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História Royals - Promessas de uma incerta eternidade.


Escrita por: ShewantsCamz e gamedinas

Notas do Autor


Lindas, esse capítulo foi bem sei lá, intenso pra escrever kkk então eu espero que vocês gostem. Tem uma música em determinado momento "Blue - Troye Sivan" vou deixar o link nas notas finais.

Desconsiderem qualquer erro kk eu to agitada demais pra corrigir e meu word ta ruim, então depois conserto tudo.


Medina.

Capítulo 12 - Promessas de uma incerta eternidade.


Depois de passar alguns dias vivendo da maneira que sempre sonhei em viver, eu estava em Londres, estava em casa. Ao deixar a ilha para trás, pensei que deixaria uma parte minha à deriva em meio ao oceano Atlântico, mas não. Ela estava comigo. Assim como todas as memórias dos momentos que passei por lá. Cada aroma, cada sensação, cada elevação de temperatura, cada sabor... Cada resposta que obtive para cada pergunta inconsciente que minha mente teimava em fazer. Os dias em Necker Island, na companhia das pessoas que eu tanto gostava de ter por perto, transformaram-se em um belo filme que se repetia a cada segundo em minha cabeça. E Lauren, bom, Lauren era a protagonista.

 

Eu estava apaixonada. E pela primeira vez, em toda a minha vida, eu tive o prazer de poder dizer isso.

 

Quando você realiza que carrega em si um sentimento tão intenso, sua mente entra em colapso. Ao mesmo tempo em que sente medo de encarar o novo com um desconhecido tão íntimo, você sente a mais singular de todos os tipos de felicidade. Nada se iguala. As músicas passam a fazer um sentido diferente ao serem associadas a alguém, os livros, os filmes e até mesmo as pinturas expostas em uma galera antiga de museu. Tudo deixa de ser superficial e se torna profundo.

 

Estava apaixonada por Lauren.

 

Apertei os olhos cansados enquanto observava a enorme dela da TV. Já estava na segunda temporada da série que a cantora tanto gostava, The 100. Eu estava tão absorta pelo enredo, tão fascinada pela ideia de lidar com o desconhecido assustar na mesma intensidade que nos atrai, que mal conseguia dormir direito. Eu passava os dias cumprindo a minha agenda, organizando os últimos preparativos para o baile e minhas madrugadas devorando os episódios seguidos um do outro.

 

Ouvi meu celular tocar no mesmo instante em que Lexa, a heda dos doze clãs, apareceu em alta definição. Não importa quem fosse a ligar, com toda certeza poderia esperar. Eu me enxergava em Lexa, apesar de fisicamente ela se parecer muito mais com Lauren que comigo, enxergava nossas responsabilidades e o quão difícil era tomar decisões em prol de um povo, ao invés de só pensar no próprio bem estar. Não é o tipo de coisa fácil de se fazer e às vezes, quase sempre, dói.

 

Mais uma vez o toque do telefone capturou minha atenção. Revirei os olhos impacientemente e lembrei que não era uma pessoa comum e que, portanto, não poderia deixar de atender telefonemas. Me estiquei sobre a cama bagunçada e busquei o aparelho em meio ao emaranhado de lençóis. O visor estava aceso e indicava “Lauren” em letras garrafais. Meu mau humor dissipou-se no mesmo instante, dando lugar aos batimentos fora de ritmo e respiração acelerada.

 

– Ei você! Como foi o show? – perguntei entusiasmada, procurando o controle para pausar a cena na TV.

 

 

– Foi ótimo, mas estou um pouco cansada. – disse resmungando do outro lado da linha. – O que está fazendo? Parece agitada.

 

 

Joguei minhas costas contra o colchão, encarando o lustre que pendia sobre minha cama.

 

 

– Estava assistindo The 100. – respondi e pude ouvi-la se animar.

 

 

– Você gostou mesmo, não? Em que episódio está, princesa?

 

*Spoiler. Se ainda não assistiu e se incomoda com o tipo de informação, pule.*

 

 – Lexa acabou de deixar que algumas pessoas explodissem. – respondi rapidamente e um pouco reflexiva.

 

*Fim do spoiler.*

 

 

– Vou fazer uma pergunta e isso não só antecipará minha curiosidade ao saber sua reação para o final dessa temporada, como provavelmente definirá nossa relação. – ela disse forçando seriedade em sua voz e quase não pude conter o riso.

 

 

– Soa como ameaça... Pode perguntar!

 

 

– O que você pensa sobre a atitude dela? O que pensa sobre a Lexa? – Lauren perguntou de maneira cautelosa, tornando tudo extremamente dramático e divertido.

 

 

Tirei uns segundos para analisar a situação de maneira fria e lógica, pesando suas motivações e sem precisar de muito esforço para me colocar em seu lugar.

 

 

– Eu sinto pena. Sinto como se ela nunca pudesse fazer uma escolha que não envolvesse a todos. – meu tom de voz escapou um pouco carregado de emoção, mas Lauren sorriu.

 

 

– É a primeira vez que escuto algo assim. Por que diz isso?

 

 

– Porque ela é exatamente como eu.

 

Lauren ficou em silêncio, provavelmente refletindo sobre o que eu acabara de dizer e sentindo pena de mim também. Naquele momento, me culpei amargamente por ter feito tamanha vitimização e já estava me preparando para corrigir, quando ela me ofereceu sua voz.

 

 

– Pelo menos você não precisa matar ninguém.

 

Rimos ao telefone. Concentrei-me em prestar atenção na sua respiração desregulada e nos intervalos que ela dava entre as explosões dos risos para retomar o fôlego. Lauren era repleta de particularidades.

 

 

– Você irá ao baile, certo?

 

 

– Claro. Dei minha palavra, não dei? – ela indagou e eu concordei sonoramente.

 

 

– Vejo você amanhã. – fiquei em silêncio por alguns segundos antes de prosseguir. – Sinto saudade.

 

 

– Eu também. A cada segundo.

 

 

(...)

 

Amanheci com a sensação de estar prestes a dar um grande passo na minha vida. O baile beneficente da fundação era hoje e eu estava tão eufórica e inundada por expectativas que mal cabia em mim. Era a primeira vez que eu realizava algo tão grandioso e por conta própria. Tudo, desde decoração aos convidados, havia sido pensado por mim e Allyson com tanto cuidado e organização, que nada poderia dar errado. A única coisa que ainda me preocupava mais do que eu gostaria, era ter Noah ao meu lado como acompanhante público. Eu nem precisaria dizer nada, bastava estar ao lado dele que os tabloides preencheriam as lacunas inexistentes com inúmeras suposições e arriscariam até uma data para o casamento. Balancei a cabeça rapidamente, tentando eliminar os pensamentos negativos, focando minha atenção apenas em coisas boas. O resto era inevitável.

Levantei-me rapidamente e corri para a banheira, permitindo que meu corpo aproveitasse todas as sensações causadas pela água morna. Observei a minha pele bronzeada pelo sol da ilha, imersa na água com sais de banho, e me senti incrivelmente atraente. Será que Lauren me via da mesma forma aos olhos dela? Deixei que minha mão deslizasse por uma de minhas coxas, sentindo a minha pele macia contra a ponta de meus dedos. Involuntariamente fechei os olhos e em questão de segundos a americana ocupou completamente minha cabeça.

Eu a queria. A ideia de me entregar me assustava um pouco, mas ainda assim eu a queria.  Ao dar nome as sensações que meu corpo buscava na presença da cantora, tudo em mim pareceu mais intenso e quase incontrolável. Involuntariamente, apertei a parte interna de uma de minhas coxas e senti minha pele comprimida entre meus dedos. Apoiei a nuca na borda da banheira e sem qualquer preparo maior ou incentivo, afastei as minhas pernas como uma reação comum de desejo acumulado e deixei que minha mão tomasse o caminho sem qualquer questionamento. Senti o meu peito arfar ao mais simples dos contatos entre minhas unhas e minha virilha.

 

 

– Mila? – ouvi a voz de Dinah soar ao lado de fora, fazendo com que meu corpo saltasse dentro d’água.

 

 

Apoiei minha testa contra a palma da minha mão e deixei que um sorriso tímido ocupasse meus lábios.

 

 

– Pode entrar. – me recompus rapidamente e enchi a banheira com espuma, cobrindo todo o meu corpo até a altura do pescoço.

 

 

– Essa lugar está um caos! Literalmente. Tem gente pra tudo que é lado. – ela disse escorando o corpo contra a parede. – Não demore nisso aí, precisamos de você.

 

 

– Não irei. – forcei um sorriso e tratei de ensaboar o meu corpo enquanto a loira me observava.

 

 

– Lauren já viu suas marcas? – perguntou e eu transformei meu rosto em uma expressão curiosa. – De biquíni. – respondeu como se fosse óbvio.

 

 

– Não. – neguei com a cabeça um pouco envergonhada.

 

 

– Você é meio lenta... – ela disse antes de revirar os olhos, reação que eu optei por imitar.

 

 

– Você sabe que eu nunca estive com alguém antes. Não me pressione.

 

 

Dinah deu ombros, encarando as próprias unhas recém pintadas.

 

 

– Lauren sabe disso?

 

 

Assenti rapidamente, massageando minha cabeça com os dedos enquanto esfregava o shampoo em meu cabelo. Eu não havia dito com todas as letras que era virgem, mas considerando todo o meu drama pessoal, tenho certeza que ela fazia uma remota ideia.

 

 

– Que gracinha de americana! Eles costumam ser tão irritantes... Ela está esperando você, então.

 

 

A constatação da loira me fizera parar pra pensar. Lauren estaria mesmo esperando por isso ou será que ela se encontrava com outras mulheres de vez em quando? Nós nunca havíamos conversado sobre compromissos ou exclusividade, isso nunca pareceu algo que precisasse ser dito, visto que eu não estaria por vontade própria com outra pessoa que não fosse ela. Mas será que pra ela era da mesma forma? Lauren não tinha amarras, grades, uma mãe megera ou qualquer outra coisa que a impedissem de estar com quem quisesse. Eu senti ciúmes. Me senti desconfortável com a ideia da cantora estar com outra pessoa, diria que até enjoada de imaginá-la com alguém. Desviei minha atenção para Dinah que me observava com os olhos perdidos.

 

 

– Eu não sei... Acho que sim. Espero que sim.

 

 

(...)

O dia passara mais rapidamente que o normal e quando nos demos conta já era noite. Eu estava em meu quarto, terminando a maquiagem, acompanhada por Ally e Dinah. A maquiadora acentuava meus olhos com o delineador, ao mesmo tempo em que eu ouvia minhas duas amigas tagarelarem sobre como tudo estava divino no saguão e jardim. Fui informada por Sinu uma hora antes, de que a família Price já estava presente. Como o rapaz educado que era, Noah estava me aguardando ao lado de fora para que descêssemos juntos. Sempre que eu pensava em Noah, automaticamente pensava em Lauren. Era como se uma coisa levasse a outra.

 

 

– Não falei com Lauren hoje. – disse tentando soar despreocupada.

 

 

– Não se preocupe... Ela virá. Provavelmente só não quis correr o risco de atrapalhar alguma coisa. – Ally tentou me tranquilizar e eu concordei.

 

 

Lauren era mesmo o tipo de pessoa que evitava ao máximo ser um estorvo. Mesmo sabendo que eu jamais pudesse considerá-la algo do gênero.

 

 

– Pronto, Vossa Alteza. Terminei e se me permite o elogio, a senhorita está impecável. – disse a maquiadora antes de afastar-se do espelho para que eu pudesse me ver.

 

 

Agradeci com extrema gentileza por seu tempo trabalho e só então observei minhas feições refletidas à minha frente.

 

 

– Você está linda, Mila. Céus. – exclamou Ally ao meu lado.

 

 

– Eu que não queria ser Noah... Ou Lauren nessa noite. – Dinah provocou e logo depois me teceu maiores elogios. – Você é sempre belíssima, prima.

 

 

Eu estava bonita, me enxergava bonita e me sentia bonita.

 

Quando deixei o quarto, acompanhada das duas jovens mulheres, Noah estava próximo ao primeiro lance de degraus da grande escadaria. O rapaz usava um terno de tom escuro, poderia chutar azul petróleo. O cabelo repartido para o lado e impecavelmente arrumado. Noah com toda certeza arrancaria inúmeros suspiros aquela noite, mas não os meus.

 

 

– Noah. – assenti para ele, que ensaiou uma reverência e tentou disfarçar a expressão de surpresa estampada em seu rosto.

 

 

– Vossa Alteza. Você está deslumbrante.

 

 

– Obrigada, Price! Você também. – entreguei minha mão para ele, onde depositou um beijo no dorso da mesma.

 

 

– Senhoritas. – ele acenou para Ally e Dinah que o cumprimentaram logo em seguida.

 

Descemos juntos. Meu braço estava entrelaçado ao dele e eu me sentia completamente desconfortável com o contato. Não precisamos terminar os degraus para sermos alvejados por uma chuva de flashs. Todos queriam o meu melhor ângulo, a melhor foto.  Observando o rosto de cada um dos jornalistas que havia convidado para dar o destaque necessário ao evento, podia arriscar cada pensamento mesquinho que ocupava suas mentes.

 

“Vossa Alteza, aqui, olha para cá.” Eles pediam quase que em coro, tentando atrair minha atenção de alguma forma e eu, como a boa princesa que era, cedia não só o olhar, mas meus sorrisos.

 

Por fim, havíamos conseguido descer e toda aquela euforia inicial tinha passado. Eu estava bem atarefada, cumprimentando todos os meus convidados e respondendo as perguntas dos possíveis novos colaboradores da fundação. Entretanto, minha cabeça voava para longe dali. Em meio às mesas que comparecia, procurava Lauren perdida entre elas. A cantora não estava ali. Não sei dizer se havia desistido de ir ou se não estava querendo me ver ao lado de Noah. Meu coração murchou dentro do peito com a hipótese de não estar em sua presença naquela noite, mas eu precisava manter as aparências e entender as motivações, quaisquer que tenham sido, da americana.

 

 

(...)

 

Estava sentada, desacompanhada, em minha mesa, observando a todos de longe. Conseguia enxergar Ally e Dinah servindo-se de taças e mais taças de um caríssimo champagne. Ao contrário delas, eu não queria beber... Apesar de termos o que comemorar. Conquistamos um número incrivelmente alto de colaboradores, mas Lauren não estava presente e isso não me deixava com o espírito muito festivo.

 

– No que tanto pensa, princesa? – a voz de Noah interrompeu minhas lamentações.

 

 

– Estou um pouco cansada, nada que mereça muita atenção.

 

 

– Fico feliz que tenham conseguido o que buscavam. – disse de maneira gentil, me arrancando um dos poucos sorrisos sinceros daquela noite.

 

 

– Obrigada, Noah! Você foi um dos primeiros a assinar, não tenho palavras para agradecer.

 

 

– Não precisa agradecer por nada, Alteza. Acredito no que propõe. – ele sorriu entusiasmado e em seguida inclinou-se em minha direção.

 

 

A proximidade com Price me deixava inquieta. Comecei a me afastar, mas não fui rápida o suficiente para evitar o beijo carinhoso que recebi em uma de minhas bochechas. Por um momento, me senti aliviada. Podia jurar que Noah tentaria beijar-me os lábios e isso com toda certeza não seria algo bom. Quando ele tomou distância, meus olhos procuraram os repórteres que com toda certeza teriam registrado a demonstração de afeto de Noah, mas ao invés disso, encontraram as duas belíssimas e intensas íris de Lauren. Bruscamente, saltei para o lado, me afastando por completo de Noah que demonstrava em sua face não entender o motivo da minha reação. Havia sido um beijo inocente, um beijo de amigos, mas o foco dos olhos verdes da americana sendo depositados em mim, me deixava inquieta, angustiada e preocupada com o que ela poderia estar pensando.

 

Lauren apenas sorriu serenamente e acenou para mim sem qualquer pressa, enquanto caminhava em minha direção. A morena usava um vestido longo preto, que contornava perfeitamente o seu corpo. As ondulações da ponta de seus fios, pendiam sobre os ombros da cantora, dando a impressão de que seu cabelo era ainda maior. Ela estava tão bonita que minha mente se preenchia de adjetivos e ainda assim eu não conseguia encontrar nenhum que lhe servisse com perfeição. Os meus suspiros, batimentos acelerados e respiração falhada, eram única e exclusivamente dela.

 

– Vossa Alteza. – Lauren assentiu para mim, sem desfazer o sorriso dos lábios. – Noah. – seguiu para Prince que, educadamente, lhe beijou a mão.

 

 

Lauren não parecia irritada ou brava, pelo contrário, aparentava extrema tranquilidade e calma, ao contrário de mim que mal conseguia conter minha inquietação em sua presença.

 

 

– Que bom que chegou! Estava precisando mesmo falar com você. – tentei parecer casual na presença de Noah e Lauren prontamente entendeu. – Podemos conversar?

 

 

– Claro, princesa. Como preferir. – ela sorriu mais um vez e minhas pernas deram sinais de fraqueza.

 

 

Noah nos observava com extrema atenção e em outro momento aquilo me incomodaria o suficiente para eu tentar conversar com a americana depois. Mas eu queria explicar, queria que ela entendesse exatamente o que ele aquele beijo, quase infantil, havia significado: nada.

 

 

– Venha comigo. – disse antes de seguir por entre as mesas, tendo a a morena logo atrás de mim.

 

 

Nós não no tocamos em momento algum, não apertamos as mãos ou beijamos o rosto uma da outra. Lauren estava distante, mas ainda assim perto o suficiente para que a sua presença me perturbasse. Deixamos o saguão e tomamos os extensos corredores do palácio em direção ao jardim interno. Se Lauren possuísse boa memória, saberia exatamente que estávamos indo ao mesmo lugar de quando ela estivera aqui pela primeira vez.

 

 

– Por que você está correndo? – ela perguntou quase sussurrando, me arracando um espontâneo sorriso.

 

 

– Preciso falar com você!

 

 

Tão logo respondi, chegamos ao jardim. Tudo estava exatamente da mesma forma. As mesmas flores, as mesmas esculturas, a mesma sensação nostálgica que me acertava sempre que eu pisava ali.

 

 

– Acho isso aqui tão lindo. – Lauren desabafou, sentando-se no banco sem receio de estragar ou sujar o vestido. – O que a senhorita deseja?

 

 

Seu tom de voz estava suave, gentil, educado... Mas ainda assim me deixava nervosa.

 

 

– Você sabe que Noah e eu somos só amigos, certo?

 

 

– Princesa, eu não vi nada demais, não se preocupe quanto a isso. De verdade. Não vou fazer uma grande cena por um beijo no rosto. Acredite.

 

 

Lauren bateu com a mão ao seu lado, me oferecendo espaço pra sentar. Consegui respirar tranquila novamente e cerca de poucos segundos depois, eu já estava ao lado da americana e tinha sua mão repousada sobre minha coxa.

 

 

– Confesso que estou aliviada. – deitei minha cabeça em seu ombro, inspirando o aroma adocicado que escapava de sua pele.

 

 

Ouvi o som de sua risada e recebi um delicado beijo no topo da minha cabeça.

 

 

– Desde que você contou sobre a chantagem da sua mãe, eu soube que você era o tipo de pessoa que não me esconderia algo, não importando o que fosse. Não tenho porque tirar conclusões preciptadas de qualquer coisa que envolva você, Camila.

 

 

Observei as flores bem cuidadas e as folhas podadas por toda a extensão do jardim, enquanto sentia o corpo de Lauren movimentar-se conforme ela respirava.

 

 

– Sonhei com você. – a voz da americana escapou suave de seus lábios, enchendo meu peito da sensação gostosa que só ela conseguia me causar.

 

 

– O que?! – indaguei extremamente entusiasmada e curiosa, arrancando algumas de suas mais sonoras risadas.

 

 

– Que você se tornava rainha. Estava sendo coroada e eu ficava observando e usando um babador. – disse sinalizando embaixo do queixo.

 

 

Tentei imaginar a cena da minha coroação e um arrepio percorreu todo o meu corpo. Levantei a cabeça de seu ombro rapidamente, segurando em seu queixo, fazendo com que seu rosto virasse por completo.

 

 

– Eu tive uma ideia!

 

(...)

 

Lauren estava sentada em uma das poltronas da sala de antiguidades e relíquias do palácio, enquanto eu abria a proteção de um dos itens ali exposto. A cantora me observava com extrema atenção. A senha de seis dígitos revelava o objeto de meu desejo, fazendo com que americana arregalasse os olhos tão logo descobriu minhas intenções. Gesticulei com o dedo para que ela se aproximasse e ela rapidamente se levantou, caminhando afoita em minha direção.

 

– Isso é permitido? – Lauren sussurrou de maneira temerosa.

 

 

– Não é de verdade. É uma réplica autêntica, exatamente idêntica... Mas a corôa real fica trancada na Torre de Londres.

 

Lauren estava boquiaberta. Exatamente como quando nos deparamos com algo surpreendente ou bonito demais. De onde estávamos era possível ouvir a música no andar debaixo e o som de conversas aglomeradas. Pensei se Sinu estaria me procurando e o que faria se me encontrasse ali, com a réplica da corôa em minhas mãos. Por um breve momento, senti medo de sua reação e das suposições que faria ao deparar-se com Lauren. Minha mãe era perceptiva e não precisaria de muita inteligência para entender o que estava acontecendo, desde que observasse com atenção o jeito com o qual a americana e eu nos olhávamos. Senti os dedos delicados da cantora tocarem minhas mãos e meus receios voaram para longe dali.

 

 

– É essa que você usará quando se tornar rainha? – ela perguntou sem tirar os olhos do vislumbroso objeto em minhas mãos.

 

 

– Sim. Só que com diamantes de verdade. – sorri e apontei para as grandes pedras cristalinas cravadas em toda corôa e que imitavam as originais. – Existem outros corô

as menores para eventos políticos e tudo mais, mas a usada na coroação real é exatamente igual a essa. Exagerada, né?

 

 

Lauren assentiu e eu entreguei o objeto em suas mãos para que segurasse.

 

 

– Pesada. – ela atestou movendo as mãos para baixo e para cima como que se tentasse calcular seu peso.

 

 

Concordei e me aproximei um pouco mais, de modo que a distância entre nós duas fosse apenas um empecilho causado pela corôa.

 

– Em meu sonho era um pouco diferente, mais simples eu acho... Mas não tão bonita assim. – Lauren ergueu a corôa na altura de meu rosto e me contemplou com os olhos carregados de sentimentos não ditos. – Posso?

 

 

Assenti rapidamente com um extenso sorriso em meus lábios e inclinei minha cabeça em sua direção. Lauren acomodou a corôa no topo de minha cabeça, segurando enquanto eu retomava minha posição. Mantive minha postura ereta, equilibrando o objeto sobre meu cabelo. A americana me encarava em um misto de fascinação e desejo que eu jamais vira estampado em seu olhar e feição.

 

 

– Você é a criatura mais linda que eu já vi em toda a minha vida, Camila. E eu estou completamente perdida por você.

 

 

As palavras de Lauren me acertaram o estômago de modo que eu me imaginasse levando um soco no mesmo lugar.

 

 

– O que isso significa? – perguntei antes de dar mais um passo em sua direção, o suficiente para ser tomada em seus braços.

 

 

– Que estou apaixonada por você. – o tom de sua voz parecia querer ressaltar o óbvio, mas sua expressão era a mais pura confusão.

 

 

Meu corpo, mente e alma encheram-se de uma felicidade e calor instântaneo, como se tudo em mim funcionasse em consequência de suas palavras. Eu não respondia por mim, mas por Lauren. Ela parecia esperar uma resposta, resposta esta que eu já estava cansada de saber e repetir insconciente a cada segundo.

 

– Você faz com que eu queira dizer em voz em alta também. – acariciei seu rosto com a palma de minha mão e ela inclinou o mesmo contra meus dedos.

 

 

– Diz. – ordenou com a voz rouca, fazendo com meu coração saltasse dentro do peito.

 

 

– Eu estou inteiramente apaixonada por você.

 

 

Mal as palavras deixaram minha boca e os lábios de Lauren já estavam sendo pressionados contra os meus. O impacto do corpo da cantora contra o meu, fez com que a côroa balançasse em cima de minha cabeça. Lauren sorriu contra os meus lábios, levando as mãos para cima, segurando o objeto e me entregando-o. Virei-me de costas para a ela, guardando a réplica em seu devido lugar, antes de ativar a senha de segurança. A morena pressionou o corpo dela contra o meu, de modo que eu sentisse cada uma de suas curvas contra minhas costas. Sua mão colocava meu cabelo para o lado enquanto seus lábios exploraravam minha pele recém exposta por ela. Fechei os olhos inconscientemente ao ter meu corpo completamente arrepiado em consequência dos beijos que recebia.

 

– Um último lugar. – disse com a voz carregada de certezas.

 

E ambas deixamos a sala.

 

[...]

 

*Iniciem “Blue – Troye Sivan” e deixem tocar até o final do capítulo.

 

Lauren e eu estávamos no meu quarto. Porta trancada e sem qualquer preocupação que não fosse acerca de nós duas. Eu estava deitada sobre a cama, com o corpo leve e delicado de Lauren sobre o meu. Seus lábios deslizavam por meu pescoço, queixo e boca, vez ou outra substituindo os beijos por mordidas breves e sutis. A americana não possuía qualquer urgência em seus toques, pelo contrário, os empregava com tanta calma e dedicação fazendo com que eu me sentisse o mais puro e delicado objeto de seu desejo. Eu sabia para onde caminhávamos e eu queria chegar ao fim. Lauren me beijou novamente a boca, fazendo com que meu corpo arqueasse embaixo dela. Meus braços seguravam a cantora com força como se quisesse garantir que ela não se afastaria outra vez, tampouco que me deixaria ali. Eu sentia sua respiração falhar contra minha pele e sentia a preocupação de Lauren ao tentar controlá-la, como se fosse algo que estivesse ao seu alcance. Ela sabia, talvez até melhor do que eu, que em determinadas ocasiões é impossível controlar as reações primitivas que nos tomam conta.

 

– Não quero que se sinta pressionada... – ela esforçava-se para que sua voz saísse firme ao invés de trêmula e vacilante.

 

 

– Não estou. Eu quero.

 

Meus olhos buscavam os da americana em meio à pouca iluminação do meu quarto. Eu desejava que ela exergasse neles o quão inteiramente dela eu queria ser.

 

Ela segurou em uma de minhas mãos e me puxou para frente, fazendo com que eu me sentasse diante dela. A morena fitou-me por alguns minutos em um silêncio que conseguia dizer muito mais que qualquer palavra. Ela não precisou mover os lábios para eu entender que precisava me virar. Só então, de costas para a americana, senti seus dedos tocarem minha pele por cima do fino tecido do vestido que eu usava. O barulho do zíper deslizando para baixo, fez com que minha boca fosse tomada por uma longa e imediata sensação de sede. As mãos quentes e firmes da cantora puxaram delicadamente o vestido para baixo, deixando meu tronco desnudo. Minhas costas estavam livres para receber Lauren da maneira que ela melhor desejasse me tocar. A morena ficou imóvel sem manifestar qualquer reação, enquanto eu aguardava impaciente e inconstante ao seu próximo contato. Veio através de seus lábios. Alcançando um de meus ombros, escápula e nuca nessa mesma ordem, até fazer chegar ao outro, localizado na extremidade oposta. A maciez de sua boca me causava espasmos espontâneos em resposta. Suas mãos contornavam minha cintura, arrastando suas unhas pintadas de preto contra a minha pele. Senti os seus dedos subirem em direção ao centro do meu corpo, para só então ter meu sutiã aberto. A única coisa audível dentro do cômodo eram nossas respirações e provavelmente e, pessoalmente, nossos batimentos cardíacos. Lauren deslizou as alças por meus braços, até que meus seios estivessem livres da peça. Ela me puxou para trás, fazendo com que eu deitasse ao inverso e colocou-se ao meus pés, onde tinha maior facilidade para livrar-me do restante do vestido. Com o tecido embolado ao canto da cama, a cantora apressou-se em tirar a própria roupa e fora o único momento em que percebi sua afobação. A morena deitou-se entre minhas pernas, acomodando sua boca em minha clavícula.

 

– Você é tão linda... – disse entre os beijos que depositava no osso que saltava abaixo do meu pescoço.

 

Não respondi. Apenas sorri e fechei os olhos, tomando a iniciativa de segurar os cabelos da morena entre meus dedos. Eu não possuía mais receios, inseguranças, medos... Apenas a vontade de me entregar à americana do jeito mais completo. Uma onda de calor tomou conta de todo meu corpo tão logo senti os lábios de Lauren contornando um de meus seios. Cada movimento era executado com extrema maestria e experiência, como se Lauren houvesse nascido para tocar o meu corpo daquela maneira. Nascido para que me tomasse pra ela.  Lauren beijava, sugava e mordia meu seio com tamanha vontade que o meu gemido se fizera incontrolável. Ela chupou mais forte, mais firme. Mais um gemido. Lauren gemeu também. Gemeu de satisfação por me fazer gemer. Eu sentia meu sexo úmido, sentia minha intimidade pulsar contra o tecido delicado da calcinha. Eu me sentia clamando por ela de todas as formas que uma mulher pode clamar sexualmente por outra. Lauren arfou, me mordeu, me arranhou e marcou minha pele em resposta a cada contrair de meus músculos. Minhas pernas se afastaram quase que involuntariamente e eu tive a americana deslizando os lábios por minha barriga.

 

– Eu sou encantada por você e todas as suas formas... – ela sussurrou com os lábios pressionados contra o meu abdômen.

Meu rosto queimou e eu puxei alguns fios de seu cabelo, fazendo com que a morena me apresentasse o seu mais intenso sorriso.

Lauren estava me descobrindo, me explorando. E eu estava completamente extasiada pela sensação.

 

A morena segurou em minha calcinha, deslizando a lingerie, agora úmida, por minhas pernas. Era a primeira vez que alguém me via e me conhecia tão intimamente e ao contrário do que eu sempre imaginei, não fora necessário muita cerimônia ou preparação, tudo estava acontecendo da melhor e mais natural maneira possível.

 

Eu estava exposta, completamente nua e com as maçãs do rosto extreamente coradas. Lauren observava milimetricamente cada parte de meu corpo e, se você a olhasse com a atenção, perceberia suas pupilas dilatadas em meio ao intenso verde de suas íris. Eu gostava do jeito que ela olhava o meu corpo. Estava maravilhada pela maneira com a qual Lauren parecia me enxergar e me querer. Nada se comparava.

 

Com muita sutileza, a americana deslizou sua mão por meu sexo, arrancando-me contrações involuntárias em consequência. Eu estava tensa, mal podia respirar e fazer com que meu coração batesse no ritmo correto. Lauren me estimulou, me masturbou e sem tirar os olhos dos meus, pouco a pouco fez com que todo o meu corpo voltasse a ser puro desejo novamente. Eu me sentia extremamente corajosa por conseguir encará-la, por conseguir sustentar o seu olhar, enquanto ela me tocava. E então, a morena pôs um de seus dedos dentro de mim. O levou ao fundo o máximo que pode e com toda calma e destreza do mundo, o movimentou dentro de mim. Meu sexo contraiu, pulsou e se comportou como se gritasse pra ela e por ela. Apertei os meus olhos, vacilei por um momento e os mantive fechados.

 

– Olha pra mim... – Lauren suplicou com a voz embargada em desejo e eu atendi.

 

Mal os abri e dei de cara com o sorriso torto, exposto no canto dos lábios rosados da cantora. Eu cedi. Mais uma vez. Afastei ainda mais as minhas pernas, como um sinal silencioso de que eu precisava de mais, de que eu queria mais. Os gemidos já faziam parte do nosso diálogo, quanto mais eu oferecia, mais Lauren parecia desejar ouví-los. Mais um dedo, ainda mais fundo. E eu gemi mais alto, de um jeito mais quente.

 

Ela estava me fazendo dela, me tomando para si. Era isso o que ela fazia, era isso o que ela queria.

 

Lauren estava me reivindicando.

 

O meu corpo começou a dar sinais da mais forte e intensa de suas vulnerabilidades. Lauren soube me ler, soube me interpretar e intensificou seus movimentos, tornando iminente o que tanto ela quanto eu, esperávamos desde o princípio. Eu estava tremendo, estava quente, estava em um estado quase febril e inebriante de ardor e tesão.

E então eu vim. Permiti que o orgasmo me consumisse.

 

Lauren assistiu e sorriu. Abraçou e me beijou as coxas, a virilha, o sexo. O correr da sua língua por minha intimidade me fez querer gritar que eu era dela, que pertencia a ela.

 

A americana caiu ao meu lado com o corpo suado, vermelho, cansado. Acariciou-me o rosto como se me fizesse uma promessa daquelas que duram momentos de uma vida inteira, mesmo sabendo que a eternidade era algo muito incerto para nós duas.

Lauren prometeu e eu prometi também. 


Notas Finais




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