História Ruas de Fogo - Cap 11 – Conversando com o ‘sogrão’ e outros assuntos.

Naruto havia acordado ainda de madrugada. Aos primeiros raios de sol, levantou-se sorrateiro da cama, a fim de não acordar Hinata que ainda dormia profundamente.

Correu até o jardim de Ino, pois queria preparar uma surpresa. Roubou algumas laranjas de um pomar próximo, indo em seguida até a padaria para comprar algumas coisas.

Voltou para casa apressado, e vendo que a menina ainda dormia se encaminhou para a cozinha a fim de sua produção. Não entendia o que estava sentindo. Tivera uma noite maravilhosa ao lado de Hinata, sentia seu corpo leve, e especialmente seu coração.

Preparava o suco de laranja imaginando quantas vezes na vida teria sentido vontade de servir alguém com uma surpresa: -‘Nenhuma’, pensou. Colocou as torradas em um prato, e preparou vários tipos de frios e geléia. Transpassou um lírio sobre a bandeja, pois achava que aquela flor havia lhe lembrado dos olhos dela. Ajeitou tudo lindamente. Não entendia ainda a vontade de fazê-la sorrir.

Equilibrou tudo com certa maestria, e já estava no meio do caminho entre a cozinha e o quarto, quando um estrondo acontece. Hiashi, empunhando uma escopeta, chutava a porta que, por estar aberta, faz um estrondo:

Hiashi: - O QUE VOCÊ FEZ COM MINHA FILHA, SEU DESGRAÇADO?

Naruto: - Mas o que é que você... MAS QUE PORRA É...

Antes de terminar a frase, Hiashi dispara contra ele. Naruto consegue se defender do tiro usando a bandeja, derrubando sobre si mesmo todo o café que havia preparado.

Com o impacto, desequilibrou-se caindo de costas no chão.

Naruto gritava: - MAS QUE MERDA VOCÊ TÁ FAZENDO, SEU VELHO LOUCO?

Hiashi não responde, disparando novamente. Naruto se encolhe protegendo-se com a bandeja e vira a mesa à sua frente, procurando alguma proteção.

Hiashi: - EU VOU TE MATAR, SEU DEMÔNIO! VOCÊ ABUSOU DA MINHA FILHA! – Ele dispara novamente, fazendo um buraco na mesa. Os projéteis haviam passado a milímetros das costas de Naruto que se escondia.

Hinata chega assustada pelo barulho, ainda nua, apenas enrolada num dos lençóis da cama.

Hinata: PAI, O QUE VOCÊ TA FAZENDO?

Hiashi: - Filha... Você está bem? O que esse demônio fez com você? Não se preocupe, vou dar um jeito dele nunca mais te fazer mal!

Hinata: - MAS QUE MAL, PAI? Ele não fez nada que eu não permitisse... Estamos namorando!

Hiashi: - Você... Vocês... – Ele estava pálido – Estão... O quê?

Hinata: - Namorando, pai... Estamos namorando... Ele me tratou com todo carinho, com todo respeito, não me forçou, não me seduziu nem abusou de mim. Fizemos exatamente o que queríamos fazer.

Hiashi sentou-se no sofá com a espingarda entre as pernas. Parecia atordoado com a notícia. Sua pequena filha, nua em sua frente, dizendo que havia passado a noite com um demônio.

Hiashi: - Quer dizer que vocês...

Hinata: - Sim, nos amamos. Fizemos amor a noite toda. Desculpe não ter avisado que passaria a noite aqui, mas foi algo meio repentino.

Hinata falava suave, mentia levemente às vezes, tentando acalmar seu pai. Sentindo as mãos dele afrouxarem, começava a puxar a arma calmamente, para não chamar atenção. Quando finalmente a tomou em suas mãos, Naruto respirou fundo e se levantou de seu esconderijo improvisado. Caminhou ainda desconfiado na direção de Hiashi e sentou-se ao seu lado no sofá.

Naruto: Ehrrr... Eu confesso que nunca estive numa situação assim, geralmente revidava contra as pessoas que tentavam me matar, mas não podia matar meu sogrão né?

Naruto tentava sorrir, mesmo que de forma falsa. Tudo para distrair o homem que há poucos minutos atirava compulsivamente contra ele.

Hiashi, ainda de olhos baixos responde: - Aquilo não ia te matar. Não são balas, é sal consagrado.

Naruto: É O QUE? CÊ TA LOUCO?

Hinata: - Sal? Deve arder...

Naruto, um pouco alterado: - Hinata, isso é sal místico... Se tivesse me acertado causaria feridas que não cicatrizam... Eu ia ter febre e convulsões por dias!

Hinata olhava seu pai, admirada: - Pai, como teve coragem? Você ia mesmo ferir o Naruto!

Hiashi: - Eu achei... Filha... Queria te proteger... Achei que ele tinha abusado de você, que tinha te usado.

Naruto: - Ah, claro... Obrigado pela confiança... Naruto entrou revoltado no banheiro e tomou um banho rápido, pois estava melado dos restos de café. Dirigiu-se completamente nu até seu quarto e vestiu-se, colocando a inseparável capa por sobre seu corpo. Pegou algumas outras coisas e retornou.

Naruto: - Hinata vamos dar uma volta, comer alguma coisa. Eu tinha preparado café da manha, mas acabei tomando banho com ele. Sogrão, eu ia pedir pra fechar a porta quando saísse, mas já que arrombou, não precisa se preocupar.

Tomou a mão da menina e saiu a puxando, sem sequer reparar que ela continuava apenas enrolada no lençol.

Já no corredor, Naruto encontrava-se dois degraus abaixo descendo as escadas quando Hinata o puxou.

Hinata: - Naruto, o que você esta fazendo?

Naruto: - Saindo para espairecer, ué! Eu já dormi com muitas mulheres, mas é a primeira vez que o pai de uma delas me caça a tiros dentro da minha casa. – A voz dele era nervosa, levemente alterada. Hinata se assustou um pouco.

Hinata: - Desculpa... Ele é um pouco super protetor... E conhecendo as histórias sobre os seus pensou errado... Mas você é diferente... Por favor, se acalme...

Naruto: - E quer dizer então que estamos namorando, é?

Hinata ficou corada. Havia dito aquilo apenas para tranqüilizar o pai, mas tinha que admitir que adoraria que fosse verdade. Naruto percebeu as bochechas coradas e sorriu, imaginava o que a menina estava pensando.

Hinata: - Des... Desculpa... Ter dito aquilo... – Sua voz saia quase num sussurro.

Naruto: - Tudo bem... Quem sabe não estamos mesmo? Eu nunca namorei ninguém. – Agora ele sorria, com as mãos coçando levemente os cabelos. Hinata percebeu em seus olhos um brilho diferente da noite anterior. Uma luz nova parecia iluminar aqueles olhos tão tristes.

Hinata também sorri...

Segundos depois, Sasuke chega se postando as costas de Naruto.

Sasuke: - Ei! Eu ouvi tiros. Todo mundo inteiro? – Ele dizia, encarando Hinata de alto a baixo.

Naruto: - Longa história, Sasuke. Estamos saindo, na volta conversamos.

Sasuke encara Hinata com ainda mais desejo: E posso saber aonde vocês vão pra ela estar saindo apenas de lençol? – Um sorriso pervertido surgia em seu rosto.

Hinata congelou, ficando vermelha como um tomate. Em meio a toda confusão, havia esquecido que estava nua. Naruto ficou boquiaberto, havia ficado tão nervoso que também não tinha reparado.
Hinata sobe a escada, rápida como o vento, enquanto Naruto gaguejava, não sabendo o que dizer.

Sasuke, vendo a situação do companheiro, desce até seu lado, batendo no ombro dele:

Sasuke: - Bom, se vocês vão sair mesmo, agora ela vai levar horas pra se arrumar, e você tem tempo de me contar o que foi o tiroteio de logo cedo. Eu teria levantado pra ver, mas tava vendo anime na TV. – Seu ar era desinteressado como seria normal de se esperar. Sasuke era o mais frio dos três, Naruto era o mais brincalhão, e Gaara... Bem... Era difícil mesmo para os dois descrever o Gaara.

Caminharam juntos até a entrada do prédio, Naruto sentou-se no capô do carro amassado, enquanto Sasuke se apoiou na porta.

Sasuke: - Então?

Naruto ia começar a falar, quando Ino chega correndo, esbaforida.

Ino: - Naruto... Bom... Assim... Você vai sair com a Hinata, né? Então... Bom... Tipo...

Sasuke: - Eles vão ao cinema.

Ino virou-se para Sasuke, agradeceu com uma leve reverência de cabeça e saiu correndo da mesma forma que havia chegado.

Naruto: - Entendeu isso? E quem disse que íamos ao cinema?

Sasuke: - Claro. Elas moram no mesmo andar, no mínimo a Hinata está despencando o guarda-roupa tentando se arrumar e pediu ajuda pra Ino, sabe como são mulheres. E ninguém disse, só falei pra ela sair daqui.

Naruto: - Mulheres... Mas então, o que aconteceu foi o seguinte...

Naruto conta toda a história do acontecido, da noite com Hinata, e especialmente do tiroteio antes do café da manha.

Sasuke: - Hum... Mas diz aí, ela é tão gostosa como parece?

Naruto rosnou, ao invés de responder. Sasuke insistiu.

Sasuke: - Ah, qual é... Nós já dividimos tantas vagabundas, vai te mixar agora? Quando é minha vez com o tesãozinho?

Naruto socou violentamente a lataria do carro onde estava sentado, abrindo um buraco. Sasuke não se virou, mas sentiu a morte tocar seu ombro, quando Naruto o tocou.

Naruto: - Fala mais uma gracinha e eu mato você. Se relar na Hinata, eu mato você. Se olhar demais pra ela, eu arranco seus olhos, e mato você. – A voz dele parecia vir dos porões do inferno. Soava lenta, pesada, carregada de ódio.

Sasuke: - Ok desculpe... Não sabia que estava assim... Não ta mais aqui quem falou.

Ficaram por uns instantes em silêncio. Sasuke respirava devagar. Sabia como o amigo ficava quando perdia a cabeça, e sabia que nem ele poderia enfrentar Naruto nessas condições.

Finalmente Naruto se acalmava, e continuou a conversa, com um tom provocativo.

Naruto: - Mas e você, se deu bem com a Sakura?

Agora foi a vez de Sasuke reclamar.

Sasuke: - Tá brincando? Aquela mulher-macho quase me esmagou os culhões.

Naruto caiu pra trás, deitando no capo do carro rindo.

Naruto: - Quer dizer que o pegador mor da equipe tomou um fora... Cara, eu queria ter fotografado isso...

Sasuke: - Ri porque não foi o teu saco que tentaram arrancar. Mas fala sério, qual é teu lance com a anjinha aí? Só pela tua reação, já sei que não é só alguém que ta pegando.

Naruto fica sério. Ele também não sabia o que estava sentindo, mas conviveu com Sasuke quase sua vida inteira, e era difícil algo passar despercebido àqueles olhos vermelhos.

Naruto: - Eu não sei Sasuke. Eu me sinto diferente com ela, eu me importo com ela. Foi a primeira vez que estive com uma mulher, e não me importei comigo, só queria agradar a ela.

Sasuke: - Amor?

Naruto: - Demônios amam?

Sasuke: - Olha... Nós dois sabemos que você não é 100% demônio. – Olhou nos olhos espantados do amigo – Qual é Naruto?... Eu não sou burro. Seus olhos têm uma percepção muito superior a nossa, que só olhos de Anjo teriam... E você é mais forte também, cura mais rápido. E você... Você se importa com as pessoas... Mesmo que tente afogar isso. Foi por isso que saiu fora, não foi? Você se importava, não queria mais matar. Mas não esquenta, eu não ligo pra isso. Você continua sendo o Naruto de sempre pra mim, mesmo que seja um mestiço.

Naruto deu um meio sorriso. Sabia do que o amigo falava, e apesar de tudo, pela primeira vez se sentia bem em ser um mestiço.

Naruto desceu do capô do carro, deu um pequeno tapa no ombro do amigo.

Naruto: Vem comigo... Acho que nós dois merecemos isso.

Caminharam lado a lado, mãos no bolso, até os fundos do prédio. Hinata vinha descendo já vestida, e se deparou com os dois passando pela porta.

Hinata: - Onde vocês estão indo? Não vamos mais sair, Naruto? – Os olhos dela eram de súplica. Havia passado horas se arrumando pra sair com ele.

Naruto: - Vamos sim, Hinata. Me espera ali na frente, só vou buscar uma coisa.

Seguiu andando até os fundos do prédio, onde existia uma garagem. Lá dentro, duas motos que haviam sido deixadas pelos bandidos do primeiro ataque.

Naruto: Bom, a gente nunca teve grana pra bancar coisas assim. Então acho justo que tomemos conta dessas gracinhas.

Eram dois modelos. Uma Kawazaki vermelha e uma Shadow negra. Sasuke sorriu matreiro e sentou-se na Kawasaki, dando partida e acelerando fundo. O ronco do motor encheu os ouvidos dos rapazes.

Sasuke: - É, vamos nos divertir então...