- Tudo bem, não irei insistir. Mas você tem algum lugar pra dormir? - perguntei enquanto fazia carinho em seus cabelos já que sua cabeça estava apoiada em meu ombro.
Jinyoung já estava bem mais calmo em comparação a quando eu o encontrei. Depois dele me revelar que era sim, confinado na república aonde morava, não me disse mais nada. Era evidente o quanto aquilo tudo me deixava curioso e preocupado, além do fato de milhões de coisas passarem em minha cabeça com aquele acúmulo de segredos. A impaciência estava começando a aparecer, mas tentei me convencer a ficar calmo. Tudo viria a tona uma hora ou outra.
- Na verdade não. Eu só saí de lá e acabei não pegando nada. – Jinyoung suspirou fundo.
- Certo, então você vai lá pra casa hoje. Faltam poucas horas pro meu turno acabar então não tem problemas se você ficar aqui me esperando. – beijei o topo de sua cabeça.
- N-não sei se isso é o certo a se fazer. Quem sabe seja melhor eu voltar pra casa. – ele apertou suas mãos apreensivo.
- Eu não vou abusar de você, Jinyoung. – ri abafado. – Você pode ficar tranquilo. Mas é você quem sabe, qualquer coisa é só você ligar para esse tal de Luhan e dizer que está bem só pra ele não ficar preocupado. Do jeito que você chegou aqui eu não sei se a melhor escolha seria você voltar pra sua casa. – suspirei. – Porém eu não sei ao certo o que aconteceu, então é melhor você decidir tudo por si só.
- Shin, preciso de você aqui. – ouvi Kyungsoo me chamar ao longe.
Jinyoung fitava suas mãos que estavam postas em cima da mesa enquanto mordia seus lábios. Beijei sua testa e afastei sua cabeça do meu ombro para que eu pudesse me levantar e ir ver o que Kyungsoo queria.
- Eu preciso ir. Você não saia daqui, está bem? Pense no que você vai fazer, se você quiser voltar pra sua casa eu te levo até lá. – sorri pra ele e ele fez o mesmo pra mim.
- Eu não vou sair daqui, Shin. – ele me garantiu beijando minha bochecha timidamente.
Levantei rapidamente para que ele não visse o quanto meu rosto estava corado e segui meu caminho até Kyungsoo com minha cabeça martelando sobre tudo o que estava acontecendo naquele dia que nem sequer estava perto de acabar. Soo estava no caixa e Jongin estava ao seu lado, ambos os dois sendo cercados por um casal. Kyungsoo estava com seus olhos esbugalhados e olhava fixamente para a tela do computador.
- O que houve? -perguntei assim que me aproximei dele.
- É... E-eu esqueci a senha para entrar no registro da lanchonete. – ele mordeu seus lábios e pude ouvir Jongin soltar uma risada para logo após ser reprendido por Kyungsoo com um muxoxo.
- Só isso? - perguntei rindo. – Então você pode voltar a atender as mesas que eu fico por aqui, Soo.
Assim que ele se distanciou do computador digitei a senha do registro, me sentando na cadeira e fazendo a soma da conta do casal que estava em minha frente. Logo após os mesmos agradecerem e falarem um “até mais”, vi Krystal vindo em minha direção.
- Iai, faz tudo. Quem é aquele ruivo com quem você estava abraçado? - ela perguntou apoiando seus cotovelos em cima do balcão.
- E-ele? - arregalei os olhos. – Bem, sabe, ele é só um amigo e... -
- Eu até pensei que era um amigo até você começar a gaguejar. – ela me interrompeu com um sorriso nos lábios. – Não me diga que você trocou de time?
- Cala a boca, Krystal. – bufei.
- O que foi que eu disse? - ela riu. – Mas até que ele é bonitinho. Você não vai me contar mesmo sobre o que está rolando entre vocês dois?
- N-não tem nada acontecendo entre nós dois. – corei imediatamente. Pude ver um cliente se aproximar do caixa e logo me adiantei tentando fazer aquele assunto acabar. – Você vai pagar agora? Tem gente na fila.
- Não, vou comer mais um pouco daquela torta do seu amigo. – ela riu e antes de virar as costas disse. – Assim que você terminar o que você tem que fazer pegue dois pedaços pra mim. E duas xícaras de café também.
Suspirei fundo aliviado ao ver ela se afastado. Voltei minha atenção ao cliente que estava em minha frente e voltei a mexer nas teclas do computados enquanto registrava o que ele havia consumido e o valor do que ele havia consumido. Assim que ele agradeceu, me espreguicei e me levantei para ir ao outro balcão para poder pegar o que Krystal havia pedido. Dois pedaços de torta de chocolate e duas xícaras de café. Coloquei tudo em uma bandeja e fui até sua mesa, mas para a minha surpresa, ela não estava lá. Rolei com meus olhos pela lanchonete até que eu a vi, sentada na mesa próxima a porta junto a um menino ruivo. O meu ruivo. Senti minha garganta fechar e meu coração falhar uma batida. Caminhei calmamente até a mesa, procurando respirar fundo, até que eu notei que os dois estavam rindo.
- Pois é, ele jogou o meu gato da janela. Dá pra acreditar? E depois desse dia o pobrezinho ficou traumatizado. Não sei ao certo o que houve com ele, mas ele morreu. – ela disse aos risos. – Não era pra eu estar rindo disso, me sinto horrível. Mas a história é tão cômica que eu não consigo me controlar. – Krystal tampou a boca enquanto ria. – Desculpe-me, desculpe-me.
- Ok, por essa eu não esperava. Pobre gato. – Jinyoung ria do mesmo modo que Krystal. – Qual era mesmo o nome dele?
- Sebastian. – respondi automaticamente e os dois olharam pra mim. Jinyoung corou e logo desviou os olhos. – Dois pedaços de torta e duas xícaras de café. – disse, colocando o pedido na mesa. – Mais alguma coisa?
- Não sei, você gosta de torta Jinyoung? - Krystal perguntou.
- Ah, eu adoro. – ele respondeu ainda corado.
- Então é só isso, Shin. Obrigada. – ela disse.
- Posso saber sobre o que vocês dois estão conversando? - perguntei fuzilando Krystal com os olhos.
- Nada demais, só estamos nos conhecendo. Disse a Jinyoung que nós dois éramos namorados, mas que ambos nós dois vimos que não estava dando mais pra continuar e depois começamos a falar do nosso passado. Não é, Jinnie? - Krystal perguntou intimamente enquanto bebericava seu café.
- Sim, na verdade Krystal é uma ótima pessoa e eu me pergunto o por que de você tê-la deixado. – Jinyoung mordia seus lábios apreensivo.
- Foi como ela disse, não dava mais. – suspirei ainda encarando ela com cara feia e depois fitei Jinyoung. – Já se decidiu?
- Ah, eu acho que não vai ter problema. Só uma noite, e qualquer coisa eu ligo pro Luhan. – ele corou violentamente.
- Ótimo. – um pequeno sorriso se abriu em meus lábios. – Já estou terminando e podemos ir.
- Ah, Shin. Você poderia fechar minha conta? - Krystal me olhou. – E eu acho que eu quero levar mais dois pedaços dessa torta pra casa, é serio. Ou então eu levo seu cozinheiro porque isso aqui está divino.
- Você é uma abusada. – revirei os olhos. – E o cozinheiro não está disponível no momento.
Krystal tirou seus olhos dos meus para fitar algo atrás de mim e logo a vi rir baixinho acompanhada de Jinyoung.
- Estou vendo. Belo rapaz aquele que está hm... quase que comendo o seu cozinho.
Olhei pra trás e pude ver Jongin e Kyungsoo em um beijo árduo e intenso atrás do balcão. Corei ao ver aquela cena e temi por algum cliente que pudesse ver aquilo, mas logo percebi que agora só restava eu, Krystal, Jinyoung e os dois que estavam a ponto de realmente se comerem no balcão.
- Acho que não vai ser nenhum problema deixar vocês dois com essa visão maravilhosa. – disse por fim. – Irei trocar de roupa e já faço o que pediu, Krystal.
Dei as costas para minha ex namorada e para o meu futuro namorado, que eu torcia para que realmente se tornasse meu namorado. Resolvi não atrapalhar o Soo com Jongin, afinal eu realmente queria que os dois ficassem juntos e se isso não acontecesse logo eu seria capaz de estrangular Jongin por ser tão babaca e não ver o óbvio, e ver os dois se beijando daquele jeito era legal de certa forma.
Entrei na área reservada aos funcionários e tirei meu uniforme para rapidamente colocar as roupas com as quais eu havia chegado, já que estava muito frio. Retirei meu celular do bolso do uniforme e vi que havia uma chamada não atendida do Gongchan. Enquanto eu passava meu cartão na maquina para registrar a minha saída, liguei para Gongchan que me atendeu com uma voz tensa.
- Oi, Shin.
- Oi, Channie. Tudo bem?
- Não... Sim... Quer dizer, mais ou menos. Aish, não sei.
- Que foi que houve?
- Nada demais, problemas com um dos pacientes do Sandeul.
- E por que raios você está com Sandeul até a essa hora? Gongchan, você não está atrapalhando o trabalho dele?
- De certa forma não, já que eu consegui um estágio na clínica dele.
- O que? Gongchan, você está fazendo faculdade de gastronomia, quer me explicar como trabalhar em uma clinica para pessoas com problema na cabeça vai te ajudar a conseguir experiência na cozinha?
- Não tenho como te explicar agora, Shin. Só te liguei para avisar que não vou dormir em casa.
- Por que?
- Por que vou pra casa do Sandeul.
- Por que?
- Por que ele precisa de mim, ele está preocupado com o paciente dele e eu não gosto de vê-lo nesse estado.
- Por que?
- Shinwoo, quer parar com essa palhaçada? Olha, vou desligar aqui. Te ligo mais tarde, ou a gente se vê amanha de manhã.
- Tá, tchau. Usa camisinha.
- Shinwoo!
Gongchan desligou a ligação bufando enquanto eu ria. Não compreendi o por que dessa ligação repentina com Sandeul, mas se tinha algo em que eu não iria mais me meter seria na vida do Gongchan. Ele estava grande demais pra saber o que era certo a se fazer, e por mais que ele estivesse guardando um monte de segredos de mim e passando a maior parte do seu tempo com Sandeul, era bom ver ele se distraindo com alguma coisa que não fosse compras em lojas caras, sexo com homens desconhecidos e usar drogas. Sandeul era legal e eu só esperava que dessa vez Gongchan acertasse na escolha.
Voltei apressadamente para o interior da lanchonete para poder finalizar o pedido da Krystal, que ainda ria em alto e bom som acompanhada de Jinyoung. Kyungsoo já se despedia de Jongin, que com muita persistência tentava convencer o cozinheiro a ir para sua casa, mas ele bem sabia que essa dor de cabeça era em vão. Kyungsoo era uma pessoa extremamente centrada naquilo que queria e tinha um gênio muito forte.
Peguei mais dois pedaços da torta, ou o que restava dela, e guardei em uma caixa para logo depois ir ao caixa e fechar tanto a conta de Krystal quanto o sistema.
- Foi bom conhecer você, de verdade. Espero te ver por ai. – Jinyoung se despediu de Krystal com um sorriso no rosto.
- Ah, eu também espero. – Krystal se despediu. – Tchau pra vocês dois.
- Tchau. – eu e Jinyoung falamos em conjunto.
- Pode ir, Shin. Eu fecho tudo por aqui. – Kyungsoo disse.
- Certo, até amanha Soo.
Eu e Jinyoung fomos andando até o metrô acompanhados do silêncio. Não era um silêncio incômodo ou desagradável, era quase como uma melodia muda que não existia de fato, mas dava para apreciar tranquilamente. Jinyoung brincava de seguir a linha reta que os blocos da calçada formavam ao se juntarem e mantinha suas mãos no bolso de seu casaco. Aquela cena me fez rir baixo, mas fora alto o suficiente para ele ouvir e puxar assunto.
- Sua casa fica muito longe daqui? - ele perguntou.
- Não muito. Vamos chegar rápido. Você quer algo pra comer? - perguntei.
- Não, obrigado. – ele suspirou. – Ei Shin, eu não irei incomodar mesmo?
Sorri pra ele.
- De maneira alguma.
Caminhamos por mais algum tempo até chegarmos na estação, e de lá até meu apartamento eram só mais poucas quadras. Ao entrarmos no que eu chamava de lar, pude ver um sorriso tímido surgir nos lábios de Jinyoung. Ele ficou acanhado de principio e nada disse, então aproveitei para ir ao meu quarto largar minhas coisas, mas ao voltar pra sala pude ver que ele já estava se sentindo em casa.
- Aqui é realmente legal. – ele disse, apertando uma almofada.
- Não tem nada demais. – me sentei ao seu lado no sofá.
- Me parece bastante agradável. – ele sorriu. – Posso ligar pro Luhan? - perguntou mordendo os lábios.
- Fica a vontade, vou aproveitar e fazer pipoca pra gente ver com algum filme.
Me levantei após entregar o telefone para Jinyoung e me dirigi a cozinha. Abri um pacote de pipoca e o coloquei para estourar por alguns minutos. Mesmo parecendo terrivelmente grosseiro da minha parte, me aproximei da sala para ouvir o que Jinyoung falava ao telefone enquanto a pipoca estourava.
- Eu estou bem, já disse. – ele suspirou. – Não, claro que não. Vocês todos estão cansados de saber que se eu tivesse capacidade pra fazer algo assim eu já teria feito, não é verdade? Agora parem de se preocuparem tanto comigo. Eu não preciso disso. – Jinyoung parou de falar por um tempo e depois continuou. – Certo, Sehun. Eu não quero saber o quanto vocês ficam mal por conta disso, eu não preciso saber, eu não pedi pra saber. Sandeul já deve ter cansado de conversar com todos vocês para pedir para pararem de fazer isso comigo, por que eu me sinto culpado. Por mais que não pareça, eu sei muito bem o quanto a minha situação deixa vocês abalados, mas eu não preciso escutar isso da boca de vocês. É muito melhor eu imaginar o quão mal a situação está do que enfrentar isso cara a cara. As... As coisas sempre pioram quando isso acontece. – Jinyoung agora segurava o choro. – Já disse que estou bem, amanha eu volto pra...casa. Eu preciso desse tempo, e eu acho que vocês também precisam. Eu não sou uma criança... Tá... Tá, Hunnie... Ok, chega! – Jinyoung gritou. - Luhan, que ótimo que você tomou o telefone desse seu namorado indelicado, aproveita e manda ele se ferrar por mim. Eu já disse que estou bem, caralho, quantas vezes eu preciso falar isso? Certo, obrigado. Não, eu volto amanhã. Hm, manda outro pra ele. E pro Baek também. Não, não aceito as desculpas do Sehun. – Jinyoung riu. – E que ele fique tranquilo que eu não vou contar nada ao Sandeul. Até mais, Lu.
Minha concentração foi tirada assim que eu ouvi o beep do microondas. Voltei rapidamente para cozinha com minha cabeça a mil, afinal, eu tinha ouvido certo? Primeiro, estava claro que ele realmente escondia algo grave que fazia com que todos a sua volta ficassem preocupados consigo. Segundo, ele havia mesmo falado Sehun? Se eu não me engano, esse era o nome do garoto que havia ajudado Gongchan na casa do tal menino dos cortes. Podia ser Jinyoung esse menino? Terceiro, Baekhyun conhecia Jinyoung e seu namorado morava na mesma república que o ruivo que agora estava sentado em minha sala. Eu conhecia Chanyeol apenas pelo o que Baekhyun e Baro haviam me dito e ele me parecia ser bastante desequilibrado, então eu não descartava a hipótese dele ser uma das opções de quem poderia ser o tal do menino dos cortes. Só haviam sete pessoas que podiam esclarecer minhas dúvidas, mas eu tinha plena convicção de que apenas duas delas me contariam toda a verdade – do inicio ao fim.
- Achei que tivesse se perdido. – Jinyoung disse rindo assim que me viu entrar na sala. – Você está com uma cara estranha. Aconteceu alguma coisa?
- Hm, nada demais. Só a cozinha bastante desorganizada, e não fui eu quem fez aquela bagunça. – menti.
- Você mora com alguém aqui? - ele perguntou.
- Eu e Gongchan, meu amigo. Você lembra dele?
Perguntei sem tirar meus olhos de seu rosto e pude ver que suas expressões ficaram tensas assim que ele ouviu o nome de Gongchan. Jinyoung suspirou fundo e fitou a televisão.
- Não, não lembro dele. Deveria?
- Não sei, ele estava na boate aquela noite que te conheci. – disse.
- Certo. – ele procurou mudar de assunto. – Achei um filme pra gente ver, espero que goste de terror.
- Não vai ter problema? - perguntei ao me lembrar que ele tinha medo de ver, mas ainda sim amava o gênero.
- Espero que não. – ele disse. – Eu estava a algum tempo querendo ver esse filme, mas lá na república ninguém além do Dobby curte esse tipo de filme.
- Dobby? - ergui a sobrancelha, curioso.
- É o apelido que eu dei ao Chanyeol. – Jinyoung corou. – Mas ele vive com o namorado dele no tempo livre, já que de pela manhã e pela tarde é cheio de compromissos.
Começamos a ver o filme que Jinyoung havia escolhido, que por sinal era bem legal tendo em vista que era um filme de terror e que eles sempre tendem a ser ridiculamente retardados. O ruivo muitas vezes prendeu a respiração com as cenas, outras vezes fechava os olhos e teve momentos em que chegou a segurar forte minha mão, o que me fez sorrir. Era engraçado ver Jinyoung murmurando baixo sobre o quanto o personagem principal era um idiota e sobre o quanto ele queria que o cara morresse logo para que o filme acabasse de uma vez.
Ao término do filme, voltamos a conversar sobre assuntos aleatórios, sobre pessoas, gostos, musica, filmes. Fomos nos conhecendo um pouco mais a medida que o tempo passava e mal prestávamos atenção no programa que estava passando na TV. Jinyoung possuía um sorriso de parar o transito, ainda que seus olhos fossem tristes e tímidos. Vez ou outra eu parava pra pensar no por que, justo eu, havia me apaixonado por um homem. Não que eu tivesse problemas com isso, mas acho que depois de tanto me relacionar sexualmente sem nenhum compromisso com Gongchan acabei pegando o gosto pela fanta. Mas infelizmente, ou não, eu me encontrava perdidamente apaixonado por aqueles olhos de ressaca do mar, turbulentos e que a qualquer momento poderiam me jogar com força contra o litoral devido a imensidão de suas ondas. Eu sabia que eu corria risco de me machucar, mas eu estava disposto. Disposto a passar por qualquer coisa pra poder beijar aqueles lábios novamente e todos os dias.
Perto da meia noite, Jinyoung já se encontrava em transe devido ao sono. O levei ao quarto de Gongchan e disse para ele que ele se sentisse a vontade, afinal, meu amigo não voltaria pra casa até o outro dia então não haveria problema algum dele ficar por lá, contando que não mexesse na coleção de SNSD do Channie. Dei a ele uma toalha para que ele pudesse tomar banho e peguei qualquer roupa do Gongchan para que Jinyoung pudesse dormir mais confortável, já que os dois aparentavam ter o mesmo manequim.
- Boa noite, Jin. – me despedi assim que ele entrou no banheiro.
- Boa noite, Shin. – pude ouvir ele dizer do outro lado da porta.
Voltei pra sala pra arrumar tudo e fui lavar a louça, já que se dependesse do Gongchan a casa podia virar um chiqueiro que ele não arrumaria nada assim mesmo. Assim que terminei de arrumar o que eu via de bagunça, fui para o meu quarto tomar um banho e logo após deitei em minha cama. O sono não vinha de jeito algum, minha cabeça ainda girava com dúvidas, hipóteses e pensamentos que insistiam em não me deixar em paz. Decidi que amanha mesmo iria falar com Sandeul sobre Jinyoung, eu merecia alguma explicação já que ninguém estava disposto a me contar nada e eu estava mergulhando cada vez mais em um problema.
- Shin? - ouvi um sussurro. – Você está acordado?
- Hm, estou sim. – disse e me sentei na cama ao perceber que Jinyoung estava na porta do meu quarto. – O que houve?
- Olha, não quero que você diga ‘eu ainda te perguntei’ ou que você pense que isso é uma desculpa, mas eu estou com medo. – Jinyoung fitava o chão. – Não consigo dormir pensando no filme.
Ri ao ver Jinyoung naquela situação e logo bati no espaço vago em minha cama para que ele pudesse se deitar ao meu lado. Hesitante, ele se aproximou e se deitou encolhido ao meu lado. Deitei e fiquei olhando pra ele e acho que o peso dos meus olhos sobre Jinyoung fez com que ele se remexesse na cama incomodado.
- Para com isso. – ele sussurrou.
- Isso o que? - usei o mesmo tom que ele.
- De me olhar.
Mesmo não tendo uma boa visão de seu rosto devido a escuridão do quarto, presumi que ele estivesse corado.
- Mas eu mal consigo te ver. – sorri.
- Ótimo, mas ainda sim...
- Tudo bem. – suspirei fundo. – Boa noite, Jin.
- Boa noite, Shin.
Se antes eu não conseguia dormir, agora minha situação estava mil vezes pior. Jinyoung dormia ao meu lado, agarrado as minhas cobertas e sua respiração vinha aos meus ouvidos como uma das mais belas melodias. O calor do seu corpo era extremamente prazeroso, contudo, eu queria mais. Lentamente fui me aproximando dele e logo passei meu braço por sua cintura.
- Shin...
- Eu não vou fazer nada, eu juro. – sussurrei contra seu ouvido e o vi estremecer.
Jinyoung nada mais disse, apenas se ajeitou em meus braços e apertou minha mão. Eu sabia, de uma forma meio torta, que ele gostava de mim assim como eu gostava dele. Por mais que envolta de sua vida tivesse um emaranhado de problemas, mais cedo ou mais tarde eu iria descobrir, eu só precisava ser paciente. Afinal, eu não iria desistir dele, não iria desistir da felicidade quando ela bate a minha porta.
- Shin... – o ouvi sussurrar novamente.
- Hm? - murmurei.
- Não me solta.
- Eu não vou te soltar, seu calor e seu cheiro são bons demais pra eu fazer isso. – sorri.
- Não é só nesse sentido. Não... Não me solta.
- Eu não vou te soltar, Jin. – selei sua bochecha e o apertei mais contra o meu corpo. – Eu prometo.
- Não me prometa algo que você não vai cumprir. – ele suspirou fundo.
- Por que eu não cumpriria?
- Por que você não conhece toda verdade sobre mim. – sua voz estava tensa.
- Você um dia vai me contar, não vai? - perguntei.
- Sim.
- Então eu prometo que minha promessa irá durar ainda depois que você me contar tudo. – beijei o canto de sua boca e Jinyoung me prendeu naquela posição, com meu rosto colado ao seu.
- Eu gosto de você, Shinwoo. Gosto muito. – ele passou a língua pelo meu lábio inferior e me arrancou suspiros.
- Eu também gosto de você, Jinyoung. – mordi sua boca delicadamente e apertei sua cintura.
Jinyoung gemeu baixo com aquele gesto e logo tomou a dianteira para que nossas bocas se tocassem de uma vez por todas. O beijo se iniciou calmo, apenas com nossos lábios se tocando e apreciando a textura um do outro. Minha língua fora de encontro com a sua depois de pouco tempo e logo demos início a um carinho intimo usando nossas línguas como instrumento principal. Jinyoung tinha gosto de delicadeza, de ternura. Tinha gosto de carinho, ingenuidade e sua quentura era inebriante assim como tudo em seu delicado ser. Ele me embebedava sem ser álcool, me anestesiava sem ser a seringa de um anestesista. Ele era tudo o que eu precisava.
Assim que ambos nos dois ficamos sem ar, nos distanciamos para que o oxigênio voltasse aos nossos pulmões. Jinyoung respirava profundamente e eu selava brevemente toda a extensão de seus lábios que já se encontravam inchados.
- Acho... Acho que agora eu vou dormir, é... E você tem aula amanha. – Jinyoung disse sem jeito.
- Tudo bem. – selei uma última vez seus lábios e repousei minha cabeça no travesseiro, voltando a posição em que antes estávamos. – Bons sonhos. – mordi seu pescoço e o ouvi suspirar.
- Você também. – ele apertou minha mão com força.
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