História (HIATUS) Russian Roulette - Judas;

A escuridão acabava de descolorir o azul do céu, trazendo cores neutras e geladas para acompanhar o deslumbramento que o satélite natural manifestou ao longo das horas. O formato da lua naquela noite era volumoso, brilhante e sedutor, causando um ar enigmático ao ambiente, o que no momento é conveniente.

A presença resplandecente de Selene — deusa da lua — era a única coisa conhecida por Félix, que estava deitado no chão frio de um quarto completamente escuro, deixando-o muito assustado. Para piorar as coisas, ele não conseguia ouvir nenhum barulho, o que aumentou ainda mais sua ansiedade. O ruivo chorou aos prantos, mas tudo foi abafado pela mordaça que alguém tinha colocado. Ele estava apavorado; ele não sabia onde estava, se voltaria para casa ou encontraria seu melhor amigo novamente.

Ele não se lembrava muito bem do que havia acontecido, apenas tinha uma breve lembrança de ser atingido na cabeça. O ruivo não sabia especificamente, mas deveria ser um objeto potente o suficiente para fazê-lo desmaiar no mesmo momento. No entanto, ele continuava confuso; Han Jisung havia dito a ele que Minho estava os esperando para que pudessem escapar e, de fato, o moreno estava lá, já que o mesmo havia chamado os amigos para dentro do carro momentos antes de ser apagado. O jovem não queria acreditar, mas tudo indicava que tinha sido Minho.

A umidade começou a inchar seu rosto pálido, que se contorceu de dor ao especular que o moreno era o Judas. Colocou totalmente as esperanças de escapar desta situação nas mãos de Minho, e considerava-o um amigo, para que no final fosse traído. No entanto, apesar de tudo, ele apenas se culpou. O barman sempre dizia que não era confiável, sugeria que não o fizessem ser alguém especial, porém, eles não ouviam, e agora ele — possivelmente Jisung também — estava espalhado no chão sujo como lixo. Agora, a única coisa que pensava era quão estúpido foi em acreditar que isso haveria uma solução.

De repente, uma porta nos fundos se abriu, iluminando a sala até cegar seus olhos, e duas presenças que ele nunca tinha visto antes se manifestaram:

— Porra, Changbin! O chefe disse para deixá-lo à vontade, não largado no chão! — falou um homem com semblante preocupado e topete vermelho, tocando sutilmente a testa de Félix para verificar se ele estava com febre.

— Ué, mas ele está à vontade! Até o deixei deitado para ficar mais confortável. — Disse o outro homem, não entendendo bem a preocupação do outro.

— Acho que ninguém em sã consciência gostaria de ficar neste lugar pobre, ainda mais deitado. — O de topete revirou os olhos.

— Esse é o ponto: ele não está em sã consciência. — O homem cujo nome era Changbin riu, pegando o ruivo em seu braços e entregando-o ao mais alto. — De qualquer forma, o chefe quer receber os novos visitantes agora, então vamos logo!

Seu corpo começou a se mover conforme o de cabelos vermelhos caminhava, cobrindo os seus olhos com a mão como forma de não fazê-lo decorar o possível esconderijo. A única coisa que podia ser vista através das pequenas frestas era a luz mudando de branco para escarlate. Porém, não era estar nos braços de um estranho que o incomodava, mas porque estava prestes a conhecer o famoso chefe. Seu coração batia tão forte que parecia que em algum momento iria sair por sua boca. Era uma mistura de medo e ansiedade que Felix não conseguia controlar.

Uma capa preta foi colocada em sua cabeça e seus pés tocaram o chão, quase o fazendo cair porque estava fraco. O tal Changbin se ofereceu para apoiá-lo, enquanto o guiava para seu encontro com Snake. Era estranho e ao mesmo tempo interessante saber que iria ver o rosto do mafioso. Ele sempre quis saber se sua memória o havia captado.

Ele caminhou um pouco até ouvir o ranger de uma porta, pela qual ele entrou e teve que se ajoelhar no chão, ainda sem conseguir enxergar. Todavia, o que mais o aliviou quando se sentou foi a voz de Jisung, que gritava alto para deixá-lo ir.

— Hannie, você está aqui? — Felix perguntou para ter certeza, e foi respondido com um suspiro aliviado de Han.

— Você está bem, Lix? Eles te machucaram? — Jisung quis saber, porque se fosse necessário, ele sairia de lá morto, mas com sua vingança completada.

— Espero que não. — Outra voz se presenciou, transmitindo um ar intimidante até mesmo para o ruivo, que não estava em boas condições para que seus sentidos funcionassem.

Aquela mesma voz se aproximava junto de passos, e tudo que Yongbok queria naquele momento era chorar e pedir perdão, mesmo sem ter feito nada. A capa que estava atrapalhando sua visão foi sutilmente removida, e quando seus olhos conseguiram se acostumar com a luz, o ruivo pôde ver novamente o rosto mais lindo que ele já encontrou em sua vida. Ele tinha se lembrado daquele homem.

Na primeira vez que entrou no cassino, quando o Minho foi a algum lugar, Félix ficou à espera no balcão e de longe avistou um homem de longos cabelos escuros, que também o olhava. Os dois se entreolharam por vários minutos, e aquilo constrangeu Félix, que só conseguiu escapar daquele olhar perigoso quando o moreno o chamou. Então, desde o início, era esse o chefe? Com nunca pensou nessa probabilidade? Não é muito normal ver alguém cercado por armas em algum lugar, então deveria ter suspeitado. Por dias ele pensou que havia perdido a oportunidade de falar com aquele homem, e agora está ajoelhado enquanto o mesmo o observa com um sorriso discreto.

— Olá, Felix. — Cumprimentou-o, um pouco mais sedutor do que o esperava. Pera, como é? — Finalmente, nos encontramos de novo.

O amorenado se afastou e ajeitou seu blazer, mostrando discretamente a camisa que está por dentro. Ele se sentou em uma cadeira que Changbin lhe entregou e olhou para os dois amigos seriamente, parecendo uma pessoa completamente diferente do que era a poucos minutos. O homem sussurrou algo na orelha do de cabelos vermelhos, que aparentemente mandou um comando, fazendo com que uma fechadura se destravasse e daquele ambiente saísse personalidades que Yongbok não esperava encontrar: Minho, Seungmin e Jeongin

— Provavelmente estão confusos, mas vou explicar o que está acontecendo. Há alguns meses vocês dois estiveram no meu cassino, analisaram tudo, e até então não sei por que, e isso me frustra muito. Então, ordenei que esses três coletassem informações sobre suas vidas. Aparentemente, são pessoas comuns, mas isso não me convence. Eu não confio em vocês. — Ele falou, esperando alguma reação dos amigos, mas não obteve, apenas estabeleceu o silêncio. - Minho me contou seu plano, Jeongin descobriu sobre suas vidas pessoais e Seungmin tentou descobrir se conheciam minha identidade. Pelo visto, acho que não. Fiquei chateado, Lee Félix, pois não pude deixar de pensar em você em nenhum momento durante esses meses. — O chefe sorriu de forma ladina e falsamente indignado, e YongBok não tinha certeza de como interpretar a última parte.

— Se você já descobriu tudo sobre nós, então deve saber que não fizemos nada. — Jisung se atreveu a falar, no mesmo tom de estresse que havia conhecido Minho, na qual fez o próprio moreno revirar os olhos.

— Isso é o que veremos, Han Jisung. — Na mesma ousadia, retrucou Main Luck, deixando o de cabelos azuis ainda mais furioso. Depois dessa alfinetada, Snake suspirou e cobriu o pescoço com um cachecol azul, abrindo uma outra porta que trouxe um frio insuportável, dizendo por fim: — Leve nossos convidados para o terceiro andar. Minho vai cuidar deles. O restante ficará de olho em qualquer atividade suspeita. Dispensados!

Quando soube que estariam sob a tutela de Minho, olhou para ele e assustou-se quando encontrou o mesmo olhar vazio de quando o conheceu, como se nunca tivessem sido amigos. Bem, talvez eles nunca tenham sido amigos de verdade. O moreno se aproximou de Jisung e o pegou pelo braço, enquanto ele era levado por Changbin.

Ele não sabia exatamente onde ficava o "terceiro andar", mas no momento não importava muito. Félix estava exausto, tanto físico quanto emocionalmente. Ele confiou em Minho, Seungmin e Jeongin, mas no final eles o levaram para o túmulo. Minho ele deveria ter suspeitado, Seungmin principalmente, mas nunca esperou que o pequeno I.N estivesse neste negócio. Eles não se conheciam há muitos anos, mas eram amigos, e descobrir que alguém tão doce faz parte da máfia é muito assustador. Além disso, ele se sente enganado. Será que Jeongin foi honesto sobre todo o resto? Se os segredos que lhe contara são realmente verdadeiros? Não dá mais para saber. Olhando para Jeongin antes de sair com Snake, ele não parecia o mesmo jovem que gosta de dançar nos fins de semana.

Por que tudo está tão confuso?