1. Spirit Fanfics >
  2. Royals - Yoonmin >
  3. Skit: Bilhete

História Royals - Yoonmin - Skit: Bilhete


Escrita por: parkcyr

Notas do Autor


Olá! Não começarei as notas inicias pedindo desculpas, ou explicando a situação, o bloqueio, o ensino médio, o ENEM e o diabo a quatro. Acredito que ninguém esteja excepcionalmente interessado na minha vida. Tenho certeza, na verdade.

Vamos ao capítulo então.

Skit.

Não é um capítulo, é um skit. Tá, mas o que é isso?

Não sei. São os pensamentos do Jimin antes de Royals acontecer, uma tentativa de fazer dar certo, mesmo que seja na cabeça dele. É o desespero estranho do pensamento que ainda existe muita coisa para ser dita em tão pouco tempo.

Não é um capítulo.

Mas ainda assim, espero que vocês gostem.

Capítulo 24 - Skit: Bilhete


Fanfic / Fanfiction Royals - Yoonmin - Skit: Bilhete

Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, como as outras, ridículas. As cartas de amor, se há amor, têm de ser ridículas. Mas, afinal, só as criaturas que nunca escreveram cartas de amor é que são ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia sem dar por isso cartas de amor ridículas. A verdade é que hoje as minhas memórias dessas cartas de amor é que são ridículas. (Todas as palavras esdrúxulas, como os sentimentos esdrúxulos, são naturalmente ridículas. 

- Todas as cartas de amor, Álvaro de Campos.

Palácio de Ícaro, província do Norte, dezessete de agosto.

Querido Yoongi,

Estou escrevendo esta carta apesar de saber que ela nunca encontrá suas mãos. Você sabe muito bem que eu sempre fui uma pessoa de muitas palavras. Desde cedo, elas pareciam desenrolar-se pela minha língua de uma forma natural, sem muita comoção. Quando aprendi a ler, o mundo virou um mar de sílabas e frases e eu honestamente não conseguia ler o suficiente para satisfazer minha vontade. Os livros de verdade vieram bem antes de você, e das brincadeiras que tivemos no pátio do seu palácio. 

 As palavras sempre foram capazes de me confortar quando parecia que meu mundo ia chegar a um fim - todas aquelas páginas amareladas me mostrando lugares melhores do que aquele que eu me encontrava, a saudade de estar longe de você me consumindo por inteiro. De tanto ler, passei a escrever também. Escrever costumava ser fácil, como respirar. Um ato involuntário, mas perceptível quando deixa de ser feito - eu não precisava pensar muito nas palavras, elas apenas surgiam na tela, no papel, nas paredes da minha casa, acompanhadas de um suspiro sempre frustrado de minha mãe, dizendo que eu tinha que arrumar algo melhor pra fazer com meu tempo livre.

Escrever sempre foi uma espécie de pedido de desculpas para mim mesmo, uma forma de mostrar que eu ainda teria minhas palavras mesmo quando tivesse perdido todo o resto. 

Quando você voltava para casa em um fim de tarde, eu sempre poderia voltar para o meu quarto e escrever sobre o romance inexplicável de Ícaro e Apolo - a forma como ele estava tão apaixonado que acabou se afogando em uma água fria e gelada, totalmente oposta a seu amante. Eu sempre poderia escrever cartas pra você e lhe contar como meu tutor é gentil e como seus olhos brilham quando estudamos filosofia.

Eu queria te escrever sobre uma garota que nunca serei capaz de amar e a serenidade que existe em seu rosto - sobre quão amáveis seus olhos são, o quão perdido ela me faz sentir. 

As palavras sempre preencheram um espaço em mim, mesmo que elas sejam apenas um punhado de estática sem sentido. 

Pensei, por muito tempo, que a confusão de letras que sempre foi minha cabeça - a vontade estranha de desfazer a ordem já aceita, de desobedecer, de gritar, de fazer o proibido, de ficar com você, era apenas uma manifestação da minha falta de caráter, que aparentemente, era a maior em todos os Reinos. 

Posso dizer que minha fase rebelde chegou junto com a constatação de que eu estava perdidamente apaixonado por você. 

Deuses. Você. Meu melhor amigo. Meu confidente. O dono dos olhos que me faziam sentir em casa - até mesmo mais do que o imenso palácio que meus pais construíram para sanar a dor que só podia ser controlada com você, meu antídoto e meu veneno.

Abandonei minhas palavras por algum tempo, mas elas nunca deixaram de me perseguir, onde quer que eu estivesse. Observei, impotente, você se afastar mais e mais de mim desde o dia que nos beijamos na inauguração da minha nova casa. 

Ouvi dizer durante muitos anos sobre pessoas que se afogavam em algo chamado paixão - um substantivo abstrato que só possuía significado quando você estava por perto. Percebi que não queria aquilo para mim quando chorei durante quase uma hora quando a convocação para sua casa chegou nas mãos do meu pai - meus olhos ardendo como meu peito depois que  meus lábios tocaram os seus.

Sem você e sem letras, me vi perdido, procurando alguma espécie de eutanásia que pudesse me tirar do lugar que eu estava - como meus livros haviam me tirado antes.

Bem, creio que já exauri o assunto de minha escrita. Mas não me arrependo de ter escrito nada - você vale a pena cada vírgula existente nessa mesquinha folha de papel.   

Falando em coisas mesquinhas, hoje passou o dia inteiro chovendo na cidade que eu moro. Obviamente, isso não é nenhuma surpresa para você, que já presenciou inúmeras chuvas torrenciais aqui no Norte. Só que não consigo parar de pensar na forma que ninguém nunca para pra reparar a cor que o céu fica quando a tarde caí e a cidade está coberta de água.

Ninguém nunca para pra reparar como o céu fica refletido nas poças frias, em como as crianças sorriem, apesar de o frio estar quase congelando seus ossos; a forma como jogam água suja umas nas outras e agem como aquele dia fosse o mais brilhante de sua existência. 

Devo admitir que sinto falta desses dias fáceis - onde minha maior preocupação era a quantidade de neve que precisaria para construir um boneco em meu quintal.

Ás vezes eu penso que as pessoas não reparam nessas coisas porque elas acreditam que elas não são importantes, acham que não passa de mera rotina. 

O maior pecado é esquecer que a beleza reside exatamente na rotina, em como tudo se repete em um eterno ciclo, um loop eterno que em que estamos presos, fadados a desaparecer no fim...

Hoje eu realmente acredito que a beleza reside nas coisas simples, singelas.

A beleza existe quando a luz bate no rosto das crianças molhadas de chuva, quando você escreve uma sentença especialmente boa; quando a dor da paixão é suprimida pela alegria inexplicável de reencontrar o ser amado depois de sofrer dias de saudade aguda.

A beleza existe onde nós não conseguimos enxergá-la.

Ela está lá quando você encontra o amor da sua vida, na primeira vez que suas mãos se tocam sem querer, quando seus olhos se procuram em meio a uma multidão de outros olhos, cores, pessoas. Quando vocês se beijam e o mundo parece parar naquele segundo, eternizando o momento em um frame lindo em seu cérebro - apesar de vocês fingirem que nada aconteceu no dia seguinte. 

A beleza existe também nas coisas tristes e paradoxais, quando nosso coração se parte silenciosamente no meio da madrugada fria, quando gritamos sem razão para o vazio.

A beleza existe em você, no jeito como você ri sem jeito tentando falar algo em minha língua natal. 

A beleza, creio eu, é você

A beleza é você quando tu finges observar as poças quando a cidade está coberta de água, tentando se livrar de alguma pergunta muito desconfortável feita pela minha mãe. 

A beleza é você quando o sol da tarde cai e banha seu rosto com uma luz etérea, irreal, lançando sobre ti o dourado que cobre seus cabelos. 

A beleza é você e seus olhos surrealmente tristes.

Eu amo o garoto dos olhos mais tristes do mundo.

Você é belo, Min Yoongi. Pura e inteiramente. Quando meus olhos te encontram tudo que consigo enxergar é beleza.

Sim, você é belo. 

Você é a coisa mais linda que pude presenciar. 

Perdão se não consigo falar de você da melhor forma que podia. Não consegui. Mianhae, Min Yoongi. 

"Sim, tudo bem, faz parte não conseguir."

Quase podia ouvir sua voz suave sussurrar em meu ouvido que era normal não conseguir fazer parte da travessia, que todos nós possuíamos ritmos e ideias diferentes, que eu não deveria me apressar ou tentar ser igual a ninguém. 

Mas como não conseguir falar de você, meu amor?

Como não conseguir falar do brilho, das piadas sem graça, dos sorrisos, de nós?

Que espécie de pessoa serei eu se não conseguir contar essa história? Logo essa, em meio de tantas outras?

Nesse momento, estou sentado embaixo da árvore onde nós escrevemos nossas inicias quando éramos crianças. Espero calado a carruagem que irá me levar ao seu encontro, enquanto tento mentir para mim mesmo sobre essa convocação tão urgente. 

Sinto sua falta, Yoongi. Avassaladora e terrivelmente. Mas, lhe verei logo e esse vazio em meu peito será finalmente preenchido com o som da sua voz. 

A vida não tem piedade alguma.

Mentira. A vida é piedosa, porém indivisível.

Acho que finalmente aprendi dessa vez. 

Estou indo ao seu encontro como outra pessoa, mas tudo cairá por terra assim que você pousar seus olhos em mim. Chegaria a ser triste se não fosse engraçado, o poder que você tem de destruir cada parte de meu âmago em um estalar de dedos. 

É, Suga.

Mal vejo a hora de te encontrar no Sul.

Com todo amor do mundo, 

Park Jimin.


Notas Finais


A música de hoje é eu te amo do Chico Buarque. É poesia pura. Preciso dizer que amo o Chico mais vezes? Pq eu amo. Eis o link: https://www.youtube.com/watch?v=1Hj2jDfJ-9k
Explicando um pouquinho: essa é uma carta que Jimin fez antes do começo de Royals, bem lá no capítulo primeiro.
Bem, é meio que o capítulo especial que eu prometi quando Royals fez um ano e acaba que nem fiz porque sou inútil.
Voltando a dizer que quem tiver algo pra falar comigo, basta mandar mensagem. Pareço ser nojenta, mas é só aparência mesmo. Vejo vocês na próxima <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...