Namjoon caminhava com cuidado, era tarde da noite e ele sabia que deveria ter ido mais cedo, porém ele já havia aprendido, sempre que se aproximava de Jihyun ou de alguém ligado a ele, durante o dia, ele se fodia com seus superiores, afinal o Park sempre fazia questão de causar rebeliões, mostrando aos moradores locais como a polícia era filha da puta. E como a paciência de Namjoon estava esgotada, ele preferiu chegar mais tarde em casa do que ter dores de cabeça no dia seguinte.
O Kim olhou para dentro do estabelecimento, observando que havia apenas um grupo de pessoas sentadas em uma mesa, com toda certeza aquilo era incomum, afinal naquele horário era para tudo estar fechado, mas não se importou, abriu a porta, ouvindo o barulhinho anunciar sua presença.
Então ele viu dez cabeças virarem para si e em menos de quinze segundos oito armas apontadas na sua direção. Seria uma noite longa, ele sabia.
— Podem abaixar as armas — pediu, sem nem ao menos se dar o trabalho de pegar a sua. — Eu não vim aqui para atirar em ninguém, por mais que eu ache que isso tiraria uma parcela do meu estresse.
— Nós já fechamos detetive Kim — Jimin proferiu, e Namjoon assentiu, ele havia sido um dos que não apontaram uma arma para si, inclusive tinha abaixado a arma de Yoongi enquanto Namjoon se aproximava.
— Eu sei, não vim beber café nem nada do tipo — ele comentou, observando a mão de Yoongi na cintura de Jimin, este que estava sentado no colo do detetive infiltrado. Todos seguiram o olhar de Namjoon, mas o Min nem se abalou.
— Perdeu algo? — questionou encarando o Kim com a sobrancelha arqueada e Namjoon deu um sorriso de lado.
— Acho que acabei de achar né? — Sorriu fraco. — Gente nova, Jihyun? — perguntou, sem desviar o olhar de Yoongi.
— Sempre é bom, né? — Jihyun disse por fim e fez sinal com as mãos para que todos abaixassem suas armas. — O que te traz aqui?
— Vocês sabem que apontar uma arma para um policial é crime, certo? — Namjoon comentou, pegando uma cadeira e sentando-se, olhando diretamente para todos os dez rostos ali.
— Você sabe que invasão também né? — Hoseok quem disse dessa vez. — Como você notou, as cadeiras estão sobre a mesa, placa de fechado, você invadiu o local, então vamos direto ao ponto, Namjoon, o que te traz aqui?
— Certo, Jeon Jungkook — disse e viu o rapaz citado, olhar para si com curiosidade clara no olhar. — Ontem houve uma invasão, roubaram alguns carros, drogas apreendidas, porém nossas câmeras pararam de funcionar, você sabe algo sobre isso?
— O que você acha? — Jungkook questionou e Taehyung que estava ao seu lado riu baixinho.
— Eu acho que sim, você sabe algo sobre isso — disse vendo o rapaz dar de ombros. — Porém…
— Porém é um achismo seu, porque se você tivesse certeza, estaria me algemando e não perguntando — retrucou o rapaz de cabelos na cor roxa. — Então, se era só isso, você perdeu seu tempo vindo até aqui.
— Isso foi quase uma confissão? — Namjoon riu. — Mas você está certo, vir aqui com achismos seria perder meu tempo, eu preciso da sua ajuda, para rastrear quem fez isso.
Jihyun trocou um olhar com Hoseok que olhou para Yoongi e ele apenas assentiu. Estava tudo certo e Jimin, alheio ao motivo da troca de olhares entre os três homens, olhou para o Min que fez sinal negativo para ele com a cabeça e o Park mais novo revirou os olhos.
— Certo, eu posso fazer isso, qual sua urgência para o serviço? — perguntou e Namjoon se levantou. — Meu preço você já sabe qual é.
— Quando o serviço estiver pronto, você terá na sua conta todo o valor cobrado, a urgência, é que você vai comigo agora.
— Cinquenta, cinquenta, Namjoon, você sabe como funciona, cinquenta por cento agora e cinquenta por cento quando eu entregar o serviço.
Namjoon pegou o telefone, ficando alguns minutos com o aparelho em mãos, e enquanto isso Jungkook que tomava sua cerveja em canudinho, o observava. O Kim era — de certa forma — alguém que o Jeon adorava irritar, Namjoon nunca perdia a elegância. Uma notificação chegou no aparelho do rapaz e ele se levantou.
— Não vai conferir se enviei o valor certo? — o Kim questionou e Jungkook negou com a cabeça.
— Você sabe que eu posso foder com sua vida se você tentar me enganar, sua ficha pode mudar de policial para x9 de gangue em qualquer momento, eu não acho que você arriscaria.
Namjoon riu, olhando o rapaz e desviou o olhar para encarar Yoongi que o observava com um sorriso fraco no rosto. Por um momento Namjoon percebeu o olhar do Min querer vacilar, mas o detetive infiltrado manteve-se firme encarando o detetive, e isso fez Namjoon fazer um “tsc”.
— Min Yoongi, cuidado, dizem por aí que quem ousa quebrar o coração de Park Jimin não sobrevive para contar história — Namjoon disse e Yoongi o encarou rindo fraco.
— Detetive Kim, certo? — O detetive assentiu e o Min sorriu de lado. — No dia que eu precisar de uma opinião, eu peço para alguém que eu considere, não se preocupe.
— Anda me vigiando, Namjoon? — Jihyun chamou sua atenção quando estava virando para sair dali com Jungkook. — Não se preocupe com o Yoongi, ele sabe muito bem das consequências, mas e você? Sabe as consequências de vigiar meu pessoal sem motivo?
— Se fosse sem motivo, eu já teria sido mandado embora, Jihyun — respondeu por fim e Yoongi, aproveitando da distração, mandou uma mensagem rapidamente no celular. — De qualquer forma, nos vemos em breve.
Namjoon andou com Jungkook ao seu lado a caminho da saída, e assim que eles passaram pela porta, Seulgi que estava apenas calada até então, se levantou indo em direção a cadeira que o detetive estava sentado. Ela passou a mão por toda a extensão até encontrar um pontinho pequeno em relevo, puxando rapidamente e entregou a Jihyun, que riu.
Levando o pequeno microfone até seus lábios, Jihyun sussurrou:
— Boa tentativa, detetive Kim.
Então ele jogou no chão, pisando na escuta.
— Como você sabia? — Taehyung perguntou olhando para Seulgi que apontou para Yoongi.
— Eu avisei a ela por mensagem. Ela estava mais perto do Namjoon, eu vi que ele demorou demais para tirar a mão do encosto da cadeira, quando Jihyun o chamou e ele ficou de costas, eu mandei mensagem para a Seulgi levantar rápido antes que nós falássemos algo.
— Inteligente, Min, parabéns — Jihyun disse e Yoongi deu de ombros. — Bom, Yoongi e Taehyung, vocês levaram os carros para onde eu pedi?
— Sim, todas as viaturas estão no galpão da Solar — Taehyung respondeu enquanto Yoongi virava a bebida.
— E os carros de luxo, vistoriados por mim e pelo Hoseok, sem rastreador, sem escutas, sem nada — o Min continuou e Hoseok confirmou com um aceno.
— Deixa eu ver se eu entendi, vocês roubaram as viaturas, e os carros que queriam usar em rachas, junto de drogas que estavam apreendidas, certo? — Jimin perguntou encarando as pessoas em volta de si que afirmaram. — E ficaram com os carros, com as drogas, mas entregaram as viaturas?
— Exatamente — Hoseok respondeu e Jimin ainda estava confuso, mas antes que ele dissesse algo seu irmão tomou as rédeas.
— A Solar tá tentando algo tem uma semana, eu peguei homens dela rodeando o galpão várias vezes, eu não sei o que ela queria de fato, talvez te matar, mas eu não quis arriscar, quero dar trabalho a ela por um tempo — Jihyun explicou. — Então mandei que roubassem os carros que vamos precisar, mas as viaturas também, porque elas iriam ser estrategicamente colocadas nos galpões dela. E como as drogas eram dela, a polícia iria dar trabalho a ela por um tempo.
— E vocês devolveram as drogas então? — questionou e o Min negou.
— Anjo, seu irmão não é burro — falou sorrindo fraco. — Ele distribuiu para venda por metade do preço para acabar rápido e não ter nada que ligue a gente ao acontecido e Jungkook foi instruído a dar endereço da casa de Solar, como se o hacker tivesse agido de lá, e as viaturas vão ser rastreadas ao galpão dela, ou seja, ela terá um trabalho para provar que não foi ela e nós teremos tempo para tentar fazer ela desistir de te matar por um tempo.
— Entendi, eu acho, por isso vocês não se incomodaram com Jungkook indo, porque na verdade Jungkook vai fingir que está fazendo algo, agora fez sentido, e como você sabia disso Yoongi?
— Eu contei para ele hoje de manhã, quando ele e Taehyung foram com alguns homens levar as viaturas — disse o Park mais velho e Jimin assentiu.
— E agora? — Taehyung sorriu fraco com a pergunta do melhor amigo.
— E agora pequeno, agora a gente espera, porque ela vai aparecer a qualquer momento e o mais importante… Estaremos esperando — Jihyun garantiu e Jimin suspirou se levantando do colo do Min.
— Vou pegar algo para comer, vem comigo? — o Park chamou o detetive que assentiu, se levantando e indo atrás do confeiteiro.
— Você tá bem? — Yoongi perguntou ao adentrar a cozinha e Jimin assentiu, virando-se para ele.
— Eu só preciso que você me prometa uma coisa, Yoongi — falou o rapaz de cabelos rosas e Yoongi o encarou preocupado.
— Diga.
— Se você ver que algo tá dando errado nesse plano louco do meu irmão, você não vai continuar por perto?
— Seu irmão tá tentando te proteger… — Yoongi comentou confuso com o pedido do rapaz que riu.
— Não seja ingênuo Yoongi, nada que meu irmão faça tem apenas um motivo, sempre vai ter algo a mais, algo por trás, então estou te pedindo, cai fora se algo der errado, você e Taehyung.
— Enquanto for para te proteger, eu não vou cair fora Jimin.
— Promete Yoongi…
— Eu não posso fazer isso! — Suspirou e segurou a mão do mais novo puxando ele para mais perto de si, grudando seus corpos. — Jimin, eu vou te proteger, queira você ou não, e se seu irmão tá com outros planos que eu ainda desconheço, eu não me importo, o que me importa é ajudar a manter você seguro, você entende que eu não posso cair fora?
— Não fale como se você estivesse apaixonado por mim, Yoongi — reclamou revirando os olhos. — Eu só não acho que seja justo você e Taehyung dois corredores se envolverem nas loucuras do meu irmão.
— Você tem razão, eu não sou apaixonado por você, mas isso não quer dizer que eu não goste de você, Jimin e gosto o suficiente para cagar para o que você diz e continuar te protegendo.
— Caralho, como você é teimoso, inferno Yoongi — bradou e antes que pudesse continuar reclamando Yoongi selou seus lábios num beijo.
— Se eu não fosse teimoso, eu não poderia te beijar agora, você sabe disso, então só cala a boca Jimin e aceita.
Respirando fundo e sabendo que era uma briga perdida, Jimin suspirou e olhou para o detetive que tinha um sorriso vitorioso nos lábios, constatar esse fato fez o Park revirar os olhos com a audácia do Min, porém o rapaz de cabelos cor de rosa apenas aceitou, como Yoongi havia dito.
— Se você morrer, eu te ressuscito só para te matar novamente — declarou e Yoongi riu.
— Você é lindo sendo fofo assim todo preocupadinho comigo — disse, recebendo um tapa como resposta. — Eu prefiro que você me bata em outros momentos, sabia?
— Ai por Deus que homem chato — reclamou e segurou o queixo do Min, fazendo um bico com os lábios do detetive. — Você fica ainda mais lindo assim — sussurrou. — caladinho e me beijando — continuou, deixando um beijinho sobre os lábios do mais velho. — Muito mais.
— Só me beija, Park Jimin.
Jimin riu e cedeu aos pedidos do Min, por mais que estivesse preocupado, porque ele de fato conhecia seu irmão, ele não podia negar que no fundo, bem no fundo, gostava de saber que Yoongi não se importava em se machucar para o proteger e por isso ele sentia que estava fazendo o certo.
Yoongi talvez fosse a única opção certa para ele no final. E ele esperava que Jihyun não estivesse fingindo não se incomodar com isso.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.