Cidade de Deus é um lugar perigoso, diga-se de passagem. Não que Botafogo também não tenha perigo, mas nada que se compare a aqui. Estou trabalhando pra tirar minha mãe e meu pai daqui (a propósito, meu pai está viajando à trabalho, por isso ainda não o vi). Não que eu não goste do lugar, afinal, morei uns bons anos aqui, é só que, além de querer minha família perto de mim, quero dar uma zona de conforto maior. As pessoas aqui são receptivas em sua grande maioria, são humildes e educadas, mas o lado oposto disso se resume a assaltos, violência e bastante perigo.
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Minha mãe ainda quer que eu e a Maria Rita tenhamos um "passeio". Maria é uma mulher linda, já deve ter um namorado, e só tivemos uma conversa, nada demais. E eu realmente não estou interessado em um relacionamento agora. Mesmo que pouco, inda penso em Jully. E sim, eu sei que preciso de novos ares, novas pessoas e blá blá blá, mas é um processo, e eu posso dizer que estou indo muito bem em comparação à dois meses atrás, quando eu sequer saia de casa, a menos que fosse para um bar. Se eu estive em depressão? Talvez ainda esteja. Não, nada de "ajuda médica".Aos poucos estou melhorando, posso até dizer que me sinto bem, não só fisicamente, como também já estou um pouco melhor psicologicamente. Não que eu esteja cem por cento, ainda penso coisas horríveis, as vezes (muitas vezes) me assusto comigo mesmo, sabe qual é a sensação de ter medo da sua própria mente? Do seu próprio coração? Dos seus próprios atos? É simplesmente... Péssimo. Não que eu viva assim, com medo, mas em momentos que estou sozinho com meus próprios demônios, lutando contra meu interior, contra eu mesmo, sim, é um momento aterrorizante em que eu não tenho controle de mim mesmo. Por vez, isso não soa como uma coisa máscula como esperam de mim, nem um pouco heroico, mas infelizmente, é a minha realidade. Ao contrário do que pensam, não me tornei assim por causa da Jully, ou melhor falando, só por causa dela. Tem uma série de fatores que me levaram a ser só mais um Cícero pela vida. Quando eu saí da casa dos meus pais, eu já estava mal. Estava estressado com a faculdade, Jully tinha terminado nosso relacionamento, minha vó estava em estado terminal no Hospital do Câncer, e uma série de coisa negativas e muito ruins acontecia na minha vida, e quando fui para Botafogo, a tentar uma vida nova, na real, só piorei, fiquei longe dos meus pais, sozinho, sem emprego, e sem a mulher que amava. E as coisas só pioraram para mim, então eu deixei para lá todas as tentativas de ser feliz novamente, e apenas fiquei no meu mundo, que mesmo com a solidão e a tristeza, era o meu mundo. O grande problema da história, foi que eu deixei que a solidão e a tristeza tornassem-se meus únicos companheiros fiéis, que andam lado a lado comigo, e meu mundo simplesmente foi sugado para um lado obscuro da galáxia, e então aí eu voltei ao mundo real, o que foi uma queda da Andrômeda, para o Planeta Terra, e cá estou eu, inda que machucado pela queda, aprendendo a viver novamente, e me acostumando as coisas da vida, me recuperando de tudo, mesmo que bem devagar, mas aqui estou eu, e eu tenho a certeza de que deixarei de ser mais um Cícero por aí, para somente ser o Cícero Rosa Lins. Há um tempo eu não coloco nada que contenha álcool na minha boca, nem mesmo vinho. Andei sentindo uma puta dor no estômago, e eu acho que nada disso fez bem à mim mesmo. Então decidi passar uns meses sem beber nada, só para limpar meu fígado, estômago e tudo mais.
Há uma série de coisas que as pessoas não sabem sobre mim... Exemplo, poucas pessoas sabem, mas eu só bebo café se for com leite, bolo pra mim só presta se tiver sorvete ou queijo, eu não gosto comer o fígado ou coração do boi, frango, ou o que quer que seja, meu grande sonho é viajar o mundo e escrever um livro, eu adoro mulheres tatuadas, mas não em excesso, eu gosto de dar cheiro no cangote, e de receber cheiro no cangote, eu odeio arrumar o quarto, e eu não faço questão em transar com muitas mulheres nem quando estou solteiro, gosto de ter uma só para fazer tudo e qualquer coisa que seja, inclusive sexo. Simplesmente não acho que isso vá tirar o vazio, ou sei lá, não nego que fico com algumas garotas, vou pra cama com outras, mas sempre? O tempo todo com várias mulheres? Isso definitivamente não combina comigo, mesmo porque eu não frequento muitas festas, ou lugares muito movimentados, só vou onde me sinto confortável.
Por falar de mulher, as que eu mais gosto são as naturais. Daquelas que não usam maquiagem exageradamente, que ri alto, que gosta da natureza, não tem vergonha de ser elas mesmas, sobretudo, que são simples e se encantam com pouco. Eu me sinto altamente atraído por mulheres assim.
P.O.V Maria Rita
Maria Rita Alves de Menezes, 23 anos, filha de Mariana Menezes de Moraes, e Robert Alves de Moraes, Pernambucana de nascença, estudante de arquitetura, apaixonada por MPB, livros e natureza. Prazer.
Bom, sobre mim?
Não sou o tipo de pessoa que precisa de muito, sei sobreviver com o que tenho. Nunca fui do tipo que só usa coisa cara, de marca grande, Dior e Armani, Channel e Prada, Louis Vuitton e Dolce Gabbana, não que eu não goste, mas não faço questão, mesmo porque nunca tive muito dinheiro para comprar. Não sou pobre de marré, muito menos rica, meus pais, graças ao meu bom Deus, sempre trabalharam muito para me dar tudo que pudessem, e eu tive uma infância muito feliz. Brincava na rua, jogava bola na lama, tomava banho de chuva, fazia boneca de pano. Nunca me interessei pela vida mundana, bebidas e outras drogas, sempre preferi ser caseira, ler um livro, cozinhar algo para minha família. Não que eu seja isolada do mundo, eu saio, vou em algumas festas as vezes, mas essa não é minha prioridade. Durante a minha adolescência arrumei uns namoradinhos que só me fizeram chorar feito retardada, mas isso faz parte, né? Meu último relacionamento foi há um ano e sete meses atrás. Desde esse tempo não namorei mais ninguém, sem paixões no momento, agora é só focar na faculdade.
Sempre fui o tipo de menina que luta pelo que quer, gosto de trabalhar e ter o meu próprio dinheiro, comprar minhas próprias coisas.
Sou católica praticante, nunca abro mão do meu tempo com Deus, e das minhas manhãs em uma missa.
Eu gosto de beber café forte e puro. Tapioca, cuscuz, mungunzá, canjica. Sinto falta de Recife, mas sei que aqui está valendo à pena. Junto da minha mãe, estudando na universidade de meus sonhos, tenho amigos ótimos, e, além disso, inda conheci um cara legal. O nome dele é Cícero. Ele é um amor de pessoa. Tem o cabelo graciosamente cacheado, olhos expressivamente castanhos, e é parcialmente alto, considerando que eu tenho 1,60 de altura. Me parece ser uma boa pessoa. Senti isso nele.
Estou sempre atrasada, mas ao mesmo tempo, sempre na hora. Como? Faço tudo no momento certo, desde sempre tenho essa certeza.
Por falar, estou atrasada para minha missa...
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