Kara estava ao meu lado no avião, concentrada no meu iPhone.
- Não entendo como seu gosto musical pode ser tão ruim. – ela estava indignada – Eu não ensinei nada a você?
- Ensinou a beber tequila.
Ela revirou os olhos mas sorriu.
Acima de nossas cabeças, o aviso para atar o cinto de segurança acendeu. Uma voz em tom educado nos avisou para retorna nossos assentos para a posição vertical, pois aterrissaríamos em poucos segundos.
- Jamais voltarei a nevada novamente – resmunguei
- Isso é um exagero.
- Não é não.
Kara acabara voltando para o hotel umas duas horas antes do horário previsto do nosso voo. Eu passei o tempo refazendo minha mala, numa tentativa de fazer minha vida voltar ao normal. Foi bom ver minha irmã sorrindo, ao que tudo levava ela e o carinha de alguma boate manteriam contato.
Kara sempre levou jeito com os rapazes, enquanto eu me assemelhava mais a um bom velho vaso de canto de parede. Meu plano de ser seduzida em Vegas fora uma tentativa deliberada de me livrar das sombras da minha irmã mais velha. Kara é dois ano mais velha e estuda advocacia igual ao nosso pai. Ela é linda, por dentro e por fora. Nada a intimidava, ela exala superioridade charme. Tirando a parte do charme eu me parecia pouco com ela, papai costumava dizer que eu era igual à mamãe.
Levantamos e pegamos nossas malas no compartimento superior. Todos nos empurravam para frente na pressa de desembarcar, as comissárias de bordo me lançavam sorrisos ensaiados, conforme avancei até o túnel de conexão com o aeroporto. Passamos pela inspeção de segurança e chegamos à área de coleta de bagagem, felizmente só tínhamos nossas bagagem de mão, portanto, sem atrasos ali. Eu só queria a minha casa.
Ouvi gritos e luzes pipocavam, alguém famoso devia ter estado no avião. As pessoas à nossa frente se viraram para olha, também olhei para trás, mais não vi ninguém.
- O que esta acontecendo? – Kara perguntou
- Não sei. - fiquei na ponta dos pés para ver se enxergava algo
Foi então que ouvi meu nome sendo berrado. A boca de minha irmã se abriu em surpresa, já a minha se escancarou.
- Para quando é o bebê?
- Kyle, Justin está com você?
- Haverá outra cerimonia?
- Quando você ira se mudar para L.A.?
- Bieber está vindo conhecer seu pai?
O meu nome e o dele, em todas as partes, misturados a uma artilharia de perguntas. Caos, uma parte do barulho eu não conseguia compreender. Parei sem conseguir entender, enquanto os flashes me segavam e as pessoas me pressionavam, meu coração parecia que ira parar. Eu detestava multidões e não via um jeito de escapar.
Kara se recompôs rapidamente.
Colocou seus óculos escuros em mim e agarrou meu braço, empurrando os fotógrafos. Tudo se tornou um borrão, tive sorte de não cair de cara no chão. Corremos pelo aeroporto cheio e entramos no primeiro táxi que aguardava, furamos a fila, as pessoas gritaram mas ignoramos.
- Vai! – gritou pro motorista
Senti quando ela me ajeitou no banco e pôs nossas malas ao nossos pés, minhas mãos não funcionavam.
- Fale comigo – pediu
- Eu... – nenhuma palavra saiu. Ergui os óculos e olhei para o encosto do banco do carona.
- Kyle? – com um pequeno sorriso ela deu um tapinha no meu joelho – Por acaso, você se casou enquanto estávamos lá?
- Sim... hum, me casei.
- Ouh.
Eu pirei.
- Kara, meu Deus. Fiz a maior merda e nem me lembro de nada. Acordei e ele estava lá e depois ele ficou furioso comigo e eu nem posso culpa-lo. – suspirei – Eu não sabia como te contar, eu iria fingir que nada disso tinha acontecido.
- Acho que isso não funciona mais.
- É.
- Ok, respire, não é nada de mais. Você se casou. – ela assentiu, o rosto incrivelmente impassível. Sem raiva, nem culpa. Nesse meio tempo, eu me senti horrível por não ter confiado nela. Nós partilhávamos tudo.
- Desculpe – consegui dizer – Eu tinha que ter contado.
- Devia. Mas deixa pra lá. – ele endireitou o vestido como se estivéssemos nos preparando para tomar um chá – Então, com quem você casou?
- J-ustin. O nome dele é Justin.
-Justin Bieber, por acaso?
O nome era familiar.
- Talvez.
- Aonde vamos? – o motorista perguntou, sem despregar os olhos do trânsito.
A voz de Kara informou o endereço do nosso prédio, enquanto eu continuava estática.
- Desculpe não ter contado – falei mais uma vez, sentindo muita culpa por ter escondido – Não tive a intenção de me casar, nem mesmo me lembro do que, exatamente aconteceu. Isso é tão...
- Fudido demais. –completou
- Isso define bem a situação.
Ela suspirou e se inclinou dando um beijo na minha cabeça.
- É melhor nunca mais tomar tequila.
- Não mesmo – concordei – Então agora você é bilionária?
- Eu não sou... – parei de falar assim que meu cérebro latejou.
Justin Bieber. O jornal, revista, matéria na internet, na televisão. Banqueiro. Sua família toda era dona do maior banco de L.A. Ele era a última pessoa que eu esperava encontrar ao acorda, no chão do banheiro ou em qualquer lugar. Como não o reconheci?
- Foi por isso que ele conseguiu o anel.
- Que anel?
Peguei a montanha do bolso da minha calça jeans. O diamante brilhava como nunca na luz do dia.
Kara tremeu ao meu lado, soltando um riso.
- Mãe de Deus! É imenso.
- Eu sei,
- Não, sério!
- Eu sei.
- Puta merda. – guinchou ela, abanando o rosto com as mãos
- Não podemos surta junta. Pare.
- Desculpe – ela pigarreou, se esforçando para recompor-se – Quanto isso custa?
- Não quero nem imaginar.
- Isso. É. A porra. Da. Maior. Loucura.
Ficamos olhando para a coisa em silêncio.
- Podemos vender e viajar o mundo inteiro – ela deu pulinhos no banco e sorriu – Acho que da até pra compra um carro.
- Não – respondi – Tenho que devolver para ele de alguma maneira. Não posso ficar com o anel.
- É uma pena – ela sorriu – Bem, parabéns, você se casou com um banqueiro.
Enfiei o anel no bolso.
- Obrigado. Papai vai me matar.
- Vai mesmo – balançou a cabeça, os olhos divertidos – Você superou minhas expectativas. Você fez mesmo uma tatuagem?
- Fiz.
- O nome dele?
Suspirei e assenti rindo.
- Onde?
Fechei os olhos.
- Na nádega direita.
Kara perdeu completamente o controle, rindo até que lagrimas escorressem pelo canto do olhos.
∞
O celular do meu pai não parava de tocar enquanto ele andava pela sala do nosso apartamento, seus braços cruzados e a cabeça erguida para o teto, acho que ele estava contando todos os cristais do lustre. Surpreendentemente, porém, após uma explosão inicial, papai vinha lidando até que bem com a situação, eu já tinha me desculpado.
George Allen era uma pessoa controlada e sensata, acho que por isso ele é um renomado advogado, mas as coisas mudavam quando eu ou Kara estavam no meio. Desde a morte de minha mãe, meu pai passou a ser muito controlador e grudento ainda mais comigo que era seu bebê.
O lado de fora do prédio estava abarrotado de jornalistas e paparazzi, o Porteiro teve que chamar a policia algumas vezes quando tentaram invadir a portaria.
Quando papai abriu a boca pra dizer algo, alguém bateu a porta. Nenhum de nós reagiu.
Mais batidas à porta, papai olhou pra mim.
- Senhorita Allen? – uma voz grossa retumbou – Justin me mandou.
Ah, até parece.
- Vou chamar a policia.
- Espere. Por favor – Pediu – Estou com ele ao telefone. Abra a porta o suficiente para que eu passe.
- Não. – resmunguei
Sons abafados.
- Ele pediu para pergunta da blusa dele.
Aquela que ele tinha deixado para trás em Vegas. Estava na minha mala, ainda úmida.
- E o que mais?
Mais sons.
- Ele disse que não quer... perdão... ‘’a porra do anel’’ de volta.
Abri a porta, mas deixei a corrente presa. Uma mão com terno e relógio me entregou o celular.
- Alô?
Eu podia escutar a voz da sua respiração e alguma gritaria ao fundo.
- Kyle?
- Sim?
Houve uma pausa.
- Quero me encontrar com você. Taylor vai te tirar dai, ele é meu segurança.
Taylor me lançou um sorriso educado.
- Pra onde eu iria? – perguntei
- Ele vai te trazer para mim.
- Pra você?
- Vamos resolver essa... Situação.
Eu queria recusar. Queria fechar os olhos e abrir novamente para ver que tudo isso era um sonho.
- Eu não sei...
O suspiro do outro lado da linha era desgostoso.
- O que mais você pode fazer?
Ele me pegou.
- Vamos só assinar os papeis.
Meu pai estava ao meu lado, as mãos soltas ao meu lado, a respiração de Kara bem no meu pescoço.
- Tudo bem – respondi
- Devolva o telefone para Taylor.
Fiz o que ele pediu, também abri a porta para permite que o paredão entrasse. Ele era alto e forte, sabia ocupar espaço. Ele assentiu e repetiu alguns ‘’sim, senhor’’, e depois desligou.
- Senhorita Allen, o carro está a sua espera.
Assenti.
- Não! - meu pai disse – Você não sai dessa casa, eu vou resolver isso.
- Pai...
- Eu já disse não.
- Eu preciso dar um jeito nisso papai. – eu já não era uma garotinha para ele me tratar assim
- Eu vou com você – disse, tentando outra tática – Vamos encontrar uma solução. Sou seu advogado.
- Mas ele já tem advogados cuidando do assunto – funguei – Não preciso de advogado pai, vou assino o divorcio e volto.
- Não o conhecemos, o que ele poderá fazer com você...
- Ele é o único que tem algo a perde – falei – Eu só sou uma estudante.
- Isso é um erro – papai suspirou – Se acha que esta fazendo a coisa certa. Me ligue se precisar de qualquer coisa.
Assenti .
- Estou falando sério. Ligue se precisar.
- Eu ligo. – abracei-o
Peguei minha mala atrás da porta, a mesma de Vegas, ainda tinha roupas limpas. Voltei a calçar o tênis e vestir o casaco. Abracei Kara e papai dizendo que logo estaria em casa.
Depois de horas eu entrei no elevador com Taylor, ele pegou minha mala gentilmente e apertou o botão do estacionamento. Quando saímos do elevador ele apontou para o carro preto que eu não fazia ideia da marca, mais um muro estava parado lá com um terno idêntico com o de Taylor, segurando a porta aberta para mim, o cumprimentei e entrei na parte traseira do carro. Quando eles ocuparam os bancos da frente, com Taylor de motorista, senti o carro se mover. As pessoas batiam e gritavam nos vidros, corriam ao lado do carro, flashes eram disparados, Afundei no meio do banco, logo eles foram deixados para trás.
Eu só queria resolver a ‘coisa’ sozinha, papai e Kara sempre estavam comigo e agora que eu já era oficialmente uma adulta não precisava de ninguém resolvendo as merdas que eu tinha feito.
Eu estava a caminho de encontra o meu marido.
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