensou que fosse ter um pouco de esperança, ela logo foi tirada de si, é claro que seu pai iria colocar alguém para persegui-lo, tinha sido bobo e ingênuo em achar que teria liberdade graças à Sanghun. Que piada, ele nunca seria livre.

Naquele momento, ele não estava se sentindo triste, era mais como se não conseguisse sentir mais nada. Ele não queria mais lutar, não queria mais ir contra o seu pai, mas tampouco aceitaria viver a vida que ele impusesse. Ele estava cansado, cansado de verdade, tão cansado que não estava mais raciocinando. Ele só queria que tudo aquilo acabasse de uma vez por todas, não valia mais a pena viver. Estava tão mal que não tinha pensado em Niki, Wonyoung, Bahiyyih, Sanghun, nem sequer se lembrava das pessoas que lhe eram as mais importantes...

Ainda no escuro, ele foi até o armário de medicamentos em seu banheiro e ficou olhando de um para o outro, até que escolheu um forte para dor de cabeça. Abriu a embalagem e viu que havia pouco menos de dez comprimidos ali dentro, sempre que tomava um se sentia um pouco sonolento, o que aconteceria se tomasse todos? 

Ele carregou a embalagem consigo até sua cama, pegou a garrafa d’água que estava na mesinha e sem pensar muito sobre o que estava fazendo, encheu a mão com os comprimidos e engoliu vários de uma vez só. Alguns rolaram pelo chão, mas estava tão cansado que os deixou ali mesmo, apenas deitou em seu colchão e fechou os olhos. Será que aquilo o faria desaparecer? Será que amanhã não estaria mais ali?

Tudo o que mais esperava era que sim.

Do lado de fora do quarto, seu pai não tinha conseguido dormir. Ele estava sentado na sala olhando para as luzes da cidade enquanto refletia sobre o que tinha acabado de acontecer. Aquela tinha sido a maior decepção de toda a sua vida, quando viu o filho naquele lugar, com aquelas roupas, com aquelas pessoas... ele perdeu a razão. Estava tão irritado que preferia que Sunoo estivesse morto, era melhor um filho morto do que um filho que só lhe trazia desgosto. Tinha a cabeça quente assim, sempre explodia e depois disso se tornava reflexivo. Havia acabado de fazer uma porção de ameaças, mas no fim percebeu que era impossível, não poderia manter Sunoo trancado naquele quarto para todo o sempre. 

Foi então que teve uma ideia, poderia mandá-lo para um internato na Europa, já tinha ouvido falar de alguns que eram muito bons e também muito rígidos, se ficasse vivendo em um lugar assim, quem sabe pudesse mudar. Por fim, arrastou os chinelos e foi até o quarto de Sunoo para lhe dizer que tinha mudado de planos, ele devia começar a fazer suas malas, em no máximo dois dias estaria viajando para a Europa.

Quando pisou em frente a porta, viu que a luz do quarto estava apagada, talvez ele já tivesse ido dormir. Bateu uma vez e depois outra e esperou, mas não ouviu nenhum ruído do lado de dentro. Podia ser que o estivesse ignorando também, então não pensou duas vezes antes de abrir a porta e ligar a luz. Assim como o imaginado, Sunoo estava dormindo. Ele chamou por seu nome e quando ele não abriu os olhos, se aproximou para chacoalha-lo. 

— Ei, não se faça de bobo, abra os seus olhos agora mesmo, Kim Sunoo! — ordenou — Fiz uma mudança de planos, você vai para a Europa!

O garoto continuou imóvel, era estranho porque não parecia que estava fingindo dormir. O pai o chacoalhou mais uma vez e foi só então que percebeu que estava pisando em algo. Quando tirou o pé, viu que era um comprimido, havia mais outros dois jogados no chão. A embalagem estava vazia em cima da cama, ele leu o rótulo e viu que era um medicamento forte para dor de cabeça. 

Por que estava vazio...?

Ele rapidamente colocou o dedo debaixo das narinas do filho e tentou sentir seu pulso com a outra mão, estava muito fraco. Ele gritou e chamou por seu nome enquanto o sacudia, mas Sunoo não estava acordando. Foi naquele momento que começou a entrar em pânico, não era possível que ele tivesse tentado se matar com aqueles comprimidos, por que faria isso??? 

Sua esposa foi acordada aos gritos e pediu que chamasse uma ambulância. Ao ver a situação do filho, a mulher gritou desesperada e começou a chorar enquanto não sabia o que fazer. Nenhum dos dois jamais imaginou passar por uma situação do tipo, se não chegassem a tempo no hospital, Sunoo poderia morrer.

Ambos sentaram dentro da ambulância alguns minutos mais tarde e enquanto os médicos tentavam salvar a vida do garoto, nenhum deles sabia o que pensar. Não fazia muito tempo que o senhor Kim tinha pensado que preferia um filho morto do que um filho que lhe dava tantos problemas, mas agora estava profundamente arrependido daquele pensamento. Tudo o que mais queria era que seu filho abrisse os olhos e dissesse que estava bem, não podia acreditar que algo assim estava acontecendo.

Sunoo estava com vida quando chegou ao hospital e foi levado com urgência para a sala de cirurgias. Enquanto aguardava ali, tudo o que o senhor Kim conseguiu fazer foi mandar uma mensagem para avisar seu irmão. Era surreal, aquilo tudo era simplesmente surreal...


 


 

Sanghun tinha sido colocado de castigo e estava trancado no quarto na mesma condição do amigo, porém estava sentado diante da janela e vez ou outra olhava para baixo pensando se conseguiria escalar — era um pensamento bobo, morava numa cobertura, mas não iria se render. Sua ideia era dar um jeito de sair dali, sequestrar Sunoo e fugir com ele para longe de seus pais ignorantes. Ele estava arquitetando sua escapada quando a porta do quarto se abriu e a expressão no rosto de seu pai não parecia nada boa.

Quando chegou ao hospital e se viu diante da sala de emergências, Sanghun não conseguia entender o que tinha acabado de acontecer. Por que Sunoo tinha feito isso? Por que não pôde esperar um pouco? Ele daria um jeito de tirá-lo dali, enquanto estivessem vivos sempre haveria um jeito de resolver todos aqueles problemas, tinha certeza absoluta de que ainda seriam muito felizes. O que diabos ele poderia resolver estando morto?

— Bobo... — murmurou enquanto olhava desesperado para a porta que levava à sala de cirurgias. 

Foi então que percebeu que estavam apenas eles ali, Sunoo provavelmente não queria nenhum daqueles adultos ruins ao seu lado nesse momento, precisava avisar seus amigos, precisava avisar Niki. No entanto, não tinha o número de nenhuma daquelas pessoas, a não ser...

— Eu vou avisar aos amigos dele — falou em tom de ordem, não como se fosse um pedido.

O senhor Kim não ousou retrucar.

Sanghun tinha o número de um colega que tinha o número de Bahiyyih, então pediu que ele avisasse a ela o que aconteceu. Assim que soube do ocorrido, ela não teve coragem de fazer isso com Wonyoung, não sabia como dar essa notícia para alguém que estava grávida. Bahiyyih disse que avisaria aos demais e precisou se acalmar e controlar suas lágrimas enquanto ligava para a amiga, a última coisa que queria era que ela passasse mal naquele momento.


 


 

Wonyoung estava aninhada ao namorado no sofá quando seu celular começou a vibrar na mesinha à sua frente. A princípio ela estava com preguiça de atender, porém como a pessoa parecia insistente, teve que levantar para ver o que era.

— Hum? Por que Bahiyyih está ligando tão tarde?

Yeonjun viu quando a expressão dela se tornou fechada ao ouvir a amiga dizer: “Wony, por favor, tente ficar calma”. A voz dela parecia chorosa também, então isso a deixou preocupada. Ela prometeu que ficaria calma e ouviu tudo com cuidado. Quando desligou, nem sabia o que pensar.

— Sunoo está no hospital — avisou à Yeonjun que a encarava confuso — Eu não sei o que aconteceu, seu pai fez algo ruim de novo e ele tomou muitos comprimidos, precisamos ir para lá agora.

O mais velho levantou na mesma hora, pegou um casaco para ela e chamou um táxi. Aquilo tinha sido tão inesperado que Wonyoung nem sabia o que sentir, não era como se estivesse apavorada, era mais como se não soubesse como reagir.

Bahiyyih estava do mesmo jeito enquanto seu pai a levava ao hospital. No meio do caminho, lembrou que precisava avisar à Niki e só de pensar em como ele se sentiria, precisou controlar suas lágrimas novamente.

Niki tinha chegado em casa depois da festa frustrada e não tinha conseguido dormir. Estava rolando de um lado ao outro da cama em aflição, tinha medo de que o pai de Sunoo fizesse alguma coisa grave, que o machucasse. Aquela situação de impotência estava acabando com ele...

Foi então que seu celular tocou na mesinha ao lado da cama. Quando pegou para atender, ficou confuso ao ler o nome de Bahiyyih na tela, por que ela estaria ligando àquela hora da noite? Diferente da ligação para Wonyoung quando tentou se controlar, dessa vez a loira caiu aos prantos logo na primeira frase. Niki levantou apavorado da cama e começou a trocar de roupa sem nem pensar no que estava fazendo, correu para o quarto de seus pais e avisou que precisava de uma carona, ele nem sequer conseguia explicar direito o que tinha acabado de ouvir, não conseguia nem chorar de tanto desespero.

O trajeto até o hospital foi o mais longo de sua vida, mesmo que não fosse assim tão longe, ainda mais no meio da madrugada quando o trânsito estava mais calmo. Sua mãe tinha vindo junto para fazer companhia, mas nem ela sabia o que dizer. Niki não conseguia entender por que Sunoo tinha tomado uma atitude tão drástica, ele iria pensar num jeito para ajudá-lo, só precisava de um pouquinho de tempo... por que ele não esperou?

Quando chegou ao hospital, Sanghun estava no saguão à sua espera. Sunoo estava na área VIP do hospital, só parentes podiam entrar lá e os demais precisavam de autorização. Assim, ele estava lá para autorizar todo mundo como um membro da família. 

Assim que chegaram na área VIP, os pais de Sunoo, o pai de Sanghun, Bahiyyih, Wonyoung e Yeonjun estavam por lá. As duas amigas estavam abraçadas e tentavam acalmar uma a outra, enquanto esperavam por notícias. Tudo o que sabiam era que Sunoo ainda estava naquela sala, lutando por sua vida. Depois de observar toda aquela cena, o único que Niki conseguiu sentir foi raiva.

Ele deixou seus pais e Sanghun para trás e caminhou na direção do senhor Kim. Quando o viu ali, o homem ergueu o rosto, mas não disse nada. Niki o encarou com todo o ódio e amargura que sentia e só não deu um escândalo ali porque a última coisa que Sunoo precisava agora era disso. Quando Sunoo acordasse — e ele tinha toda a fé do mundo de que ele iria — aquele homem iria ouvir todas as coisas que estavam entaladas em sua garganta naqueles meses, agora ele não tinha mais medo de nada, não ligava mais para coisa alguma. Ele só iria falar e o obrigaria a ouvir tudo. Mas no momento, apenas o encarou com desprezo e depois parou diante da porta, o mais perto que podia ficar de Sunoo. Assim como tinha aprendido desde criança com seus pais, uniu as mãos e orou com todo o seu coração. Sunoo iria sair dessa, ele iria sobreviver, iria acordar saudável e então eles ficariam juntos para sempre, nunca mais iria deixá-lo sozinho, iria proteger e cuidar dele pelo resto de sua vida. Aquelas eram as promessas que fazia com o sentimento mais puro que tinha em seu coração.

— Por favor, sobreviva — murmurou baixinho e limpou uma lágrima que descia por sua bochecha.

No momento, o único que tinha para se apegar era sua fé.


 


 

O sol recém estava nascendo e Heeseung e seu pai já estavam no aeroporto. Por algum motivo, a mídia já tinha ficado sabendo sobre o novo noivado do garoto — e ele podia jurar que seu pai tinha propositalmente contado — então vários repórteres estavam por lá também. Assim como de praxe, o senhor Lee tinha dado uma entrevista e aproveitado a oportunidade para chamar Xiaoting de tudo quanto era coisa ruim, estava disposto a destruir a reputação dela em cada oportunidade que tivesse. 

Não muito tempo depois, a futura noiva de Heeseung desembarcou junto de seus pais. Seu nome era Nakamura Kazuha, era uma jovem de dezessete anos que se destacava como bailarina, já tinha ganhado algumas competições importantes e estava na Europa para treinar há alguns anos. Seu pai era um homem influente nos negócios e não pôde recusar a proposta quando a ouviu dos lábios do senhor Lee, achava que seus filhos ficariam muito bem juntos. Para o senhor Lee, aquela era uma oportunidade de ouro, Kazuha tinha uma imagem limpa e impecável, como a de uma boneca de porcelana. Esse novo noivado faria com que todos esquecessem de uma vez por todas de toda a confusão com Xiaoting.

Assim que seus olhares se cruzaram, Heeseung logo percebeu que aquela garota se sentia da mesma forma que ele, totalmente desinteressada naquele casamento arranjado. Pelo visto, se queria manter seu romance com Jake, teria que fazê-la colaborar, custe o que custasse.

 

 


 

Ainda era cedo, mas aquela manhã de domingo estava em chamas, literalmente. Daeshim tinha tomado a sua decisão, e naquele momento o líder máximo assistia de seu quarto o The Outsiders Club pegar fogo através da tela do computador. Com as câmeras de monitoramento, via cada pedaço daquele clube que significava tanto para ele ruir. 

Se aquela era a resposta do diretor, então ele iria pagar por isso.

O rapaz foi até o seu computador e clicou no vídeo mais secreto que tinha, o mais precioso de sua coleção. Com um sorrisinho maldoso nos lábios, estava pronto para trazer o caos ao mundo, era provável que aquele homem não iria pisar na escola na segunda-feira. E não apenas isso, parecia que seus adorados filhos teriam muitos problemas em casa.

O segredo por trás de um famoso acidente, hum? Um detalhe precioso que Daeshim tentou esconder com unhas e dentes finalmente viria à tona, e a Royal High não estava pronta para isso.

“A verdade sobre o dia em que Park Jungwon ficou paraplégico”.

Ele colocou o título com cuidado e então postou o vídeo para todo mundo ver. Aguardou com paciência e logo o número de visualizações começou a subir e subir. As pessoas estavam acordando e se deparando com uma virada de acontecimentos que ninguém esperava.

Direto da única câmera que tinha conseguido captar a imagem de dentro do carro naquela noite, era possível ver algo que ninguém esperava: a pessoa dirigindo o carro na hora do acidente não era Jay, era Park Sunghoon. 

 

 

Continua na terceira temporada.



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