Existem pessoas que dizem, que quando nós morremos, vemos um túnel de luz e que a nossa vida passa inteira diante dos nossos olhos. Outros dizem que a pessoa sai do corpo e vê a si próprio, Yoongi por outro lado, era a prova viva de que aquilo não acontecia realmente.
Quando o loiro digeriu a frase do Park, ele travou por poucos segundos e sua mente deu um pane, que ele não sabia se tinha escutado direito ou não, mas não teve nada disso, não teve luz, nem a sua vida inteira passando diante os seus olhos, nada, ele apenas não via e ouvia nada, e sinceramente era melhor que ao menos ele visse uma luz no fim do túnel que lhe indicasse o que fazer de verdade.
Como um policial treinado, Yoongi sabia ser estratégico e ele tinha plena noção de que se ele escondia algo, não devia demonstrar isso, tinha que agir normalmente, afinal, estava lidando com o braço direito do Ghost ali — talvez até com o próprio Ghost na opinião de Yoongi — e o Park poderia ser tão bem treinado quanto ele, ele sabia como as gangues funcionavam, por isso, ele pensou por dez segundos em qual seria a melhor decisão a se tomar.
Yoongi deu um sorriso de lado, não por achar que tinha vantagem ali, mas apenas porque demonstrar medo era algo que Yoongi foi ensinado a não fazer em situações extremamente perigosas e ali ele estava correndo perigo, sendo assim, ele precisava ser autoconfiante, mesmo que estivesse morrendo de medo de ser uma emboscada.
Olhar em volta e procurar pessoas, era algo totalmente necessário e ao notar que Jihyun estava virado de costas novamente, Yoongi aproveitou para observar o perímetro que tinha acesso, sem demonstrar, porque se houvesse alguém ali o vigiando, com toda certeza, perceberia que ele estava procurando algo e como ele se explicaria depois?
Yoongi precisava ser cuidadoso, cada passo dado com receios do que aconteceria, sabem quando somos crianças e brincamos de não pisar na linha? Pois é, Yoongi sentia bem a sensação de que se dessa vez ele pisasse na linha, uma bomba explodiria e um Min Yoongi se tornaria cem pedaços dele.
O detetive relembrou o viveu na Academia de polícia, e depois o que viu dos treinamentos que visitou e ele se lembrou que cada uma ensinava uma coisa, mas um ponto crucial era que em comum acordo, todos sabiam que um agente podia ser ensinado como agir, mas apenas quando ele estivesse na mira de uma arma que ele descobriria como reagir.
O que era mais importante levar um tiro ou dar um tiro primeiro? A verdade é que dependia muito da situação, assim como dialogar ou apenas atirar? Numa situação de refém, o policial deve tentar negociar ou invadir o espaço e colocar a vida de todo mundo em risco? Mas se ele tentar negociar e não der certo e todo mundo morrer do mesmo jeito?
A análise da cena como um todo — ambiente e momento — é muito mais importante do que saber como agir ou reagir a algo, os ensinamentos lhe dão uma direção, mas se você conseguirá segui-la ou não, dependerá exclusivamente do que está acontecendo e após a análise do ambiente e da situação que você vai poder descobrir como proceder.
Por isso, como um bom detetive que era, mesmo que com receio de estar no meio de uma emboscada, Yoongi analisou a situação e o ambiente rapidamente, decidindo que se aproximar era melhor do que ficar parado tempo demais, isso causaria suspeitas e analisando a cena como um todo, algo estava errado.
Se fosse uma armação e tivessem descoberto o seu disfarce, Jihyun teria que no mínimo estar bravo e não o ignorando, afinal assim que o Park terminou de falar, ele voltou sua atenção para frente, ignorando o Min totalmente.
E olhando rapidamente em volta, Yoongi não viu nada e nem ninguém ali, até porque teria escutado respirações além das deles ou o Min teria escutado algum barulho que demonstrasse outra presença no ambiente.
Indo analisar a situação em si, o Min precisou respirar fundo e pensar em todos os momentos que viveu em Busan até aquele instante, observando a gangue, juntando as peças direitinho com Namjoon e Kihyun, ele não havia cometido nenhum deslize, talvez Namjoon sim, mas ele não.
Após ponderar, Yoongi sentiu que seu disfarce estava intacto e com a intenção de testar o terreno, enquanto caminhava até a beira do local onde o Park estava, Yoongi riu baixinho, deduzindo que a segunda opção para a fala de Jihyun seria alguém com nome e sobrenome: Park Jimin.
E analisando, Jihyun havia ligado apenas quando o Park já estava com ele em seu apartamento, mesmo que ele já soubesse que o irmão estava no carro com ele, Jihyun esperou, esperou que Jimin estivesse no seu apartamento, esperou que o rapaz de cabelos cor-de-rosa estivesse dentro do que seria o local sagrado do Min, e isso era estranho.
Então quando Yoongi notou todo o medo de morrer ali se dissipou para surgir o sentimento amargo de desconfiança, desconfiando de que Jimin estivesse ali para mostrar ao irmão mais velho como entrar no apartamento do Min, que Jimin também estava jogando com ele, e isso o Min não conseguia aceitar, porque isso significava que o confeiteiro era tão mentiroso quando Yoongi e isso era um perigo.
Porém, mesmo que desconfiando do rapaz mais novo, Yoongi ainda tinha um pinguinho de esperanças, talvez Jimin não soubesse de nada e Jihyun apenas estava usando o irmão, não seria novidade nenhuma se o loiro parasse para pensar, os Parks não seriam o primeiro tipo de família que se usavam e Yoongi sabia bem disso.
Quando parou ao lado de Jihyun, Yoongi o olhou por alguns segundos, a expressão calma do rapaz, o jeito que ele olhava para frente, concentrado em algo, fazia com que Yoongi tivesse até dúvidas sobre a relação do rapaz com uma gangue, será que a família Park era assim? Não demonstrava perigo, mas no fundo eram envolvidos até o último fio de cabelo? Então Jimin também era assim?
— O que você está olhando, Min? — Jihyun quis saber sem olhar para o detetive. — Achei que você tinha interesse em apenas um Park, porém devo lembrar que eu não jogo nesse time de vocês.
Yoongi riu ao ouvir a fala do rapaz e suspirou de repente, fazendo com que Jihyun de fato o olhasse:
— O que eu ando fazendo que faria você me matar, Jihyun? — o Min questionou, porque se ele estivesse certo sobre o motivo ser o Park mais novo, talvez Jimin não fosse quem ele pensava ou talvez….
— Achei que você fosse mais inteligente, Min — Jihyun disse rindo e Yoongi o olhou, teria que jogar verde então.
— Eu realmente não sei do que você tá falando, na verdade eu até sei que você é o tipo de irmão ciumento, mas nunca pensei que seria motivo para matar alguém — Yoongi disse se abaixando e pegando uma pedrinha para jogar pro alto.
— Se o Jimin está envolvido, eu não me importo de matar alguém para o bem dele, mas não é o relacionamento ou sei lá o que está rolando com vocês — respondeu, observando o detetive com cuidado. O jeito dele de não ligar para nada, até que agradava Jihyun. — que me incomoda — continuou. — Me incomoda você estar usando meu irmão para conseguir seu espaço comigo — concluiu por fim e Yoongi gargalhou. — Qual a graça? — Quis saber, mesmo que já tivesse uma ideia, o Min até que era um pouco fácil de ler.
— Ai espera — Yoongi falou entre gargalhadas claramente falsas e se virou para Jihyun, ajeitando sua postura em seguida. Enquanto encarava o rapaz, o loiro foi cessando a risada e encarou Jihyun com o olhar determinado, como se estivesse observando uma presa. — Veja bem, Park — começou a falar, aproximando-se mais, notando que Jihyun nem se moveu. — Quantas gangues tem em Seul? — perguntou com a voz calma, como se falasse como uma criança.
— Onde você pode correr? Umas quatro que prestam na verdade, nos contando, porém não somos uma gangue, somos apenas um grupo que gosta de correr e que… — Jihyun encarou o detetive que deu um sorriso de lado o interrompendo.
— Sonso eu sou, mas idiota não, você não precisa fingir que não roubam ou vendem drogas, eu não sou idiota Jihyun, saiba disso — sussurrou o Min. — Mas, eu não julgo seu pensamento, talvez eu até estivesse na intenção de aproximar do seu irmão para chegar até você, só que na verdade, nesse exato momento, você confiar em mim ou não, pouco me importa, me importa o que o Jimin pensa e não você — disse apontando o dedo no peito do Park e riu baixinho. — Agora se precisar de um motorista decente para seus roubos, sabe onde me encontrar.
— Não acho que você seja idiota, bem longe disso — falou dando de ombros e tirando o dedo do Min de si. — Exatamente por isso, eu te chamei aqui — comentou, se sentando ali no chão mesmo e fez sinal para Yoongi sentar-se ao seu lado. — Não confio em você, não cem por cento, mas Hoseok sim, ele disse que você é bom, eu confio nele, e estou precisando de um carro extra e uma visão extra para um roubo, e é meu jeito de te manter perto de mim…
— E longe do seu irmão obviamente — Yoongi deduziu, sentando-se ao lado do Park. — Sabe que isso não vai funcionar, certo? — indagou, fazendo o Park dar de ombros e o Min riu baixinho. — Você tem esperanças, claro.
— Claro que sim, Jimin odeia tudo que envolve a gangue, isso inclui seus membros, se ele souber que você está roubando com a gente, talvez ele desista de você, tudo uma questão de estratégia e se não der certo, quem sabe você convence meu irmão de que uma confeitaria, sei lá o que, não dá tanto dinheiro assim, ele corre bem, só não gosta.
— Hum… nesse ponto, não conte comigo, porque eu prefiro continuar tendo onde comer — o detetive falou sorrindo fraco. —, mas qual o roubo? — perguntou curioso e em seguida sorriu. — Jimin disse que já correu por sua causa, se ele gostasse não estaria com você?
— Vamos roubar o departamento de polícia — Jihyun disse, rindo quando o Min arregalou os olhos. — Não faça essa cara, definitivamente não era essa reação que eu esperava. — Yoongi percebeu como o Park não respondeu a pergunta sobre o irmão mais novo e ele resolveu deixar para lá, afinal tinha um problema maior em mãos.
— Você quer roubar o departamento de polícia e não quer que eu me assuste? — Yoongi indagou com os olhos arregalados. — Você tá falando sério? Óbvio que não, né?
— Óbvio que sim — resmungou. — O depósito de carro da polícia tem três carros importados, precisamos pegar eles, correm como ninguém e acho que você e o Vante vão fazer estrago com eles e eu quero pegar umas viaturas também.
— Para quê? — o detetive quis saber curioso e Jihyun riu, negando, enquanto se levantava. — Entendi.
— Se você fizer o serviço com maestria, sem erros e sem problemas, te chamo para a parte dois, até lá, você está em um teste Min.
Antes mesmo que Yoongi pudesse responder, Jihyun saiu andando, mas não antes de virar-se para trás e gritar: — Sem atrasos Min Yoongi, e te garanto uma surpresa no fim do serviço. E vai ser uma surpresa enorme, uma que você nem imagina.
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