História Russian Roulette - Interativa - Pré-debut: Li Chun

China, ano de 2013

Li Chun, nascida no subúrbio de Cantão, na China, estava prestes a passar pelo possível maior evento de sua vida com apenas treze anos. A pequena – tanto em idade quanto em altura – sempre teve uma paixão desde criança: cantar. Era algo relacionado a seu irmão, uma vez que o mesmo era um excelente musico na cidade, ele e sua pequena banda sempre cantavam e tocavam em restaurantes e bares, e quando Chun podia vê-los performar, ela se apaixonada cada vez mais pela arte da música.

Vendo o interesse da irmã pelo assunto, o mesmo fez questão de ensinar tudo o que sabia para tentar satisfazer a vontade da menina de aprender, consequentemente descobrindo o talento nato, com sua maravilhosa voz. Um mês atrás, seu irmão mais velho – Li Xing – havia chegado em casa com um papel em mãos, escrito “Estádio Xenghwao, audição mundial 2013, TY Entertainment”.

-Inscrevi nossa pequena Hua para uma audição – disse Xing, usando o apelido da mesma, que em chinês significa flor, ao invés de chama-la pelo nome de nascimento.

-Audição? – perguntou seu pai, Li Kang.

-Uma audição para uma empresa coreana de entretenimento, sabe, Chun é muito talentosa e eu sei que ela nasceu para cantar, mesmo se ele não pudesse se tornar uma artista coreana o sistema de treinamento deles é ótimo, e ela aprenderia muito mais coisas lá do que aqui, com meus ensinamentos limitados, ela poderia se desenvolver como cantora e dançarina, e se ela gostar de estar la ela pode continuar lá.

-Isso parece bom, mas também é arriscado, e se ela se arrepender? Ela teria que ir para um pais completamente desconhecido, parece meio fora de mão.

-Bom, ai ela volta e eu darei outro jeito de transforma-la na artista que ela merece ser.

Seu irmão sempre havia sido desse jeito, ele sempre incentivava sua irmãzinha a correr atrás de seus sonhos desde que a mesma se conhece por gente. Eles não viviam na melhor condição financeira, sua mãe trabalhava na floricultura da família enquanto seu pai era cozinheiro em um restaurante, ambos os empregos não davam muitos lucros, fazendo com que a única opção fosse trabalharem em dobro e consequentemente não sendo muito presente na vida deles.

Seu irmão foi quem a criou basicamente, o mesmo também havia passado pela ausência dos pais, então os dois cresceram juntinhos virando melhores amigos e confiando mais um no outro do que qualquer outra pessoa. Talvez por causa disso que seu irmão queria tanto que aquela oportunidade desse certo, e ele até se ofereceu para levar a mesma a audição.

Quanto mais perto da data chegava, mais ela ia ficando nervosa, apesar de ser bem infantil, e como a mesma diz, não quer viver a vida como um adulto chato, ela estava levando a audição a sério.Sua mão também havia se esforçado para incentivar a filha, e até pagou algumas aulas de canto particulares, mesmo que os preços eram um pouco fora do que poderiam pagar.

No dia da audição, Chun estava mais nervosa do que nunca. Entrou com seu irmão no taxi e ao chegarem ao estádio onde ocorreriam as audições, ambos ficaram de boca aberta em quantas pessoas haviam ali, foram até a recepção e fizeram o cadastro da mesma. O número no crachá de Chun era 315, o que significava que devia haver ali ao menos quatrocentas pessoas. Agora que estava ali, parecia impossível que ela seria capaz de passar e ser notada por seu talento, entre tantas pessoas. Ela havia se preparado muito, havia até decorado uma música em coreano de sua artista favorita, havia ensaiado muito, mas naquele momento parecia que não adiantaria para nada.

Tinham chegado antes da hora então seu irmão ainda teve um tempo para lhe acalmar, mas logo uma espécie de sinal foi dada e todos foram mandados para seus lugares, a garota teria de ir sozinha dali para frente. Era em um estádio de futebol, na arquibancada do lado direito ficavam os concorrentes e logo abaixo possuía uma bancada, onde provavelmente ficariam os juízes, e na frente da bancada havia um pequeno palco, no lado direito das arquibancadas ficavam os responsáveis pelas crianças.

Ela já havia lido na internet como as audições dessa empresa funcionavam, eram normalmente feitas em estádios abertos onde todo mundo iria assistir sua apresentação, estando ali em carne e osso fez ela sentir essa sensação que nunca havia sentido antes, afinal era seu primeiro grande público além de sua família e amigos próximos, então não podia evitar se sentir daquele jeito, apesar de que surpreendentemente não estava tão assustada pelo fato.

Ela estava bem atrás nas arquibancadas, então provavelmente demoraria um pouco para ser sua vez. Se sentou em seu banco e não se esqueceu de dar pequenos goles em sua agua, para manter sua garganta em boa condição. Chun notou uma garota em seu lado, a garota era definitivamente asiática, e se Chun já estava tremendo aquela garota parecia estar tendo uma convulsão, de tão nervosa.

Se sentiu mal por vê-la assim, e quis tentar ajudar, estão deixou seu nervosismo de lado e decidiu puxar assunto.

-Oi, meu nome é Li Chun, e o seu? – perguntou cutucando seu braço para ganhar sua atenção.

-Zhang Shinhyo – respondeu, um pouco tímida, mas sabendo da personalidade de Chun não seria assim por muito tempo.

-Ahh sim, prazer em conhece-la – disse com um sorriso grande – essa é minha primeira vez em uma audição, sabe quando eu te vi te achei tão bonita que fiquei um pouco mais nervosa, mas depois pensei melhor e aqui é AUDIÇÃO, então se fosse por visual seria VISÃO não? Espero que seja assim..

Chun segurava sua risada, mas não conseguiu por muito tempo após Shinhyo começar a rir escandalosamente. Hua adorava se passar por idiota se isso significa fazer os outros rirem. A garota ao seu lado parecia estar melhor, e as duas continuaram a conversar até suas vezes chegar.

três meses depois

Chun nunca esteve tão ansiosa quanto nos últimos meses. Ela não era a única também, seu irmão mal conseguia se concentrar e sua mãe checava o correio duas vezes por dia para ver se algo chegou. Apesar de não querer ter expectativas altas, a garota queria mais do que tudo passar, após nos últimos meses procurar o máximo que podia sobre a cultura sul-coreana, havia se tornado seu sonho debutar como artista coreana.

Naquele momento, estava sentada na sala de estar, assistindo uma novela coreana com seu irmão e sua mãe, estavam esperando seu pai chegar para jantarem juntos, algo que raramente acontecia já que todos eram muito ocupados.

-Cheguei – gritou o mesmo da porta de entrada – isso aqui estava no correio.

Os olhos de todos se viraram para a carta na mão do homem, e Xing foi o primeiro a se retirar do sofá e correr até onde seu pai estava, returando a carta de sua mão com certa urgência.

-É da TY Entertainment! – exclamou, nessa altura com todas a sua volta.

-Abra abra – disse a mãe de Chun, mais ansioasa do que nunca. A carta estava em três línguas diferentes, chinês coreano e inglês, para melhor entendimento.

“TY Entertainment, 2013
Remetente: Li Chun, Cantão, China,

Olá srt. Chun, através dessa carta gostaríamos de informar que a senhorita foi aceita em nossa empresa através de nossa 5º audição mundial de 2013. Devido ao ocorrido, estaremos deixando em baixo formas de contato para discutirmos sobre sua vinda para a Coréia do Sul em pró de ser parte de nossa empresa.

Devido a senhorita ser menor de idade e também estrangeira, há medidas especiais a serem tomadas em seu caso, tais como direito a um acompanhante autorizado e reconhecido por seus responsáveis em sua vinda a Coréia do Sul, direito a dormitório e refeições pré-programadas assim que estiver vivendo aqui e aula de coreano grátis por um ano em parceria da empresa com um programa de línguas.

Esperamos sua resposta o quanto antes possível, atenciosamente, Min Giyang, cordenadora principal da empresa de entretenimento TY Entertainment”

Chun não conseguia acreditar que havia passado. Não conseguia para de pular de alegria por todos os lados, sua mãe – apesar de ciumenta e protetiva – estava feliz e orgulhosa da filha, seu irmão mais ainda, apenas seu pai que não parecia tão convencido.

-Como podemos simplesmente deixa-la ir para um pais sozinha?

-Eu vou com ela pai, sabe desde de que ela era pequena eu ajudei a criar ela, não serei irresponsável – insistiu o irmão, seguido por um silencio e todos encarando o homem.

-Ok, ok, mas se algo acontecer ela voltara no primeiro voo.

-Ahhh obrigada – gritou a pequena garota, pulando no pescoço do pai – não irei decepcionar vocês.